Nada no Jornal Nacional. Nada no Jornal da Globo. A cobertura da imprensa gerada pelo lançamento do Mais Cultura, enfim, mais uma vez em nada debateu as políticas culturais.
Uma pauta esquecida
Nada no Jornal Nacional. Nada no Jornal da Globo. No Jô um Chorão mandando abraço a mim e aos outros irmãos da baixada santista na tentativa de impulsionar as vendas do mais novo disco de um Charlie Brown Jr remixado. O que a Folha ignorou, o Painel do Leitor do dia 7 denunciou: “Achei bastante estranho a Folha praticamente ignorar o lançamento do Programa Mais Cultura. Como é que um projeto que prevê R$ 4,7 bilhões para centros culturais em áreas carentes não merece o menor destaque por parte do jornal?” Ivan Hegenberg (São Paulo, SP).
Autocrítica vira notícia
Pior foi o Jornal do Commercio, que estampou a chamada de que “Lula reconhece que repete discursos”; “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma autocrítica nesta quinta-feira”..blá blá blá. Lula justificou o uso do bordão porque, segundo ele, o “nunca antes” é um mérito de seu governo. “E é verdade, não por mérito do Gil (Gilberto Gil, ministro da Cultura), do Lula, mas é porque nunca antes a sociedade brasileira teve uma participação na elaboração das propostas de políticas públicas, como ela teve nesses quatro anos e meio de governo. Só eu participei de 47 conferências nacionais. Só eu”, afirmou.
Política cultural, jamais!
O Valor dessa segunda afirmou que a sucessão de PACs compromete desenvolvimento do programa. Conforme o jornal, as medidas provisórias do PAC, encaminhadas ao Congresso antes da PEC da CPMF, foram todas aprovadas. O debate gerado pelo lançamento do Mais Cultura, enfim, mais uma vez em nada debateu as políticas culturais.
Necessidade básica
O Correio Braziliense foi o único que colocou a questão como “Necessidade básica”. Mas a reportagem, que destacou a criação do Vale-Cultura, esqueceu de dizer que o projeto não foi anunciado por não ter sido acertado ainda com a Receita Federal.
Mato Grosso
A Gazeta (MT) do último dia 4, deu espaço ao projeto, afirmando a batalha do secretário de Cultura do Mato Grosso, João Carlos Vicente Ferreira, presidente do Fórum Nacional de Secretários de Cultura, quanto à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (nº310/2004) no Congresso Nacional. Se aprovada, a União aplicará anualmente nunca menos de 2%, os Estados e o Distrito Federal, 1,5%, e os municípios 1% da receita resultante de impostos na preservação do patrimônio cultural brasileiro e na produção e difusão da cultura nacional.
Fórum de secretários
Já o Diário de Cuiabá está procurando substituto para o secretário do Mato Grosso. “Sob a assustadora perspectiva de uma fusão entre as secretarias de Cultura e a de Turismo e com a iminente saída do secretário João Carlos Vicente Ferreira, a redação do DC Ilustrado saiu a campo ouvindo pessoas importantes na área sobre qual seria o perfil ideal do novo secretário de Cultura. As respostas acabaram por embaralhar o futuro mais do que esperávamos”, conta a reportagem.
O Ecad
O Consultor Jurídico informou que o STJ suspendeu uma liminar que obrigava o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) a depositar cautelarmente R$ 142 milhões. O dinheiro ficaria à disposição do juízo até o resultado final da causa movida por oito compositores musicais contra a entidade. A ação movida conjuntamente por oito compositores musicais foi motivada pela decisão tomada em uma assembléia geral ordinária do Ecad realizada em 2001.
A suspensão da liminar
Ao suspender a liminar, o ministro Peçanha Martins explica que, preliminarmente, o Ecad tem legitimidade ativa ad causam, pois o Supremo Tribunal Federal considerou a tese de assimilação dele aos grupos do direito público por desempenhar um serviço público por expressa delegação da lei. Segundo o ministro, sob esse prisma, é indisfarçável o interesse público na suspensão da decisão impugnada, pelo impacto que teria em milhares de associados.
O ato-falho
O músico Eduardo Camenietzki, na lista do Fórum Nacional dos Músicos, afirmou que o uso do termo “indisfarçável” pelo ministro em sua decisão é “honorabilíssimo ato-falho”: “O Escritório alega sempre o caráter privado de sua instituição para evitar qualquer controle público sobre suas decisões e conformações, mas alegará caráter público para não pagar pelas suas apropriações, gestão fraudulenta e ilusionismo inescrupuloso”.
Oi, tevê
O Valor Econômico do último dia 4, falou sobre o início das transmissões de vídeos em Banda Larga da Oi (ex-Telemar) no primeiro trimestre do ano que vem, enquanto a Anatel afirma que irá estudar se o serviço lançado na semana passada pela Brasil Telecom (BrT) está em conformidade com as regras. O diretor de novos negócios da Oi, José Luis Volpini, afirmou ontem que a operadora terá a chamada IPTV (sigla em inglês para televisão sobre protocolo de internet), num primeiro momento, em alguns bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro.
Vídeo por encomenda
A Oi irá oferecer vídeos sob demanda – e não uma grade de programação de TV, como fazem as empresas de televisão paga. A legislação brasileira proíbe que as concessionárias de telefonia transmitam conteúdos multimídia em massa, mas não as impede de vender serviços para clientes individuais. Foi com base nessa premissa que a BrT anunciou, alguns dias atrás, o lançamento comercial de seu serviço de vídeos por encomenda baseado em IPTV.
Videon é bom!
No Jornal do Brasil, no mesmo dia 4, artigo de José Dirceu afirmou que serviço Videon da telecom e, pela Telefônica, há pouco mais tempo, do serviço de tevê paga TV Digital, são dois representativos exemplos do avanço da convergência digital. “A entrada das operadoras de telecomunicações na distribuição de conteúdo audiovisual vai provocar um choque positivo no mercado de tevê paga, limitado a 4,9 milhões assinantes no país, em junho de 2007”, afirma o ex-ministro.
Ainda sobre convergência
Sobre a convergência digital, a construção do setup box, que agregará os hardwares e os softwares necessários para converter o sinal digital para os aparelhos de televisão convencionais, está tomando tempo nos interesses da Folha de S.Paulo. O Ministério das Comunicações reafirma que o preço do conversor da televisão digital deve ficar em torno de R$ 250. De acordo com a assessoria, a expectativa do ministro Hélio Costa é que o valor caia em poucos meses, com o início das vendas e a concorrência. O jornal destaca que o presidente da Eletros (associação da indústria de eletroeletrônicos), Lourival Kiçula, diz que não há possibilidade de fabricar um conversor a um preço abaixo de R$ 700. “[O preço] será de cerca de R$ 700, o que pode significar R$ 799”.
Contra os fatos
O argumento da indústria é o de que não há escala suficiente para reduzir o custo dos componentes. Isso só deve acontecer em alguns anos. Questionada sobre a afirmação do ministério, a Eletros disse, por meio da assessoria, que esse é o preço dos aparelhos com 1.080 linhas de resolução, que permitem a reprodução de imagens em alta definição. Para o ministério, “não tem lógica” o valor estimado pela indústria, já que essas fábricas têm incentivos fiscais para a produção dos aparelhos. A Semp Toshiba, que vai colocar no mercado dois modelos de conversor, diz que só é possível vender ao preço previsto pelo governo com subsídios.
Tecnologias emergentes
Em pequena nota, a Folha do dia 3 lembrou que o ministro Gilberto Gil esteve na Conferência de Tecnologias Emergentes, realizada entre 25 e 27 de setembro, nos EUA, pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), que reuniu políticos, líderes da indústria e tecnólogos dos quatro cantos do mundo. O ministro afirmou que, no Brasil, a tecnologia digital está sendo usada para promover mudanças sociais e pode representar uma maneira de tornar o acesso à informação mais democrático. “Hoje, o telefone celular é um item de fetiche do design de consumo. Potencialmente, ele pode se tornar uma ferramenta de ativismo”, disse.
Depois das fogueiras
Depois da bela reportagem de capa da CartaCapital da semana passada, que denunciou a fogueira dos livros didáticos classificados como de “ideologia marxista” , o Valor Econômico do dia 2 deu a largada dos novos investimentos de uma das maiores editoras do mundo. A editora Pearson, cujo catálogo está focado em títulos para universitários e para o ensino de inglês como segunda língua, está mudando o foco de sua atuação. Além de vender livros, a editora planeja oferecer, também, um conjunto de serviços ao ensino superior no Brasil, principalmente às instituições privadas.
A consultoria editorial
Um outro serviço que a editora passará a oferecer a seus clientes é a consultoria editorial. A Pearson irá orientar as instituições sobre como montar um curso de ensino à distância ou para ser usado em sala de aula tanto no que se refere as questões de direitos autorais quanto na organização do material. Ou, se a instituição necessitar de conteúdo que não encontra no mercado, a Pearson pode contratar um autor para escrever o livro, por exemplo.
Com “certificado de competência”!
Para completar o pacote, a Pearson está trazendo para o Brasil uma empresa de certificação que faz parte do grupo Pearson. A Edexcel faz “certificação de competências” em mais de 110 países. A Pearson poderá, assim, certificar, através de determinado padrão de qualidade, não só os cursos das universidades brasileiras mas também cursos promovidos pelas próprias empresas (as chamadas universidades corporativas).
Carlos Gustavo Yoda
• Bom deixar claro – Não se pretende neste espaço, em momento algum, criar nenhum tipo de pseudo-observador de imprensa à moda de Alberto Dines, nem a pretensão de este autor ter se auto-intitulado o ombudsman do jornalismo cultural. Longe disso. O objetivo do Caderno 2.0 é inter-relacionar a pauta e a estratégia política dos meios de comunicação. Provocar o debate com o melhor e o pior que o jornalismo permite, sem sequer medi-los, apenas expondo-os. Dos comentários fofoqueiros sensacionalistas, às novas iniciativas e propostas tecnológicas. E assumiremos todas as nossas contradições. Saiba mais em s://culturaemercado.com.br/setor.php?setor=4&pid=3244.