Entre as dez empresas que mais patrocinam via leis federais, cinco são particulares, mas as líderes ainda são estatais; em 10º lugar, uma pessoa física: João Carlos di Gênio Por Sílvio Crespo
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30/10/2003

Números divulgados recentemente pela Agência Nacional do Cinema mostram que empresas privadas têm se interessado cada vez mais por utilizar as leis federais de incentivo ? Lei Rouanet e Lei do Audiovisual ? para financiar obras cinematográficas. No ano passado, seis companhias estatais, contando com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), figuravam na lista dos dez maiores incentivadores do setor. De 1º de janeiro a 31 de agosto deste ano, a situação se inverteu: apenas quatro estatais estão no ranking.

No período, as leis federais destinaram ao cinema R$ 26 milhões. Destes, R$ 12,5 milhões vieram da Lei Rouanet e do artigo 1º da Lei do Audiovisual (que permite ao patrocinador abater no Imposto de Renda 100% do valor investido) e R$ 13,5 milhões do artigo 3º, que incentiva distribuidoras estrangeiras a investirem em co-produção de obras nacionais. Mas até final do ano, esses números devem crescer, com uma série de lançamentos comerciais preparada pela Globo Filmes, e a expectativa é que superem os R$ 66 milhões do ano passado.

Se somarmos os valores que o Unibanco e a Unicap (empresa ligada ao banco) destinaram ao cinema, com incentivo fiscal, o grupo chega ao terceiro lugar no ranking dos que mais utilizam as leis federais na área audiovisual. Também teve destaque este ano a Lafarge Brasil, empresa francesa do setor de cimento recentemente instalada no Brasil.

Entretanto, para o consultor Yacoff Sarkovas, da Articultura Comunicação, isso não significa um aumento do interesse das empresas privadas pelo patrocínio cultural, mas apenas pelos benefícios fiscais que elas podem obter. ?Quando não existir Lei do Audiovisual, quantas dessas empresas vão continuar investindo em cinema? Nenhuma? (Leia matéria: Para Yacoff, não há investimento privado em cinema).

Os dois primeiros colocados do ranking continuam sendo as estatais Petrobras e Eletrobrás. Juntas, elas foram responsáveis por 52% do que as leis de incentivo destinaram ao setor. E o uso desse incentivo continua concentrado: os 15 primeiros da lista representam 81% do patrocínio total em audiovisual.

Uma surpresa na lista deste ano foi a aparição de uma pessoa física: o empresário João Carlos di Gênio, da Unip (Universidade Paulista) e do Colégio Objetivo, em 10º lugar. De 1996 a 2001, os patrocínios e doações de pessoas físicas representaram cerca de 1% do total investido em cultura pela Lei Rouanet e 0,1% no caso da Lei do Audiovisual.


Saiba quem mais utilizou incentivos federais para o financiamento de filmes:

2002
1 – BR Distribuidora ? Estatal
2 ? Eletrobrás ? Estatal
3 ? BNDES ? Órgão estatal
4 ? Brasil Telecom ? Privada
5 ? Embraer – Privada
6 ? Petrobras – Estatal
7 ? Finame (BNDES – estatal)
8 ? Nossa Caixa – Estatal
9 – Brasil Telecom Matriz ? Privada
10 – Souza Cruz – Privada

Total: R$ 66 milhões – Lei Rouanet e Lei do Audiovisual (artigos 1º e 3º).

2003
1 ? BR Distribuidora – Estatal
2 ? Eletrobrás – Estatal
3 ? Lafarge Brasil – Privada
4 ? Finame (BNDES) – Estatal
5 ? Brasil Telecom – Privada
6 ? Unicap (títulos de capitalização do Unibanco) – Privada
7 ? Unibanco – Privada
8 ? Banco Bandeirantes – Privada
9 ? Federal Capitalização – Estatal
10 João Carlos di Gênio ? Pessoa Física

Total de janeiro a 31 de agosto: R$ 26 milhões ? Lei Rouanet e Lei do Audiovisual (artigos 1º e 3º).


Leia também:
Para Yacoff, não há investimento privado em cinema

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