A convergência dos meios foi o tema mais abordado nesta quarta, 25, na abertura do Congresso SET, que acontece esta semana em São Paulo. A presidente da Sociedade de Engenharia de Televisão, Liliana Nakonechnyj, mostrou preocupação com os “‘looks’ semelhantes” ao dos canais de televisão que as soluções de TV conectadas, bem como as caixas over-the-top, apresentam.

Segundo ela, isto pode confundir o telespectador, sobretudo os mais velhos, que poderiam confiar em determinado conteúdo acreditando ser de um dos canais de TV que conhece. Outro ponto levantado por Liliana também é relacionada à convergência dos meios. “Com tantos novos serviços, não é de se admirar que surjam tecnologias para oferecê-los”, disse, destacando que parte destas formas de oferta de serviços passa pelo uso de frequências do espectro eletromagnético. A engenheira destacou que em alguns países já há pressão para a liberação de espectro para outros serviços. O tema voltou a ser abordado em outro debate no evento.

Amilcare Dallevo, presidente da RedeTV! e da Abra, associação encabeçada pela RedeTV! e pelo Grupo Bandeirantes, também abordou a convergência em seu discurso. Segundo o executivo, “ninguém vai deter a segmentação da audiência na nova era da comunicação”. Para Dallevo os grupos de mídia não podem deixar de acompanhar as mudanças no meio, lembrando que a RedeTV! distribui seus conteúdos para iPhones e iPads. “O momento reserva desafios e uma comunicação mais avançada tecnologicamente, mais livre e mais plural”, disse. Dallevo chegou a cobrar um marco regulatório para o setor quando falou da impossibilidade de levar conteúdos exclusivos aos dispositivos que recebem a programação 1-Seg da TV digital.

Manoel Rangel, presidente da Ancine, que também falou na abertura, afirmou que o cenário convergente levanta desafios e aponta caminhos que poderão levar, sim, à revisão do marco regulatório e, inclusive, dos modelos de negócios. “Sob a óptica do cidadão, os serviços se misturam. Os modelos de negócios se confrontam e se interpõem, demandando uma reflexão sobre a regulação”, disse.

Para Rangel, o PLC 116/2010, que tramita no Senado e cria novas regras para o mercado de TV paga, é um “primeiro tiro em direção ao futuro” que pode apontar novos caminhos para esta reflexão. O presidente da Ancine voltou a falar sobre as duas camadas regulatórias que devem ser criadas no projeto de Lei, uma das telecomunicações, sob a responsabilidade da Anatel, e outra do conteúdo, será regulada pela Ancine. Segundo Rangel, esta divisão possibilitará uma “regulação mais leve”.

Por fim, Manoel Rangel citou os mecanismos de fomento e financiamento à coprodução entre televisão e produção independente, que começam a render bons frutos, tanto com o Artigo 3A da Lei do Audiovisual, quanto com o Fundo Setorial do Audiovisual.

O assessor especial da Casa Civil André Barbosa também abordou a convergência dos meios na abertura do evento. Segundo ele, para o público “nativo” da banda larga, já há uma simultaneidade do acesso. É uma geração capaz de se dedicar a quatro telas simultaneamente, explicou. “Não podemos mais pensar em TV, games ou Internet de forma individual. Temos o desafio de integrar e não excluir”, disse.

*Com informações da Tela Viva News.


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Atriz, pós-graduada em gestão da cultura.

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