Matéria do jornal O Estado de S. Paulo, publicada no último sábado (7/5), afirma que a ministra Ana de Hollanda recebe do governo diárias em fins de semana sem compromissos oficiais no Rio de Janeiro, cidade onde tem imóvel próprio.

Segundo o jornal, a ministra costuma marcar compromissos oficiais fora de Brasília, principalmente no Rio, às sextas e segundas-feiras, e receber a ajuda financeira não só pelos dias de trabalho fora da capital federal como pelos sábados e domingos não trabalhados.

Em quatro meses, informa o Estado, Ana recebeu cerca de R$ 35,5 mil por 65 diárias, sendo que a agenda não registra compromisso oficial em, no mínimo, 16 desses dias. O custo em passagens aéreas foi de R$ 17,3 mil. A ministra ficou em Brasília em no máximo 4 dos 17 fins de semana desde a posse.

A ministra teria admitido ao jornal que recebeu diárias em fins de semana no Rio sem agenda oficial, mas que receber esse dinheiro sai mais barato para os cofres públicos que fazer nova viagem de ida e volta para Brasília.

A diária dos ministros foi regulamentada pelo Ministério do Planejamento em 2009, após o escândalo dos cartões corporativos. Os créditos dos cartões eram usados de maneira abusiva por servidores e autoridades, incluindo ministros. O governo decidiu estipular o uso de diárias para hospedagem e alimentação. O valor vai de R$ 458 a R$ 581, dependendo do destino.

No domingo (8/5), a Assessoria de Comunicação do MinC divulgou uma nota de esclarecimento sobre o caso:

“A reportagem em que o Estadão afirma que a ministra teria recebido diárias em agendas que supostamente não cobririam todos os dias fora de Brasília não condiz com a verdade. A ministra, aliás, jamais ‘admitiu’ isso, como diz o jornal: este contatou exclusivamente a assessoria, que lhe forneceu minuciosas informações e comprovações, as quais demonstram não haver impropriedade na conduta da ministra. Em algumas viagens ao Rio, que abriga representação regional, assim como São Paulo, Salvador e Recife, e a outros locais a que a função a obriga, a eventual existência de dias não ocupados por agenda de trabalho fez com que a ministra optasse por cancelar a passagem oficial, arcasse pessoalmente com as multas pela troca do voo e, assim, cancelasse o recebimento de diárias. Em outras ocasiões, a economicidade, sempre conforme a legislação, impôs adotar a opção que menos onerasse o erário público. É ainda imperioso lembrar que as diárias são automaticamente atreladas à emissão dos bilhetes de viagens. Finalmente, todas as prestações de contas da ministra pertinentes a viagens estão aprovadas no sistema próprio [SCDP], com o devido detalhamento. Caso contrário, tal sistema já teria inviabilizado a concessão de novas passagens e pagamentos de diárias.”

Na tarde desta segunda-feira (9/5), o Estado voltou a divulgar notícia sobre o caso, informando que a Controladoria-Geral da União (CGU), órgão de controle do governo federal, pediu que a ministra devolva as diárias recebidas por dias de folga na cidade do Rio de Janeiro.

A recomendação foi feita após conversa entre a própria ministra e o ministro da CGU, Jorge Hage. “Chegou-se ao entendimento conjunto de que seria mais conveniente a devolução dos valores correspondentes às diárias recebidas naqueles dias em que não houve compromissos oficiais”, disse a CGU, em nota.

Segundo a CGU, serão devolvidas nos próximos dias as diárias dos dias 9 e 16 de janeiro, 10, 16 e 17 de abril. Na nota, a CGU diz “que o número de viagens realizadas pela Ministra da Cultura é plenamente justificado, tendo em vista a localização, no Rio de Janeiro, de um grande número de entidades vinculadas ao Ministério da Cultura”. A devolução das diárias é necessária, segundo a CGU, “tendo em vista, entretanto, que em algumas das viagens a ministra permaneceu no Rio de Janeiro nos finais de semana a fim de atender a compromissos oficiais na segunda-feira”.

*Com informações do Estadão.com e da Assessoria de Comunicação do MinC


editor

3Comentários

  • Leonardo Brant, 9 de maio de 2011 @ 20:59 Reply

    Acabo de receber esta nota do Ministério da Cultura:

    Consultada pela ministra Ana, CGU diz que viagens são “plenamente justificadas”

    Mesmo sem irregularidade, titular do MinC decide devolver diárias de cinco dias

    A Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, consultou hoje o ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU) sobre o recebimento de diárias, por ela, em razão de dúvidas quanto ao procedimento.

    A CGU emitiu nota oficial a respeito. Diz, textualmente, “que o número de viagens realizadas pela Ministra da Cultura é plenamente justificado”.

    A ministra, que se encontra em viagem a São Paulo, ligou diretamente para o ministro-chefe do órgão. Determinou que o Secretário-Executivo do ministério, Vitor Ortiz, reunisse e apresentasse à CGU detalhada documentação de suas viagens executadas a serviço. Tais comprovações registram todas as datas e compromissos cumpridos por ela na sua agenda de trabalho nestes quatro meses à frente da pasta.

    O exame da documentação levou a controladoria a concluir que as viagens da ministra estão respaldadas, validando especialmente os deslocamentos ao Rio de Janeiro. Segundo as próprias palavras da CGU, ali se encontra “um grande número de entidades vinculadas ao Ministério da Cultura (exemplos: Funarte, Ancine, Biblioteca Nacional e Museu de Belas-Artes)”. O órgão cita ainda a presença, na cidade, de sedes de importantes patrocinadores da cultura nacional, caso da Petrobrás e BNDES. É importante lembrar ainda que o MinC possui representação oficial naquela capital.

    A nota oficial afirma ainda que “as informações trazidas pelo MinC demonstram que as viagens atenderam a compromissos oficiais”. A ministra decidiu seguir a recomendação da CGU de devolução das diárias dos dias 09/01, 16/01, 10/04, 16/04 e 17/04.

    Determinou, ainda, que todos os órgãos do Sistema MinC evitem o agendamento de compromissos sequentes, num mesmo local, compreendendo as sextas e segundas-feiras.

    A nota oficial, por fim, esclarece que, “em todos os órgãos, as diárias são calculadas automaticamente pelo Sistema de Concessão de Diárias e Passagens do Governo Federal, (SCDP), e emitidas para todo o o período compreendido entre a viagem de ida e de volta”.

    Assessoria de Comunicação do Ministério da Cultura

  • Bergamini, 10 de maio de 2011 @ 10:43 Reply

    Segundo a Folha SP de hoje, o Planalto está realizando uma intervenção na Pasta a fim de amenizar a crise, antes que chegue ao gabinete presidencial, na tentativa de evitar que a cabeça da Ministra role por aquela rampa de mármore.
    A medida de devolução das diárias se faz justa, quando não existem compromissos oficiais. Além disso, é necessário o controle dos valores, quando as diárias são válidas para atividades que vão contribuir para o crescimento da política cultural do país.
    No caso da Ministra Ana, parece-me que os gastos, desde as diárias até o salário dos funcionários, não se justificam mais pelos inúmeros motivos que foram apresentados nesses 5 meses à frente da Pasta. Observamos o retrocesso em relação às conquistas alcançadas pelos Ministros anteriores e uma política que vai na contramão do que até então vinha sendo realizado.
    Propõe-se, então, a intervenção de uma dirigente do PT, a secretária nacional de Cultura, Morgana Eneile, com a finalidade de “criar uma agenda positiva” para a Ministra. A criação de tal agenda, como é proposta, não seria apenas para justificar os gastos e mantê-los com compromissos oficiais que pareçam proveitosos? A questão, em hipótese alguma, deve se restringir aos gastos com diárias. A Cultura Nacional não precisa de justificativas, mas de gastos menores, de fato, em ações concretas que promovam sua valirização desenvolvimento e sustentabilidade.
    Já afirmei que, se controlados e fiscalizados, os gastos se fazem justificados quando vemos o resultado das ações refletidos na política cultural. Para isso, as medidas do Ministério precisam rumar à evolução, não ao retrocesso.
    Será mesmo que precisamos de uma “agenda positiva”? Será mesmo que precisamos esperar a crise chegar ao gabinete presidencial para tomar medidas efetivas?

    #FronteirasSP

  • Fransa, 10 de maio de 2011 @ 17:30 Reply

    Ana de Hollanda deveria devolver o dinheiro e também entregar o cargo, já que falta comando para tal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *