Desde que se firmou como ideologia dominante nas sociedades contemporâneas globalizadas, a economia dita os modos de pensar e agir, constituindo-se como argamassa para as relações interpessoais e base estruturante para uma ética baseada na concentração, desigualdade, competição, lucro, hierarquia, consumo e espetáculo. Os meios de comunicação de massa, a universidade, a ciência e as artes sucumbem aos ditames da economia de maneira perigosa e preocupante.

As indústrias culturais são agentes ativos desse sistema, pois disseminam padrões morais e comportamentais, consolidando o capitalismo como via única para o desenvolvimento das sociedades. Mas, ao contrário do que prega, o que mais o capitalismo faz é provocar desigualdades, ampliar a pobreza e devastar os recursos naturais (cada vez mais) escassos (recomendo o recém-lançado Zeitgeist 3).

A lógica perversa do capitalismo transforma tudo em commodity. E com a arte e a cultura não é diferente. Vale lembrar que dentre os vários conceitos relacionados à economia criativa, o mais comum é associá-la a tudo aquilo que gera riqueza pela exploração da propriedade intelectual. Há ainda os que a conectam com o conceito de diversidade cultural.

Em crise profunda, o capitalismo agora produz a economia sustentável, solidária, criativa. Mas continua sendo economia, com a mesma lógica e os mesmos instrumentos de apropriação do público em direção ao privado. Novos mercados criados para gerar novas oportunidades de negócios, ou novas abordagens para os mesmos mercados. A economia é criativa.

Há um perigo de associação incutido no conceito de economia criativa que me preocupa. O risco de tornar mais invisível a linha que divide a arte do serviço “artístico”, como a propaganda, o design e a moda: aquele material criativo travestido de instrumento fetichista, feito sob encomenda para satisfazer o consumo, gerar necessidades e subtrair do indivíduo sua autonomia, independência e subjetividade.

A manipulação dos mitos, gerando a mais sutil e perversa simbologia, desconectando signos dos seus significantes e significados, aplicando neles uma cola mágica que agrega valor às marcas e produtos de consumo, ainda é um padrão vigente e dominante em nossa sociedade.

Não quero condenar esses meios de produção, como se existisse uma lógica única de apropriação do vasto material simbólico da sociedade. Se por um lado esses mercados se desenvolvem dentro do capitalismo global, descolando de maneira inconsequente e irresponsável a ética da estética, por outro observamos uma tendência de desenvolvimento de formas alternativas de mercado, onde a criatividade trabalha a favor da sociedade e as marcas são meios condutores de atitude positiva. Isso fica ainda mais evidente nos mercados de nicho, fora do campo de ações dos meios de comunicação de massa.

Sempre defendi a participação de artistas e agentes culturais no mercado, não como forma única e ideal de atuação, mas como um dos meios necessários de subsistência. Mas vou além, considero fundamental a apropriação desses instrumentos de mercado por parte dos artistas, pois acredito muito na possibilidade de alterarmos rotas, lógicas e procedimentos, a partir de uma visão e aplicação mais ampla, complexa, ética e responsável desses mecanismos de poder.

Vejo com bons olhos a iniciativa do Ministério da Cultura, que lança agora uma secretaria totalmente voltada para a Economia Criativa, comandada por Claudia Leitão, alguém com grande experiência em gestão pública (foi secretária de Cultura do Ceará) e também do mercado. Nos últimos anos debatemos com muita intensidade este conceito, sobretudo a partir de inúmeros artigos de Ana Carla Fonseca Reis e Lala Deheinzelin, duas das cabeças impulsionadoras e articuladoras desse conceito, no Brasil e no mundo. Vale a pena ler de novo.

Pois, se a economia é criativa, por que não pode a criatividade ser também econômica?


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

21Comentários

  • Carlos Henrique Machado, 6 de fevereiro de 2011 @ 17:21 Reply

    Leonardo

    Sua abordagem é pertinente, no entanto, gostaria de tentar estabelecer outra consciência. Vou me pegar na questão das grifes, sejam elas do mundo da moda ou do mundo artístico.

    Como vivi mais de vinte anos na peleja de sobreviver e educar os meus filhos dentro do panorama da moda, tenho uma interpretação diferente da sua que, na verdade é uma interpretação quase única sobre essa questão. A grife faz o monge ou o monge faz a grife? Seria ela mesmo capaz de dar a beleza helênica que ela promete ou os helênicos exibem suas grifes da Daslu para dar carteiradas sociais?

    Digamos que eu seja um standart, um mediano anárquico que busca ideias e realizações próprias, logicamente dentro de um limite bastante apertado para manobras independentes, porque o senso comum já determinou as disciplinas.
    Portanto, a boa cultura e a boa roupa, sobretudo, associadas à boa vida social já tem territorio garantido.
    Logico que para aos que “frequentam”, independente das circunstâncias e lugares, a transformação do predestinado de uma vida requintada e elevada exige sim certas liturgias, mas se quebrado, o ex-milionário passa a ter voz pelas elites esnobes apenas residual, uma espécie de esmola que diverte gratuitamente o rico ou novo rico.Um ex qualquer coisa…..

    Sabemos todos que no capitalismo moderno a reengenharia social se dá pelo poder de barganha, de compra, não de gosto, de requintes, de sobrenomes imperiais ou coisa que o valha.

    A ordem é: (bola pro mato que o jogo é de campeonato dos meritocraticos!) E este universo não aceita decadentes, portanto, não aceita qualquer forma de cultura de subexistência, por isso tantas grifes vão e não voltam. Se o empresário quebrar, a sua modelagem estará também quebrada, seus argumentos, enfim tudo o que possa caracterizar a sua assinatura como uma bela obra estará falida.

    Chico Buarque disse bem, “a nossa atual burguesia perdeu a vergonha na cara de ser brega”, ela foi para o escracho total, tanto que os museus da Europa que parece estamos na mesma rota, viraram parques temáticos para o deleite dos frequentadores de shopping que adoram a tal “cultura da interatividade”.

    Na verdade, nesta questão, não há nenhum pensamento vivo e novo. Aliás, a nossa elite culta nunca quis saber de soberania por intermédio do próprio povo, por isso o processo técnico recebe tantos apoios dessa usina de fazedores de fumaça conceitual.

    A força normativa da economia da cultura é um labirinto, nada há de concreto, é um território que quer se construir dentro de uma infrestutura ficcional. Como um calendário do zodíaco.
    Se a cultura no Brasil vivesse mesmo um capitalismo concorrencial, assim como as grifes, os seus estilistas já teriam levado um passa-moleque das elites. Por isso é imprescindível que o designer do mercado cultural viva nas sombras do marketing das empresas via Lei Rouanet.Sozinho não aguenta o repuxo e não caminha, não fica “só-só”.Só anda de bicicleta com rodinhas laterais.

    Antonio Grassi que parece controlar o ponteiro desse novo relógio (sobretudo o digital) do MinC de Ana de Holanda, quer fazer um trabalho educativo que faça com que o jovem e o adolescente, depois de devidamente adestrados, sejam transformados não em cidadãos, mas em consumidores de arte,(no guichê) principalmente principalmente para sustentar a luz dos velhos donos da ribalta.

    Essa ideia de politica de Estado (cultura e bilheteria) é um azedo só.
    É a economia de Estado/mercado invadindo o ser humano no que ele tem de mais livre.
    Mas ainda é pior. Se este cidadão tiver uma visão de mundo inversa à da elite culta ou de grife, ele tem segundo manda etiqueta, mau gosto, é um analfa,vota mal, enfim, é um (bobo, feio e mora longe).

    Estou ainda ainda aqui,sentado,esperando aparecer fisicamente ao menos uma catapulta medieval que vai impulsionar como (indústria de base) a arte brasileira com esses novos arranjos da tal indústria criativa estatal.Porque a industria criativa privada só não foi para a privada porque a Rouanet mantem o bebado em pé!

  • Robson Santana, 6 de fevereiro de 2011 @ 23:52 Reply

    Muito lúcido o seu artigo, Leonardo. Não fica na crítica fácil, como se houvesse alguma alternativa no horizonte, além do capitalismo democrático. Você vai mais longe e dá a dica de como podemos atuar diante da terrível contradição que é fazer arte no capitalismo. E quem sabe não encontramos alguma alternativa viável, que só é possível de dentro do sistema. Lembro de outro artigo seu, em que aborda a necessidade de agirmos como um agente duplo: sss://culturaemercado.com.br/opiniao/headline/o-agente-duplo/

  • Carlos Henrique Machado, 7 de fevereiro de 2011 @ 9:52 Reply

    Se é sabido que em nossa sociedade os eruditos não regeram sistemas, não impuseram estéticas e combinações científicas, ao mesmo tempo, esses, quando sérios, nutriram-se de elementos naturais para entender o nosso povo. Por que ainda acreditamos, no Brasil, que os ensaios de laboratório vão impor um pensamento quadrado sem qualquer importância para a sociedade?

    O mesmo se dá com a economia. De um lado, as nossas derradeiras realidades numa terra que continua sendo brasileira. Do outro, o incontestável fracasso das caricaturas comerciais e suas preciosas visões futuristas.

    Ao invés de um arranjo sobre todas as virtudes do povo, que cobra apenas uma percepção sensorial, as teorias que seduzem os gestores por obra tão somente de uma torcida, mantém-se ainda na trincheira da mistificação grosseiramente burguesa.

    O resultado? Seja na obra-prima dos que gostam dos truques eruditos, seja na esteira luminosa dos mármores divinos do mercado, o palavreado técnico não consegue agregar valor nenhum ao pensamento e nem à economia.

    Realisticamente o que podemos dizer é que todo esse “modernismo” se apresenta sempre em dois movimentos: um eruditismo gênio que prega apenas para a barra de suas batas e uma economia cultural que não trasncende sequer da sua falta de coragem em colocar um único carvão privado para defender suas apologias, porque seus objetivos de transformar arte em bombons não refletem a opinião geral.

    A ideia do aparelho administrativo do Estado seguir o pensamento dos herois corporativos de cultura será um fracasso, pois isso não é outra coisa que não tentar esmagar por bombardeio de sistemas inúteis o que o mestre da escola de samba aprendeu e ensinou geração após geração.

    Portanto, enquanto o papado erudito e os Alexandres do mercado quiserem vencer o povo através do preconceito bromotológico, a sociedade terá que expiar, com seu suor, gordos aportes para sustentar toda essa ignorância e leviandade sistematizada.

  • Ariana, 7 de fevereiro de 2011 @ 10:09 Reply

    Leonardo,
    Os links para os textos de Ana Carla Fonseca Reis e Lala Deheinzelin não estão funcionando.

  • gil lopes, 7 de fevereiro de 2011 @ 12:41 Reply

    Se considerarmos que cultura não é um sinônimo imediato de liberdade, que é preciso juntar-lhe um sentido ético, um sentido também ecológico de salvaguarda do planeta.
    Se entendermos que a cultura não é apenas uma questão de persuasão em termos daquilo que são as necessidades do país, mas a transmissão de valores que possam ir além disso.
    E finalmente se percebemos que o mundo se reconfigura nas suas relações de forças, a cultura e a língua são um dos principais instrumentos de afirmação, e portanto significa negócios, dinheiro e captação de investimentos.
    Progredir internamente e avançar as fronteiras da nossa diplomacia cultural de modo a assumir a internacionalização do país, pelo que é essencial: as relações entre a cultura, a economia e a política.
    Dar tratamento não só a políticas públicas , mas envolver a sociedade e suas empresas no seu papel relevante em termos culturais que contribui para a imagem do país.
    São as plataformas das indústrias culturais e criativas contemporâneas, vamos a elas.

  • LINA BALZETTI, 7 de fevereiro de 2011 @ 14:57 Reply

    POR QUE & PORQUÊ
    Verdadeira obra de arte o antigo Cinema CAPITÓLIO, foi reformado, com verba da Patrobras e outras instituições, diga-se de passagem ficou muito bom. Ocorre, entretanto, que já decorrido mais de três anos de sua conclusão da reforma, o bom Capitólio permanece FECHADO. Ninguém responde esta pergunta. seja na área federal, estadual ou municipal. Discute-se quem vai administrar o cinema. E nada sai do papel. Agora querem fazer o Teatro da OSPA, ora, ora gente porque não aproveitar o Capitólio, sem grandes gastos.

  • Carlos Henrique Machado, 10 de fevereiro de 2011 @ 9:22 Reply

    Deve ter sido sem querer que esse ataque baixo e covarde de caetano a Lula ganhou destaque no novo e tambem covarde portal do MinC.E esperem, isso vai dar merda e da grossa.
    A militancia do PT está indgnada e todos que lutaram na campanha de Dilma tambem.

    sss://www.cultura.gov.br/site/2011/02/07/pontos-teimosos-caetano-veloso/

    Pontos teimosos (Caetano Veloso)
    O Globo – RJ, Segundo Caderno, em 06/02/2011

    Minha posição pessoal referente à questão dos direitos autorais é idêntica à que atribuí a Jorge Mautner no domingo passado: ninguém toca em nem um centavo dos meus direitos. Um amigo me escreveu da Bahia dizendo que eu usei Mautner como as Forças de Defesa de Israel usam escudos humanos palestinos. Claro que meu amigo anda em ambiente de esquerda: quando fala em escudos humanos palestinos não pensa sequer que extremistas muçulmanos possam fazer uso do expediente – tem que ser a força israelense. Mas talvez ele quisesse dizer que minha posição, que deveria estar lhe parecendo pró-internetetes, coincide com a direita. Bem, não dá para decifrar o que ou quem é esquerda ou direita nessa discussão complicada. O Creative Commons é tido como comunismo cibernético. Não é. Mas há um inglês, radical na mesma linha, que assim se caracteriza. E a complicação da discussão pode ser medida pelo fato de que outro amigo meu, também baiano, me escreveu e, parece que supondo que eu estou com os letristas mineiros e com o Aldir, acusa quem defende os direitos autorais contra a troca livre na internet de “neofobia”.

    Acabo de ler sobre a grande discussão provocada na Espanha pela lei que procura dar conta da propriedade intelectual diante da realidade da internet. Como todos, sinto-me perdido. Mas o princípio do direito de autor é límpido e eu posso dizer que agarro-me a ele nesse momento obscuro. Não porque preciso agarrar-me a qualquer coisa. Mas porque recuso-me a fingir que vejo a internet como um grande bem que se instaurou entre nós e nos fez mais democráticos. A internet não é, nem nunca me pareceu, algo bom. Nem mau. Ou melhor: sei que é bom (veja a Tunísia e o Egito). E sei que é mau (veja o monte de burrice e loucura que se produz no mundo virtual e seu nefasto efeito de retirar de nós a confiança no que lemos e ouvimos – e de destruir toda mediação que nos possibilita selecionar). Andrew Keen, que escreveu “O culto do amador”, é um moralista de tom panfletário. Mas no essencial ele tem razão. Ou pelo menos não podemos descartar as questões que ele coloca. Li livros que advogam o contrário – do de Lessig (inventor do CC) a um chamado “O dilema do pirata”. Este último cheio de argumentos, histórias e exemplos que tampouco podemos ignorar. Mas o de Keen resulta mais forte em mim. É porque acho que devemos respeitar os direitos autorais. Sem concessões. A internet que se vire. Ela e toda sua multidão de internautas em blogs e redes sociais que se vejam na situação de introjetar as leis da vida off-line, a nossa vida. Daqui de fora, podemos exigir.

    (A íntegra do texto está na edição do jornal O Globo do dia 06/02/2011

  • gil lopes, 10 de fevereiro de 2011 @ 13:19 Reply

    Ataque baixo e covarde? Onde já se viu…primeiro que Caetano fala a verdade e com coragem, ou seja, seria incapaz disso. Depois porque fez uma declaração absolutamente coerente e correta, cristalina. Quem quiser que discorde. Querer forçar uma barra e imaginar Lula metido nisso é demais…demais no pior sentido, francamente…militância indignada, os que lutaram na campanha da Dilma, eu hein…

  • Carlos Henrique Machado, 10 de fevereiro de 2011 @ 14:20 Reply

    Nem tinha visto isso, mas o MinC quando viu a indignação geral retirou as partes que caetano ataca Lula, mas o caldo ja entornou e se espalha como um curisco pelas redes sociais e em blogs como os do Nassif.Inclusive no blog amigos de Dilma!
    Aqui uma bela observação Bruno Cava.
    sss://quadradodosloucos.blogspot.com/2011/02/minc-alia-se-cae-contra-lula-e-cultura.html

  • Sergio Sobreira, 10 de fevereiro de 2011 @ 15:37 Reply

    Concordo com você, Leonardo, que a única via que temos, no momento, é nos emponderarmos dos mecanismos, lógicas e extratos do $istema para fazer o que Gláuber dizia na Bahia dos anos 50: “é preciso combater a província na província” ! Senão, nada faremos para subverter o canto sedutor de que “pagando bem, que mal tem” no qual muitos artistas caem, se vendem fácil face o imperativo de pagar as contas e sobreviver!

  • JC Lobo, 10 de fevereiro de 2011 @ 21:37 Reply

    Pois é. As pesquisadoras citadas são brilhantes, há que se reconhecer. Mas essa relação entre economia e cultura ainda é algo conceitualmente muito frágil. Pra voltarmos aos tempos do Weffort com o lema “cultura é um bom negócio”, são dois palitos.
    Li esse artigo hoje que, sem entrar no tema diretamente, está completamente relacionado:
    sss://www.digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=129&titulo=Sobre_o_Jaba

  • gil lopes, 11 de fevereiro de 2011 @ 11:25 Reply

    Jabor, Caetano e Gullar…isso é trio pra ganhar Copa do Mundo, mereciam mais respeito no mínimo por suas obras. A política, ora a política…francamente, esses 3 levam o Brasil adiante. e nenhum deles vota com Lula, não são os únicos, milhões também não votaram e daí? Não existe um só partido ou modelo para o Brasil, a oposição é fundamental, e democrática. E a situação não é monolítica nem condenada, ao contrário, é bom que seja dinâmica. Dilma e Lula sabem muito bem o que os elege, sabem que o desenvolvimento e a melhoria de vida da população é o caminho. É absolutamente oportuna a virada de mão no ambiente da cultura que, vamos lá, está terrivelmente derrotado e sem perspectivas. É esse o legado e não tem culpado não, se andamos por um caminho querendo acertar, não chegamos a nada, vamos mudar, ótimo. Internet livre desde que não nos condene, querer discutir a propriedade em cima da falência da música brasileira é neoconservadorismo. Mais de 10 anos não foram suficientes, e o que vemos? Nada, a música brasileira derrotada. O que fazer? Mudar o modelo, e rápido, acabar com a imensa pirataria, baixaria institucional, gerar novos mecanismos de produção de riquezas, retomar a linha evolutiva da circulação e divulgação da música brasileira.
    É inegável que a parceria entre a grande indústria e a música brasileira foi vantajosa para a música brasileira. O que conseguimos foi em aliança, não há portanto fantasmas. A questão é a soberania da cultura nacional, na hora de colocar a letra na lei tem que considerar as políticas de incentivo para incrementar a indústria criativa nacional. A questão não é o que fazer da soberania, mas exercê-la.

  • Lenon Rodrigues, 11 de fevereiro de 2011 @ 18:14 Reply

    Mais infeliz que o artigo de Caetano, foi a atitude do MinC de publicá-lo em seu site, diria até infantil. Parece estar querendo forçar a barra, pegar a opinião de um artista gênio, mas medíocre formador de opinião, para legitimar seu lado na polêmica toda.
    Parece-me aquela coisa: “Olhem, estão vendo? Caetano está conosco, tá vendo que estamos certos?” puff….

  • Felipe Arruda, 15 de fevereiro de 2011 @ 12:38 Reply

    Léo, muito boa a colocação nesse momento em que o tema está tão na pauta, gerando expectativas. O assunto de fato é promissor, mas vale sempre um pé no chão, não é? abraços, felipe

  • Luca, 16 de fevereiro de 2011 @ 12:16 Reply

    Concordo com vocês.

  • Babi Guedes, 16 de fevereiro de 2011 @ 15:33 Reply

    Caetano não disse quase nada! Apenas umas assertivas genéricas e ao mesmo tempo mui pessoais, bem ao estilo do bardo. O fato é que a tecno-burrocracia tomou conta de tudo no Minc e nas secults municipais e estaduais da nação Brasil. Não por acaso o edital para pontos de cultura foi duas vezes prorrogado. Fica a impressão de que jogar na tele-sena é mais seguro. Pelo menos a gente recebe metade do “investimento” no final do ano…

  • Rafaela Cappai, 16 de fevereiro de 2011 @ 17:32 Reply

    Excelente artigo… há sim luz no fim do túnel!

    Ariana, os links levam aos artigos escritos pelas duas citadas, não necessariamente ao perfil das duas…

  • Indústria criativa não é panaceia: os equívocos do Minc, 17 de fevereiro de 2011 @ 10:05 Reply

    […] – A economia é criativa. Por Leonardo Brant, Cultura e Mercado. […]

  • economia da cultura e economia criativa « movimento nova cena, 17 de fevereiro de 2011 @ 15:13 Reply

    […] >>A economia é criativa – Leonardo Brant [do culturaemercado] […]

  • Adilson Anotnio Camargo, 20 de fevereiro de 2011 @ 14:10 Reply

    Olá!
    Concordo com o artigo, com o dito.
    A economia é necessária, pois de pequenos grupos humanos passamos a grandes nações, é o que ajuda a manter organizado o mundo. Porém, vivemos várias formas de economia e, preferiria ficar com o sistema econômico tribal, donde o mais importante era a comensalização das coisas e produtos – questão de sobrevivência, não a lei da vantagem sobre o outro ou do domínio.
    Filósofos da Escola de Frankfourt já atentavam para tal, lançavam críticas, e o que vivemos?
    Globalização só tem sentido, como diria Leonardo Boff, se não tiver miséria, pobreza, multiplicação de desigualdades de todos os gêneros.

  • Janes Rodriguez, 20 de fevereiro de 2011 @ 16:27 Reply

    É por essas e por outras que o teatro em Curitiba, deixa de ser uma expressão da cultura e das indagações da existência pra se tornar cada vez mais, e com apoio do poder das oligarquias da província, um produto a ser comercializado no mercado cultural. A arte pode ser lucurativa sem perder a condição de arte que eleva o espírito, faz pensar, pensa o mundo e as injustiças que nos cercam e nos modelam? Em Curitiba, por exemplo, muitos artistas reclamavam que se não colocasse as obras que marcam o lernismo nas obras (“opera” de arame, botânico etc) nas entrelinhas ou imagens, não conseguiam espaço da fundação cultural… Até o teatro de bonecos ficava assujeitado a essas determinações do poder de mando local. E a mediocridade se instala silenciosa e avassaladoramente… Mas há resistência porque a arte, a cultura é revolucionária, rejeita acomodação e obediência…A nossa salvação…

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