Representantes de organizações nacionais, latino-americanas e européias comentam a importância das redes para preservar a diversidade e articular os agentes culturaisPor Célia Gillio, enviada especial a Salvador, e Sílvio Crespo

No IV Mercado Cultural, realizado em Salvador de 3 a 6 de dezembro, representantes de redes culturais trocaram experiências no debate Diversidade e Integração Cultural. Comparaceram Toni Gonzalez, do Informal European Theater Meeting, Eberto Garcia Abreu, Presidente da Rede Caribenet, Octavio Arbelez, da Rede de Promotores Culturais da América Latina e do Caribe, Marcelo Castilho, presidente da Associación Cultural La Chocera Córdoba, Roberto Malta, da Rede Brasil, e Benhard Hanneken, do Fórum Europeu de Música.

Em comum, todos os conferencistas consideram que as redes podem ser um eficaz instrumento de integração cultural entre regiões e países e de garantia da diversidade cultural.

Integração via redes
Na região do Caribe, as redes culturais apareceram como um instrumento eficaz de aproximação entre os vários países. De acordo com o cubano Eberto Garcia, as ilhas do Caribe sempre tiveram dificuldade de se integrarem e manter uma relação de proximidade umas com as outras, devido à dificuldade de se viajar pela região. Não fosse pela Rede Caribenet, segundo o palestrante, seria bem mais difícil, para os habitantes dos países caribenhos, conhecer a cultura e a diversidade da região.

A Caribenet iniciou suas atividade em 1996, e hoje conta com aproximadamente 40 núcleos em 15 Países. Segundo Erberto, a rede trabalha com as artes cênicas, música, fotografia, artes plásticas, vídeos e projetos sócio-culturais. Uma das propostas é trabalhar com o público e gerar novos espaços culturais e de criação. “Mas a caribenet não tem fundo próprio e pode acabar por causa disso”, alertou o cubano. A organização trabalha com o apoio da Rede Latino-Aamericana e da Ford Foundation.

Para evitar a dispersão
Toni Gonzalez, abordou a importância das redes para a garantia da diversidade cultural. Segundo o conferencista, as redes surgiram na Europa ainda na década de 80. Para que as redes possam articular as diversas culturas e preservar a diversidade, elas devem ser, ao mesmo tempo, “gestoras de projetos, independentes, abertas e horizontais, permitindo o fluxo de experiências entre as pessoas que participam”, disse Gonzalez.

Um dos problemas que as redes enfrentam é a dispersão dos seus membros no médio e longo prazo. Gonzalez recomenda, para evitar esse problema, que os organizadores da rede definam com clareza seus objetivos. Dessa forma, o intercâmbio de informações flui melhor. A organização Européia de Artes Cênicas, da qual ele faz parte, é um ponto de encontro na Europa, as reuniões acontecem duas vezes ao ano, uma aberta e outra somente para os membros (atualmente são 400 integrantes). A próxima reunião será na Inglaterra.

Sem financiamento
O Fórum Europeu de Música é uma rede de pessoas e entidades que organizam festivais de música. Benhard Hanneken, representante da rede no IV Mercado Cultural, explicou que a organização surgiu de uma reunião de diretores, em 1994, e que não tinha a pretensão de formar uma rede. Hoje, a rede é formada por 50 membros de 20 países, e não tem atuação política nem financiamento. Nos encontros, os membros compartilham as informações, com representantes de outros países não europeus.

Roberto Malta explicou o funcionamento da Rede Brasil, formada por produtores culturais. A rede procura contribuir com a distribuição do produto nacional dentro do Brasil, visando integrar as produções e procurar empresas que possam apoiar os artistas a circular pelo País.

O objetivo, segundo Malta, é buscar o diverso, a integração. Em suas viagens para outros países, o palestrante disse ter notado que há uma grande receptividade pelo produto nacional, maior do que acontece dentro do país. Para encerrar, defendeu o uso da rede como meio de garantir a diversidade cultural.

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