Depois da Presidenta, Dilma Rousselff, é muito difícil encontrar na mídia impressa ou eletrônica algum agente do Governo Federal com mais destaque do que a ministra, Ana de Hollanda. Essa freqüente visibilidade poderia ser considerada extraordinária e incompreensível, mas, em verdade, é o disfarce de uma certa decepção branca vivida pela oposição e, ao mesmo tempo, pelos grupos autodenominados “ativistas” que esperavam um início de governo Dilma “mais à esquerda”, irresponsável de preferência. Sabiamente a sucessora de Lula no comando preferiu trabalhar dentro do espaço restrito do Palácio do Planalto, sem alardes, principalmente nos primeiros trinta dias. Veio a público excepcionalmente quando uma situação emergencial pediu, foi o caso do desastre ambiental na região serrana fluminense e, mais recentemente, acompanhando o ex-presidente a Portugal, e também há dois dias atrás, na nesta terrível tragédia do bairro de Realengo zona oeste do Rio de Janeiro.

Entre dezembro e janeiro saiu de cena o grupo de transição e entrou uma nova equipe de trabalho, destacando-se a presença dos ministros da Fazenda, Casa Civil e Planejamento. Nem os badalados Ministérios da Saúde, Educação e Justiça tiraram o brilho desse triunvirato. E onde entra, Ana de Hollanda? Após o Baile de Reveillon era preciso desmontar o palco e cuidar da produção; a vida segue o seu rumo. Sem um governo com atos que provocasse frisson no noticiário, diário, aqueles que não foram convidados para o baile escolheram a parte que consideram fraca do seu adversário, e partiram pra cima. Sem nenhum exagero e pela última vez é possível usar o bordão do ex-presidente, “nunca na história desse país” uma mulher apanhou tanto em público, diante dos olhos incrédulos de quem ainda não está entendo direito o que se passa.

Nessa trágica semana, a dobradinha da direita e a turma “dos mais à esquerda” protagonizou um capítulo patético. O jornal O Globo fez uma matéria sobre a visita da Ministra ao Senado num tom absolutamente, conservador, preconceituoso e tendencioso. Este transformou a visita protocolar de Ana de Hollanda um pastiche, como se a Cultura no Brasil se resumisse à questão dos DA. A matéria parece ter sido produzida, pela Assessoria de Imprensa da Fundação Getulio Vargas (FGV).  No dia seguinte, um dos blogs mais críticos a Ana de Hollanda reuniu todos os expoentes dos autodenominados “ativistas”, com a desculpa de comentar a matéria classificando mais uma vez a ministra como uma tremenda “reaça”. Seria cômico, se não fosse trágico. No dia da visita ao Senado, um senador da oposição, desde já candidato ao Planalto em 2014, assimila o tom Pit Bull e também parte aleatoriamente para o ataque, não só em relação ao governo atual, mas a toda a trajetória de Lula no Planalto. Da próxima vez, o senador, os blogs e a assessoria da FGV, contra Ana de Hollanda, precisam combinar melhor porque isso pode virar uma farsa sem disfarce, principalmente quando um trágico episódio como o de Realengo tenha anulado mais uma tentativa de ganhar visibilidade, no grito. De novo me lembrei do compositor, “alo, alo, Realengo, aquele abraço!” (*).

Mas, por que durante esses quase cem dias vestiram Ana de Hollanda, de Geni? Porque o que menos importa para os “ativistas”, é a Cultura e a Civilização; elas que se danem, ou não; já dizia o compositor e “super Ministro” lembrado, acima. O encontro entre os integrantes do MINC e as figurinhas da dessa onda Digital que deixa claro a que vieram. Todo o encontro foi gravado, e está disponível na Internet. Mas, isso não é tudo, semanas antes lhes foi perguntado a eles por que se consideravam integrantes da Produção Cultural e qual o seu peso, em relação a outros setores da produção? A isso eles nunca responderam, até porque efetivamente nada têm a ver com a Cultura, salvo com o espaço político que pretendem ocupar de forma agressiva e sem concessões. Ora falam em nome de autores de obras que não criaram, ora falam em nome de um público consumidor que desconhecem, ora falam de uma literatura que nunca produziram. O movimento abriga até, inclusive, um advogado de Direito ao Consumidor. Enquanto isso, a grande maioria dos Artistas, Estudiosos da Cultura e administradores da Área, arredios e cansados de discussões, histéricas e ainda atordoados, tentam entender o fenômeno midiático, Ana de Hollanda. Não há fenômeno, o que existe de fato é:

– Um ensaio geral, na tentativa de um Golpe De Direita ou de Esquerda; tanto faz. O resultado seria o mesmo; lamentável;

– Um atentado contra o Estado brasileiro, um abuso inconcebível contra a escolha de uma Presidenta eleita, legitimamente, há menos de seis meses. Tudo o que desejavam é que Dilma enveredasse pela ilegalidade, mas essa deu o “drible da vaca”, como seu diz no futebol, ou “vendeu o número”, como dizem os malabaristas: saiu “discosta”, acenando para a torcida;

– A proliferação de falastrões, sem o menor compromisso com a Arte e a Cultura brasileira e que, apesar de nenhuma autoridade, conclamam o Partido dos Trabalhadores a se revoltar e a “tomar uma atitude”. Alguns, como profetas de feira livre, vociferam sem sequer serem membros desse partido; a maioria pertence ao eixo, PV / Pc PCdoB. Apelar para herança, contraditória ou não, de um partido de origens populares, que fez e está fazendo história é, no mínimo, um insulto à inteligência de pessoas que entregaram a sua vida profissional à democratização do Brasil. Por outro lado, os seus dirigentes precisam tomar cuidado para não permitir o surgimento de um outro caso, Celso Daniel, enigmático e ainda insolúvel. Ana de Hollanda é uma vitima, e não ré, dessa “patrulha”.

Essa gritaria farsesca,  é um deboche contra milhares de Artístas que sofrem décadas a fio, a espera de um melhor aparelhamento do Estado para atender atividades complexas e indispensáveis para a formação da Identidade Nacional. Por fim, resta dizer que após o término de sua gestão, Ana de Hollanda voltará como sempre à sua atividade profissional, gravando seus sambas e falando com os seus amigos pelo telefone. Talvez, o fato de ela ser tão normal e desprendida de interesses que não seja o artístico e ligados à Cultura Brasileira, tenha assustado tanto a esses “ativistas”.

(*) O compositor Gilberto Gil esteve preso pela Ditadura Militar no Presídio Realengo no ano de 1969, pouco antes de partir para o exílio.


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Ator, Diretor, Dramaturgo e Músico.

31Comentários

  • marcos pardim, 11 de abril de 2011 @ 22:54 Reply

    Li e reli o artigo na tentativa de encontrar uma só, uminha que fosse, defesa consistente da Ministra. E o que encontrei na primeira leitura se mostrou novamente na releitura: ao invés de defesa, ataques e desqualificações. A velha tática: És contra, desqualifico-te, meu camarada… Não sou integrante da Cultura Digital, mas conheço pessoas valorosíssimas que a integram, sendo alguns deles amigos. Também não assinei nem assinarei qualquer manifesto que tenha como intenção primeira a queda de Ana de Hollanda. Votei em Dilma Rousseff, e desejo ardentemente que ela fique 8 anos, sendo, portanto, merecedora, por méritos de seu governo, de uma releição. Mas tá difícl, velho… Tá muito difícil defender o indefensável ministério da cultura que ora derrapa a cada curva da estrada de Santos, como diria RC… Sugiro ao escriba, em um próximo artigo que se pretenda ser uma defesa de qualquer coisa que seja, que assim o faça defendendo essa qualquer coisa que seja, e não atacando ou desqualificando quem “ousa” discordar – no meu caso, discordância melancólica, já que gostaria imensamente de estar aplaudindo a escolha de Dilma. 1 abraço e espero o próximo artigo, melhor fundamentado e menos maniqueista…

  • Manoel J de Souza Neto, 12 de abril de 2011 @ 4:41 Reply

    Caro Jair,
    Ao menos uma coisa você acerta, que é uma injustiça associar neste conflito uma suposta culpa exclusiva da ministra. Isso é um equivoco! Deve-se separar a ministra, da pessoa Ana de Hollanda, do partido e dos interesses diversos que esta disputa carrega a fim de verificar se já não passou da hora de este assunto ser assumido por outros ministérios e também pelo Congresso Nacional.
    Quanto aos reclamantes que a unhas e dentes vem denunciando que o governo errou, não sei das outras turmas, afinal são muitas, se tivesse feito sua lição de casa saberia do que estou falando (afinal 820.000 páginas negativas na web sobre o tema não podem ter origem em um único organismo), mas definitivamente resumir e atribuir a reação contra a paralisia da reforma dos direitos autorais como um ato golpista vindo de grupos esquerdistas, direitistas ou ciberativistas é no mínimo desinformação sua. Afinal são muito mais os interessados:
    – Pois os que reclamam são eleitores da Dilma, pois quem ganha com a paralisia da reforma são agentes e atravessadores do grande capital e seus comparsas, estes sim felizes com as medidas tomadas e pela ministra;
    – Movimentos de artistas são os principais reclamantes, afinal no atual sistema de arrecadação de direitos autorais existem atravessadores e uma legislação que incentiva o monopólio impedindo a livre tomada de decisão dos artistas que ficam obrigados a se relacionar com atravessadores e com o ECAD. São os compositores que tocam alguma coisa, que juntos são a maioria da música feita no Brasil que não ganham nada e que estão reclamando;
    – A educação, patrimônio e consumidores também, porque a lei atual impede o desenvolvimento da educação no Brasil, a preservação da nossa música e as cópias privadas;
    – Quem esta reclamando são os militantes de direitos humanos, pois o modelo de monopólio dos direitos autorais que valoriza os países hegemônicos da produção de conteúdo de entretenimento é um impedimento para a sobrevivência dos povos e da diversidade cultural, apontadas pela ONU e pela Unesco;
    – Quem reclamam são os 6.000 pontos de cultura que entendem que a cultura livre é a ferramenta para o desenvolvimento de seus projetos conforme cartilha do próprio Minc;
    – Outros que reclamam são os estudantes dos centros tecnológicos federais que desenvolvem projetos em consonância com os governos do PT que defendem softwere livres em consonância com a idéia de sociedade aberta, cultura livre e sociedade da informação;
    – Os estudantes e movimentos estudantis também estão reclamando, porque entendem que sem a reforma não existirá como se manterem nos estudos em um país pobre em que a cobrança de direitos autorais gera um abismo entre estes jovens e os jovens dos países ricos;
    – Os movimentos ligados a Confecom – Conferência Nacional de Comunicação e outros ligados a luta pela liberdade de expressão também reclamam deste torpor e catalepsia que assola a reforma, pois quem vive na dinâmica da sociedade atual sabe que a informação demanda velocidade e para isso licenças prévias são necessárias. A antiga lei vigente no Brasil exige que se busque autorizações com os autores, por isso muitos deles adotam licenças complementares aos direitos autorais como o caso do Creative Comons;
    – Paridos da base aliada também se ofendem, pois notam o retrocesso das políticas e as aproximações com o Estado Liberal e com os interesses políticos americanos;
    – Movimentos afirmativos negros, indígenas, povos tradicionais devem estar bem chateados, pois sem um reforma na lei de direitos autorais associados ao Jabá e o monopólio das comunicações suas demandas de difusão das suas imagens culturais não serão garantidas;
    – Divulgadores e blogueiros que divulgam 99% da música que é independente reclamam porque precisam de espaço livre para divulgar obras de artistas aos quais eles são fãs e que sem um reforma da lei estes passariam a ser cobrados por uma atividade aos quais estes não obtém lucro. A cobrança sugerida pela industria sobre estes teria a finalidade de acabar com divulgadores de obras que não pertencem as multinacionais, pois com isso estes divulgadores ao serem cobrados seriam coagidos a parar de mostrar artistas independentes favorecendo os modelo da mídia de massas monopolista;
    – Povos tradicionais e organizadores de festas populares e de folclore que usam musica de domínio publico também estão furiosos, afinal porque cobra aquilo que não pertence a ninguém?;
    – Comerciantes que colocam rádio em seus estabelecimentos também não entendem porque paralisaram a reforma do direito autoral, afinal se as emissoras de rádio já pagaram pelo uso das musicas porque a bitributação?;
    – Templos religiosos das mais diversas crenças estão a muito tempo rezando por esta reforma, pois sabem que não é coisa de Deus cobrar de seus fiéis algo alem do dizimo. Com fé esperam que seja feita a vontade de Deus que é acabar com a cobrança e perseguição dos fiéis e dos direitos autorais em templos;
    – Estão furiosos intelectuais que notam o potencial de subdesenvolvimento para a Civilização Brasileira sem uma reforma de direitos autorais;
    – Estão incomodados membros do Itamaraty que sabem que a política externa brasileira foi junto a França defensora da Convenção Internacional da Diversidade Cultural da Unesco;
    – Estão perplexos com a paralisação da reforma os economistas do Ministério da Fazenda, que percebem que os direitos autorais e a propriedade intelectual provocam evasão de divisas da ordem de 400 milhões anos com retorno de apenas 25 milhões;
    – Profundamente chateados estão os criadores que acreditam que um dia receberão direitos autorais, mas segundo a Organização Mundial do Comercio 99% de todo o direito autoral do mundo migra para os países ricos;
    – Mais ainda estão os músicos independentes classificados de piratas e os usuários de música que consomem obras sem direitos associados aos ECAD (a grande maioria das música do mundo é livre) mas mesmo assim são tratados como criminosos;
    – Técnicos do Ministério das Comunicações sabem que sem reforma do direito autoral a ampliação do sistemas de rádios educativas e comunitárias, bem como o controle da contravenção que representaria o Jabá estão fadados ao fracasso;
    – O mesmo deve passar na cabeça de técnicos do IPEA e IBGE que identificaram que no meio musical mais de 90% do setor vive a margem de relações de trabalho, e isso se dá entre outras coisas porque do que é arrecadado hoje apenas os mais tocados são lembrados e pagos enquanto uma massa de 342.000 compositores filiados fica a ver navios;
    – Quem dirá o pessoal do Ministério do Trabalho, já imaginou os efeitos do monopólio? Afinal se 1% da população economicamente ativa do Brasil é do meio musical e se mais de 90% passam por problemas de relações com o trabalho, graças ao sistemas que concentra em menos de 1000 compositores que ficam com a maior parte do bolo de arrecadado pelo ECAD, imagine com deve ser difícil empregar e dar condições de trabalho para os demais que foram lesados e esquecidos…;
    – E o Ministério da Justiça que sabe que existe função social do direito autoral e que o interesse da nação não está sendo atendido sem reforma do direito autoral;
    – E o Ministério Público, que sabe que existe ausência de Estado se este não cumprir suas funções diante de todas estas denuncias;
    – E os Deputados e Senadores, estes devem estar ainda mais chateados, afinal não reformar a lei de direitos autorais implica desagradar todo este amplo eleitorado atento para o desfecho deste caso;
    – O pessoal do Ministério da Educação sabe que hoje quem educa é a mídia geradora de entretenimento barato e banalizado, efeito monolítico da repetição provocada pelo monopólio do Jabá, estes sabem portanto que sem a reforma do direito autoral o sistema lixo de televisão e rádio se sustentará impondo aos jovens os valores de uma sociedade degenerada. Sabem também que as grandes obras não podem ser usadas para educação pois seria impossível aos cofres públicos pagar direitos autorais por milhões de alunos em salas de aulas. Portanto sem reforma do direito autoral neca de educação de qualidade no Brasil;
    – Os técnicos, músicos participantes de gravações, e outros profissionais envolvidos nos milhares de Cds lançados aos ano no Brasil também devem estar bem chateados, pois não recebem seus direitos conexos e nem tem pra quem reclamar porque em 1991 o Collor extinguiu o Conselho Nacional de Direitos Autorais que fiscalizava o ECAD, o que não mudará sem a reforma dos direitos autorais;
    – E a Dilma, esta deve estar p… da vida, afinal tem que aturar esta polemica por nada, pois bastava o projeto da lei de direitos autorais ter ido pro congresso da forma que foi enviada pelo Juca e que lá no legislativo os diversos setores sociais entrariam em disputa no espaço adequado, mas que ao ter politizado e puxado a sardinha para os interesses dos grupos próximos, a ministra trouxe os holofotes pro executivo… baita erro estratégico!
    FELIZ MESMO ESTÃO OS DIRIGENTES DAS USRT, OMPI, IFPI, MULTINACIONAIS DO ENTRETENIMENTO, GRAVADORAS, EDITORES E O ECAD (ou seja os atravessadores que ficam no meio entre criadores e o povo) E SEUS PARCEIROS DO CAPITAL QUE SÃO INVARIAVELMENTE DO CENTRO NEO-LIBERAL E DAS ELITES E OLIGARQUIAS DE DIREITA QUE DEVEM ESTAR DANDO PULOS DE ALEGRIA. PRIMEIRO PORQUE A MINISTRA ATENDEU AS DEMANDAS DO CAPITAL; SEGUNDO PORQUE AINDA TROUXE PRO CENTRO DO PALCO UMA IMAGEM NEGATIVA PRO GOVERNO DA NOSSA QUERIDA PRESIDENTA DILMA.
    Viva o capital internacional, pois sem reforma do direito autoral estamos vendidos, f… e mal pagos!!!

    Você escreveu estas coisas porque te pagam ou escreveu de graça?

    Abraço

    Manoel J de Souza Neto
    Membro do Conselho Nacional de Políticas Culturais

  • Ana Engelen, 12 de abril de 2011 @ 10:04 Reply

    Leonardo,

    Vou repetir aqui o mesmo comentário que fiz ainda a pouco noutro site. Em primeiro lugar espero que não se oponha que a gente tenha um diálogo civilizado entre os diferentes sítios na blogesfera, certo?

    então tá:

    “Marie,

    Não há necessariamente um golpe, mas a tentativa de um golpe, o que é pior, nos tira o prazer do debate. Falo isso porque valorizo os opostos sem eles não vida, não há arte. No entanto também vejo o mundo pelas imagens em movimento então sendo assim: PLANO GERAL NELES. Vamos ver o seu real tamanho. A foto de Dzi Croquetes em tamanho quase natural me remete a efervescência de quase quarenta anos atrás quando dissemos NÃO as ditaduras. As passeatas de Rio, Paris e Praga tinham contextos diferentes, porém a motivação era a mesma. O bom e velho Liu abaixo resumiu o fogo dos Infernos como ninguém “Ana de Hollanda vem da fervuras e não é de hoje. Pancadaria não é estranho a essa figura”. Fico por aqui para não estragar o manjar”.

    Pena que este site não tenha ilustrações porque seria muito interessante as imagens que falam por si só.

    Sobre o comentário do escritor chines transcrevo aqui com muito gosto

    “Papai Agripinno não trazia presentes e usava outro tipo de chaminé. Trouxe um saco de feitiçarias que inundou esta América de pan. Pan espiritual & tierra brasilis.This land is our land, tirem as patas e me tragam uma Marilyn pra traçar entre Carlos Zéfiros e Hesses. Se ferrou e ferrou pra sempre com a cultura de living em L, vernissages e canapés.

    Madame Satã tá lá! Logo à esquerda do trono divino maravilhoso de Zé Agripinno. João Francisco dos Santos, ladeado por um defunto cavalar bolado simplesmente por um centauro que punha Andy Wharhol no chinelo de dedo e a carnavalização profana de Satã pra madames do Alto Leblon. Lapa é Leme e a high sociedade levou um banho de “baixa cultura” e o baixo ventre requebrou com suas bananas ao vento.

    A Kultur correu pra tirar o prejú. A transgressividade libertária da marginália que como Satã, madame só no codinome que não tenha nem pra pagar um rabo de galo tinha perna comprida pra dar rasteira e correr da polícia, mas não teve como se esconder do show da vida que comia solto, o grande antropófago eletrônico. Nossas Satãs de hoje viraram madames. Almejam papel passado, anel no dedo e comunhão de bens. A extrema esquerda cultural tresloucada que ia virar as pulsões bacantes e bachianas em festa pão e suruba invade os shoppings e dão palestras de auto ajuda. Virou moça direita e de direita.

    Ana de Hollanda vem da fervuras e não é de hoje. Pancadaria não é estranho a essa figura. O que talvez lhe seja estranha é a sacralização da Cultura como o biscoito fino pras massas, quando da massa se faz o biscoito. A cesta básica e a biblioteca, o banqueiro e o repentista. A geléia geral está posta na mesa e há de servir em doses maciças indo buscar grana onde não dão e ir identificar o alguém cantando longe daqui. Cultura é síntese, sínteses, antigonamente oposto a partido. A não ser o partido alto, a identificação do Estado como formulador de espaços às formulações culturais. Cultura popular e governo popular. Filarmônicas populares e cordéis eruditos, este é o luxo do fluxo, o piano da patroa.

    Se armam golpes contra pessoas, nomes, projetos. Golpeiam-se projetos culturais na tendência inercial do pêndulo procurar a imobilidade. Quem dá o empurrão, dá corda no mecanismo está espalhado por todo lugar. Política Cultural teimosa, consistente, abrangente é convocar o mutirão ao empurrão. O pêndulo não deve parar”.

    Duas observações: Agripino é o José Agripino de Paula, escritor e cineasta morto no ana passado. Satan, é o personagem Madame Satan.

    todos LINDOSSSSSSSSSS

  • jair Alves, 12 de abril de 2011 @ 12:43 Reply

    Caro Marcos Pardim,

    Fico sinceramente lisongeado que tenha lido mais de uma vez o meu texto acima. Eu sim deveria ler mais de uma vez, dezenas de vezes para não deixar escapar um errinho de concordância aqui outro ali. Você não tem idéia do trabalho que dei ao Leonardo pedindo a ele que consertasse uma frase onde poderia me deixar mal com os “colegas” de CM.

    Mas eu agora é que insisto, peço que leia de novo, já que pude contar com sua generosidade. Neste texto eu não pretendia defender Ana de Hollanda isso eu já fiz no início da Temporada no texto Fake Foo ataca com a mão pesada ou Ana Hollanda do Brasil, que pode ser acessado, se tiver interesse no endereço: sss://portalmacunaima.ning.com/forum/topics/fake-foo-ataca-com-a-mao

    Juro por nossa Senhora do Perpétuo Socorro e pelo amigo Adilson Barros, pelo diretor Ademar Guerra (ambos de Sorocaba) que o assunto aqui tratado é justamente puxar conversa para que:

    a) esse movimentação toda diz respeito ao governo Dilma, Ana de Hollanda é circunstancial;

    b) muita gente quer ver o circo pegar fogo tanto à direita como a esquerda. Isso está bem clarinho é só ler com algum back ground e entederá;

    c) os chamados ativistas até poucas semanas atrás não se colocavam como tal. Foi preciso eu e mais meia torcida do Corinthinas vir a público e perguntar o que o pessoal da Digital tem a ver com a produção artistica e cultural para eles se assumirem como ATIVISTAS. Essa é a chave do problema. Onde está a questão da desqualificação? Estou combatendo os argumentos deles expressos em video, que sabe-se lá eles não querem que tenha visibilidade. Por fim quero chamar atenção para que essa movimentação não artística, cultural é política, pura e descaradamente.

    Foi isso.

    Agora um cafézinho porque tenho mais trabalho (não remuerado, diga-se) para responder ao próximo adversário.

    um abraço

    Cuidado com o trafego nas estradas não de Santos, mas a caminho de Ribeirão.

    ANHANGUERA!!!!!

  • jair Alves, 12 de abril de 2011 @ 18:06 Reply

    Seu Mané,

    Vc me está sendo muito caro neste momento e digo porque?

    O mais confortável para mim seria que diante de dois ou três pontos que desenvolvi em não mais que 6.500 toques 89 linhas, houvessem contestações às razões apresentadas e daí pra frente o leitor que não quer escrever, mas por outra quer acompanhar o que está acontecendo com essa celeuma toda em torno da Ministra, outros textos viriam, escritos por mim ou por pessoas que pensam diferente. Em linhas gerais era assim até ontem (sentido figurado, claro) que os letrados, ou quase letrados debatiam suas questões. No entanto deparo com as suas 9.500 em 138 linhas para me perguntar ao final se “Você escreveu estas coisas porque te pagam ou escreveu de graça?” Em outros tempos, lá pelos anos sessenta, se um sujeito tivesse o topete de perguntar assim na cara do outro poderia esperar o pior. Como estamos virtualmente separados, inclusive no tempo, essa escrita não está acontecendo em tempo real, vou tentar responder algumas de suas provocações sem, contudo perder o horário da novela das seis. É ótima, sabia?

    Acho que a desimportância de meu texto não é assim tal como tenta pintar, até porque encerra o insulto com a pergunta acima. E porque também teve que gastar mais verbo que eu para dizer quase nada. Sugiro que transforme à Cultura e Debate todas as suas prosódias e ele com certeza vai te dar o mesmo espaço. Como já escreveu coisas de que discordo vou aquelas que me parecem descabidas e cabeludas

    1- quem te dá o direito de dizer que a Presidenta Dilma está puta da vida ou feliz pela escolha? Você tem algum vinculo familiar com ela, nasceu na mesma cidade (Belo Horizonte) namora a secretária da chefe de limpeza do Planalto? Ou qualquer outro indicio que te dê o direito de fazer conjecturas desse tipo? Eu sinceramente acho que isso não passa de mais uma forma de ser arrogante com os demais artistas, produtores, administradores ligados às artes e a cultura;

    2- você fala em dever de casa???Essa frase é familiar a mim, ou pior, em minha casa não entra esse tipo de pessoa como uma certa candidata que quando ministra se gabava de ter cumprido o dever de casa, passado pelo pessoal de W.D.C. Manoel, que coisa mais subserviente?;

    3- Outra questão que chama atenção é a fachada “mauricinho” que adota nas suas falas e no tom gerencial quando fala da Ministra. Fala dela como se ela fosse um soldado raso, uma cumpridora de ordens. Não é isso e precisa aprender bons modos. No colégio pago que estudou (COLEGIO POSITIVO) não te ensinaram a respeitar os ministros de estados? Acaso sabe (claro que sabe) o quanto a gestão anterior “queimou” com esse projeto suicida de entrega de nosso aparato criativo quase de graça para o mercado internacional de obras artísticas? Caso não saiba é melhor baixar a arrogância e esperar mais algum tempo, vai se surpreender.

    Como já respondi para o Marcos, eu não gastei meu tempo nesse texto para defender Ana de Hollanda. Já fiz isso já em fevereiro, no inicio da campanha difamatória. Hoje procuro contribuir com algumas reflexões que não são necessariamente só minhas, e sim de um contingente bastante significativo de artistas, a saber:

    a) a direita e os movimentos, autodenominados ativistas, se juntam para desgastar e chantagear o governo federal, o objetivo é um só – GRANA e poder;
    b) os ativistas estão invadindo um espaço lentamente que era dos artistas. Cumpro o meu papel de alertar os meus companheiros o quanto estão sendo subtraídos. Tudo bem sou a favor da liberdade de expressão, de associação e partidária, no entanto dinheiro para se aparelhar vindo do MINC – Não!!!!
    c) outras questões relevantes já estão expressas no texto destacado.

    Quanto a ganhar para escrever ou escrever de graça, vou te responder diretamente. Não cobro nada pelo que escrevo, ao menos desses textos aqui postados, e não somente aqui, porém é preciso dizer que consciência não se vende, melhor, no meu caso não está a venda. Não entrei ontem na discussão dos temas nacionais envolvendo arte e cultura. Há exatos 32 anos assinei a junto com mais quatro pessoas a Carta de Arcozelo em janeiro de 1979. Vá lá e procure saber pelo o que os artistas lutavam mesmo antes da Anistia, Eleição Direta, Constituição de 88 e mesmo o Partido dos Trabalhadores. Vá lá e pesquise e vê-se abaixe o topete um pouco, você tem muito o que aprender ainda.

  • JC Lobo, 12 de abril de 2011 @ 22:37 Reply

    Ai, ai…muito triste, mas muito triste mesmo, o grau de irracionalidade a que esse debate em torno do MINC chegou…
    Tudo começou bestamente: uma atitude politicamente infantilóide (a retirada da CC do portal do MINC da forma como foi feita) somada a umas poucas declarações desastrosas (a repetição de frases dos dirigentes do ECAD et caterva). Podia ter parado por aí. Mas aí alguns que vieram em defesa dessas trapalhadas foram identificados como eleitores declarados do Serra. Pronto: a avalanche começou, cresceu e ficou difícil de segurar. Se esse debate não encontrar logo o seu foco, perderemos todos.
    O que tem que ser discutido é a política cultural a ser implementada. Aliás, menos que isso. Esse governo, diferentemente dos outros, começou com um programa de trabalho para a Cultura amarrado em Lei: o Plano Nacional de Cultura. Não tem como fugir disso. Aliás, sugiro ao C&M que provoque o debate em cima dos pontos concretos que estão lá dispostos. O debate é sobre como o que o foi definido no PNC será concretizado nos próximos quatro anos. O conteúdo não está em discussão, só a forma de realização. Isso é que deve ser cobrado. Se algum gestor público não concorda com as disposições da Lei, que entregue o boné. Simples assim. Aí, gritar fora fulano ou fora cicrano, que não seja nesse contexto, não faz sentido, não constrói alternativas. Pode parecer simplista, mas o que está na mesa é o simples cumprimento de uma Lei (que pode não ser tão simples, na forma). Aí veremos se a desobediência civil é só dos cyberativistas ou se vai além deles.

  • Oswaldo Bezerra, 13 de abril de 2011 @ 1:06 Reply

    Sinceramente está faltando seriedade nalgumas colocações nesse debate. Esse rapaz que se glamoriza como membro do Conselho Nacional de Politica cultural mente. Mente ou é desonesto, embora não possa afirmar isso com segurança. Digo isso principalmente no que diz respeito a escrever que Ana de Hollanda está segurando o projeto de reforma dos Direitos Autorais. Posso responder com outra pergunta: o que impediu da antiga gestão encaminhar antes de terminar o mandato?

    Segunda questão é que um projeto análogo está no Congresso seguindo tramite desde o inicio de 2010 e ainda não foi votado – falo do Procultura.

    O pior é achar que o MINC, e instâncias de consulta tem poder de determinar como será e quando será, como é o caso do CNPC.

    É o fim.

    Mais Leonardo, instâncias partidárias do Pcdob estão anunciando um golpe, vide o Portal Vermelho de hoje.

  • gil lopes, 13 de abril de 2011 @ 3:09 Reply

    Prezado Jair…e tem a inveja, esse demônio. A Ministra é uma Buarque de Hollanda e todo mundo sabe quanto foi importante e decisivo o apoio do seu irmão Chico num momento crucial da campanha onde o meio cultural estava vencido e mal parado. O ex ministro levava Dilma para a Bienal de SP muito contestada e com pouca relevância para a campanha e nenhuma repercussão. O ambiente cultural sem nenhuma força pra apresentar, completamente dominado pelos verdes e pelo fato Marina, só teve o impacto causado pela presença incontestável de Chico Buarque de Hollanda…pra que…ora, pra que…coitadinha da Ministra. A inveja dos “movimentos” comeu o fígado de muita gente, resultado? Veio a seguir, além de um indisfarçável homofobismo, Dilma é invenção direta do Lula e por isso foi “aceita” por muitos desses, a inveja é inegável. A Ministra sangue bom na verdade provoca muita inveja e perseguição, fazer o que?
    Alguém que chega e começa a arrumar a casa, colocar as coisas em ordem, não pode produzir um espasmo como esse que a gente vê, é muito, é demais, não tem sentido, só a inveja justifica. Tira um logotipo, um nada, um brasileirismo de quinta, falta de assunto como o CC e vira um escândalo? Francamente. Falar em direito autoral, legalismo contra pirataria? Não tem discussão, um auê muito esquisito, o ECAD está aí há quanto tempo? Discuti-lo, por que não, mas desse jeito? É inveja, é inveja da aristocracia popular brasileira, é inveja do povo que essa gente tem.

  • gil lopes, 13 de abril de 2011 @ 3:19 Reply

    e mais, é nessa inveja que se nutri a perseguição aos Veloso, foi ela também que tentou sujar a vitória do romancista Chico Buarque, é essa inveja aos grandes da nossa cultura, que nos permite ser tão extremadamente receptivos aos grandes estrangeiros…a babação provinciana aos valores culturais importados, subsidiados por lei, tem parentesco com essa inveja mesquinha que se não é um traço de mal caráter, parece nos constituir também. Precisamos pensar nela, pra exorcizá-la.

  • Bruno Cava, 13 de abril de 2011 @ 11:50 Reply

    Prezados,

    Talvez alguns apoiadores da nova política tocada por Ana de Hollanda, — que não é política discutida e formulada nem pelo movimento cultural nem no próprio governo, — devessem uma vez na vida pôr a mão na consciência, para reconhecer que toda essa inédita e muito substantiva mobilização dos agentes e produtores e trabalhadores culturais e midialivristas não pode ser, simplesmente, um bacumbaieiê ou um ressentimento, mas, de fato, uma genuína insatisfação, quiçá irritação, diante das ações e motivações do grupo no poder.

    De todas as imputações, a mais insustentável é de anti-dilmismo. Precisamente por ser lulista de carteirinha desde sempre e com muito amor nos oito anos de seu governo, por ter integrado com tanto ímpeto e alegria a campanha de Dilma nos dois turnos, precisamente por tudo isso, é que não podemos transigir com a blitz reacionária que assaltou o MinC. Ana de Hollanda tem sido anti-lulista e anti-dilmista, e não à toa quem engrosse as fileiras dessa blitz sejam pessoas que sempre torceram o nariz para Lula, a esquerda e as demandas populares.

    Abraços.

  • Manoel J de Souza Neto, 13 de abril de 2011 @ 15:21 Reply

    Caro Oswaldo, o texto da reforma da lei de incentivo foi enviado dia 23 de dezembro de 2010 para a casa civil e retirado no mês de janeiro. Na verdade foi o segundo ato da ministra, considerando que o primeiro ato foi a retirada da licença do CC da página do MINC. Alias já que questionou, eu sou membro do CNPC na area de música, fui relator do Plano Nacional Setorial de Música, não sou contra a pessoa Ana de Hollanda nem contra a ministra, mas sou a favor da reforma.

    Acho que deu pra todos! A tropa de choque deveria ficar um pouco mais quieta e entender que quem reclamou da retirada do CC e da paralisação da reforma foram diversos grupos organizados e não apenas uma area de militantes, deveria também entender que existe uma complexa malha de interesses e que as atitudes do MINC recentes beneficiam apenas atravessadores, multinacionais e atravessadores monopolistas dos direitos autorais. Todo o resto do conjunto de interesses nacionais esta sendo prejudicado em nome de uma elite! A ministra precisa saber disso, a presidenta prescisa saber disso e por isso tem tantas organizações e pessoas fazendo barulho. Custa reconhecer o erro?
    Abraço

    Manoel

  • Manoel J de Souza Neto, 13 de abril de 2011 @ 16:14 Reply

    Caro Jair que bom que concordamos, afinal não rebateu nenhum único dos tópicos que enviei, portanto só pode ter concordado com os dados apresentados. Afinal qualquer pessoa sabe que existem muitos descontentes com o que ocorreu, por isso acho que deveria rever teus conceitos e parar de falar que uma militância dos infernos sozinha está fazendo barulho.

    Imagino que por isso rebateu apenas a linha sobre a Dilma (que é óbvia, pois ninguém precisa ser adivinho pra saber que o executivo que depende de votos não quer polemicas como esta absolutamente desnecessária), ao mesmo tempo, alem de não rebater mais nada (do meu primeiro comentário neste post) ainda incluiu um sofismo sobre minhas posições quanto a ministra, entrando em uma defesa prévia desnecessária, solicitando mais respeito a uma ministra de Estado.

    E que tal você mais respeito à atribuição dos conselheiros de estado? Você não disse a que veio, mas procurou saber até em que colégio e faculdade estudei, eu por outro lado estou cumprindo minhas funções observando as políticas públicas e defendendo elos que podem apoiar ou atrapalhar o Sistema Nacional de Cultura, as políticas públicas, o Plano Nacional de Cultura e a Conferência Nacional de Cultura (estruturas legais burocráticas e civis que tratam entre outras questões da necessidade da reforma dos direitos autorais), atribuição que qualquer conselheiro deve prezar e que podem ser observadas no regimento interno do CNPC:

    sss://www.cultura.gov.br/cnpc/wp-content/uploads/2009/03/portaria-nc2ba-28-de-19032010-regimento-interno-cnpc.pdf

    CAPÍTULO II
    Seção I
    Art. 4º

    Por levantar uma questão sobre direitos autorais, estando isso nas minhas atribuições minimamente promover o debate e defender on SNC, como poderia ser contra a ministra, se em nenhum momento coloquei qualquer pesar sobre suas ações no meu comentário? Ao contrário, atribuo a uma tropa de choque dos infernos absolutamente cega a defesa confusa dos direitos autorais como estão, como se fosse isso um dever adicional da militância defender a ministra?! O que uma coisa tem haver com a outra? Se existe erro foi apenas de comunicação.

    Vejo sim militantes do partido, agentes que operam para os atravessadores dos direitos autorais, de forças ocultas do mercado e de outros estes sim tomando pra si ações confusas que atrapalham o processo.

    Perceba como a ideologia atrapalha? Imediatamente veio em defesa da ministra, quando na verdade meu texto trata de quem pode estar reclamando da paralisação da lei de direitos autorais… sem culpar ministra, ao contrário defendi de que se separe a critica da pessoa, da ministra, dos interesses e que já passou da hora por conta de todas estas confusões de se retirar das mãos do Minc a questão dos direitos autorais passando o texto como esta para o congresso onde a sociedade e economia poderiam trilhar conflito mais claro.

    É triste ver como alem de uma mentira atrás da outra a tropa de choque, tenta qualificar todo o conflito a um pequeno grupo de ativistas, quando na verdade é um grande (conforme apresentei no comentário a lista resumida de interessados) e complexo problema de toda a sociedade, ainda temos que nos defender tendo que explicar que ao tratar dos direitos autorais não estamos necessariamente em um ataque contra a ministra, ao contrário, pois o tema é a reforma e quem critica é eleitor da Dilma.

    Por este tipo de confusão é que passou da hora da ministra dar negativa dos fatos e assinalar que entendeu o recado a fim de poupar a sociedade deste desgaste e passar o texto agora pra frente.

    Mas isso tem se tornado difícil, por um acaso sabia que 10 conselheiros nacionais encaminharam moção de apoio de inclusão da pauta da reforma dos direitos autorais para a reunião do CNPC dos dias 5 e 6 de abril e que, no entanto isso foi negado? Pode negar que estamos diante de um autoritarismo de grupos e elites que jogam contra o interesse nacional? Porque se negar a simplesmente dialogar o caso no CNPC?

    O Brasil durante o governo Lula virou um país plural que aprendeu a dialogar, muita gente esta pensando, mobilizando e atuando em defesa de políticas públicas, pois mais de 60 setores da sociedade foram reunidos em conferências, colegiados e conselhos dando grande legitimidade para toda a sociedade. A presidenta Dilma esta dando continuidade a estas políticas de participação civil. Ainda assim você acredita que apenas alguns militantes históricos estão na luta da cultura? Ou da sociedade? Você acha que o Brasil se limita a alguns nomes?

    Já que andou procurando na net sobre mim e me pediu pra ler sobre você, ajudo os leitores, acho que pode saber mais sobre outras cartas, pesquisas, planos e manifestos para a cultura nestes endereços:

    facebook.com/manoel.j.de.souza.neto

    sss://atopoetico.ceupr.com.br/artistas/ato-poetico-manoel-jose-de-souza-neto/

    http://www.forumdemusica.blogspot.com

    Entende porque te perguntei se faz isso de graça? Queria saber até onde a ideologia atrapalha teu discurso. Muito bem respondido! Acho que existe uma diferença entre um discurso de produção de conhecimento onde dados e argumentos são comparados e um discurso político reducionista e/ou maniqueísta.

    Vamos brincar de reduzir, também sei fazer em poucas palavras.

    “O caso dos direitos autorais é um conflito entre interesses de grandes forças produtivas e monopolistas internacionais somadas a oligarquias culturais nacionais em oposição aos interesses nacionais e dos novos donos dos meios de produção da sociedade aberta e do conhecimento provocada pela revolução da internet”.

    Seria apenas isso?

    Refute estas últimas linhas com dados e retiro minha posição de que teu texto é político e ideológico.

    Por enquanto ficamos assim, por favor não some a trupe que esta queimando a Ana ao tentar desqualificar o debate de direitos autorais que é sim absolutamente legitimo. Vamos debater o conflito, o tema em si, e a necessidade de reforma sem por a ministra no caso, isso não ajuda no debate.

    Abraço

    Manoel

  • rubem, 13 de abril de 2011 @ 19:21 Reply

    Prezados
    1)Não foi a Dilma que escolheu a ministra?
    2)Será que a ministra que não está considerando as orientações da Dilma?
    3)Se a ministra vem desconsiderando as orientações da Dilma por que nossa presidenta ainda não a enquadrou publicamente como já fez com algumas figuras que andaram falando o que não devia ser falado?
    4)Será que a Dilma orientou mal a ministra?

    A grande verdade é que a política da Ana é a da Dilma.

    Me lembro que foram poucos os momentos em que a Dilma assumiu compromissos para a cultura durante a campanha mas me lembro de muita gente falando em nome dela e sobre como as coisas aconteceriam na Cultura no mandato dela aliás como o Juca que falou bastante.
    O interessante nisto tudo é que a Dilma não quis trabalhar com o Juca e chamou a Ana e o Grassi com quem o Juca não quis trabalhar.

    Então o que está ai colocado para a cultura tem as benção da Dilma sim.

    Abraços

  • jair Alves, 13 de abril de 2011 @ 22:12 Reply

    Manoel,

    Acho que você está fazendo uma tremenda de uma confusão. Quem não respondeu aos itens do tópico foi você. O tópico em questão é ANA DE HOLLANDA – O FENÔMENO. Eu não vou responder sobre sua pauta, a não ser que esteja publicado como um outro tópíco. Ninguém é obrigado a comentar este meu tópico, nem o seu.

    Vi que você se orgulha de pertencer ao CNPC, pois bem, para mim não significa muita coisa. Dá pra entender?

    Agora, que você foi deselegante comigo foi, ou não?

    Então deixa assim como está.

    boa sorte.

  • Manoel J de Souza Neto, 14 de abril de 2011 @ 2:21 Reply

    Oi Jair, imagina, não fui deselegante com você, ainda não! Afinal como poderia ser se você nega fogo? No máximo estamos falando coisas diferentes, eu te apresentei quase 30 argumentos sobre os diferentes grupos que podem estar reclamando sobre a política adotada quanto aos direitos autorais e não tive qualquer resposta. Quer insistir na afirmativa de que ninguém esta reclamando, que não passam de uns ativistas e agitadores de softwere livre?

    Típico da ironia, obscenidade e cinismo de nossos tempos como bem antecipou Lacan e confirmado por Jaques Miller. Vivemos em uma sociedade sádica !
    Enquanto não conversamos, pois insiste em dizer que uma baixa agitação é a única responsável pelo movimento, lá no Minc neste momento enquanto perdemos tempo, 3 mega advogados ligados a organizações internacionais somam a 3 advogados ligados ao grupo no MINC para barrar a reforma! Nestes termos associando o artigo quinto da constituição alegando que os direitos autorais são clausula pétrea, como se os interesses nacionais não fossem levados em consideração. Pergunte quem enviou os advogados? Que tal o nome Obama, te diz algo?

    Não tem resposta para isso? Calou? Não tem respostas nem pro restante? Acho que podemos dizer que esta deu W.O. Espero por outra em que você não fuja da raia.
    Quanto ao CNPC, isso é uma função exercida por grupos eleitos em conferências setoriais nacionais e segundo a lei é o espaço de defesa, fiscalização e proposição de políticas públicas ligado a Presidência da República.

    Tal qual você, lhe devolvo a recíproca da desconsideração e quebra de representatividade e legitmidade.
    Não acho que uma opinião contra o CNPC tenha alguma importância a não ser que seja funamentada, mas ao que percebo sequer sabia da existência do mesmo. Somente quem esta lá sabe as responsabilidade que assume. Inclusive de cobrar políticas públicas e se for o caso questionar o MINC sobre decisões equivocadas. A ministra que é a pauta de seu artigo, acredito, não é o ponto mas na verdade a sua defesa prévia da mesma que é equivocada e fora de contexto, pois não vejo ninguém atacando ela, vejo sim movimentos e organizações pedindo uma reforma nos direitos autorais, fatos inegáveis, por mais que tente desqualificar opiniões, ainda assim não deu um só argumento! Eu dei 30 e espero por respostas. Afinal se não tem preparação para argumentar porque escreve um artigo? Se pretende apresentar só isso da próxima vez faça um post no twitter… Assim pode receber proporcionais argumentos em apenas 144 caracteres bem mais fáceis de rebater.

    Abraço

    Manoel

  • jair Alves, 14 de abril de 2011 @ 5:14 Reply

    Senhor Bruno Cava,

    No segundo parágrafo de sua intervenção diz que o MINC foi assaltado por uma blitz de reacionários. De quem está falando exatamente? De Antonio Grassi? Vitor Ortiz, Sergio Mamberti (esse já fazia parte da gestão anterior)? Será que não falta um pouco mais de responsabilidade nas suas interpretações feiras publicamente? O uso da prerrogativa de ser “MAIS A ESQUERDA” é tão antiga quanto a observação sobre “a doença infantil do esquerdismo”. Gostaria que refletisse sobre a campanha, misto de discuros de vereador interiorano da mais sórdida direita com messianismo vazio que cria frases “ministra do ECAD”, blitz da Direita e outras menos inspiradas. Já se perguntou que ao considerar esta gestão “mais a direita” ou escandalosamente à direita, tenha provocado a simpatia, ai sim, de defensores de descalabros do que ai está, enraizados no estado brasileiro? Não se esqueceu que estado não é tão e somente o Executivo, correto?

    Não se esqueceu do Judiciário, do sistema Carotorial, das prerrogativas dos estadso (unidades da federação) não é?

    Depois de responder a essas questões me coloco a disposição do que você considera Polpitica da atual gestão.

  • jair Alves, 14 de abril de 2011 @ 5:17 Reply

    Desculpe,

    Esse sistema de participação não permite corrigir erros de ortografia ou digitação. Dessa forma peço considerar que em verdade eu quis dizer Política da atual gestão, qualquer outro neologismo peço desconsiderar. Ou quem sabe possa contar com a boa vontade do editor e ele mesmo venha corrigir esses pequenos desatinos.

    “galo cego”.

  • jair Alves, 14 de abril de 2011 @ 16:12 Reply

    Manoel,

    Conhece os versos “malandro é malandro, Mané é Mané”?
    Pois é, você pensa que sou mas não é o que acontece!

    Não entro na sua pauta. Você repetiu em 9.500 caracteres o lixo não reciclável que provocou grande tumulto e travou a pauta da discussão sobre a Cultura nos tempos de Dilma. Você talvez desconheça (aliás, afirmo: você desconhece) que essa briga começou lá atrás, entre o primeiro e o segundo turno. Na hora reordenamento diante das duas únicas opções muita gente já cuidava de se arrumar e garantir o seu salário. Nesse momento é que começou a circular um Programa de Cultura da candidatura Dilma, com grandes resistências e pontuais boicotes por parte de um certo baixo clero do lado Petista/Pmdbistas. Esse programa duvido que você conheça ou saiba falar sobre ele. De qualquer forma é o programa oficial da campanha. Conselho Nacional de Cultura não pode fazer programa, do contrário não precisaríamos de Ministério, nem eleição!!!

    Pois é, Mané, esse programa está sendo inspirador nos destinos de quem defende a atual gestão e coça os nariz para o legado deixado pelo binômio Verde & Vermelho. Se é que me entende!!! Você nem é de um ou de outro. Pelo que sei é amigo do Álvaro, que por sinal é amigo de um outro Álvaro, lobista e próximo de minha família. Mas lá em casa todos se emocionam quando aparece a portentosa Dilma e o véio baiano.

    Então, segue aqui minha sugestão. Faça um texto enxuto com tudo que considera reciclável e manda ver. Vamos ver se dá samba. Aprendi com o Lula a jogar melhor no campo do adversário.

  • Maria Lucia de Andrade Pinto, 14 de abril de 2011 @ 22:39 Reply

    Se alguns insistem em repetir há três meses as mesmas acusações orquestradas em relação à Ministra, a maioria dos que levam Cultura a sério no Brasil estão batendo palmas de pé para a Ministra Ana de Hollanda.
    Vai dar trabalho mas ela vai conseguir botar um pouco de bom senso e genialidade na ação do Estado em relação à Cultura.
    No mais, fecho com o Gil Lopes e cumprimento o Dramaturgo Jair Alves, pela correta defesa que faz da grande cidadã brasileira que é Ana de Holanda.

  • Ana Engelen, 14 de abril de 2011 @ 22:51 Reply

    Leonardo,

    O mesmo texto está sendo discutido no Portal do Luis Nassif, que em muitos casos tem sido o local onde os adversários de Ana de Hollanda tem se reunido para “descer o porrete nela”. Achei oportuno reproduzir alguns comentários que ali postados. Faço isso porque parece estar difícil neste Cultura e Mercado levar em consideração a produção propriamente dita. Se der alguma repercussão ótimo, do contrário que me perdoem.

    “ Responder até Marie em 12 abril 2011 at 4:21
    Jair,
    A cultura tutelada pelo Estado é uma área sensível aos problemas que você relata. Não me parece ser um caso exclusivo da Ministra.
    A razão principal, a meu ver, é o fato da cultura ter muitos significados e no geral ser observada como patrimônio de uma elite econômica, dos meios privados, mesmo sendo gerada no âmbito “público”.
    Quando fica na esfera estatal, assim como a educação e saúde, o que se cobra é sempre contraditório: deve atender às classes proletárias, mas sob o controle da burguesia que mantêm os meios de divulgação, as ferramentas críticas e, quando há parcerias, a grana, sempre curta para os três ministérios.
    Por que a direita apoiaria um projeto popular? Por que a “esquerda” aplaudiria iniciativas que a deslocam do ideário econômico? Pobre precisa de comida (cestas básicas) , salário (mínimo), saúde básica (vacinas e controle de natalidade, os mais desejáveis) e escola ( sempre técnicas, já reparou?) Cultura e educação seriam um luxo desnecessário. O Ministério seria algo simbólico para dar um verniz civilizatório. Você acompanhou naturalmente o caso Bethânia.
    Se a Ministra quer barrar a voracidade da indústria cultural que oferece à massa apenas o “circo” de retorno imediato e altamente lucrativo, como esperar que não haja o “golpe”?
    Se a própria classe média, instruída em escolas médias, mas não educada, é incapaz de pensar em cultura além de diversão e esnobismos?
    Não há propriamente um golpe. Se há, ele vem acompanhado da grande indiferença da sociedade brutalizada por pulsões, reatividades, que passam ao largo do pensamento. Deve haver gente pensando que é uma questão menor. Se bobear artista não é até mesmo um trabalhador”.

    XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

    “Responder até Liu Sai Yam em 12 abril 2011 at 10:54
    Papai Agripinno não trazia presentes e usava outro tipo de chaminé. Trouxe um saco de feitiçarias que inundou esta América de pan. Pan espiritual & tierra brasilis.This land is our land, tirem as patas e me tragam uma Marilyn pra traçar entre Carlos Zéfiros e Hesses. Se ferrou e ferrou pra sempre com a cultura de living em L, vernissages e canapés.

    Madame Satã tá lá! Logo à esquerda do trono divino maravilhoso de Zé Agripinno. João Francisco dos Santos, ladeado por um defunto cavalar bolado simplesmente por um centauro que punha Andy Wharhol no chinelo de dedo e a carnavalização profana de Satã pra madames do Alto Leblon. Lapa é Leme e a high sociedade levou um banho de “baixa cultura” e o baixo ventre requebrou com suas bananas ao vento.

    A Kultur correu pra tirar o prejú. A transgressividade libertária da marginália que como Satã, madame só no codinome que não tenha nem pra pagar um rabo de galo tinha perna comprida pra dar rasteira e correr da polícia, mas não teve como se esconder do show da vida que comia solto, o grande antropófago eletrônico. Nossas Satãs de hoje viraram madames. Almejam papel passado, anel no dedo e comunhão de bens. A extrema esquerda cultural tresloucada que ia virar as pulsões bacantes e bachianas em festa pão e suruba invade os shoppings e dão palestras de auto ajuda. Virou moça direita e de direita.

    Ana de Hollanda vem da fervuras e não é de hoje. Pancadaria não é estranho a essa figura. O que talvez lhe seja estranha é a sacralização da Cultura como o biscoito fino pras massas, quando da massa se faz o biscoito. A cesta básica e a biblioteca, o banqueiro e o repentista. A geléia geral está posta na mesa e há de servir em doses maciças indo buscar grana onde não dão e ir identificar o alguém cantando longe daqui. Cultura é síntese, sínteses, antigonamente oposto a partido. A não ser o partido alto, a identificação do Estado como formulador de espaços às formulações culturais. Cultura popular e governo popular. Filarmônicas populares e cordéis eruditos, este é o luxo do fluxo, o piano da patroa.

    Se armam golpes contra pessoas, nomes, projetos. Golpeiam-se projetos culturais na tendência inercial do pêndulo procurar a imobilidade. Quem dá o empurrão, dá corda no mecanismo está espalhado por todo lugar. Política Cultural teimosa, consistente, abrangente é convocar o mutirão ao empurrão. O pêndulo não deve parar.

    Aiiiii, que preguiça? Ninguém sabe quem eu sou? Ninguém sabe quem nós somos (nem nós mesmos)”

    IMPORTANTE: NAQUELE PORTAL O TEXTO FOI PUBLICADO COM ILUSTRAÇÕES DE MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS DAS ÚLTIMAS TRES DECADAS. Daí justificar as citações feitas por um ou por outro participante.

  • jair Alves, 15 de abril de 2011 @ 12:04 Reply

    USANDO OS MESMOS RECURSOS.

    Reproduzo de minha parte o comentário feito por Dai Lama no mesmo site. Fico satisfeito que o meu texto tenha suscitado esse tipo de discussão. Gostaria imensamente que ao “sentar para discutir” os inúmeros participantes de Congressos, Conselhos, Seminários ou Convescotes levassem em consideração que sem essa matéria prima desenhada pelo debatedor aqui reproduzido (Dai Lama)esses extraordinários homens da Nação Brasileira lembrasse que ali não estariam se os nativos, mamulengueiros, dramaturgos analfabetos não executassem o seu trabalho como vem fazendo desde há muito.

    ” Responder até Da Lama 58 minutos atrás

    Aqui da lama consideramos apropriado começar a separar barro de pedra.

    Tem sim uma concepção de que arte popular, no âmbito da cultura popular, está relacionado a mal feito, mal acabado, tosco. Isso é falso, embora sempre existiu uma indústria voltada a esse tipo de idéia e acaba produzindo mal acabados em série para atender a falta de critérios da indústria do turismo e a exploração do folclórico.
    Achamos que é onde mora o paternalismo. Não se reconhece a criação a partir de um habitat mais próximo ao natural e mesmo anterior á reprodutibilidade técnica, derivando disso suas peculiaridades de manipulação do material, elaboração estética e formas de acabamento.
    Um indígena não trabalha com torno como um poeta de cordel muitas vezes nem frequentou escola. Seus recursos de expressão nascem então do puramente experimental ou da transmissão prática e oral. A riqueza e a sofisticação dessas expressões vem de fato da habilidade em aplicar o que está à mão no seu âmbito natural para transformar em imitação do mundo, ou interpretação do mundo. Registram para sua descendência, mas acabam registrando para a história das civilizações.

    Tomamos a liberdade de expor um exemplo claro de obra cultural sendo criada e depois retrabalhada de acordo com repertórios técnicos e estilísticos diferentes. O encontro dessas águas acaba enriquecendo os dois lados. Somos a favor da permeabilidade cultural, do diálogo permanente e dos acréscimos técnicos. Cultura popular não deve significar estacionar no tempo, e sim flutuar em todos os tempos.
    Abraço a todos”.

    AO FINAL O DEBATEDOR DA LAMA cola dois vídeos da mesma música gravada EU QUERO ESSA MULHER ASSIM MESMO – Monsueto 1962 e Caetano Veloso 197????

  • Guilherme Scalzilli, 15 de abril de 2011 @ 13:53 Reply

    Ana aos leões
    (publicado no Amálgama)

    As polêmicas envolvendo o Ministério da Cultura ajudam a entender os dilemas enfrentados pelo governo Dilma Rousseff nos seus primeiros quatro meses. Ao mesmo tempo comprometida com o legado que recebeu e dedicada a estabelecer a identidade da própria administração, a ministra Ana de Hollanda adotou uma estratégia apaziguadora, que preserva o modelo sancionado pelas urnas enquanto insinua mudanças pontuais nos rumos. Um dos vários focos dessa conciliação é resgatar interlocuções partidárias e institucionais que estiveram prejudicadas nos anos anteriores.

    O MinC vem de excelentes gestões sob Gilberto Gil e Juca Ferreira, mas começa o ano em sérias dificuldades financeiras (cortes orçamentários, penúria material, dívidas imensas), que ameaçam inviabilizar a herança positiva dos antecessores. Ademais, enquanto luta para honrar seus muitos compromissos pendentes, o ministério se envolve direta ou indiretamente na elaboração de projetos complexos, audaciosos e imprescindíveis, como o Plano Nacional de Banda Larga, a regulamentação da mídia, a nova Lei de Direitos Autorais, as reformas na Lei Rouanet.

    Mesmo que os importantes programas atuais (Cultura Viva, Pontos de Cultura, etc) sejam preservados e até aprimorados, parece predominar no MinC a idéia de que a transição encerra um ciclo e estabelece novos desafios e paradigmas. Mas a renovação pretendida está longe de atingir o consenso. As revisões programáticas e gerenciais ocasionadas pela substituição de quadros nos altos escalões do ministério suscitaram críticas dos preteridos e deixaram parte da militância perplexa com a possibilidade de haver um retrocesso nas conquistas recentes.

    As grandes corporações midiáticas, tentando inviabilizar as plataformas democratizantes em gestação na pasta, aproveitam sua fragilidade estrutural para fomentar a desagregação dos profissionais da cultura e a alienação do público através de um noticiário sensacionalista, boateiro e tendencioso (1). A “pauta negativa” que acometeu o MinC (a troca de secretários, a retirada da licença (2) Creative Commons da página oficial, a escolha do presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, o blog de Maria Bethânia (3), a suposta ingerência do Ecad) supervalorizou e distorceu os episódios, transformando-os em escândalos. E, finalmente, esses factóides mexeram nas animosidades de alguns artistas, produtores, ativistas e funcionários do ministério, jogando-os em bate-bocas infrutíferos que ainda monopolizam o debate.

    Mal sabem os adversários quantos defeitos os assemelham: a autocomplacência ideológica e a arrogância de quem se julga imune a questionamentos, por exemplo, sobre seus interesses políticos e financeiros nas posições que defendem; simplificações e acusações levianas que obscurecem as verdadeiras controvérsias, transformando a polêmica numa disputa de egolatrias e jargões vazios; a tendência autoritária a desqualificar contestações alheias; a pretensão de liderar messianicamente um processo decisório que envolve inúmeras demandas e carências.

    As coisas ficam mais fáceis para a grande imprensa quando sua campanha contra Ana de Hollanda é assimilada como bandeira por uma facção do próprio movimento cultural. O maniqueísmo resultante cria uma guerra na qual os bondosos inovadores, libertários e progressistas da blogosfera combatem os malvados repressores, capitalistas e conservadores que defendem a ministra. Acontece que não há apenas duas posições em jogo. No meio dessa ilusão bipolar encontram-se pessoas desprovidas de filiação partidária e de outros vínculos grupais, que não vislumbram as benesses estatais ou os investimentos privados e que estão interessadas apenas em contribuir para o desenvolvimento da cultura nacional. Esta maioria exige e merece que as discussões sejam realizadas com mais transparência e maturidade.

    (1) sss://guilhermescalzilli.blogspot.com/2010/03/o-esterco-ideologico.html

    (2) sss://guilhermescalzilli.blogspot.com/2011/03/copyrwrong.html

    (3) sss://guilhermescalzilli.blogspot.com/2011/03/carcaras.html

  • Jair Alves, 15 de abril de 2011 @ 23:18 Reply

    Guilherme,

    Sua participação neste tópico, acredite, me lisogeia muito. Acho porém que o Leonardo deveria mediar mais os debates que de repente afloram questões mais profundas. Sua intervenção acima foi muito positiva.Neste mesmo momento, num outro site, estão debatendo o mesmo tópico com vertentes surpreendentes. Discute-se ali a produção cultural. A queda de braço, quase que inutil, pois ana de Hollanda não vai deixar o cargo tão logo (é dificil dizer se chega ao final) e as questões aqui levantadas nesse motim como se fosse mudar o rumo da vida brasileira não passam de um bom conjunto de mentiras.

    Não se vá, participe mais.

    jair alves

  • Sergio Antunes, 17 de abril de 2011 @ 23:15 Reply

    Interessante análise das causas da orquestrada campanha contra a Ministra Ana de Hollanda. Campanha aliás, que como não deu em nada,nem poderia dar pois era baseada em falsidades, tornou-a mais conhecida e admirada face às suas idéias equilibradas e de real defesa da nossa cultura.
    Uma notícia interessante, que permite avaliar o quanto as questões culturais brasileiras interessam aos EUA, e que pode dar uma idéia de como os irmãos do Norte devem ter ficado irados com o fato da Ministra ter dispensado o tal Creative Commons:
    sss://contextolivre.blogspot.com/2011/04/brasil-repudia-criticas-da-casa-branca.html

  • Manoel J de Souza Neto, 24 de abril de 2011 @ 16:15 Reply

    Caro Sérgio, nada deixou os Americanos mais felizes do que a retirada da licença do Creative Comons do site do MINC, afinal, não vamos misturar as coisas. licenças prévias como o Creative Comons eliminam os intermediários do direito autoral e promovem uma relação direta entre criador e usuário e se interessam aos independentes não interessam para a industria Americana. O monopólio do entretenimento, formado por editores, mídia, gravadoras, estúdios, associações entre outros precisam de leis e organismos reguladores monopolistas que obriguem a todos a integrarem tal estrutura a fim de legitimar a cobrança geral de todos os canais e de toda a vida social. Se uma maioria dos artístas não adere a isso, logo não será possível manter o monopolio. Com novos canais, novas mídias, novos artístas independentes e público de nichos ouvindo outras obras diferentes do que está na grande mídia o consumo migra para as periferias. Os centrais é que lutam pelo fim dos independentes. Logo, vamos separar, quem não quer reforma da lei de direito autoral é o capital americano e seus parceiros nacionais, quem é a favor de licenças creative comons são artístas independentes e usuários que entendem as dinâmicas de nosso tempo. Ao separar o problema podemos dêscontruir o conflito, entre o capital transnacional e a sociedade, onde vários outros jogos difusos estão misturados. Já a Ana de Hollanda, nunca vi ninguém sério misturando o conflito com a pessoa da ministra, mas sim informando que neste conflito a ministra ou esta do lado errado ou não sabe o que esta ocorrendo. mas definitivamente, defender a ministra e pessoalizar o caso de nada resolve, precisamos sim é parar de falar da ministra e falar do problema dos direitos autorais, mas alguns se negam e continuam repetindo que se trata de uma campanha contra a ministra… Parem com isso ninguém aqui é idiota. Vamos focar no verdadeiro problema! Abraço

  • Oswaldo, 25 de abril de 2011 @ 11:33 Reply

    Ora pois Manoel, tu estais querer que um tome um lado como pertido! Acreditas mesmo nesta forma de fazer justiça?

    Estais a me ofender gajo!!!

  • gil lopes, 25 de abril de 2011 @ 12:13 Reply

    Temos nos comportado como idiotas, ainda não percebemos nada, muito menos o tamanho do problema. O que importa não é a felicidade dos americanos, seja lá o que isso for, temos que pensar é na nossa felicidade. E o que fazemos, damos incentivo fiscal para conteúdo importado! Se não é idiota isso é o que? Considerando as capacidades do produto importado, ainda o subsidiamos.
    Na questão dos novos meios, o que fazemos senão idiotices? Conclamamos pela pirataria e com isso, perdemos e subjugamos o conteúdo nacional, não lhe concedemos nada. Depois de 10 anos de debacle onde está a saída? Então chega de idiotices, vamos repensar esse modelo e procurar integrar novamente o conteúdo nacional afim de produzir riquezas, sobretudo preservando a música nacional que de orgulho passou a ser o que? Nada.
    Que tal olharmos o que se passa na Coreia por exemplo, o que aconteceu ali? Porque a Coreia está exportando música para o Japão, porque a música coreana de repente assumiu valor… quais as batalhas na Europa e nos Eua? Não interessa? Então o que interessa? O mercado nacional totalmente tomado pelo conteúdo importado, que monopólio seria esse? Queremos barrar monopólios, pois sim…

  • jair Alves, 25 de abril de 2011 @ 14:33 Reply

    Gil,

    Não estou discordando de você apenas pretendo acrescentar alguma coisa no contexto que discutimos esse tópico, a saber: demonizaram a Ministra, mas quem fez isso? O que esses ativistas tem a ver com música, teatro, literatura, artes plásticos e dezenas de outras atividades que são inseridas como matrizes da cultura nacional? NADA, ABSOLUTAMENTE NADA. Outro dia, num outro site, um tal imigrante de Governador Valadares que hoje vive numa dessas cidades dormitórios ao lado de Nova Iorque ao ser indagado sobre o que conhecia sobre samba ou qualquer outro gênero musical disse que odiava samba e que portanto não estava nem ai. Disse mais, que o negócio dele era internet!!!

    Quer dizer, alguém buzinou que essa porcaria de movimento digital tinha alguma coisa a ver com o MINC e ai ele saiu atirando.

    Nesse mesmo site, Cultura e Mercado, alguém sugeriu que se pedisse uma avaliação de uma univsrsidade de Curitiba para se dirimir dúvidas a respeito de ser essa “meleca digital” administrada pelo MINC ou Ministério de Ciências e Tecnologia os caras subiram nas paredes. Quer dizer, assim só mesmo admirando o comercial com Zeca Pagodinho a respeito dele ser um “digital”. Adorei a piada do Zeca.

    Ao menos a conversa acabou em samba, que é a melhor maneira de se conversar, ou em cerveja.

  • gil lopes, 25 de abril de 2011 @ 16:04 Reply

    compreendo onde vc vai Jair, não estamos em desacordo.

  • jair Alves, 4 de maio de 2011 @ 21:28 Reply

    Meu caro Gil,

    No dia 21 de abril último, os Ativistas do Inferno lançaram no mercado do “Peor Del Mundo” uma carta aberta, fora de uso por sinal neste mundo cibernético, pirateando o site do Ministério da Cultura onde ao mesmo tempo tenta mais uma tacada golpista e conclamam os “artistas” a engrossar o cordão dos terroristas virtuais. Saiba você, durante anos me preocupei com a expressão terrorista que o Ditadura insistiu em determinar aqueles que lutavam contra ela. Heroicamente os combatentes insistiam por outra na denominação guerrilheiros. Pois bem, estamos novamente de uma questão mais que semântica, estamos diante de uma questão grave de conteúdo. Acho que todos os limites foram rompidos e partir de agora é necessário dar nome aos bois e ao donos da boiada. Esse trabalho já começou hoje a tarde. De minha parte convidei as dezenas de amigos a participar do Mercado e Cultura (ou seria o contrário?, cada um com sua opinião. Vamos ver no que isso tudo vai dar. Não se surpreenda com o avalanche de gritas que surgirão dentre em breve.

    abraço

    Jair

  • gil lopes, 5 de maio de 2011 @ 15:36 Reply

    O que é terrível e incompreensível, em parte, é que tudo isso se dá num ambiente tão frágil e derrotado como o da nossa Cultura. A gente vê referências a um ato simbólico ( a subtração do logotipo CC do site ministerial) e uma nova disposição de rever as tratativas ligadas ao Direito Autoral e ao Ecad. Isso foi o suficiente para motivar “os movimentos” e correlatos a iniciarem essa campanha contra a Ministra da Cultura da Dilma. O que será que ela de fato eliminou? Onde será que ela mexeu? Que interesses foram tão contrariados? Se o Minc estivesse bombando, se a Cultura nacional vivesse uma fase auspiciosa, até seria possível, vamos lá…mas com esse quadro que está aÍ? Depois de quase 10 anos de calamitosa debacle, num quadro de crescente desvalorização do conteúdo nacional, subsidiando a importação de conteúdo estrangeiro, totalmente dominado e ajoelhado…pois bem, aí está a demonstração da precariedade das instituições culturais nacionais, ao menor sinal de mudanças os grupos políticos promovem uma guerra…essa desunião é a matéria prima da dominação, é o nosso inimigo público número um, a desunião interna, a politicagem na Cultura. Quando vamos superar isso? Quando poderemos olhar agregando forças? Por que devemos estar submetidos exclusivamente a um interesse que já mostrou incompetência? Não andamos enquanto não formos capazes de unir essas diferenças. É hora da liderança falar, novamente. Ou enfrenta a conspiração e reafirma princípios, ou aceita a pressão e cede, anda pra trás, vitamina ainda mais essa franja autoritária e antidemocrática que quer por que quer que tudo seja como foi.

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