Fatores dinâmicos nos conduzem, necessariamente, a uma renovação profunda das instituições de representação, aglutinação e difusão cultural, o que outrora recebia o nome de “centros culturais”.
De uma parte, temos a revolução permanente dos meios de comunicação e o aprimoramento contínuo dos meios de perceber e comunicar a cultura.
De outro lado, temos a ampliação do número e do espírito crítico do público, sejam qualidade e quantidade, como resultado das irrefreáveis transformações do nosso largado modo de vida.
Não há como escapar. Esses fatores dinâmicos nos conduzem, necessariamente, a uma renovação profunda das instituições de representação, aglutinação e difusão cultural, o que outrora recebia o nome de “centros culturais”.
Exatamente neste contexto exaurido, entre essas instituições que sentem o peso de suas carcaças, é que a partir de agora o Instituto Pensarte se insere de modo executivo e finalístico.
Tentemos novamente. Podemos resumir assim. O Pensarte agora tem seu braço executivo: o PortoPensarte. Por ser uma instituição que até agora se notabilizou em fomentar e difundir reflexões, é natural que se pergunte que tipo de braço executivo é esse –e se vem para fazer alguma diferença.
A resposta está nos dois primeiros parágrafos, ou seja, na cara. Ao que comumente tem sido chamado de centro cultural ou similar – eu mesmo já dirigi alguns – impõe-se agora uma nova visão atualizada e um tratamento adequado e consciente de quais devem ser suas estruturas constitutivas, sob pena de falarmos para o vazio. E pior. Jogando dinheiro fora, mesmo que seja o dinheiro do patrocinador, e mais grave ainda se ele é via Lei Roaunet, o que o torna dinheiro público, portanto, é passível de crime seu desperdício. Não, não é uma ameaça aos gestores. Apenas um alerta.
Onde poderíamos apenas apontar uma lacuna, no caso da reflexão, ou ficar a repetir fórmulas e simplesmente cruzar os braços para mudanças; é justamente aí que nos surge com toda clareza e coragem o papel de um lo-kaos, que deve ser plataforma de interação, provocação, desfrute, fomento e auto-formação. Tudo a um só tempo. E agora.
Por isso o lo-kaos exige uma implementação gradual que requer todo o potencial disponível dos agentes criativos que tem conteúdo desenvolvido e aprimorado diretamente no trato diário com o setor cultural; eis o chamado, eis então anunciada a premissa do PortoPensarte. A quem de direito. Só para começar. Depois declinamos mais. Próxima semana.
(*)PX Silveira é Diretor do PortoPensarte
N.E. O texto de PX Silveira refer-se à inauguração do Porto Pensarte na última sexta-feira, uma arca de idéias no centro de São Paulo que reunirá uma série de atividades dirigidas à comunidade local. Um dos espaços inaugurados é a Ala do Kaos, um auditório que homenageia Jorge Mautner.
Px Silveira
