TEIA 2007 - Processo de construção de redes contará com facilitadores - Cultura e Mercado

TEIA 2007 – Processo de construção de redes contará com facilitadores

Novas ferramentas de comunicação e tecnologias de conversação serão apresentadas para facilitar a articulação em rede. Equipe de especialistas estará em tempo integral à disposição dos Pontos.

Fortalecer o significado das redes colaborativas. Agregar os mais diversos tipos de produção de maneira descentralizada. Criar ambientes de trocas e conversações. Ampliar o rol de possibilidades de comunicação e articulação dos pontos de cultura. Eis a proposta da TEIA 2007, através de uma metodologia inovadora baseada em plataformas livres e horizontais.

A ativação desses processos ficará a cargo da Papagallis, empresa de aprendizagem informal e tecnologia de rede, integrante da rede de produção colaborativa da TEIA 2007. Com uma equipe especializada em tecnologias de rede e alguns colaboradores, a Papagallis atuará primeiramente na ativação da Oficina de Jornalismo Cultural Independente, que acontecerá na Funarte Casa do Conde e Serraria Souza Pinto, nos dias 3 e 4 de novembro, e continuará o trabalho de facilitação de conversações durante toda a Teia, entre 7 e 11 de novembro, através do Café Continuum de Políticas Culturais Públicas, no Espaço Conversê.

Papagaios em rede
A formação de redes que potencializem as ações dos pontos de cultura, em nível local, regional e nacional já é uma realidade. Vários pontos de regiões distintas do Brasil se organizam em comunidades virtuais e fóruns para debater suas políticas, projetos e gestões.

São exemplos bem-sucedidos dessas redes: a articulação dos pontos de cultura do Rio de Janeiro e Espírito Santo, que culminou na Carta do Rio-ES; a Rede Alagoana dos Pontos de Cultura, com 21 pontos do Estado; a recente rede paulista de pontos de cultura, formada por 92 pontos; e a Rede Nordestina Audiovisual, com pontos atuantes nesse setor.

Na TEIA 2007, a intenção é catalisar esses processos de formação de redes a partir de tecnologias que facilitem a aglutinação dos pontos, transpondo para os espaços de convivência que terão em Belo Horizonte, ferramentas, tecnologias e dinâmicas aplicadas nas plataformas virtuais.

“Além de proporcionar espaços qualificados de conversação disponíveis para os Pontos de Cultura durante toda a TEIA 2007, a Papagallis pretende compartilhar novos modelos de construção de conhecimento em grupo, empoderando os agentes culturais com técnicas e ferramentas que efetivamente possam desenvolver a sabedoria dos grupos nas atividades desenvolvidas pelos pontos em seus programas e ações”, explica Luiz Algarra, diretor e anfitrião de conversações da Papagallis.

A proposta vai ao encontro do projeto de articulação da sociedade civil, mais especificamente dos pontos de cultura, para que tomem para si o processo integral de construção das próximas edições da TEIA, além do instrumental disponível para a própria execução das ações a eles relacionadas.

Responsável pela articulação institucional dos pontos na TEIA 2007, o Instituto Pensarte acredita ser indispensável esse trabalho de fortalecimento de redes. “É imprescindível que o discurso da autonomia, protagonismo e empoderamento encontre materialidade e possibilidades reais de implementação. E é através dessas novas tecnologias de conversação e espaços de construção coletiva que isso vai se dar”, declara Bento Andreato, presidente do Instituto Pensarte.

“Fundamentalmente, estaremos organizando espaços de conversação para que grupos possam construir conhecimentos a partir da inteligência coletiva do próprio grupo”, complementa Algarra.

Novos paradigmas de conversação
Para isso, novas ferramentas serão apresentadas nos espaços públicos de diálogo e nas plataformas digitais. Na verdade, a intenção é criar ambientes de conversação semelhantes aos ambientes digitais, com espaços abertos, possibilidades de interação e horizontalidade, de maneira que os atores culturais vivenciem na prática esses novos modelos de atuação e entendam as funções e benefícios das redes.

De acordo com Dalton Martins, da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo (USP), responsável com a Papagallis pela desenvolvimento da metodologia, as tecnologias digitais a serem propostas já existem. Elas apenas serão apresentadas aos agentes culturais, de modo a facilitar o exercício das conversações e a configuração das redes. “Serão criadas zonas autônomas temporárias (ZAS) específicas para a TEIA, tudo a partir de ferramentas livres ou serviços on line abertos”, explica Martins.

Ferramentas como o word-press, os wiks, blogs, o flicker, entre outras, comporão essas ZAS, que funcionarão enquanto a TEIA existir. No entanto, conforme Martins, “os pontos de cultura deverão se apoderar do ferramental apresentado para a sua própria emancipação”.

Sobre as novas tecnologias apresentadas para os diálogos presenciais, dinâmicas de aprendizagem informal mostrarão novas possibilidades e paradigmas de comunicação. Técnicas como os espaços abertos (open spaces), os cafés, círculos, desconferências e aquários farão parte das oficinas de facilitação orientadas pela equipe Papagallis na Funarte Casa do Conde e Serraria Souza Pinto.

Café Continuum de Políticas Culturais Públicas
Nesse locais, tais técnicas de conversação comporão o Café Continuum de Políticas Culturais. Sessões de conversação para pequenos ou grandes grupos serão organizadas, de maneira programada ou espontânea, formando ambientes de diálogo estruturados democraticamente.

O Café quer romper com os modelos convencionais de conversação. “Os modelos de diálogo em uso, o congresso, a conferência e o debate, já não estão dando conta do desejo de construção de novos conceitos propostos pela inteligência das multidões. Hoje, propor políticas públicas significa capturar as conexões entre os interesses e visões dos diversos atores culturais em atividade por todo o Brasil”, afirma Algarra.

Oficina de Jornalismo Cultural Independente

A Oficina de Jornalismo Cultural Independente, responsável pela cobertura jornalística compartilhada da TEIA 2007, também aproveitará os recursos tecnológicos apresentados pela Papagallis. A Oficina será voltada aos jornalistas, estudantes, comunicadores sociais e demais interessados na cobertura pública, independente e colaborativa da TEIA 2007.

A ativação da Oficina ocorrerá entre os dias 3 e 4 de novembro, na Funarte Casa do Conde, onde as técnicas dos círculos, word cafés, espaços abertos e desconferências proporcionarão conversações em larga escala e deverão fazer emergir os desejos e competências dos oficineiros, além de aplicá-los, espontaneamente, nas atividades de cobertura da TEIA 2007.

“Além dos conceitos, fundamentos e práticas, os oficineiros também terão contato com um sistema de publicação de notícias não-centralizado, desenvolvido tendo como plataforma a própria internet, valendo-se da atual estrutura de blogs, posts e tags para organizas os conteúdos, reportagens, matérias e pautas por ele produzidas”, explica o anfrião da Papagallis.

A dinâmica de produção e edição das matérias durante a cobertura será totalmente participativa e autônoma. Não haverá necessidade de cadastro com senha para o login na agência 100canais – que publicizará os conteúdos –, mas basta ao oficineiro cadastrar a ferramenta, veículo ou página através da qual fará a cobertura, partindo do prisma que quiser.

Segundo Dalton Martins, “um canal puxará os feeds da internet o tempo todo, e tudo o que for produzido ficará acessível ao internauta, disponível através desses feeds”. A idéia é a utilização desse ferramental para a constituição de uma rede que faça, já desde a TEIA, a cobertura independente da pauta das políticas culturais.

Guilherme Varella – Teia 2007
conteúdo compartilhado na rede 100canais.org.br

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