Foto: Stukinha

A sustentabilidade dos artistas no mundo atual é a preocupação central deste blog. Buscamos estabelecer relação direta deste cada vez mais complexo e difícil desafio frente às políticas públicas de cultura e as dinâmicas de mercado. O canto da sereia, muitas vezes o caminho da sobrevivência, outros da corrupção de valores e sentidos. Mas pode se tornar o motor potente, em busca de autonomia para navegar nas incertezas e na volatilidade das políticas públicas, orientadas cada qual à visão de mundo e de cultura dos detentores do poder.

Fui à II Reunião Pública Mundial de Cultura, promovido pela prefeitura de São Leopoldo (RS) como parte do Fórum Social Mundial, para lançar o webdocumentário Ctrl-V. Antes da exibição do webdoc, assisti a conferência de David Harvey, que discorreu sobre a necessidade de o artista trabalhar como uma espécie de agente duplo, dentro dos sistemas político e, sobretudo, do mercado.

Em busca de autonomia, ele pode e deve, segundo Harvey, ocupar espaços deixados no mercado para a criatividade. O autor acusa o capitalismo de ser o menos imaginativo dos sistemas. Sua existência depende de um certo grau de mecanicismo, que condiciona pessoas dentro de comportamentos e formas de atuação mais ou menos homogênea.

O geógrafo e professor da City University of New York (CUNY) enxerga neste terreno árido e difícil que é o mercado um mar de oportunidades para as atividades criativas e para o desenvolvimento e ocupação de espaços disfuncionais e subversivos. E deposita no artista a esperança e a responsabilidade de encontrar as brechas necessárias para implodir o sistema, ressignificá-lo ou reinventá-lo, com base em princípios humanos e éticos.

Harvey admite o risco de o artista “vender-se” ao capitalismo, mas diz que esse risco é um desafio saudável, pois estimula a tensão entre o artista, sua obra e sua função pública.

Perguntei ao pensador britânico, o que ele pensa sobre a formação e consolidação de indústrias culturais propriamente brasileiras, depois de apresentar-lhe como premissa o projeto desenvolvimentista do país, que acende uma vela para o capitalismo, baseando sua política econômica no mercado financeiro, e outra para o socialismo, ampliando a presença do Estado em ações sociais de cunho assistencialista, deixando o processo cultural numa área cinzenta, frente às contradições dessa política.

Harvey mostrou-se cético em relação ao desenvolvimento de uma indústria nacional. Considera os espaços ocupados por redes colaborativas mais adequado para o florescimento da criatividade. Mas não apontou como se daria o financiamento dessas atividades, provavelmente pelo Estado.

Mas se o Estado não é mercado, ele corre o risco de confundir-se com um produtor cultural, moldando aquilo que devemos ou não devemos ver, ouvir e consumir como arte e cultura. Diante desse risco eminente, vivido no Brasil em tempos de Procultura, Harvey defende quase que uma conspiração de artistas, em defesa da sobrevivência e em defesa da democracia.

Uma reflexão importante para o ano que se inicia, em que definiremos o novo modelo de política cultural para o Brasil, exercendo e negociando o poder de voto e de construção de uma agenda democrática, baseada na garantia dos direitos culturais e no pleno exercício da liberdade de expressão.


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

26Comentários

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 29 de janeiro de 2010 @ 16:00 Reply

    Otimo artigo Leonardo!!

  • Sergio Sobreira, 29 de janeiro de 2010 @ 17:11 Reply

    Teixeira Coelho tem uma argumentação contudente sobre a questão da sustentabilidade em seu livro A Cultura e seu contrário. Ali, ele advoga que a cultura tem sido evocada erroneamente para a tarefa de manter o tecido social, diante da debilidade em que se encontram os elementos mantenedores anteriores – a política, a religião e a economia, elementos que agrupam e, ao mesmo tempo, afastam, separam.
    Quem de nós já não ouviu falar em inclusão ou contrapartida social quando se trata de projetos culturais?
    Daí, surge essa panacéia de que a cultura tudo pode e, em nome da sustentabilidade e de uma positividade de tudo na cultura é bom e justo, promover-se o que Teixeira Coelho chama de domesticação da cultura. O pior dessa perspectiva é que a única oposição se daria entre cultura e mercado, e nessa brecha se colocam os arautos da tradição, como se toda cultura fosse um passado transmitido continuamente, para defender uma tese de supremacia da chamada cultura tradicional popular sobre outras formas culturais.
    Acho luminoso quando Leo traz a tese de Harvey que o artista deve aproveitar o melhor dos dois mundos – estado e mercado – para realizar seu fazer artístico e de algum modo interferir para ressignifica as lógicas perversas que estão postas. Como utópico que sou, quero acreditar que nas fendas e nos vazios podemos ocupar a produção de cultura com outros e novos valores, para disseminar modos de ser, pensar, viver que não sejam apenas os que estão aí.

  • luciano, 29 de janeiro de 2010 @ 19:54 Reply

    sou musico. acho q o papel do artista é ser marginal. como um religioso. nao devia nem casar. é nao ser mediocre. não ser político. é criticar mesmo. lobao, john lennon, etc. o papel dele é mudar a consciencia da sociedade. mostrar a sociedade como ela é. agora grana. tem o cara q toca tom jobim, q tem q se organizar pra ter aposentadoria, fgts, ferias e tal. e tem o compositor. o artista. q tem q vender seu peixe. nao o peixe dos outros. nada contra o cover. mas o compositor é q gera a mudança. o estado vem c essas leis q pegam dinheiro do proprio povo, atraves de um patrocinador, q decide se vai pagar imposto ou nao e q decide se apoia o projeto ou nao. e pouquissimos projetos sao aprovados e uma galera embolsa uma grana. filmes milionarios. campanhas politicas. ate ivete sangalo usa esse dinheiro. acho q o estado deve ajudar o “artista” mais basicamente. arte é para todos. teatro para todos. estudio para todos. equipamento de som para todos. pincel para todos. tela para todos. porque é melhor pra sociedade. a arte nos liga c o infinito. c o incomensuravel. c nossas almas. paz e amor.

  • Alexandre Reis, 30 de janeiro de 2010 @ 10:50 Reply

    Leonardo, meus parabéns!! Acredito que este foi um de seus melhores artigos publicados no site Cultura e Mercado até hoje, é uma abordagem bastante atual e centrada no nosso árduo trabalho, que não é nada fácil.

  • gil lopes, 31 de janeiro de 2010 @ 11:51 Reply

    mas qual é o problema em querer comentar o artigo?

  • gil lopes, 31 de janeiro de 2010 @ 11:52 Reply

    Se o Governo participa do mercado patrocinando, anunciando, promovendo, qual a novidade?Onde isso não ocorre? Para enfrentar a guerra cultural que se estabelece hoje no mundo, como não contar com o Estado? Como se os americanos, por exemplo, abrissem mão dos esforços da Nasa, ou das descobertas desenvolvidas nas universidades e nos complexos militares. Mas aqui a gente quer o Estado longe da cultura? Pois é aí onde mais precisamos dele. Nosso voto é muito importante.

  • Maria Tereza Penna, 31 de janeiro de 2010 @ 14:48 Reply

    Você mesmo disse:
    Quem seriam os financiadores?
    As grandes corporações que derrubam e colocam representes e lobby no poder ou o estado que pode censurar?
    O que sugere?
    No fundo o artista que firmar parcerias é um corrompido ou um corruptor.
    Ou apenas mendigos carentes num país onde mal se tem condições de se alimentar dignamente…de comida mesmo…o que dirá de idéias.
    E mais uma ez vc censurará meu comentário não é?

  • gil lopes, 31 de janeiro de 2010 @ 17:22 Reply

    acusar o capitalismo de falta de imaginação, poderíamos compará-lo a que outro sistema? Ao mesmo tempo, a capacidade de adaptação capitalista tem sido a sua marca desde a revolução industrial. Mas há os querem implodir o sistema, para colocar o que no lugar? Temos antes que saber. E convenhamos, “artista vendido ao capitalismo” é muito, muito antigo…é um patrulhamento completamente por fora, é jargão dos anos..60? 70?…não há mais excedentes pra sustentar hippies, isso é coisa do outro tempo, até o muro já veio abaixo ( em que pese alguns que continuam vendo o Muro…).

  • Hilton Assunção, 1 de fevereiro de 2010 @ 12:23 Reply

    Se tirarmos o Estado das bases de financiamento da cultura no Brasil a maioria dos projetos culturais (bons ou questionáveis)pararão. Qualquer processo de divulgação de nossas criações artísticas tem que ter dinheiro para pagar veículos de comunicação e/ou assessoria de imprensa. O artista tem que arrumar dinheiro para comprar tintas e telas, os compositores tem que arrumar quem grave suas músicas para ganharem dinheiro com os direitos autorais de suas obras e para isso tem que pagar estúdio de gravação para fazer um “demo” profissional e ter alguma chance de ser ouvidos, os atores tem que arrumar dinheiro para pagar direitos, montar cenários, espaços para ensaios, figurinos etc., os poetas e escritores tem que arrumar editoras ou alguém que pague suas publicações, os museus e bibliotecas tem que ter verba permanente para manutenção e ampliação de seus ou nossos patrimônios etc. etc. etc. etc. É muito simplista dizer aos criadores de matéria prima cultural: “se virem, baguncem e mudem o mercado”. Nós não temos poder para tirar o “Big Brother” do ar e colocar coisa melhor no lugar, até porque tem patrocinador que está faturando ao ligar sua marca a este produto da mídia televisiva. As emissoras, embora tenham uma concessão temporária, tratam-na como se fossem permanentes, e de fato se tornaram permanentes pelo poder político que algumas dessas emissoras adquiriram, algumas a partir do regime militar. Antes de tudo penso que tudo começou a piorar com o sucateamento de várias atividades que tinham o estado como o principal gestor, e a principal delas é a educação. A falta de “educação cultural” foi uma maldade criada no período de perseguição ao livre pensar recentemente acontecido no Brasil. As sequelas e manutenção desse estado de coisas continua com a ditadura da mídia televisada e radiofônica, sem que tenhamos poder para alterar o estado das coisas. É claro que não interessa aos donos de escolas e universidades particulares, termos ensino de excelência nas redes públicas! Todos precisamos de dinheiro e quem o tem negocia a seu interesse que pode ter viés político. Poucos de nós tem condições de conseguir financiamento para nossos produtos culturais. Dependemos de bom trânsito nos meios políticos e empresariais para termos alguma chance de financiamento. Penso que existe a tentativa de democratização dos recursos públicos para a cultura. Porém os mecanismos vigentes ainda deixam no isolamento a maioria realmente necessitada.

  • gil lopes, 1 de fevereiro de 2010 @ 13:46 Reply

    No capitalismo também existe o Estado, que aliás é sua gênese. onde está essa premissa socialista no projeto de desenvolvimento brasileiro? disse que maior presença estatal é sinônimo de socialismo? Ah…a ultra-direita americana, que insiste em tentar colar socialismo a Obama. Tem que ter o coração duro demais para criticar as tais “políticas assistencialistas” diante da pobreza que ainda nos envolve. Implicá-las com o processo cultural? Em que sentido?

  • Gisele Costa, 1 de fevereiro de 2010 @ 14:55 Reply

    sou totalmente a favor e militante da conspiração dos artistas!!!!!! é exatamente isso, caras e bocas e o que mais precisar, desde que não se perca o foco, manter a ética durante todo processo. o que pode significar se vender mesmo (por um salário, por uma brecha no governo, …) “criar armas silenciosas para guerras tranquilas”(chomsky) para quem acredita que virar acadêmico é se salvar, doce engano. ficar a teorizar o ideal para a cultura não o retira do malévolo lugar de vendido. vendido para a acomodação, lugar oposto ao da tensão que Harvey aponta (muito saudável também acho). ufa! ainda bem que já começamos a dizer e não mais sentimos vergonha em verbalizar o que muito já acontece. bora! Parabéns Leonardo pelo artigo.

  • Marcelo Kraiser, 1 de fevereiro de 2010 @ 16:40 Reply

    Exelente artigo!É preciso salientar mesmo que o Estado não pode nem deve confundir-se com produtor cultural.E seu papel seria no máximo o de promulgador,regulamentador e fiscalizador no que se refere às leis de incentivo, por exemplo ( como é o caso, aliás, de todas as leis). Mas jamais o Estado deveria pretender o lugar de juiz da arte o da cultura – que não são a mesma coisa.É muito lamentável também quando a arte toma um caráter assistencialista:um dos motivos muito simples para o Estado tomar para si o assistencialismo artístico é que este é no mínimo mais barato ‘arte para todos’ do que educação de qualidade, saneamento básico, segurança,transporte público eficiente, etc etc.

  • Marilia Xavier Cury, 2 de fevereiro de 2010 @ 6:49 Reply

    Olá Leonardo:

    Gostei muito do seu artigo. Faz pensar.

  • gil lopes, 2 de fevereiro de 2010 @ 9:09 Reply

    e o Metallica ganhou do Palmeiras e Corinthians, passou na cara o FlaxFlu, encheu mais o estádio que todos eles…e ninguém se deu por isso. O Poder e a Cultura, os Governos e a Política, tudo, tudo enfim soterrado pela evidência acachapante da vitória Metallica. Só não estamos desenganados porque já temos consciência e sabemos o caminho para reverter esse quadro, Não é assim que dizem?
    A Bomba Atômica que caiu sobre a cultura brasileira atingindo diretamente a produção musical nacional, decorrência da plataforma de circulação da Nova Cultura, depois de uma década de partilha e roubalheira de arquivos, deixou claro que as pessoas mais prejudicadas são os criadores, os compositores jovens e os principiantes, que não podem viver da venda de shows e materiais promocionais. Desarticulou toda malha de circulação e difusão interna e internacional da música brasileira. Nosso mercado de shows foi invadido pelos espetáculos internacionais numa proporção nunca vista, nossos artistas porque não tem economia para seus produtos, em consequência perderam a capacidade de divulgação. Só o produto estrangeiro que tem mercado e de acumulação riqueza suficiente para suportar os custos de divulgação e se multiplicar por todo mundo.

  • gil lopes, 2 de fevereiro de 2010 @ 9:10 Reply

    e o Metallica ganhou do Palmeiras e Corinthians, passou na cara o FlaxFlu, encheu mais o estádio que todos eles…e ninguém se deu por isso. O Poder e a Cultura, os Governos e a Política, tudo, tudo enfim soterrado pela evidência acachapante da vitória Metallica. Só não estamos desenganados porque já temos consciência e sabemos o caminho para reverter esse quadro, Não é assim que dizem?
    A Bomba Atômica que caiu sobre a cultura brasileira atingindo diretamente a produção musical nacional, decorrência da plataforma de circulação da Nova Cultura, depois de uma década de partilha e roubalheira de arquivos, deixou claro que as pessoas mais prejudicadas são os criadores, os compositores jovens e os principiantes, que não podem viver da venda de shows e materiais promocionais.

  • Cris Arenas, 2 de fevereiro de 2010 @ 12:59 Reply

    Oi Leo,
    Parabéns pela matéria, é um assunto muito delicado e de urgente reflexão.

  • dr. e., 2 de fevereiro de 2010 @ 13:10 Reply

    gil, devagar… Palmeiras X Corinthians e Fla X Flu tem todo ano e no mínimo umas 4 vezes! e o sentido da expressão “artista vendido ao capitalismo”, conforme entendo o harvey, está sobretudo no lamento da perda da “tensão entre o artista, sua obra e sua função pública”, tensão inerente a criação – convenhamos, se o fim é ganhar dinheiro…

  • gil lopes, 2 de fevereiro de 2010 @ 14:03 Reply

    e assim toda malha de circulação desarticulada, a difusão interna e internacional da música brasileira. Nosso mercado de shows foi invadido pelos espetáculos internacionais numa proporção nunca vista, nossos artistas porque não tem economia para seus produtos, em consequência perderam a capacidade de divulgação. Só o produto estrangeiro que tem mercado e de acumulação riqueza suficiente para suportar os custos de divulgação e se multiplicar por todo mundo.
    Não há, repito, questão cultural mais importante que essa no Brasil hoje. Que modelo devemos adotar para recuperar rapidamente nossa capacidade de circulação e produção. É preciso irradiar essa questão por todos os meios e em todos os ambientes e criar a consciência capaz de dar resposta a essa terrível destruição.

  • gil lopes, 2 de fevereiro de 2010 @ 16:20 Reply

    Ah bom…de fato eu não considerei, afinal o ineditismo da banda dos anos 80 que teve mais clips na MTV nos anos 90 e que já veio aqui algumas vezes, que toda hora tem filme e biografia na TV…eu não considerei que isso aqui entre nós tem peso e potência…
    Também não considerei que artista não é pra ganhar dinheiro, isso fica para os Metallicas da vida, esses sim querem ganhar dinheiro, esses sim podem e devem ganhar muito dinheiro, um caminhão pra levar até o avião deles que decola cheio de dinheiro…afinal, são inéditos. Na próxima semana virão outros também inéditos, e mais outros…poxa, só os inéditos, eles podem ganhar o dinheiro.
    Nossa emoção? É dar dinheiro pra eles…isso sim é muito empolgante, mais que um FlaxFlu…isso eu vejo na Tv, tem toda hora…uns 4 por ano…quantos Metallicas por ano eu aguento?
    A função pública do artista, da obra do artista, vamos chamar o Metallica pra contar pra gente..o Metallica é que é.

  • luciano, 2 de fevereiro de 2010 @ 17:48 Reply

    arte é arte. entretenimento é entretenimento. mercado é mercado. o artista não pode ser vender. a arte tem q ser pura. ganhar dinheiro é outra coisa.

  • gil lopes, 3 de fevereiro de 2010 @ 9:37 Reply

    o artista não pode se vender…em que mundo estamos? se o artista não se vender vai viver do que? do papai? arte entretenimento e mercado, os museus viraram o que? picasso é arte no museu pra quem quiser ver e pagar a entrada pra ver…mas onde arte é arte, onde as coisas não se misturam, desde quando?
    bem, não temos nem arte, nem entretenimento nem mercado, só temos as mãos para bater palmas…somos os palmeiros do mundo. Outro dia um grande compositor do Brasil me disse: não componho mais…mas porque?!!!…não ganho nada com isso…
    o que será que motivou aquele menino que depois se transformou num pintor espetacular? talvez o primeiro quadro dele que alguém tenha comprado…ninguém sabe o que motiva a arte e quem quer condenar o artista a se marginalizar?
    arte mercado e entretenimento e mercado e arte e entretenimento e mais mercado e mais arte e mais entretenimento. e viva o metallica que passa todo mundo na cara.

  • candida botelho, 3 de fevereiro de 2010 @ 14:31 Reply

    Ola Brant,
    O artigo é otimo como sempre e propõe reflexões e debates….sem fim….pois a solução nunca chega e nem chegará. Agora então que as pessoas que trabalham no governo são cada vez mais tiranas e exigentes com os coitados que ganharão uma miséria para fazer seu trabalho cultural,…..agora é que não tem saida. Saida seria se apresentar um projeto simples, documentos qualitativos básicos, e não uma verdadeira Gestapo de documentação para finalmente cancelar tudo porque faltou uma vírgula, porque perdem os documentos na gestão do governo, porque tratam mal os interessados, como se fossem bandidos querendo tomar de assalto o governo, mesmo que sejam pagos com o nosso dinheiro de impostos aliás cada dia mais caros . E eles garantidos com nosso dinheiro!!! E ainda levantam o dedo, dizendo :cuidado isso é dinheiro público…..como se fossemos ladrões, e não legitimos trabalhadores do setor cultural.

    Interferem nas politicas , nas escolhas , são agressivos e mal educados.A delegacia do MINC em São Paulo, não existe, apenas o guiche de receber projetos; Tudo isso me lembra muito a classificação dos judeus, na guerra de Hitler. A interferência do Estado cada vez maior na seleções , na produção, no controle leonino, sobre a documentação…..Exigências essas que inviabilizam excelentes projetos….Faça me o favor….e vêm falar em projeto cultural para o Brasil???
    Melhor seria deixar cada um fazer o seu trabalho sem dinheiro mas com dignidade.
    O projeto é:-Menos influência do Estado que cada vez domina mais as verbas disponiveis para manter o controle financeiro e político para grupos escolhidos por eles…..
    Menos tortura com a documentação. Basta a pessoa se qualificar e chega. Se paga imposto federal ou estadual ou municipal…..qual grupo pequeno que pode suportar isso??
    Depois quem não cumprir a prestação de contas , sera inquirido….Precisamos lidar com a população como se educada fosse, como gentil que fosse, como cumpridora de seu deveres , como honesta com responsabilidade e compromissos.

    Só assim as coisas vão andar, a verdadeira manifestação cultural se organizará, e o ser humano será mais valorizado. O último rincão da descência humana está na cultura, achovalhada pelos tecnicos do ESTADO sobre a população.

    Precisamos de mais Repeito e Educação. Alem de preparo das pessoas que trabalham com o dinheiro publico, em vez de esconder na cueca, na meia no cinto, etc etc etc…..

    me poupem….

  • dr. e., 4 de fevereiro de 2010 @ 11:17 Reply

    a discussão tomou dois rumos. um é achar que o artista não pode se vender – e ele não é gente que come, dorme e paga aluguel? outro é pautar a criação pelo dinheiro. concordo que ninguém sabe o que motiva a arte, mas suspeito daqueles que criam tendo como horizonte suas contas bancárias. gil, diga ao seu grande compositor que se o negócio apertar, arrume algo pra “guentar a ôia” e relaxe… que, com sua grandeza, ele continuará a compor!

  • gil lopes, 4 de fevereiro de 2010 @ 13:25 Reply

    O problema das suspeitas só pode ser solucionado no tempo, observando e avaliando a produção criativa do artista. Viver suspeitando porém é fogo…pra adoçar ainda mais o debate, hoje em O Globo o grande Aderbal Freire Filho fala de mercado( entretenimento) e criação( poética) num artigo importante. Vale a pena, inclusive para observar seu pensamento. E há ainda o ponto que fundamenta tudo, mas afinal entretenimento e poética de onde? Qual é o conteúdo? Mas Vinicius nos deu poética e entretenimento, Chico também…será que eles pensavam em dinheiro? Tem aquela história do primeiro encontro entre Vinicius e Tom quando Tom é convidado para fazer as músicas do ORFEU. Ele pergunta ao poetinha: “mas tem algum dinheirinho nisso?”…nosso Ferreira Gullar disse: “se o assunto é Cultura, faça o cheque…”. O negócio sempre foi muito apertado para o artista brasileiro, mas se tiver um dinheirinho a coisa acontece.
    Na nova cultura a plataforma de circulação de conteúdo requer comportamentos civilizatórios adequados, estabelecimento de uma nova Ordem, maturidade na análise política da democracia e dos direitos e deveres da cidadania, em resumo, precisamos da Banda Larga, mas precisamos garantir a circulação de nossos bens culturais afim de produzir riquezas.

  • gil lopes, 6 de fevereiro de 2010 @ 15:22 Reply

    Domingos de Oliveira iniciou o debate publicando uma artigo manifesto no O Globo (“Uma nova receita para o cinema brasileiro”) onde constatou que o modelo para o cinema está falido, os filmes são todos deficitários, que o Brasil não deve fazer cinema de entretenimento pois este já é feito pelos EUA, e que “A verdade é que qualquer criança, qualquer homem de bem, qualquer pessoa séria, sabe imediatamente distinguir o que é arte e o que não é, o que é o Bem e o Mal, o que é a Ordem ou Caos, o que é motivo de viver ou morrer, o que faz crescer ou diminuir.” Aderbal Freire Filho se manifestou pedindo atenção para a arte do teatro, e disse que ninguém precisa ir a Londres para ver Shakespeare pois ele está ali no Jardim Botânico carioca sendo encenado. Cineastas e associações dão razão a tese de que não há indústria de cinema no Brasil por conta de não existir mercado, ocupado com o que vem de fora. A idéia de produzir filmes para ter resultados submete a produção local a uma lógica comercial derrotada como se tem visto. Concluem primeiro com ” Isso só se faz com filmes bons, consistentes, de alta qualidade artística” e depois pela parceria com a televisão.
    Da televisão vem o grande Gilberto Braga pra dizer que ficou perplexo com a opinião de Domingos uma vez que não existe cinema de arte, existem filmes bons ou maus. Poderia ter dito que qualquer criança ou homem de bem, sério, sabe distinguir o que é bom ou mal…poderia ter ido por aí também.
    Mas afinal, o que é que faz uma coisa ser boa ou má, bonita ou feia numa sociedade? Se um gato é um gato, um cachorro é um cachorro, o que pode ser bom ou mal, bonito ou feio? O que pode ser arte e o que não é arte? Vamos chamar as crianças de boa vontade? Mas onde estão elas? Será que os meninos de rua das nossas cidades estarão incluídos nessa ideía de qualquer criança de bem? E os homens? Quem são eles?
    O que precisamos fazer para desenvolver os sentidos críticos no nosso ambiente? Será que é chamando o Metallica?….ou Shakespeare?…a quem devemos chamar?

  • luciano, 8 de fevereiro de 2010 @ 11:10 Reply

    Van Gogh não vendeu e se matou. Hitler não vendeu e virou o Hitler.

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