Com 51 votos favoráveis, o Plenário do senado  aprovou dia 16 de dezembro o chamado “Simples da Cultura”. O projeto de lei complementar, baixa as alíquotas de imposto cobradas dos produtores e intérpretes musicais, de artes cênicas, visuais, cinematográficas, audiovisuais e literárias, de 18% para até 6%. Com a medida, o setor cultural será incluído no chamado sistema Simples Nacional de tributação.

Reproduzo aqui o relato de Odilon Wagner, da APTI, um dos grandes articuladores desse processo, boicotado inclusive pelo MinC, e que merece o nosso reconhecimento:

“A aprovação se deu depois de um longo trabalho da comunidade cultural no Congresso ao longo deste ano. Como não houve alteração, a proposta seguirá diretamente para a sanção presidencial. Isso permitirá que o setor cultural mude de categoria e passe a pagar uma alíquota mínima de 6%, em vez dos atuais 17,5% para empresas com faturamento de até R$ 120 mil. Ao todo, o Simples da Cultura une quatro impostos federais, um estadual e um municipal, entre eles ICMS e ISS.

Essa nova lei recupera a situação que os produtores culturais já tinham anteriormente, na Lei das Micro e Pequenas Empresas. Esse é um projeto faz justiça e vai trazer incentivos para o setor, que gera 5% do PIB brasileiro e 6% do trabalho formal do país.

Isso é motivo para muita comemoração, pois, apesar de o Simples da Cultura atingir empresas com faturamento de até R$ 2,4 milhões, a grande maioria vai ser enquadrada na alíquota de até R$ 120 mil. Vamos reduzir muito os nossos gastos. O Simples é mais que necessário para tirar o setor da informalidade.

Parabéns a todos que se uniram para essa conquista.

A NOVA LEI NOS COLOCA NO ANEXO 3 DO SUPER SIMPLES. IMPORTANTE: AVISEM SEUS CONTADORES PARA QUE ANALISEM SUAS EMPRESAS E FAÇAM A OPÇÃO PELO SIMPLES ATÉ 31 DE JANEIRO DE 2010.

Foi uma grande conquista e estamos todos felizes, pois os impostos elevadíssimos que estavamos pagando causaram estragos irreparáveis em nosso setor, fechando produtoras e levando outras para a informalidade, contudo, algumas considerações se fazem necessárias;

Esse projeto só passou, pelo incansável trabalho das entidades de classe, artistas e produtores que trabalharam arduamente durante todo o ano de 2009 e até ontem , minutos antes da votação.

Porém, da parte do Ministério da Cultura, a quem apelamos para que nos representasse nesse processo, só vimos descaso e incompetência, como sempre. Nós pensavamos que tudo estava certo para a votação do Simples da Cultura, ontem no plenário do Senado, quando nos deparamos com a notícia de que o projeto sequer estava em pauta de votação. O que descobrimos, é que o Vale Cultura, (que independente de seus benefícios futuros é um projeto eleitoreiro) esse sim, estava colocado em pauta como “votação de urgência”. Ou seja, o Simples Nacional, que vai beneficiar de imediato toda a produção cultural do país, estava sendo colocado de lado pelo MINC.

Felizmente conseguimos reverter essa situação momentos antes da votação. Um grupo de artistas e produtores, juntamente com os inestimáveis parceiros que temos na comissão de cultura do senado, correu de uma lado para o outro no congresso, contatou  as lideranças partidárias, conscientizando-os da importancia dessa desoneração para o nosso setor. Sensibilizados, os parlamentares não só colocaram o Simples da Cultura como primeiro item do dia a ser votado, como derrubaram a “Urgência” na votação do Vale Cultura. Só nessa hora os representantes do Minc apareceram, foram incompetentes até para seguir e acompanhar as votações que eram de seu interesse, como o Vale Cultura (aquele projeto que trará benefícios, mas que é eleitoreiro) – Diga-se de passagem que no final de 2008 quando, na calada da noite, nos tiraram o direito de ser Simples na Cultura, o Minc também não estava lá. Parece que eles ainda não descobriram o que é assessoria parlamentar.

Deixamos aqui nossos agradecimentos à Comissão de Cultura do senado, aos artistas e produtores que ontem lá estiveram e aos Senadores que unanimamente votaram à nosso favor. Faça-se justiça a participação importante dos Senadores Romero Jucá, Marisa Serrano, Flavio Arns, Osmar Dias, Arthur Virgílio, Ideli Salvatti e Aloisio Mercadante.”

* Publicado no site da APTI: s://www.apti.org.br/


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

4Comentários

  • Nelson Ricardo Martins, 20 de dezembro de 2009 @ 19:18 Reply

    Chega em boa hora!

  • Carlos, 23 de dezembro de 2009 @ 18:13 Reply

    Infelizmente para nós essa carga se torna mais honerosa. Pela falta de esclarecimento os nossos representantes (quem fez a lei para o nosso retorno ao simples nacional) não se lembrou ou não pediu a alíquota mínima de 4,5% que pagavamos até dezembro. E neste mês subiu para 15% até a assinatura do presidente ( que esperamos seja até o final do ano para poder valer já em janeiro de 2010). Será que foi uma falta de atenção ou de conhecimento? Pelo menos uma gama maior de produtores que, sem o devido esclarecimento, foi beneficiada com a nova alíquota de 6%. Parabéns por essa vitória! Mas pensemos e estudemos mais para termos um beneficio digno.
    Obrigado

  • Thiago, 30 de dezembro de 2009 @ 21:13 Reply

    Finalmente! Sem dúvida o setor muito sofreu de forma absurda e injusta neste ano de 2009.
    A lei complementar nº 133 de 28.12.2009 já foi sancionada e publicada no diário oficial, passando a valer a partir do primeiro dia de janeiro de 2010.

  • Thiago, 30 de dezembro de 2009 @ 21:14 Reply

    Finalmente! A lei complementar nº 133 de 28.12.2009 já foi sancionada, passando a valer a partir do início de 2010.

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