O combate à pirataria é o tema do primeiro projeto de lei (PL 8052/11) enviado ao Congresso pela presidente Dilma Rousseff. A proposta altera o Código de Processo Penal para agilizar o julgamento de crimes cometidos contra o direito autoral. Uma das principais mudanças é a que permite a perícia de bens por amostragem, sem a necessidade de analisar um por um todos os CDs e DVDs apreendidos numa operação, por exemplo. A secretária-executiva do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Ana Lúcia de Morais, destaca que essa medida é fundamental, considerando o crescimento da pirataria nos últimos anos.

“Hoje em dia, numa operação corriqueira há cinco, seis, sete milhões de mídias apreendidas, o que torna o trabalho policial extremamente difícil, pois a lei atual prevê que cada unidade seja periciada individualmente; ou seja, então um perito teria de analisar sete milhões de mídias”, explica a secretária.

Outro problema é a falta de local para armazenar o material falsificado. Para resolver isso, o projeto estabelece em alguns casos que o juiz poderá determinar a destruição antecipada dos itens apreendidos. Isso poderá ser feito, por exemplo, quando a ação penal não puder ser iniciada for falta de identificação do autor do crime de pirataria.

De acordo com o projeto, sempre que houver uma apreensão de produtos piratas será feita uma descrição, assinada por apenas duas testemunhas, dos bens e da sua quantidade, para orientar o inquérito policial ou o processo. A lei atual permite o uso de mais de duas testemunhas.

O deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) destaca outro ponto da proposta. “O projeto traz também uma inovação que possibilita, ao juiz, destinar os equipamentos apreendidos à Fazenda Nacional — que poderá destruir, incorporar ou, por economia e interesse público, doar esses bens aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal.”

Segundo o texto, a doação poderá ser feita também para instituições públicas de ensino ou obras de assistência social, que não poderão comercializar esses produtos.

O secretário-executivo do Fórum Nacional contra a Pirataria, Rafael Bellini, considera o projeto positivo e destaca que órgãos como a Receita Federal já atuam segundo essas propostas. O maior problema, de acordo com ele, é conseguir aplicar as medidas.

Além disso, Bellini lembra que existem outros projetos sobre o tema. “É super válida essa discussão de uma nova proposta, porém é importante saber que não só na Câmara, mas também no Senado, há inúmeros projetos englobando temas ligados ao combate à pirataria, propriedade intelectual ou propriedade industrial. Não se pode esquecer de iniciativas importantes que já estão prontas para serem votadas no Congresso”, alerta.

O projeto foi apensadoTramitação em conjunto. Quando uma proposta apresentada é semelhante a outra que já está tramitando, a Mesa da Câmara determina que a mais recente seja apensada à mais antiga. Se um dos projetos já tiver sido aprovado pelo Senado, este encabeça a lista, tendo prioridade. O relator dá um parecer único, mas precisa se pronunciar sobre todos. Quando aprova mais de um projeto apensado, o relator faz um texto substitutivo ao projeto original. O relator pode também recomendar a aprovação de um projeto apensado e a rejeição dos demais.  ao PL 2729/03, do ex-deputado Leonardo Picciani, que agrava as penas da pirataria e está pronto para ser votado pelo Plenário da Câmara.

Íntegra da proposta: PL-8052/2011

*Com informações da Agência Câmara de Notícias.


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

5Comentários

  • Rafaela-Tudo em Foco, 12 de janeiro de 2011 @ 21:58 Reply

    Muito interessante este projeto de lei da presidente Dilma Roussef. O combate à pirataria é necessário e era preciso tocar no assunto de forma séria e responsável. As facilidades às investigações que este PL oferecem também são uma boa iniciativa para desafogar o trabalho da polícia e torná-lo mais eficiente. Proposta que deve ser aplaudida e, claro, aprovada.

  • Juarez, 13 de janeiro de 2011 @ 13:28 Reply

    É de interesse de quem esse PL?

  • Manoel Neto, 18 de janeiro de 2011 @ 19:25 Reply

    O velho truque da amostragem que permite que apenas os hits de sucesso de grandes gravadoras sejam defendidos, colocando no mesmo patamar golpista que a forma de arrecadação de direitos autorais feitos pelo ECAD com a rádio difusão. O golpe esta presente na seleção so 650 mais executados ignorando milhares de independentes que teriam tais direitos. A amostragem é uma forma de manter o monopolio do velho sistema de dominação das gravadoras sobre direitos autorais, rádio difusão e que agora se repete no combate a pirataria. Com isso tentam garantir junto ao governo mais um pouco de sustetabilidade com o cofre alheio. O sistema de amostragem é injusto e impede que milhares de artístas independentes que tocam nas rádios, fazem shows, vendem discos em menor quantidade, porem tendo também uma fatia do mercado sejam ignorados. Somente no material não identificado que sobra nos caixas do ECAD ficam retidos e depois são desviados para os mais tocados aproximadamente 70 milhões ao ano. Agora com esta lei, novamente os pequenos serão prejudicados. Viva o capitalismo e a turma que diz defender o criador em primeiro lugar… não seria por um acaso uma mentira? Acho que defendem os editores e gravdoras, isso sim!

  • Denise, 20 de janeiro de 2011 @ 14:23 Reply

    Os produtos piratas não tem qualidade para nós mas têm para os órgãos públicos…

  • Sérgio Mendonça, 25 de fevereiro de 2011 @ 1:35 Reply

    Boa parte da pirataria na área da música poderia ser solucionada facilmente.

    Existe uma lei no congresso para a isenção dos impostos sobre o Cd e dvd, que nem já existe hà muitos anos para os livros “equiparação dos bens culturais”.
    Com a isenção do imposto, um Cd / Dvd cairia com seu valor em 30% a 40%
    O fabricante ao entregar o cd para a gravadora paga imposto, a gravadora ao vender para a loja paga e o lojista vende ao cliente também paga.
    Com esta isenção além de dar uma sobrevida aos cds e dvds, o que beneficiaria centenas de artistas, lojistas, gravadoras grandes e pequenas, produtores, músicos… beneficiaria muito os consumidores de música.

    O preço médio de um Cd novo chegar as lojas é de 13,00 (fora grandes artistas e encartes especiais) e o lojista aplica a sua margem. Neste formato poderia chegar as lojas a um preço médio de 8, 9 reais e lojista aplicar sua margem ou ser vendido em shows por 12,00.

    Isto diminuiria muito a pirataria, as pessoas consomem os piratas devido ao alto custo dos originais, com a isenção dos impostos grande parte ia acabar querendo o original.

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