Cresci ouvindo o bordão de que brasileiro não gosta de museus como se fosse uma verdade inabalável. Mas já temos elementos para colocá-lo de forma definitiva no campo da mitologia popular brasileira.

Foto: DivulgaçãoO mais recente cadastro nacional de museus, publicado pelo Ibram em 2011, dá conta da existência de 3.118 museus no Brasil, sendo de 1.150 deles está na região sudeste. Muitos deles em situação precária, sem verbas, estrutura, equipe, condições mínimas de funcionamento.

Reconhecemos, no entanto, um movimento orquestrado dos governos para alavancar esse tipo de equipamento antes considerado démodé, sobretudo nas capitais da região sudeste. A revitalização de espaços públicos e a dinamização das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte já podem ser percebidas por todos.

O Estado de São Paulo é pioneiro nesse processo. Nos últimos anos, revitalizou uma série de equipamentos culturais na região central da cidade de São Paulo. Pinacoteca, Estação Pinacoteca, Museu da Língua Portuguesa, Sala São Paulo, Museu do Futebol, Museu de Arte Contemporânea, são alguns dos espaços culturais públicos inaugurados nos últimos anos contribuindo para a mudança definitiva da paisagem cultural paulistana.

O Rio de Janeiro seguiu o exemplo. A zona portuária vem recebendo grandes investimentos, apoiados na construção de novos espaços culturais como o Museu do Amanhã, o MAR (Museu de Arte do Rio), já inaugurado, entre outros espaços, que comporão um novo circuito cultural envolvendo uma série de equipamentos já existentes na região: www.portomaravilha.com.br.

Em Belo Horizonte ocorre algo semelhante com o conjunto arquitetônico da Praça da Liberdade, onde o palácio do governo ficava instalado, com suas secretarias e órgãos auxiliares. O projeto urbanístico chamado Circuito Cultural Praça da Liberdade, com a instalação de 8 equipamentos em formato de U é classificado pelo governo como maior empreendimento do gênero no país: www.circuitoculturalliberdade.com.br.

O modelo de gestão desses equipamentos também sofreu a influência de São Paulo. As Organizações Sociais de Cultura detêm os contratos de gestão e têm o desafio de cumprir metas impostas pelo Estado, em relação a frequência de público e número de atividades realizadas, além de viabilizar parte do financiamento junto à iniciativa privada, com base nas leis de incentivo.

Outros estados passaram a adotar o modelo de OS, que é um avanço em relação às relações informais e fora de controle das associações de amigos de museus públicos. O modelo está em processo de consolidação e segue como uma tendência para o desenvolvimento e a profissionalização dos museus, que se preparam para o aumento da já crescente demanda, por conta do Vale Cultura.


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

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