Único programa educacional convidado, projeto mantido pelo Instituto Gtech Cidadania & Cultura participa da XXV Bienal de São Paulo Por Deborah Rocha
O Projeto ASA está participando da XXV Bienal de São Paulo, exposição de artes plásticas que fica aberta ao público até o dia 2 de junho no Parque do Ibirapuera. Único projeto educativo convidado, o programa é mantido pelo Instituto Gtech Cidadania & Cultura e ensina arte a mais de 500 estudantes de escolas públicas paulistas com a ajuda da linguagem da informática. Em um ambiente propício para a criação, os alunos farão uma releitura dos trabalhos da Bienal, cujo tema este ano é “metrópole”, e produzirão suas obras no próprio local, sob a supervisão do coordenador e artista plástico, Odilon Cavalcanti.
Negócios
A Gtech Brasil está patrocinando a Bienal e “recebendo todos os benefícios mídia como patrocinador”, diz Mariângela Carvalho, gerente de Comunicação Corporativa da Gtech Brasil e diretora do Instituto Gtech Cidadania & Cultura. “Não usamos Lei Rouanet neste patrocínio. A única diferença é que abrimos mão do espaço que teríamos para montagem de um stand de vendas e produtos, em favor do Instituto. Com isso, o Instituto negociou um espaço não comercial com a Fundação Bienal, um espaço muito maior do que um stand normal, para montarmos não só um núcleo, mas também uma área de exposição”.
Pequenos grandes
Segundo Mariângela, a idéia de parceria com o megaevento foi levada em conta pelo fato de que seria uma grande oportunidade para o projeto participar de um evento como a Bienal, tendo em vista sua importância no cenário internacional das artes plásticas, além da interessante experiência de colocar os “pequenos artistas, lado a lado com grandes e famosos artistas internacionais. Para a Fundação Bienal, comenta Mariângela, também representava uma oportunidade de ampliar o projeto educacional que eles desenvolvem (visitas monitoradas de alunos da rede pública de ensino). “Além disso, achamos muito boa a idéia de podermos usar o tema da bienal para o trabalho de exposição deste ano. Até porque o tema “metrópole”, iconografias da cidade, tem tudo a ver com a vida dos nossos meninos e meninas que moram na periferia e no centro” explica.
Nascedouro
As bases do Projeto ASA decorreram do desenvolvimento do conceito já aplicado pela Gtech Corporation nos EUA, onde ASA corresponde a “After School Advantage”. Em sua origem, o ASA é um programa de complementação escolar, que consiste na montagem de laboratórios de informática em entidades próximas às unidades norte-americanas da Gtech. No Brasil, devido às maiores demandas sociais e ao conceito desenvolvido pelos idealizadores do Projeto, foram somadas as ferramentas da arte-educação, que incrementaram o contato com a tecnologia por meio do lúdico e da busca de identidades pessoais e culturais.
Produtos de responsabilidade
“A criação/transformação desse projeto em um projeto de arte-educação também nos deu a chance de viabilizá-lo. Como podíamos, além do processo diário de aulas, obter um produto cultural bastante interessante (a obra de crianças e jovens recém inseridos no universo artístico) conseguimos canalizar nosso investimento em cultura, até então descontínuo, para o Asa”, comenta Luciana Aguiar, gerente administrativa do Instituto Gtech. Segundo ela, o projeto, que recebe R$ 400 mil anuais da Gtech Brasil, está afinado com o planejamento de marketing da empresa principalmente por esta trabalhar com tecnologia e por estar alinhada a uma estratégia da matriz da corporação. Além disso, comenta, estamos inseridos num processo que envolve todas as empresas brasileiras de se comprometer com a sua responsabilidade diante da sociedade. “Isso vale para a imagem da empresa e para a comunidade, todos ganham”, sintetiza Luciana.
Coerência
A necessidade de estar, a todo momento, coerente com a estrutura profissional da empresa patrocinadora, a Gtech Brasil, e o novo ritmo da gestão de uma ONG, foram algumas das dificuldades enfrentadas no momento de implantação do projeto. “Os processos nem sempre são adequados às duas esferas, e precisamos ir nos adaptando. Mas é um aprendizado muito valioso, em que vamos nos infltrando na estrutura da empresa, assim como ela cada vez mais oferece suporte para nossa administração” comenta Luciana.
Ação cultural e social
A aliança entre ação social e ação cultural é o norte do Projeto ASA. Manifesta-se na construção da cidadania e na criação de novas oportunidades estimuladas pela expressão artística. Deste modo, pretende substituir padrões destrutivos de comportamento, abrindo espaço para a ação criativa e para a expressão de senso crítico, estético e social. “O contato com a informação e com novas ferramentas – sejam elas a informação, a tecnologia, um pincel, um lápis – amplia hotrizontes dos alunos do nosso projeto e tem um poder de extensão pelas famílias dessas crianças” acrescenta Luciana. “O Projeto Asa é justamente isso, a junção do social com o cultural”, finaliza.
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