De projetos culturais a iniciativas ativistas, todo mundo parece estar se beneficiando do crowdsourcing. Desde o ano passado, a atitude coletiva aliada à rede deu vida ao mais diversos projetos. E se o público já se apropriou das ferramentas para botar pra fora todo tipo de expressão, por que não canalizar esse sentimento em busca de respostas?

Foi mirando nesta criatividade que nasceu a ItsNoon. A plataforma dá espaço às chamadas criativas, que podem ser convocadas por empresas ou pessoas. Essas chamadas se baseiam em perguntas que abordam os mais variados temas, desde “Qual é o papel da bicicleta na sociedade?” até  “O que queremos para o mundo?”.

A partir desta provocação, os usuários cadastrados no marketplace podem usar e abusar da criatividade para responder às perguntas. São desenhos, vídeos, músicas, textos – o importante é expressar sua opinião de maneira reflexiva e inusitada.

Algumas empresas aderiram à inciativa e lançaram questionamentos para conhecer melhor seus clientes. Foi o caso de uma instituição financeira que convocou chamada pedindo que o público respondesse como um banco pode ser transformador na vida de cada um.

Muitas vezes, as criações concorrem a prêmios em dinheiro. Como na chamada feita pela Revista Proxxima, que indagou “O que é crowdsourcing para você?”. As 20 melhores respostas ganharam R$ 100 cada e, dentre essas, uma vai ser escolhida pra estampar a capa da edição de maio da publicação.

“As empresas estão olhando com outros olhos para o crowdsourcing, estão enxergando a diversidade desse modelo em rede, estão vendo a abundância dessa dinâmica que proporciona um olhar para uma resposta nova, que dá espaço para o inusitado”, afirma Mariana Abbud, responsável pela comunicação e articulação da rede.

Ao todo, já foram feitas 83 chamadas criativas. A rede hoje conta com mais de 12 mil participantes – 60% dos grandes centros urbanos e 40% do interior do país. De acordo com Mariana, a participação do público é surpreendente, principalmente pelo fluxo de informações e trocas que acontecem a cada nova ideia. “As pessoas criam, constroem ideias e significados juntas”, afirma.

Ela explica que grande parte das pessoas está aberta a essa nova forma de trabalho, sem restrição de tempo. “Além disso, muitos estão a procura de um espaço no qual possam mostrar seu talento, explorar sua criatividade, de estarem conectadas através da arte, do processo criativo”, completa.

Importação não – “Muitos têm o costume de comparar tudo o que é novo com o que vem de fora. Mas a verdade é que nós estamos criando algo novo, com a cara do Brasil”. Assim deve ser pensada a expansão de plataformas coletivas no Brasil, segundo Mariana.

Para ela, nossa dinâmica social e o momento em que o país vive nos torna capaz de criar e gerir nossas próprias ideias. “É muito bacana vermos que estamos crescendo e evoluindo nesse cenário, que estamos fazendo algo que faz sentindo para muita gente”, comenta sobre o trabalho da ItsNoon, muito pertinente ao contexto.

Sobre onde a atitude coletiva pode chegar e ainda não chegou, ela declara: “Talvez ainda falte um pouco de consciência individual e institucional sobre o poder do coletivo. A partir do momento que as pessoas abrem mão de ficar na eterna disputa do ‘quem é melhor’ e passam a ver a riqueza do coletivo, do fazer junto, o panorama muda”.


author

Jornalista, foi repórter do Cultura e Mercado de 2011 a 2013. Atualmente é assessor de comunicação da SPCine.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *