O Instituto Moreira Salles inaugura o Centro Petrobrás de Referência da Música Brasileira, o mais novo acervo histórico e raro de música do paísRaridades
Segundo matéria publicada na Folha de São Paulo, o Instituto Moreira Salles disponibilizou, gratuitamente, no dia 28 de maio, um acervo de 12 mil composições, além de partituras e discos raríssimos, de compositores consagrados e outros desconhecidos que começaram a fazer música brasileira no século 19. Com patrocínio da Petrobrás e da Sarapuí Produções Artísticas, o Centro Petrobrás de Referência da Música Brasileira surgiu de um processo cuidadoso de restauração de discos antigos do acervo de colecionadores como Humberto Franceschi e José Ramos Tinhorão.
Discos
O centro, segundo matéria publicada no Estado de São Paulo, guarda, no Rio de Janeiro, 12 mil fonogramas datados entre 1902 (quando o Brasil era pioneiro em gravações músicais) e 1950 e mais de 200 partituras de choros compostos na belle époque carioca, por pioneiros como Ernesto Nazareth, Luperce Miranda, Luiz Americano e Patápio Silva. Os fonogramas foram reunidos em 30 discos, que devem ser lançados até o fim de junho, em cópias restauradas, de forma a dar a qualidade sonora de hoje. ?Serão duas coleções de 15 discos cada. Uma, com o título de “Princípios do Choro”, terá composições do século 19, gravadas por Maurício Carrilho e Luciana Rabello, da Acari Records. A outra, terá sambas feitos a partir da década de 20 e receberá o título de Memórias Musicais?, adiantou a cantora Olívia Hime, sócia de Kati na Biscoito Fino, ao jornal.
De acordo com a Folha, por meio de equipamentos modernos, foi possível digitalizar raridades como a primeira gravação feita no Brasil, há cem anos, do compositor Xisto Bahia, que cantava o lundu (um dos ritmos do século 19 precursores do samba) “Isto É Bom”. Humberto Franceschi diz ao jornal que o acervo disponibilizado para acesso nos terminais de computadores do instituto representa, aproximadamente, mais de um terço de todas as gravações feitas no início do século no Brasil. Os coordenadores do projeto, segundo a Folha, pretendem ampliar a coleção com a aquisição de novas coleções e colocar o acervo disponível para consultas na internet.
Música impressa
Além dos discos, está sendo lançando o livro A Casa Edson e Seu Tempo, em que, segundo o Estado, Franceschi conta os primórdios da indústria fonográfica no Brasil. Fundada em 1902 pelo checo Fred Figner, a gravadora atuou durante 30 anos e lançou os primeiros discos nacionais e ? há controvérsias entre os historiadores ? os primeiros no mundo de música popular. ?Naquela época, só se gravava música erudita?, contou o pesquisador Jorge Caldeira ao jornal, que serviu de intermediário entre as pessoas e instituições que formam o Centro de Referência. ?Franceschi queria tornar seu arquivo acessível ao público há muitos anos, por considerá-lo um bem público, mas só há dois anos foi possível dar o pontapé inicial.?
Investimento
Segundo a Folha de São Paulo, a Petrobras foi a empresa que mais investiu no projeto, com um custo aproximado de R$ 5 milhões. Segundo Antônio Franceschi, diretor-superintendente do Instituto Moreira Salles, o instituto gastou cerca de R$ 2 milhões. Kati Almeida Braga, da Sarapuí, diz ainda não ter feito levantamento do custo total do projeto para a empresa.
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