Obra de CildoMeireles
Autor de A Grande Feira, uma investigação sobre o mundo e o submundo do mercado das artes, o jornalista Luciano Trigo fala sobre nós e mitos da arte e do mercado no país: “hoje não existem, fora do mercado, critérios para diferenciar uma obra boa de uma obra duvidosa”.

Trigo discute também a relação entre o mercado brasileiro e o global: “existe um discurso ufanista de que a arte brasileira está ‘bombando’ lá fora, mas são casos pontuais.  Nossa posição ainda é periférica.”

Aponta também os problemas sobre o controle de operações deste mercado: “é sabido que a total falta de controle nas transações de compra e venda de obras de arte no Brasil faz com que esse mercado seja fértil para operações de lavagem de dinheiro de origem ilícita”, diz o autor.

Luciano fala ainda sobre a Bienal de São Paulo e sobre o domínio das grandes corporações sobre as instituições culturais brasileiras. Leia a entrevista na íntegra:

Leonardo BrantComo está o Brasil em relação ao mercado global das artes? Qual o tamanho do mercado local e como ele se relaciona com o panorama mundial?

Luciano Trigo – É muito difícil dimensionar o tamanho do mercado, porque os indicadores são vagos e não há transparência. É certo que, na arte contemporânea – por convenção, a arte produzida por artistas nascidos após 1945 – surgiram, nas últimas duas décadas, alguns nomes brasileiros que conseguiram se inserir  no circuito internacional, por mérito próprio e pela maior profissionalização de galeristas. Vale citar aqui a importância crucial da ação estratégica, nos anos 80 e 90, do falecido Marcantonio Vilaça, a quem toda uma geração de artistas deve muito. Isso é bom, mas se a gente analisar os indicadores mais confiáveis do exterior, a conclusão é que a participação brasileira ainda é muito pequena. Por exemplo, o portal Artprice elabora um ranking rigoroso com base em vendas realizadas em leilões no mundo inteiro. No último ranking divulgado, entre os 500 artistas mais valorizados, só aparecem quatro brasileiros (Vik Muniz, Adriana Varejão, Beatriz Milhazes e Cildo Meireles) enquanto artistas de outros países emergentes, como a China e a Rússia, se contam às dezenas. Ou seja, existe um discurso ufanista de que a arte brasileira está “bombando” lá fora, mas são casos pontuais.  Nossa posição ainda é periférica.

LBO seu livro escancara as relações entre artistas, galerias, marchands, curadores e dirigentes de museus e instituições culturais. Quais os desvios de função mais aparentes desses profissionais? Você acredita numa retomada ética no mundo das artes? Para onde vamos com isso?

LT – É uma questão complexa. Em qualquer época, agentes, práticas e instituições se articulam para constituir um sistema da arte, que privilegia e valoriza determinadas formas de expressão artística em detrimento de outras. A minha hipótese é que, por uma conspiração de fatores, hoje não existem, fora do mercado, critérios para diferenciar uma obra boa de uma obra duvidosa. Há uma comunhão de interesses entre as elites dos diferentes setores do sistema: as práticas dos críticos, professores de arte, curadores e administradores de instituições se confundem cada vez mais, e frequentemente eles trocam de papéis. Isso favorece uma lógica de compadrio, da panelinha, do clube fechado, na qual os relacionamentos contam muito mais que o valor artístico. Daí a multiplicação de obras extravagantes apresentadas como relevantes, no Brasil e no exterior: na França um importante museu de arte contemporânea abriga uma exposição de porcos tatuados, do artista belga Wim Delvoye. Já no Salão de Artes Visuais que está acontecendo agora em Natal, uma artista fez uma performance em que ficou nu e tirou um terço do ânus – isso num Salão oficial. Ou seja, a absoluta falta de critérios, justificada por um suposto pluralismo pós-moderno, está transformando em arte oficial, acadêmica, uma produção tola, uma releitura tosca de práticas que, na melhor das hipóteses, foram inovadoras 50 anos atrás. Acho que não se trata de levar isso para o campo da ética, até porque o principal argumento de quem defente esse tipo de produção é acusar de moralista e reacionário qualquer tipo de questionamento. Meu propósito no livro “A Granfe Feira” foi investigar um fenômeno sociocultural, não tive a pretensão de fazer julgamentos éticos.

Agora, por outro lado, é sabido que a total falta de controle nas transações de compra e venda de obras de arte no Brasil faz com que esse mercado seja fértil para operações de lavagem de dinheiro de origem ilícita. Não é á toa que banqueiros, megainvestidores e até narcotraficantes condenados pela Justiça nos últimos anos eram donos de coleções milionárias de obras de arte. Mas esse assunto já foge ao escopo do livro. Outra questão importante, que merece ser investigada com mais profundidade, é a da privatização da cultura, com a ação de grandes corporações intervindo no mercado e esvaziando o papel dos museus públicos.

LBComo a arte serve a indústria financeira nos dias de hoje?

LT – Outra hipótese que levanto no livro é que a importância dos artistas mais valorizados no mercado internacional hoje está em valer muito dinheiro – e apenas nisso. Assim, se um quadro de Matisse vale como arte independente do que diga o mercado, as obras de Jeff Koons e Damien Hirst só valem dentro do mercado, que é altamente manipulável pelo marketing e pela mídia. Ninguém daria atenção a esses artistas se não soubesse que valem milhões de dólares. Sintomaticamente, Jeff Koons trabalhou no mercado financeiro, enquanto Damien Hirst foi praticamente inventado pelo magnata da publicidade Charles Saatchi, que ficou famoso por comandar a campanha vitoriosa do Partido Conservador, da neoliberal Margaret Thatcher, que tirou os trabalhistas do poder na Inglaterra – história bem documentada em mais de um livro. Ou seja, tudo se articula. Ao triunfo do modelo econômico neoliberal correspondeu a emergência de um sistema neoliberal da arte, no qual a esfera do lucro e da espetacularização se sobrepôs à arte propriamente dita. É a lógica desse sistema que eu tento decifrar em “A Grande Feira”, certamente de forma imperfeita. Mas o livro está tendo respostas muito boas em todo o Brasil, o que mostra que havia uma demanda reprimida por esse debate.

LBEm sua opinião, a ausência de uma política para as artes é um dos fatores dessa fragilização ética? Como poderia atuar uma política nacional para as artes?

LT – Como eu disse, prefiro afastar a discussão da esfera da ética. Também não tenho muita clareza sobre qual deve ser a ação ideal do Estado na área das artes plásticas. Mas certamente a posição da classe artística também não é consensual: recentemente o Cildo Meireles deu uma entrevista criticando o “dirigismo cultural” e defendendo que a arte é assunto para a esfera privada, mas duvido que a maioria dos artistas concorde com isso. Eu, pessoalmente, acho que o foco deveria ser estimular uma produção mais diversificada e fortalecer o mercado interno, valorizando as manifestações artísticas regionais e independentes. Arte não deve ser monopólio de uma elite frequentadora de bienais e feiras internacionais. O discurso sobre a arte tampouco deve ser monopólio de uma elite. Também é preciso parar para refletir sobre o ensino da arte nas universidades. Muitos professores de arte hoje babam para Damien Hirst mas nunca ouviram falar, por exemplo, de Samico, o maior gravurista brasileiro vivo. Numa das centenas de mensagens que recebi, uma estudante de Artes Visuais da UERJ contou que um professor disse em sala que não era mais preciso aprender técnica, pintura, nada. “Deve ser porque ele não sabe pintar”, ela disse. E tem toda razão.

LBQuais as suas expectativas em relação à Bienal de SP, prevista para o segundo semestre de 2010?

LT – Depois do fiasco da última Bienal, chamada de “Bienal do Vazio”, o que vier será lucro. Mas é quase consensual hoje que esse modelo das grandes Bienais está em crise. Em todo caso, a lista de artistas convidados já divulgada mostra que há uma valorização de nomes brasileiros dos anos 70, combinada com a presença de algumas estrelas internacionais, como Steve McQueen – cuja obra mais famosa é a reencenação de um trecho de um filme pastelão do Buster Keaton, uma grande bobagem que lhe valeu o Turner Prize, que aliás costuma premiar grandes bobagens. Também li que vão montar meia dúzia de terreiros no pavilhão, o que já é algo preocupante. Por fim, um dos curadores declarou numa entrevista que essa Bienal será um laboratório para algo que ele ainda não sabe direito o que é. Essa declaração é muito reveladora do atual estado das coisas.


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

19Comentários

  • WASHINGTON ARLÉO, 1 de abril de 2010 @ 20:06 Reply

    UM PING PONG ONDE LUCIANO AFIRMA QUE O MERCADO ESTA MAIS A SERVIÇO DA LAVAGEM DE DINHEIRO,OU SEJA:CORRUPTO,E DEPOIS AFIRMA QUE FORA DO MERCADO NÃO SE TEM RECURSOS PARA AVALIAR SE A ARTE É BOA OU RUIM.
    BLÁ,BLÁ,BLÁ!
    FOGE DE COMENTAR A ÉTICA E OS MÉTODOS USADOS AQUI NO BRASIL E…,FEZ UM LIVRINHO PRA GANHAR DINHEIRO!
    PODE ABAFAR,BRANDT!

  • roberto m.j., 1 de abril de 2010 @ 22:05 Reply

    Olá Leonardo,

    não concordo com o “altamente recomendado” sobre esse livro e esse autor.

    Se quiser saber algo de fato sobre o que acontece no campo das artes visuais teria que entrevistar profissionais (artistas, criticos ou curadores, pesquisadores e etc) com trajetória e PRÁTICA no campo que se fala ou discute.

    Simplificar as coisas em “fiasco”, ou mesmo delegar respostas específicas ao contexto das artes visuais para alguém que superfizializa e banaliza a produção contemporânea de arte, sem chegar nas camadas além do que óbviamente se vê, é bem complicado.

    atenciosamente,
    r.

  • Badah, 1 de abril de 2010 @ 23:47 Reply

    Ou a arte morreu, ou migrou para outro lugar, que não conseguimos mais enxergar por uma simples questão de espaço-tempo. Tomara que seja a segunda alternativa. Gostaria de saber um pouco mais sobre o “público” de arte também, o que pensa, como reage a esse cenário. Sou ex-frequentador de museus e galerias. A situação retratada na entrevista fez com que eu já há um certo tempo simplesmente passasse a ignorar tudo o que é declarado como arte por estes aparelhos culturais e sua cadeia produtiva. Tanto pela especulação financeira, que contamina o valor (valor, não preço) da obra, quanto pelas questões estéticas/conceituais. Terço saindo do cú e iconoclastias similares já deram o que tinha que dar. E quando eu vejo um Vik Muniz da vida, penso “legal”, mas não passa disso.

  • Octaviano Moniz, 3 de abril de 2010 @ 13:24 Reply

    Leonardo:acampanho seu blog e recebo o newsletter.Oportuna esta entrevista com Trigo pois atualmente não se discute mais arte,os curadores “enfiam goela abaixo” dos espectadores o que julgam ser arte relevante, o que obedece a criterios subjetivos.Hoje como o mercado artistico movimenta milhões de dolares a relação promiscua entre galeristas,curadores e diretores de museus é vergonhosa.Um troca- troca:voce é curador aqui,chama seu rol de artistas ,depois me convida pra ser curador ali,eu levo meu rol de artistas e por aí vai.O capital entrou com força no mercado de arte e hoje cada artista é uma commodity a ser vendida mundo afora.A critica de arte foi dizimada para que o monopolio do que é arte “boa” fique nas mãos do tripé galeristas,curadores,diretores de museus.E tenham certeza muitos dolares entram nesta ciranda.Não se discute mais Estetica,tecnica,proposta,ideologia,basta apenas ter uma boa ideia,fazer uma “bula”que confunda mais ainda o espectador e pronto.Claro ,existem exceções e artistas serios.Recomendo a leitura:voce deve julgar e não deixar “outros”fazerem sua cabeça.Voce como espectador é o mais importante e seu feedback vale mais que o de 1000″experts”Abraços Octaviano,Bahia

  • Ney Paiva, 3 de abril de 2010 @ 20:54 Reply

    Samico, grande Samico, o maior Poeta vivo do brasil – ainda que o brasil não queira, não saiba, não mereça, não faça questão. azar o nosso!

  • Lilita, 4 de abril de 2010 @ 6:31 Reply

    Eu também nunca tinha ouvido falar em Gilvan Samico!
    Fui buscar uma idéia vaga (em rgb) da obra dele agora…

  • Ana Mae Barbosa, 4 de abril de 2010 @ 18:05 Reply

    Eis um artigo realmente crítico. O problema da dominação das Artes Plasticas pelas elites é determinante de engodos e supervalorizações no mercado . O vídeo e a arte digital são mais democraticos pois teem outros canais de visibilidade . Daí recomendo a Bienal 2010 01 de San Jose, California
    O tema da Bienal 2010 01 SJ é Construa seu próprio mundo .

    Este tema é baseado na noção de que artistas, engenheiros, designers, arquitetos, corporações e cidadãos, temos os instrumentos para reconstruir o mundo em ambos os sentidos, de modo amplo e de formas pontuais, atuando ao nosso redor.

    O diretor da 2010 01 SJ Bienal, Steve Dietz, diz:

    “Este ano a Bienal é acerca de como idéias e indivíduos inovativos são poderosos em todo o mundo, como podemos fazer a diferença e juntos construir uma plataforma diferenciada para soluções criativas e engajamento público que envolva cada uma das cidades como um todo.

    Estamos falando acerca de alimentar a imaginação e a inspiração necessárias para construir um mundo no qual queiramos viver e no qual somos capazes de conviver”.

  • Jair Correia, 5 de abril de 2010 @ 8:44 Reply

    Os comentários de Luciano Trigo levantam questões importantes em relação ao mercado de arte. Atinge também os conceitos de arte contemporânea que “constroem” artistas ao sabor da mídia atual: arte capitalista globalizada que atende os desejos de galeristas e curadores. Seus argumentos tem que ser considerados e relevados, mesmo não agradando alguns. Esta entrevista mostra um pouco de sua visão. Criticar sem ter lido é apenas um comentariozinho de quem deveria ficar calado.

  • Paulo Mendes Faria, 7 de abril de 2010 @ 12:18 Reply

    Hoje a mídia e o mercado fazem ídolos da noite para o dia , mas também destroem … só não admite isso quem não quer ver … Falar mal e colocar culpa na mídia e no mercado e fazer usso disso para se tornar conhecido é no mínimo uma incoerÊncia … para não dizer outra coisa .

  • MAGNO FERNANDES DOS REIS, 7 de abril de 2010 @ 15:09 Reply

    BOM DIA,

    SOU CRITICO DE ARTE NO JORNAL EL HERALDO DE CHIAPAS ( http://WWW.ELHERALDODECHIAPAS.COM.MEX)E,TENHO INTERESSE EM LER O LIVRO E OPINAR. MAS OS LIVROS DE ARTE DE BRASIL NAO CHEGAM A CHIAPAS.

    MAGNO FERNANDES DOS REIS.
    BIBLIOTECA DE ARTES PLASTICAS
    CAFE RELAX. ARTE Y CULTURA
    GALERIA DE ARTE GUSTAVO FLORES DOS REIS
    CALLE DIEGO DE MAZARIEGOS, 19
    CENTRO HISTORICO
    SAN CRISTOBAL DE LAS CASAS. CHIAPAS. MEXICO

  • Eliene, 7 de abril de 2010 @ 22:54 Reply

    GOSTARIA DE PARABÊNIZA-LO PELA ENTREVISTA COM O LUCIANO TRIGO, HÁ TEMPOS NÃO LIA CRITICAS TÃO INTERESSANTE E QUE PRECISAVA SER MAIS DISCUTIDA SOBRE O QUE VEM ACONTECENDO NO MUNDO DAS ARTES, ESTAMOS VIVENDO UMA NOVA FASE NA ARTE, HOJE ARTE HOJE É MODA , TANTO QUE VÁRIOS ARTISTAS NÃO SE PREOCUPAM EM FALAR DO SEU TRABALHO , JÁ COMEÇAM DIZENDO QUE MADONA , BILL CLINTON E POR AI VAI TEM SEUS TRABALHOS, PRA MIM ARTE É OLHAR, É VOCÊ VÊ O INEXPLICÁVEL , UMA BOA OBRA PODE SER INTERPRETADA INFITAMENTE, AI ESTA A MAGIA, ACREDITO QUE TENHA BONS GALERISTA MAS PRECISARIA DE MAIS AINDA QUE TENHA OLHAR DE VERDADE . COM A INVASÃO DE LEILÕES DE ARTE , AS GALERIAS SE PREJUDICARÃO UM POUCO , E MUITAS VEZES PRECISAM ENTRAR NA ONDA DE BANQUEIROS, TRAFICANTES PARA VENDER POIS PRECISÃO SOBREVIVER ,E OBRAS MARAVILHOSAS ACABAM INDO PARA MÃOS DE “COLECIONÁDORES” DUVIDOSOS ,A BIENAL É REALMENTE É O “VAZIO”, É O INTERESSE, TORÇO MUITA PARA QUE PASSE ESSA ONDA , E ARTE VOLTE A SER ARTE.ELIENE FRANCO

  • Daniel Lopes, 9 de abril de 2010 @ 2:05 Reply

    Interessante que mudam os setores, os personagem e a quantidade de dinheiro no bolso das pessoas mas as questões continuam as mesmas. Pode ser música, teatro, cinema ou o que for…”Tal artista é de gosto duvidoso”, “ele faz sucesso por causa dos contatos”, “panelinha” e por ai vai.

    Se alguém tem interesse e quer pagar por porcos tatuados ou bizarrices feitas com o ânus, o que nós temos com isso?

    Aliás, acho que as artes plásticas poderia sair do salto alto e aprender um pouco com uma irmã adotiva renegada… a arte da tatuagem.

    A arte da tatuagem sobrevive sem distorções exageradas entre grandes e pequenos artistas, sem “ajudazinha” do Estado e ainda com o nível de pré-conceito lá quase no máximo.

    Claro, como toda expressão artísticas existem aqueles tatuadores de cadeia, aqueles que se limitam a copiar desenhos alheios e aqueles que, sabiamente, conseguem fazer o seu trabalho aliando o gosto do cliente e o seu potencial artístico… chegando ao ponto de algumas vezes receberem o aval de “fazer o que quiserem” na tela (corpo) do cliente.

  • CULTURA E MERCADO :: revista eletrônica :: blog :: rede :: podcast :: webtv » Blog Archive » CeMcast – Arte e Mercado, 23 de abril de 2010 @ 1:52 Reply

    […] Entrevista com Luciano Trigo dispara a discussão sobre Arte e Mercado […]

  • QUIM Alcantara, 28 de abril de 2010 @ 18:26 Reply

    Olá, Leonardo.
    Sou artista plástico e concordo 100% com o que o Luciano diz e escreve. O discurso de artes no Brasil é tão vazio que nunca tinha conseguido encontrar algo crítico sobre qualquer produção existente hoje em dia. Acho que até demorei para encontrar o livro dele. E li inteiro assim que o comprei.
    A arte hoje não representa quase nada, e esse foi um dos motivos que me fez abandoná-la a quase 10 anos. Voltei a pintar porque vi nesse discurso um novo caminho, que temos que lutar para conquistar de volta os valores perdidos em uma geração oca.
    Acho que isso foi o reflexo das circunstâncias do mundo todo e não somente da arte. A educação, a igreja, a família, o próprio governo ficaram desestruturados e corrompidos. Porque a arte não seria levada nesta onda?
    Nessa minha luta para retomar esses valores, uso a arte como arma e não como fim. Por isso resolvi voltar a pintar. Acredito que se existir uma união e vontade de mudar, conseguiremos resgatar os bons princípios para criarmos uma sociedade melhor.
    Quem quiser ajudar, pode contar comigo!
    Abs,
    QUIM Alcantara, artista plástico
    quim.com.br

  • Valber Benevides, 27 de julho de 2010 @ 21:10 Reply

    Estou lendo esta obra- prima( A Grande Feira…) .Vou continuar meu trabalho aliviado sabendo que o faço fora desta "feira".
    Abraço
    Valber Benevides

  • Valber Benevides, 28 de julho de 2010 @ 23:57 Reply

    Olá, Luciano Trigo

    O que você acha da obra do Bispo do Rosário? Será que ele "psicografou" Dumchamp com uma obra semelhante a deste (obra com a roda de bicicleta) ?

    Abraço Valber Benevides.

  • Valber Benevides, 29 de julho de 2010 @ 0:05 Reply

    Parabéns pelo livro A grande Feira.
    Gostaria de saber uma opinião sobre o Bisbo do Rosário quando este fez ou "psicografou" Dumchamp, quando colocou uma roda de bicicleta em um pedestal?
    Abraço
    Valber Benevides

  • Andreaha San, 4 de maio de 2011 @ 15:18 Reply

    Se o Bispo do Rosário psicografou Duchamp não sei, mas que ambos se inspiraram sobre limites tênues não há dúvida. O Bispo foi um exemplo da vitalidade do inconsciente. Independente de toda a sua suposta limitação, através do mergulho em sua arte, ele se recria. Duchamp, faz o mesmo, entre a provocação e a crítica a sistematização das artes e a ignorância dos críticos de sua época. Rosário e Duchamp criaram no limiar das condições sócio-culturais, a própria existência. Foram íntegros por que fiéis as suas respectivas e mais íntimas consições. E neste sentido não seguiram ninguém, nem grupos, nem panelas.. Seguiram produzindo caminhos próprios e construindo uma vida que somente quem a vive pode alcançar. A isso, penso, se referiu a profa. Ana Mãe Barbosa, entre os comentários acima, quando diz: “Daí recomendo a Bienal 2010 01 de San Jose, California. O tema da Bienal 2010 01 SJ é – Construa seu próprio mundo .”

    Por isso o Mercado (dos megas investimentos) que se dane! Precisamos construir o Mercado que queremos pra nós.

    A Arte se mistura a condição do espírito. Quem não se manifesta ‘por causa de um outro’ – seja o mercado que é refratário.., o discurso do artista x que incomoda.., a panela..e etc – não enxerga o absurdo de se ausentar da vida na prática. Sem prática não há desenvolvimento, o espírito morre.

    Morro de medo de políticas de Estado em relação a arte. Simplesmente por que não possuem intimidade com a natureza da coisa.. Seria portanto pedir muito exigir de tais condições, comprometimento. Cansei de ouvir discurso político sobre arte e jamais percebi conhecimento da causa. Político e empresários da cultura conhecem, ‘nomes de peso no mercado’, e é nisso que investem por que só lhe interessam o retorno imediato. Poucos vão além, nada a contribuir. Atuações risíveis.

    Deixam, por exemplo, o Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil, localizado no Rio de Janeiro, sem nenhum recurso. Este que é o maior museu (6000 peças)no mundo do gênero, foi recentemente fechado por falta de financiamento.

    Imagina então o que acontece com a maioria dos projetos, sem tamanho apelo, ainda que projetos interessantes. Sem chance. A via-crúcis dos projetos engavetados são anos de busca de financiamento, reuniões, elaborações, apresentações sem fim e um descaso incorrigível na atuação das empresas(em geral abandonam os processos sem um simples ‘obrigado, mas não interessa’) .

    O programa das Leis de Incentivo precisa avançar além da permissão que emite. A começar por valorizar muito mais a sua participação no processo para que o mesmo possa abranger senão tudo aquilo que foi aprovado, boa parte. Uma ideia seria subverte a lógica fria e calculista do sistema a nosso serviço. Exemplo:
    O Governo produziria um grande banco de dados contendo todos os dados dos projetos aprovados pelas Leis de incentivo e das empresas patrocinadoras. Este banco de dados seria submetido a um sistema desenhado pra cruzar os interesses (dados)entre projetos e empresas. Onde as variáveis que constituem os interesses em jogo, fossem objetivamente cruzadas. Inclusive ampliando a diversificação do acesso. Um sistema anti-favorecimentos de qualquer espécie. Um sistema como sempre se viu, frio, calculista, cuja a Inteligência, poderia contribuir melhor distribuindo os recursos, uma vez que os políticos não possuem ainda a menor consciência cultural e isenção quanto a orientação das verbas.

    É muito poder que se manipula e pouca sabedoria.

  • JIMMY AVILA, 16 de agosto de 2011 @ 22:35 Reply

    Otima entrevista com Luciano Trigo!

    Li seu livro com entusiasmo. Ele aponta uma lacuna vital na produçao contemporanea, qual seja, a substituiçao dos criterios esteticos de realizaçao artisticas pela logica do marketing e da publicidade.

    Os defensores politicamente corretos do tudo é arte, que nao raro nao conhecem muito da historia da arte, também acabam embarcando nessa falacia Duchampiana!

    Felizmente, toda a balela do Multi-Cult relativista tem sido desconstruida
    por artistas e teoricos em varias partes do mundo. Gente do calibre de Terry Eagleton, Alain Badiou, Slavoj Zizek e mais recentemente Nicolas Borriaud!

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