Como estamos em sintonia eleitoral, nosso espaço que faz design de idéias mesclando futuros desejáveis e economia criativa começa no geral, com modelos de governo de futuro, e vai ao particular, com políticas necessárias para fomentar a Economia Criativa.

Porque não sonhar novos modelos de governo? Afinal, uma das razões pelas quais não mudamos o mundo é por acreditar que isso não é possível…Não sabemos que pela primeira vez na história da humanidade há conhecimento, recursos e pessoas para isso.

Por exemplo: a partir do trabalho do futurista Buckminster Fulller foi realizado em 1997 um projeto chamado “O que o mundo quer” (busque por “What the World Wants”) verificando quanto seria necessário investir ao longo de dez anos para solucionar os principais problemas do mundo. Por exemplo: estimou-se que seria necessário investir anualmente US$ 21 bilhões para prover atendimento de saúde a todos (detalhe: esse valor equivalia a 16% do que na época era gasto nos EUA em álcool e tabaco). A conclusão: para solucionar a maioria de nossos problemas (fome, saúde, energia limpa etc) seria necessário investir por dez anos o que equivalia a um terço dos gastos anuais em despesas militares !Esta escolha não foi feita… O resultado é que de lá pra cá aumentou tudo: os problemas pioraram e os gastos militares mais que dobraram (de acordo com o SIPRI de Estocolmo : um trilhão e 531 bilhões de dólares/ano, um aumento de 47% desde o ano 2000).

Se nosso modelo de governo adotasse as novas tecnologias como forma de gestão participativa será que seria assim? Será que votaríamos por menos armamentos e mais soluções de vida ? Em s://www.criefuturos.com.br (nosso movimento para criação de futuros desejáveis) as possibilidades de gestão participativa oferecidas pelas tecnologias digitais são recorrentes, com leis e decisões sobre orçamentos sendo votadas pelo público em geral, seja através de smartphones ou terminais em locais de grande circulação de público ( imagina que delícia para designers pensar os espaços e interfaces para isso). Encontramos idéias interessantes, principalmente na seção Parlamento Virtual Iberoamericano. Exemplo postado da Argentina: não há candidaturas, os candidatos são indicados em função de seu grau de sensibilidade e engajamento na comunidade. Isso, aliás, já seria possível, pois existem maneiras de medir a “pegada cívica” (contribuição em tempo ou recursos para causas cívicas) de cada pessoa ou instituição (veja em www.civicfootprint.ca)

A pegada cívica poderia ser uma boa maneira de ver quem está mais apto a votar! Meu futuro desejável tem candidatos apontados por seus méritos (não há mais partidos) e o mesmo vale para os eleitores: vota quem merece, pois está engajado.Saímos do quantitativo (número de eleitores)para o qualitativo, com o  peso do voto proporcional ao engajamento: mais tempo dedicado ao coletivo,mais peso . Essa é uma inspiração que vem de outra prática  que considero genial: o Circuito Fora do Eixo (s://foradoeixo.org.br/) que reúne 52 coletivos de arte em todo Brasil . Eles tem moedas próprias (a solução do futuro) e mil outras maneiras inovadoras de resolver os maiores problemas da Economia Criativa (como circulação e promoção). Uma das inovações é na governança: a gestão é participativa, toda feita on line (estão espalhados por 25 estados…) e a possibilidade de participação nas decisões e colocações é proporcional à dedicação ao Circuito (medida por planilhas de horas investidas, que são a principal “moeda”).

Somando isso tudo: não está na hora de acreditar que é preciso (e possível) mudar o modelo político? Mudamos de monarquia a república e agora, para onde queremos ir ? Precisamos de partidos? José Abrantes da UERJ publicou em 2005 uma pesquisa no livro “Brasil: O País do Desperdício” revelando que desperdiçamos o equivalente a 150% do PIB. Boa parte deste desperdício porque as políticas são de governo e não de Estado: mudou governo muda tudo. Sem partidos isso aconteceria? A corrupção seria tanta?

E se em nossa Meritocracia Participativa Qualitativa cada área tivesse três gestores: um que é do ramo (entende de saúde, energia, economia criativa, etc), um que entende o impacto das decisões sobre o Ecossistema Ambiental e outro que entende do impacto no Ecossistema Sócio Cultural ? E se o tempo de permanência no cargo não fosse fixo? Não cumpre o programa que propôs, sai em seis meses…Trabalha bem, fica. E se, e se, e se….Se tudo fosse possível, como seria o seu modelo de governo ?O que seria prioridade ?

Ah! Enquanto não temos nosso novo modelo político façamos o melhor possível utilizando ferramentas on line como s://votenaweb.com.br/; www.institutoagora.org.br/; s://www.transparencia.org.br/index.html www.eumelembro.com.br.


Diretora-presidente da Enthusiasmo Cultural, coordenadora do Global Committee on Creative Economy e diretora de cooperação internacional do Instituto Pensarte.

1Comentário

  • QUIM.com.br, 5 de outubro de 2010 @ 12:29 Reply

    Gostei muito do artigo.
    Imagino que caminhamos para um governo colaborativo, mas ainda estamos muito longe de implantá-lo. Penso que à medida que sejam eleitos candidatos com esse perfil para os cargos de base isso começará a mudar. Mas as pessoas que pensam assim se interessam em candidaturas? Até chegar a se tornar candidato você precisará passar pelo crivo de um partido e o apoio dos demais 'colegas'. Ou então surgir um novo partido já partindo desta filosofia.
    Enfim, vamos imaginar mais futuros ideais para o Brasil.
    Concordo que os eleitores deveriam merecer votar. Mas no meu futuro, só poderia votar quem tivesse segundo grau completo. Isso faria com que o governo finalmente investisse em educação e teríamos eleitores mais bem preparados para escolher os governantes.
    Simples né?
    Abs, QUIM Alcantara
    sss://quim.com.br

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