?Quando a nação discute o Fome Zero e quantos são os mal nutridos, nós devemos discutir a fome que a nação tem da cultura e das artes, do belo, da estética do cinema e do teatro?Aceitei a indicação para o Instituto Pensarte com os mesmos sonhos de adolescência que todos temos de ações que possam mudar o mundo.
E só a cultura pode com a sua extraordinária capacidade de sugerir o novo, ou entusiasmar para o velho, de propor as rupturas necessárias ou as reflexões mais profundas sobre o homem e a nossas necessidades – da dor ou da felicidade – da angústia à tranqüilidade, e que mobiliza centenas ou milhões em torno de uma causa.
Valorizar o desenvolvimento humano está nos objetivos e na missão do Instituto Pensarte. Criado com certeza nos sonhos adolescentes de fazer parte deste desenvolvimento, Leonardo e Fabio, que durante três anos comunicaram-se conosco através de e-mail, cursos e seminários que passamos a admirar, resolveram “abrir” o Instituto para outros para pensarmos a Cultura do país, e como este é diverso da sua cidade e do seu estado.
O desafio de manter vivo o Instituto e dotá-lo de ainda mais ferramentas para cumprir a sua missão – articular o setor cultural contribuindo para transformar a sociedade por meio da cultura – nos desafia e fascina.
Nos primeiros trabalhos vamos todos nos mobilizar. Ainda não sabemos quem somos, esta a pesquisa maior e mais complexa, mas saberemos quantos somos, quantos agentes e mobilizadores culturais existem no país, quantos funcionários empregamos, quanto movimentamos do PIB, qual o nosso tamanho. Só assim poderemos reclamar mais orçamento, melhor tratamento de impostos e finalmente nos posicionar como importantes “artistas” da nação.
Quando a nação discute o Fome Zero e quantos são as famílias e os mal nutridos, nós devemos começar a discutir a fome que a nação tem da cultura e das artes, do belo, da estética do cinema e do teatro.
Precisamos refletir sobre que cultura o país quer fornecer aos seus cidadãos e nos mobilizar para atender a imensa demanda para o lazer, o entretenimento, o desenvolvimento escolar e construir através daí um país mais justo, mais feliz, mais amado.
Sérgio Ajzenberg, produtor cultural, é sócio da Divina Comédia e assumiu, na semana passada, a presidência do Instituto Pensarte.
Copyright 2003. Cultura e Mercado. Todos os direitos reservados.
Sergio Ajzenberg