Além da BR Distribuidora, várias entidades públicas e privadas apóiam a Mostra Internacional de Cinema, que tem um orçamento de R$ 3,3 milhões. Arrecadação de bilheteria deve cobrir apenas 4% do custoPor Sílvio Crespo

Com 319 filmes de 50 países, a 26ª Mostra BR de Cinema – Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é, ao lado da Mostra Rio BR, o principal evento cinematográfico do Brasil. Apesar de primar pela diversidade cultural e difusão de idéias, o festival tem conseguido não apenas sobreviver em meio à dominação do cinema comercial norte-americano, mas também levar ao público um número cada vez maior e mais diversificado de filmes.

A desvalorização do real, responsável pelo cancelamento do Free Jazz e de outros eventos já tradicionais, parece não ter afetado a Mostra. Além dos filmes, este ano a programação inclui 13 debates com cineastas, jornalistas e outros profissionais ligados ao cinema. O primeiro destes eventos será sobre o programa cultural dos presidenciáveis, no dia 21 de outubro.

Bilheteria
Para cobrir o custo de cerca de R$ 3,3 milhões, os organizadores do evento tiveram que buscar apoio de diversas entidades públicas e privadas. Apesar da grande procura do público, o dinheiro arrecadado com a bilheteria, segundo o organizador e curador do evento Leon Cakoff, deve cobrir apenas 3% ou 4% do orçamento. ?Nem se eu cobrasse R$ 100 por ingresso seriam cobertos os custos?, diz Cakoff, que incluiu na programação do evento várias sessões gratuitas.

A maior parte do dinheiro vem da empresa patrocinadora, a BR Distribuidora, que no ano passado fechou um contrato de três anos com a Mostra. Isso garante a sua realização até 2003 e uma associação maior da marca com o evento ? desde 2001, o festival chama-se Mostra BR de Cinema. Além do dinheiro do patrocinador, uma lei municipal de São Paulo determina que a prefeitura contribua para a Mostra com uma subvenção de 3500 Unidades Fiscais.

Apoios
Somadas a isso, várias entidades oferecem apoio à Mostra, como a embaixada da França, o British Council e outros órgãos de países que ?exportam? filmes para o evento. O Sesc (Serviço Social do Comércio) não apenas cede uma sala de cinema, mas também auxilia na produção. A Folha de São Paulo encarrega-se da promoção da 26ª Mostra.

Com todas essas parcerias, a alta do dólar acabou não prejudicando significativamente a programação da Mostra. ?Isso é um problema, porque o transporte e outros custos são todos pagos em dólar, mas a gente procura trabalhar primeiro com a emoção. Não dá para ser mecânico e cortar filmes maravilhosos por causa de uma crise?, diz Cakoff. ?Claro que uma hora isso nos afeta, mas a primeira preocupação é fazer um bom festival?. O organizador lembra que algumas vezes, no tempo em que não existiam as leis de incentivo, ele teve de usar dinheiro do seu próprio bolso para manter a Mostra.

Novas platéias
A primeira preocupação da Mostra é com a diversidade cultural, a abertura do mercado, a liberdade de expressão e a difusão de idéias. ?A gente quer é que a cultura cinematográfica se irradie, se espalhe e conquiste novos espectadores, novas platéias. Temos ingressos baratos, muitas sessões gratuitas, porque é esse o nosso objetivo?, explica o organizador.

Ao longo desses 25 anos, Cakoff vê uma boa contribuição da Mostra para o mercado cinematográfico nacional. De acordo com ele, o Brasil é hoje a segunda platéia ?mais exigente e especializada do mundo? em termos de diversidade cultural. A primeira é a França, maior co-produtora de filmes no mundo, ?graças às suas leis de incentivo?, afirma o curador. ?A França faz filmes com a Itália, Romênia, Espanha, México e vários outros países, por isso é o maior mercado exibidor em diversidade. Se o Brasil é o segundo maior, a Mostra tem uma boa parcela de contribuição?, diz Cakoff.

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