A propaganda que se apropria da arte e o artista que se apropria da propaganda. Trata-se de uma guerra particular, ou será uma briguinha de casal? O que você pensa sobre a relação entre arte e propaganda?
Matéria publicada recentemente no caderno Ilustrada da Folha de São Paulo, trouxe uma reportagem no mínimo inusitada. Com o título de “Briga de rua”, apresentou algumas iniciativas publicitárias que vêm seguindo o mesmo caminho percorrido pela arte, ou seja, vêm abandonando os espaços e mídias institucionais da categoria, como tv, cinema, impressos e passam a buscar na rua um contato mais próximo com o público – no caso, consumidor.
Mas não se trata de outdoors – assim como a pintura, o outdoor está restrito à moldura. O que algumas agências de propaganda vêm fazendo tem mais a ver com a apropriação da mídia pública, utilizando técnicas e conceitos típicos da expressão de rua, como, graffiti, e happenings – como falsas manifestações de reivindicação pública de um grupo de pessoas que pedem por uma academia de ginástica em seu bairro, que na verdade foram pagas para reivindicar.
É claro que artistas, grafiteiros e pesquisadores em arte não gostaram – algumas opiniões manifestaram claramente o repúdio à chamada mercantilização da arte. Alguns artistas de rua levam a manifestação além, intervindo em cima de outdoors e cartazes comerciais. Entretanto, o fato da propaganda se apropriar da arte, de suas técnicas e conceitos, com intuito de comunicar a venda de produtos não é novidade. Também não é novidade o fato de que muitos artistas se apropriaram das técnicas e conceitos do marketing para fazer circular a “cultura” e dar uma “profissão digna” ao artista.
Nesse sentido, arte e propaganda não vêm promovendo “briga” nenhuma, mas sim, perpetuando um caso de amor que talvez tenha começado lá na pop art – apesar de já existir um namorico não oficial há muito tempo. Nessa aparente guerra, que mais parece briga de casal, quem acaba pagando o pato é o público.
O que você pensa disso? Quais são as implicações para o público? Quais são as implicações para o espaço/mídia público? E o consumidor/cidadão?
* texto publicado na revista ArteCidadania em 10/07/2006, em coautoria com Leonardo Brant.
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