Cantando ou argumentando, Zezé Freitas encarna a música, lutando em várias frentes pela democratização do debate e do acesso do setor. Em entrevista ao Cultura e Mercado, vários ângulos desta causa.
Cantora e articulista do setor musical paulista, Zezé Freitas luta pela união da classe como ponto de referência de uma política cultural eficaz, onde os fóruns Permanentes de música se configuram na busca por esta interlocução entre músicos, professores de música, produtores, editores, técnicos e outros envolvidos. Zezé participa também de iniciativas como o mapeamento da música brasileira no exterior, mapeamento da música independente, inclusão no Pró Música, criação de associação ou Ong, Fórum Permanente de Cultura com a criação da Frente Parlamentar. É o que traz o Perfil de Zezé Freitas, em entrevista ao Cultura e Mercado.
Com o objetivo de discutir e formular um projeto para a Frente Parlamentar de Cultura, o Fórum Permanente de Música parte do princípio da convergência de demandas e da união de idéias e propostas, uma relação que deve ser estabelecida com certa periodicidade. É esta a postura de Zezé Freitas na participação desse processo. “Antes de apresentarmos qualquer documento na Câmara Setorial para ser debatido, realizamos votações em assembléias para chegarmos em consenso. As reuniões da Câmara Setorial de Música têm sido mensais e os temas debatidos foram Formação, questões trabalhistas e Direito autoral”. De agora em diante, outras questões como: produção independente, difusão e consumo denotam a pluralidade das discussões, pelo fortalecimento e continuidade do Fórum como instrumento de unificação do setor. Zezé acredita que a “a grande conquista do movimento foi exatamente a criação do Fórum Paulista Permanente de Música – FPPM”. O ideal da articulista e dos outros agentes parte “da negação do conceito de que os músicos não são unidos”. Neste sentido, “os fóruns vem vêem debatendo em listas de discussões virtuais e em videoconferências entre os estados mobilizados, com intenção de agregar os que ainda não participam”, declara. Esta busca do diálogo com a sociedade civil amplia o alcance dos fóruns, como entidade representativa dos músicos e de todos aqueles que consomem arte e se interessam por ela. Para incorporar outros segmentos “nosso próximo passo é alcançar visibilidade convidando palestrantes de peso e empresas que possam patrocinar nossos eventos”, explica Zezé, consciente de que ainda estão no início de todo um processo. Outro foco é consolidar uma estratégia definida durante a primeira reunião do Fórum Nacional de Música, com a reestruturação da Organização dos Músicos do Brasil – OMB. A idéia é transformá-la em entidade democrática, uma questão de identidade e articulação. “São 40 anos de ditadura! Acredito em um sindicato forte, não é possível que a informalidade cresça mais. Aqui no Brasil nosso setor não tem idéia do que isto signifique”. Para Zezé, esta desinformação alcança outras frentes e representa um entrave para a adoção de uma política cultural que atenda às demandas do Brasil. “Falta esclarecimento por parte dos governantes, da maioria dos setores da sociedade e até dos próprios músicos. Não sabemos o que temos nas mãos. Não conhecemos nossa música e, muito menos, valor que ela tem. Logo, não temos profissionais preparados para lidar com um dos nossos maiores tesouros que é a música brasileira”. Diante disso, o FPPM se apresenta como uma alternativa consolidada, na intenção de interagir e conscientizar as pessoas, e a importância da seqüência deste projeto é que Zezé exalta: “demos o primeiro passo, ou melhor, começamos a engatinhar. É preciso Perseverança ao invés de entusiasmo”.
Maira Botelho