Nerds, geeks, culturetes, seguidores de twitter e amigos de Facebook se amontoaram em volta da fogueira cibernética armada no Auditório do Ibirapuera para ouvir a performance remix de Lawrence Lessig sobre cultura livre, creative commons, as oportunidades que o Brasil lançou para o mundo, como nação digitalmente correta e avançada. E, sobretudo, sobre as oportunidades que estamos perdendo com Dilma Rousseff e Ana de Hollanda.
Claudio Prado, o articulador hacker que lançou as bases para a Cultura Digital na gestão de Gilberto Gil, chegou a dizer que o motivo do encontro era Ana de Hollanda. Ele e toda a tribo digital anda ressentida com o desapego da ministra ao legado digital do ministro Gil. O próprio Gil minimizou o gancho jornalístico criado para reunir tanta gente numa noite fria de quarta-feira em São Paulo.
Antes de Lessig um clipe-documentário-remix dirigido pelo ciberativista Rodrigo Savazoni colocou a Política Gil no centro dos acontecimentos mundiais de cultura digital. Depois veio Sergio Amadeu, que se autodefiniu como conservador, pois deseja manter a liberdade que temos hoje na web. Alertou o público sobre os desvios e retrocessos iminentes em relação à banda larga, neutralidade da rede, cultura digital, software livre e tudo o que atinge a possibilidade de livre trânsito do conhecimento mundo afora. Mas manteve a chama da esperança acesa para uma plateia ainda otimista em relação ao rumos da Internet no Brasil e no mundo, anunciando Aloizio Mercadante como o novo ministro-hacker.
A longa e caótica fala de Ivana Bentes sobre capitalismo cognitivo, colocou Ana de Hollanda no centro dos problemas da humanidade. E veio o debate. Danilo Miranda falou um pouco sobre como o SESC compreende a cultura digital e o creative commons em suas atividades. Quase como um repente, Gilberto Gil complementou Danilo, com poesia e afeto.
A fogueira ardeu com o bom senso e a simpatia eloquente do ministro-artista. Enquanto o twitter apontava Danilo como maior gestor, a rede parou para sentir saudades do maior-Ministro-da-Cultura-da-história-do-Brasil, que assim como Danilo, se recusou transformar Ana de Hollanda em Joana D’Arc, já que o ritual parecia seguir nessa direção.
A jovem e bonita deputada federal Manuela D’Ávila discorreu sobre as dificuldades de negociar as pautas da cultura digital no Congresso, e deu ênfase à força do ativismo social, apontando uma certa dificuldade do poder representativo lidar com essa nova forma de poder e pressão social, o enxame.
Ronaldo Lemos, brilhante como sempre, apresentou uma análise rápida e muito realista sobre o recrudecimentos das legislações internacionais sobre a web, motivados pela resistência da indústria cultural e do grande Capital, mas apontou algumas importantes brechas existentes, que valem o esforço de manter a fogueira acesa.
Já era quase meia-noite quando a noite voltou a esfriar, depois da convocação para a próxima etapa da batalha. Claudio Prado anunciou o Festival de Cultura Digital, o novo nome do Fórum que começou no governo Gil e segue em frente, sem Ministério da Cultura, mas com patrocínio garantido da Petrobras, ali representada por Eliane Costa, que recentemente lançou o livro Jangada Digital (que ainda não li, mas já está sendo muito bem recomendado), sobre a experiência da cultura digital no governo Gil.
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