Programas dos tradicionais patrocinadores culturais, como Petrobras e Banco do Brasil, não foram eleitos pela revista Exame, que analisou o trabalho de 275 companhiasPor Sílvio Crespo

A Revista Exame e o Instituto Ethos de Responsabilidade Social selecionaram as empresas que patrocinaram os melhores projetos sociais brasileiros em 2002, incluindo iniciativas culturais. Fizeram inscrição para participar da seleção 275 empresas, somando mais de 1500 projetos sociais. No total, 25 projetos foram escolhidos. Na área cultural foram três os contemplados.

A lista trouxe uma surpresa: nenhum dos três projetos culturais tidos como ?modelo? pela revista foi patrocinado pelos grandes incentivadores da cultura no Brasil. Uma das explicações possíveis é que as empresas que mais investem em cultura não inscreveram todos os seus projetos culturais. Além disso, entre os critérios de seleção, não consta o montante investido.

De fora
A Eletrobrás, terceiro lugar no ranking dos maiores incentivadores de 2001, não aparece na lista de inscritos da Revista Exame. No ano passado, a empresa investiu mais de R$ 18 milhões por meio das leis federais de incentivo.

A holding Petrobrás, que inclui a empresa exploradora de petróleo e a distribuidora, inscreveu apenas quatro de seus programas culturais, correspondentes a um investimento de R$ 4 milhões. Muito pouco, se comparado aos mais de R$ 100 milhões que o grupo investiu no ano passado, segundo o Ministério da Cultura.

Empresas modelos
Itaú, Nestlé e Companhia Suzano foram as empresas que ganharam destaque na área cultural. A primeira foi escolhida por seu projeto Enciclopédia Itaú de Artes Visuais, um site com mais de 10 mil imagens de obras artísticas e cerca de 3100 biografias de pintores, escultores, fotógrafos e outros artistas. O conteúdo do site foi transformado em CD ROM, filmes e exposições, para ser levado a cerca de 1600 escolas públicas.

A Nestlé ganhou destaque por patrocinar o projeto Viagem Nestlé pela Literatura, um concurso criado pela empresa em 1999 com o objetivo de estimular a leitura em estudantes do ensino médio, com ênfase na literatura brasileira. O concurso, que conta com o trabalho de pedagogas, premia os alunos vencedores com mil reais; a escola e cada professor ganham R$ 8 mil.

O projeto cultural de destaque financiado pela Suzano foi o Ler É Preciso, também de estímulo à leitura. Só até novembro deste ano, a empresa já implantou 11 Bibliotecas Comunitárias e vai inaugurar ainda mais sete em dezembro. O programa conta ainda com um concurso de redação.

Formação de público
Os três projetos selecionados têm foco voltado para a formação de público e dois deles possuem caráter social. Por outro lado, nenhum deles procura estimular a produção do artista profissional ou a arte de vanguarda. Em tempo: o comitê responsável pela escolha dos projetos não continha nenhum artista, mas era composto apenas por profissionais ligados ao Terceiro Setor e um representante da Editora Abril.

Cidadania Corporativa
Os projetos culturais escolhidos pela Revista Exame e pelo Instituto Ethos fazem parte do Guia de Boa Cidadania Corporativa, publicado este mês. O Guia procura destacar o que chamou de ?empresas modelos? em responsabilidade social, analisando os valores da empresa e sua relação com os funcionários, com o meio ambiente, com seus fornecedores, consumidores, com a comunidade, com o governo e com a sociedade. A cultura é, portanto, apenas uma das diversas áreas com que as empresas podem se envolver.

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