Movimento pressiona autoridades para a criação da Cinemateca do Rio de Janeiro. Segundo os organizadores, o MAM não tem condições de manter seu atual acervoPor Sílvio Crespo

A Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro corre o risco de ter de se desfazer do seu depósito de matrizes de filmes, alegando falta de recursos para manter o acervo em condições adequadas à sua preservação.

Espaço vivo
Impedir que o Rio de Janeiro perca esse importante elemento do seu patrimônio cultural é o objetivo do movimento SOS Cinemateca, que busca negociar com autoridades a criação de um novo espaço para o acervo de filmes da Cinemateca. ?Este acervo tem de estar acessível a pesquisadores, a estudantes, à população do Rio de Janeiro, em um ambiente adequado à sua manutenção e preservação; o MAM não criou possibilidades para isso, portanto estamos cobrando do Estado a criação de uma Cinemateca?, afirma Iêda Rozenfeld, organizadora do movimento. ?Queremos um espaço atuante, vivo, que possa oferecer ao público um acesso real aos filmes e documentos que foram reunidos ao longo de mais de 30 anos?.

O movimento surgiu quando Iêda Rozenfeld resolveu conversar com participantes do Festival do Cinema Universitário no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) sobre a situação precária da Cinemateca do MAM. ?Foi quando soube da existência de vários movimentos paralelos de abaixo-assinado?, conta Rozenfeld, que, a partir de então, começou a organizar, com Marcelo Ferreira, uma mobilização maior por meio de um documento único.

Personalidades
Atualmente, o SOS Cinemateca organiza um abaixo-assinado que já tem mais de 4300 nomes. A cada 500 assinaturas, é enviado a vários órgãos nacionais (Presidência da República, Ministério da Cultura, Câmara dos vereadores) e internacionais (Fiaf, Unesco). Em apoio à criação da Cinemateca do Rio de Janeiro, várias personalidades assinaram seus nomes, entre elas Zuenir Ventura, José Mojica Marins (o Zé do Caixão), Gerald Thomas, Ingra Liberato, Denise Bandeira, Sergio Brito, Roberto Frejat, Walter Carvalho e Ruy Castro.

Além dessas celebridades, manifestaram apoio ao movimento universidades brasileiras e estrangeiras: a Universidade Federal Fluminense, a Estadual do Rio de Janeiro, a Universidade de Tel Aviv, a Université de Paris 3 (Sorbonne), a Biola University in Los Angeles, e a Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O abaixo-assinado contém, ainda, nomes de várias organizações internacionais.

O SOS Cinemateca foi representado em reunião extraordinária promovida pela Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e entidades ligadas a cinema e audiovisual, em que foi discutida a situação da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Os representantes do movimento entregaram em mãos o abaixo assinado a Orlando Senna, Sub Secretário do Audiovisual da Secretaria de Cultura do Estado e ao secretário Antônio Grassi.

Ditadura
Os organizadores do movimento lembram que nem durante a os governos militares a Cinemateca foi tratada com tanto descaso pelas autoridades. ?Os mais de dez anos de pensamento neoliberal apagaram valores muito caros à nossa sociedade?, lamentam, em documento entregue ao Cultura e Mercado. Na época da ditadura, ?o Palácio Monroe, antigo Senado Federal e patrimônio inestimável da nossa cidade, foi posto abaixo a poucos metros do MAM; no entanto, a Cinemateca sobreviveu?, contam os organizadores do movimento. De acordo com eles, o então diretor da Cinemateca teve muito mais dificuldades para manter o acervo, sob o regime militar, do que a atual diretoria.

Para participar do movimento e incluir o nome no abaixo assinado, é preciso entrar no site do SOS Cinemateca: www.soscinemateca.cjb.net

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