Localizada entre o velho e o novo centro de São Paulo, sob um clima intimista venerado por artistas do calibre de Arrigo Barnabé e José Celso Martinez Correa, a Casa de Francisca reabriu as portas nesta semana após passar por uma reestruturação de corpo e alma do negócio.

Desde terça-feira (24/4), a casa de show, pequena em tamanho, mas grande em relevância no mundo artístico, voltou a fazer apresentações de músicos genuinamente nacionais da velha e da nova safra. Rubens Amatto, um dos fundadores da Casa, revela que as mudanças empreendidas durante os meses em que o local ficou fechado são importantes, mas talvez não tão perceptíveis.

De acordo com ele, a casa ganhou mais respiro. “Aumentamos o palco e melhoramos o fluxo de circulação entre as áreas”, afirma. “Os acessos ao camarim, arquibancada, cozinha, estão melhores para que tudo ocorra com mais tranquilidade. Isso gerou uma melhor comodidade para receber artistas, funcionários e público”, completa.

Mas as mudanças não aconteceram só no plano físico. A reforma também aponta para um aperfeiçoamento da administração do espaço, para que ele possa se viabilizar economicamente.

Amatto explica que a fluidez na circulação também ajudou neste aspecto, gerando um melhor bem-estar a quem transita pela Casa. Ele afirma seu amor pelo espaço, mas reconhece que ainda não consegue tirar o sustento apenas com a rentabilidade da casa de show. “Estamos evoluindo para nos tornar um projeto que remunere bem as pessoas envolvidas. É um trabalho de comprometimento”, conta.

Amatto cuida da programação do espaço e conta com a ajuda de uma equipe de mais oito pessoas, entre eles, o outro “manda-chuva” da Casa de Francisca, Rodrigo Luz. Para equilibrar as despesas pessoais, ele atua como designer gráfico.

Respeito – Em 2011, foram realizadas cerca de 300 apresentações e o local recebeu quase 10 mil pessoas num período de 11 meses. O espaço fechou em dezembro do ano passado e, em março deste ano, a Casa de Francisca realizou o “El Grande Conserto”, show que reuniu 54 artistas em um fim de tarde no Teatro Oficina, em prol da reforma do local.

Cerca de 600 pessoas prestigiaram as oito horas de evento, que contou com a participação de artistas como André Abujamra, Criolo, Benjamin Taubkin, Kiko Dinucci, Lurdez da Luz e Romulo Fróes. “A aceitação foi maior do que a esperada”, afirma Amatto. “Começamos a convidar os artistas e a receptividade foi muito boa”, conta.

O respaldo da casa de shows entre os músicos é atribuído à relação de respeito com o artista e com seu trabalho. Um dos indícios disso é o fato de todos os serviços da casa serem interrompidos para dar destaque exclusivo às apresentações. “Não é um grande mérito. Na verdade é o mínimo que se pode fazer, mas, mesmo assim, não é um costume em outras casas em São Paulo. Acho que elas são mais impessoais”, afirma Amatto.

Na Casa de Francisca, ele explica, a prioridade é sempre a música. “E muito carinho pelo que fazemos”, afirma.


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Jornalista, foi repórter do Cultura e Mercado de 2011 a 2013. Atualmente é assessor de comunicação da SPCine.

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