É inadmissível projetos culturais ficarem parados na Lei Rouanet por cinco, seis, sete, oito, 10, 12 meses esperando por pareceres. Já é tão difícil formatar projetos, ser aprovado e principalmente fazer a captação. O Ministério da Cultura deveria ter um pouco mais de respeito com esses projetos que esperam agilidade na aprovação para que possamos captar. Pouquíssimos projetos conseguem captação e perdem o patrocinador porque a CNIC fica amarrando, demorando na agilidade de avaliar os projetos. Procurem contratar mais pareceristas para agilizar a aprovação ou não dos projetos.

Que o Ministério da Cultura determine, procure colocar para trabalhar as delegacias regionais do MINC. Que cada estado fique com sua demanda, ou seja, projetos de cada estado que fique de responsabilidade de cada delegacia do MINC. Assim o volume de projetos de todos os estados que ficam sob guarda, tutela, domínio de Brasília, ficaria para cada estado, para cada região avaliar os projetos. Projetos de ordens específicas iriam para Brasília resolver.

Assim desafogaria Brasília. Agora não; fica essa coisa de vai para Brasília, que vai para a Funarte, que volta para Brasília, que volta para a Funarte, que volta pra Brasília; amarrando, atravancando, impedindo, que os projetos avancem. Já se tem dores de cabeça para formatar projeto, traçar metas, desenvolver o cronograma tanto financeiro quanto d e realização, daí vem o MINC/CNIC e fica enrolando o meio de campo, fazendo com que os projetos percam as datas de realizações, metas traçadas fazendo com que, quando os projetos cheguem em nossas mãos aprovados, daí temos que mandar de volta para a CNIC por ter que refazermos tudo de novo o cronograma de realização porque o seu (Sr) MINC/CNIC demorou, enrolou pra agilizar os projetos.

Já que o Ministério da Cultura não funciona como gostaríamos, que pelo menos funcione bem no pouco que tem.

Exigimos agilidade em todos os projetos que estão aguardando um parecer e queremos que seja prioritário os projetos que já tiverem indicações de patrocínios, mas só projetos que já tiverem carta de intenção de patrocínio. Assim os projetos não perderiam os poucos patrocínios que restam. Prioridade para aqueles projetos de pessoas físicas que já possuem o patrocinador e também de pessoas jurídicas de direito privado (produtoras) também.

Fundações de artistas, esportistas e bancos que fazem marketing com o dinheiro público, esses devem entrar na fila, até porque essas fundações se têm mais habilidade, agilidade,modus operandique funcionam bem e conseguem as coisas mais facilmente.

Justificativas são dadas. Uma hora é greve, outra hora é porque falta pareceristas, outra hora é porque está substituindo o fulano pelo beltrano, troca de cargos.

Queremos os projetos aprovados com agilidade e rapidez, temos metas, datas a cumprir.

Pedimos que o MINC seja mais rápido na aprovação dos projetos. Vale lembrar que vários projetos perdem patrocínio porque os projetos demoram demais para serem aprovados.

Agora o Programa de Ação Cultural do estado de São Paulo – PROAC-SP fica suspendendo editais e leis sem a menor explicação. O governo do estado de São Paulo, no mês de julho, suspendeu as inscrições de proponentes e de novos projetos. Segundo dados obtidos isso só vai se estabilizar depois do carnaval. O Conselho Estadual de Cultura do estado de São Paulo estáoff line. Assim fica difícil. Justificativas são dadas.

Na hora da eleição fica todo mundo discursando política cultural, fazendo campanha política, prometendo engodo.
Só queremos nossos projetos aprovados com agilidade, e que aumentem a verba da cultura, que haja mais profissionais para avaliar os projetos. Temos responsabilidades a cumprir do lado de cá.


contributor

Produtor cultural e diretor teatral. Há mais de 7 anos ministra cursos de produção teatral e de formatação de projetos. Fundou a EPT, escola livre de produtores teatrais do Brasil.

6Comentários

  • Carlos Henrique Machado, 14 de setembro de 2010 @ 22:37 Reply

    Respeito verdadeiramente as questões que te afligem, Iremar, o que me causa perplexidade é a assustadora expansão de projetos, já já teremos um milhão deles anualmente. Falo de uma cultura manufaturada da indústria, como se o Ministério fosse uma jazida, ou melhor, a principal das pontas trangulares do projeto – empresas – Estado.

    No começo dessa desvaria, tínhamos uma demanda reprimida de artistas desempregados que, nessa espécie de colônia chinesa, transformam-se em professores pra criar novos “movimentos revolucionários” com centenas ou milhares de futuros artistas dependentes dessa roda-viva.

    Não podemos viver dessa doutrina, cultura não pode ser isso. Um projeto de país não fica de pé com essa indústria cultural. Essa terra habitada pelo pensamento de expansão como se cultura fosse uma revolução agrícola, logicamente mantendo a dinastia do comando com as classes dominantes, toda essa pressão em alguma hora explodirá e exigirá um novo equilíbrio.

    Não houve qualquer ascenção cultural de pensamento, nem de uma produção qualificada, o que vimos foi o nascimento das monarquias comerciais da cultura ao invés da contraposição, do renascimento do Estado não agitado, mas reflexivo que absorvesse o impacto dessa tresloucada época da exploração da imagem, da grande aventura consumista e da performance midiática.

    Precisamos, na verdade, de uma rebelião, de uma contra-reforma, de um mar de calmaria e não de uma revolução militarizada pelo exército da corporatocracia, menos ainda, nós que contestamos isso, sermos peças desse dínamo disposto a solapar o poder público em nome da atividade mercantil no universo intelectual.

    O Brasil busca a sua identidade, tanto nos assuntos da política quanto da cultura. A ideia do rei sol que o poderio do mercado do terceiro setor ofereceu é apenas uma ilustração diante das nossas reais necessidades. A formação de um Estado cultural depende basicamente da declaração de independência do corpo do Estado para que este se emancipe desse império comercial que é um plantador de sementes de futuras crises dentro desse ambiente estreito para quem quer abandonar esse verdadeiro corredor polonês.

    O desenvolvimento cultural não depende de velocidade ou de potência industrial que eclode como uma guerra entre frotas. Precisamos nacionalizar nosso espírito e observar a tendência moderna que o nosso tradicionalismo reflexivo protesta. Na base do empurrão o máximo que conseguiremos é uma queda de cinco em cinco minutos, pois o mercado é muito mais forte que o cidadão.

    • vanessa rocha, 21 de setembro de 2010 @ 10:38 Reply

      excelente fala carlos henrique. há muito eu procurava por aqui quem publicasse uma crítica sobre a indústria do projeto cultural. estava por fazê-la, já que pesquiso no meu mestrado o discurso contemporâneo que sacraliza a cultura. eu só encontrava essa sacralização do momento cultural brasileiro, um oba-oba que coloca o gestor cultural como uma figura superior. na verdade, o momento é também excludente, meritocrata e tecnocrata. nós, produtores, estamos nos tornando operários da cultura, reprodutores de formatos pré-estabelecidos e padrões de comportamento no mercado cultural. está cheio de projetos por aí, e no entanto, todos se parecem, e não parece haver oferta cultural diferenciada. isso, na verdade, é uma ilusão causada pelo excesso de ofertas padronizadas, acredito eu.

  • Gil Ferreira, 20 de setembro de 2010 @ 8:22 Reply

    Prezados:

    Quando anunciaram o Ano do Brasil na França, eu e minha equipe preparamos uma ópera com texto exclusivamente nacional, com 63 artistas no palco entre bailarinos, atores e músicos, contando a história do primeiro indio brasileiro a pisar na europa em especial na França, com tournée por 14 capitais e 40% de ingressos grátis, quem analizou e deu o parecer foi um representante de empresas sem fins lucrativos, cortando valores de forma absurda e argumentação fraca para tal atitude. O Minc poderia ter colocado alguém de ópera, mas preferiu sabotar. Depois de 6 meses de análise pelo pseudo técnico demoraram mais 6 meses para publicar no Diário Oficial da União, alguns meses depois anunciaram a fundação da Cia. Brasileira de Ópera, com orçamento superior, hoje como é do conhecimento de todos e está na midia, estão em tournée por todo o Brasil divulgando Rossini. E agora ? Onde está a identidade nacional tão falada pelo Ministro? Conseguimos reenquadrar os valores retirados à revelia e continuamos aguardando a publicação no D.O.U. que nesta última fase já somam mais de 6 meses. É hilário uma Cia. Brasileira de Ópera divulgando Rossini.

    A algum tempo atrás citei aqui uma frase de Rui Barbosa que resume muito bem a nossa situação… "Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência."

  • GRJ, 21 de setembro de 2010 @ 13:36 Reply

    Realmente, toda vez que inscrevi projetos na Rouanet deu m….
    Nunca mais…prefiro fazer por outros meios, edital, recursos próprios, apoios, etc..me garantir e viabilizar assim meus projetos, nem que sejam em pequena escala.

  • Iremar Melo, 22 de setembro de 2010 @ 3:16 Reply

    Publico aqui a resposta do MINC para reflexão e debate.
    ————-
    Resposta do Ministério da Cultura a Iremar Melo

    Andrea Lombardi | segunda-feira, 20 setembro 2010Um Comentário

    Abaixo, segue a resposta do MinC a carta publicada pelo CeM ao Exmo Ministro da Cultura, na última terça-feira.

    Resposta do Ministério da Cultura a Iremar Melo:

    Sobre a questão relativa aos pareceristas, apontada em sua carta,
    esclarecemos que:

    1) Desde março de 2010, por meio do Edital de Credenciamento nº 1/2009, o
    ministério passou a contar com 403 pareceristas, para análise tanto de
    projetos, quanto da correspondente prestação de contas;

    2) Frente à demanda crescente de PRONACs, abrimos novo Edital, para
    contratação de mais pareceristas, como se pode conferir acessando o site do
    MinC, no qual publicamos com destaque a informação do citado edital, que já
    está recebendo um bom volume de novas inscrições;

    3) O Procultura, em trâmite para aprovação no Congresso Nacional, também
    prevê a contratação de pareceristas externos.

    O Ministério da Cultura, ciente da atenção que esta questão lhe demanda
    corresponder, também tem trabalhado para efetivação de outras formas de
    avaliação de projetos, as quais serão comunicadas em seu devido tempo, ainda este ano.

    Daniel Merli
    Coordenador de Comunicação do MinC

  • Iremar Melo, 24 de setembro de 2010 @ 12:53 Reply

    Ao que parece estamos lutando contra uma indústria cultural que nos aflige e “dita” tal regra. Criação esta que estamos sendo vítima de nossa própria criação. Aceitemos ou não. Estamos numa cadeia de desenvolvimento cultural que explode ou vem implodindo num comportamento vicioso e escravicionista.

    Somos vítimas ou nos vitimamos a cada momento. O governo, ou melhor, o Estado têm por função de organizar toda essa parafernalha corrompida. E a nós cabe o pensamento, ação, pressão. Mês passado o MINC anunciou mais contratação de pareceristas. Creio que a queda de braço vem aumentando de cinco minutos para mais. Creio que esse artigo/ carta manifesto ao MINC acima citado foi o estopim para mais contratações de pareceristas. Claro que esse não é o problema mor. Esse manifesto foi um artigo que tratava de um ponto, de uma questão isolada que se resolvida fará um grande favor, será uma pequena revolução. Talvez não se compreenda a complicação, a indignação de ter que depender de aprovação por durante oito meses, ou mais para colocar o projeto em prática. Acelerando a avaliação será um ganho, um avanço. Não estou nem entrando no mérito se a lei deva acabar, ou não.

    Nós produtores, artistas, pensadores, militantes, agitadores, pesquisadores estamos divididos ideológicamente. É uma força abstrata que nos move.
    Mercado, produtores, artistas, pensadores e governo entrelaçam-se, confundindo-se entre si. O que propuz no artigo foi a reflexão acerca da Lei Rouanet e suas deficiências. Precisamos compreender que a lei existe, está aí e para tal temos que usá-la. Estamos vivendo uma indústria cultural, gostemos ou não.

    Não podemos viver à parte de uma situação existente. Precisamos entender que estamos no futuro e que as coisas existem.

    Nacionalizar significa, se mexer, se indignar, lutar, se expressar, balançar as estruturas. Como em qualquer momento de nossa vida, existem os protagonismos e os antagonismos. Ao que parece a Lei Rouanet é colocada como antagonista. Entendo que existem pontos para serem mudados na lei, mas precisamos nos unir num pensamento. Não estamos em busca de uma identidade. A verdade é dura. Somos essa identidade.

    Há muito tempo estamos na reflexão, assistindo aos acontecimentos de braços cruzados. Precisamos sair da janela e passarmos para calçada.
    Não existe diferença entre mercado, governo, produtores e pensadores. Todos são prostitutos. Todos fazem programa. Todos em algum momento se prostituem.

    Vivemos num mundo onde a regra é a moeda.

    Se cada um de nós tivermos capacidade de nos indignarmos, de colocarmos nossa revolta para fora, vamos aumentar a queda de braço de cinco minutos para mais tempo. O problema é que uns ainda estão debruçados na janela assistindo de camarote.

    Quero crer que o mercado não é mais forte que o cidadão. E se o mercado existe, foi alguns de nós que o criamos. Parece que ele é parte de nós.

    Abraços fraternos
    Iremar Melo

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