Foto: Xin Li
Um dos assuntos mais controversos (e menos discutidos) das políticas culturais é a relação intrínseca da cultura com a educação. Vivemos uma espécie de trauma pós-separatório, influenciado por um tratamento periférico nos tempos que o MEC (Ministério da Edução e Cultura) ainda incluía seu irmão mais pobre. Está na hora de superá-lo e avançar na discussão sobre a educação, propondo soluções para o grande problema estrutural do Brasil: formar a maioria jovem e prepará-la o novo país que desejamos construir.

Não há nada mais gritante do que o abismo e a falência do sistema educacional brasileiro. Embora consuma grande parte do orçamento, o arcaismo bancário que tomou conta da educação impede os avanços necessários para alçarmos um novo patamar, que inclui ampla garantia dos direitos culturais, da livre informação e expressão.

Em todos os grandes modelos e metodologias educacionais, o exercício das expressões artísticas e culturais têm se de revelado como um denominador comum. Nada mais lúdico, criativo e inspirador do que a cultura da convivência, inerente às atividades artísticas e culturais, seja ela uma visita ao museu, o aprendizado do teatro ou a análise crítica da mídia. Não podemos mais admitir que o nosso futuro seja dominado por uma educação burocrática, baseada numa estrutura funcional da ditadura militar, preparando sub-cidadãos, acomodados com o Estado-pai, incapazes de agir e participar da vida cultural e política.

Paulo Freire é o grande mestre inspirador de escolas e sistemas educacionais em todo o mundo. Sua pedagogia crítica, no entanto, não foi incorporada, além da apropriação indébita do discurso comum às nossas estruturas políticas, em nossa educação. Sua inspiração, no entanto, foi bem absorvida em escolas particulares que servem a elite. Meu filho estudo em uma dessas escolas e observo os avanços em relação à educação pública que eu tive, e que só piorou da ditadura pra cá.

Um novo projeto educacional precisa ser desenvolvido urgentemente no país. As políticas culturais não podem se abster a esse processo. As interações entre MinC e MEC foram insuficientes e fracassadas. Partiam do princípio da contribuição da cultura à educação. Avanços como a inserção de elementos e referências africanas e indígenas no processo de formação são interessantes, mas insuficientes para o tipo de desafio que temos pela frente.

A Internet, as redes culturais, a cultura colaborativa e a possibilidade de acesso ao conhecimento e exercício da expressão são elementos que não podem faltar ao cardápio educacional do país. As escolas precisam abrir suas portas para comunidades, deixando de ser prisões para transformar-se em equipamentos culturais, com projeções de filmes independentes, que abordem a complexidade humana, além dos mitos fabricados em Hollywood, peças de teatro e exposições, com programação das próprias comunidades e de outras, a partir de um sistema artesanal, simples e desburocratizado (quase tribal) de trocas e circulação de cultura. Enfim, precisa deixar de ser escola para se tornar ponto de cultura.

Grades curriculares deveriam ser queimadas em praça pública. O conhecimento precisa ser construído a partir do indivíduo e da comunidade para o mundo e não de Brasília para os quatro cantos do país. Isso sim é um dirigismo cultural que precisa ser superado por todos nós. Precisamos celebrar a capacidade de cada bairro, distrito, município, de cuidar da formação de suas crianças. A sociedade precisa se envolver com o processo de formação de seus indivíduos. Estado nenhum dará conta disso. O ditador já não dava, quanto mais este neoliberal em que nos atolamos.

A educação precisa ser uma responsabilidade de todos nós. E só será a partir do reconhecimento de sua dimensão cultural.


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

41Comentários

  • Paulo KLEIN, 19 de fevereiro de 2010 @ 11:59 Reply

    Parabéns Leonardo.Lúcida,fundamentada e corajosa sua abordagem.
    Vou repassar para acender a discussão. Abço

  • Acacio Rocha, 19 de fevereiro de 2010 @ 12:01 Reply

    Leonardo, bastante oportuno o artigo e a discussão proposta nele. O que me causou preocupação, apenas, foi a invocação feita para se queimar as grades curriculares em praça pública. Concordo plenamente que as propostas educacionais devem estar contextualizadas com as comunidades, as cidades, enfim, que tenham identidade com o cidadão/educando. Porém, é preciso haver um norte condutor, que oriente, que estabeleça caminhos e que dê um perfil de atuação. Assim, é possível combinar: estabelecer um metas e caminhos, e sensibilizar-se para as questões locais das comunidades.

  • Leonardo Brant, 19 de fevereiro de 2010 @ 12:16 Reply

    Você tem razão Acacio, precisamos superar as grades como elas são hoje. Mas é preciso dialogar e trocar experiências para alcançar esses parâmetros. Mas não podemos mais admitir que venha de cima pra baixo.

  • Aninha Franco, 19 de fevereiro de 2010 @ 12:31 Reply

    Precisamos voltar aos pensadores da educação, todos vencidos pela burocracia e pela política coronelística que ainda conduz o País, e seguir suas orientações. Voltar a Educação não é privilégio de Anísio Teixeira, a Darcy Ribeiro, a Paulo Freire… Eles pensaram e escreveram sobre todas as necessidades da educação brasileira.

  • Cassiano Maçaneiro, 19 de fevereiro de 2010 @ 13:09 Reply

    Parabéns Leonardo!!!!

    Ainda vivemos tempos em que o acesso à informação e à cultura ainda é vista com reservas por aqueles que têm o “poder” para uma mudança imediata!
    Em contrapartida, como sociedade podemos em nosso dia-a-dia, e luta cotidiana, ir fazendo aquela mudança, que se não é imediata, pelo menos é profunda e permanente!!! A mudança realizada nos bairros, nas associações, nos projetos socio-culturais que se multiplicam pelo Brasil, assumindo esta tarefa negligenciada!

  • Telmo Padilha Cesar, 19 de fevereiro de 2010 @ 13:14 Reply

    Vivemos a educação sem cultura e a cultura sem educação.
    Um permamente erro de gestão pública no Brasil é a identificação da necessidade de uma nova estrutura (decisão técnica de estado), a sua criação (decisão política de governo) e o seu abandono (decisão de asnos). Depois, quando se detecta o caos, é preciso correr para recuperar o prejuízo que é social e incalculável. Quanto ao “tribal” cito frase de Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses, livre docente da USP – “eu não acredito em patrimônio cultural da humanidade que antes não seja patrimônio cultural do local. Como pode uma coisa ser importante para o mundo inteiro se ela não for reconhecida e valorizada por aqueles que vivem no local? Aliás, para mim, importante é o patrimônio cultural municipal.” Acrescento: corpos sadios se criam de dentro para fora, o contrário é o contrário.

  • gil lopes, 19 de fevereiro de 2010 @ 13:16 Reply

    Há uma experiência em Portugal muito interessante: o Magalhães. Um computador de mão básico desenvolvido inteiramente em Portugal e distribuído gratuitamente nas escolas para professores e alunos. Muitas críticas sobre eventuais empresas beneficiadas na sua construção e distribuição caminham lado a lado com a experiência. Mas quando eu vi um menino de 7 anos numa pequena cidade do norte do país, em sua modesta me receber com o Magalhães na mão e com muita destreza no trato com a máquina eu vi a grandeza do projeto. Aquela geração de meninos que teve acesso ao Magalhães vai pensar diferente, fazer diferente, viver diferente. Sonhei com o Magalhães no Brasil, barato e disponibilizado grátis para todas as escolas, milhões de Magalhães luso brasileiros…isso sim.
    sss://www.iniciativa-magalhaes.com/

  • Lidia Cardoso, 19 de fevereiro de 2010 @ 14:11 Reply

    Achei mais do que oportuno o texto; estamos nesse momemento discutindo grade curricular na universidade onde trabalho e nos deparamos exatemente com essa imposição de cima pra baixo, do que já está posto. PClaro que mudanças são difíceis, mas o debate deve mesmo ser fomentado, ampliado. A própria palavra “grade” curricular, já diz muito sobre o projeto implícito. Como já muito bem dito, “nome é destino”.
    Adorei as questões levantadas Leonardo.

  • Leonardo Brant, 20 de fevereiro de 2010 @ 12:25 Reply

    Texto da filósofa Olgária Matos na Carta Maior: “A ideologia dominante na sociedade contemporânea é a dos novos ricos. O novo rico é aquele que conhece o preço de todas as coisas mas desconhece seu valor. Sob seus auspícios, a educação produz uma cultura embotadora da sensibilidade e do pensamento”.

    sss://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4548&boletim_id=648&componente_id=10836

  • wposnik, 20 de fevereiro de 2010 @ 19:12 Reply

    Leonardo:
    Novamente, você toca num tema fundamental para discussão. Como servidor público estadual, transitei pela área de Educação (4 anos) e pela Cultura (12), dentre outras. Na Cultura há o que eu chamaria de ‘síndrome de exclusão’. O temor permanente, da extinção da organização, sua re-incorporação à Educação, Esporte, Turismo, Lazer etc. Voltar às origens, para os dirigentes de plantão, é o que causa maior temor. Agravado por outras circunstâncias políticas. No caso do meu Estado, a agravante circunstancial, do Titular da Educação ser irmão do Chefe do Executivo. Entre a ilusão institucional (de que é fundamental haver ‘Secretaria’) e a compartimentação de atuação (dentro da própria área da Cultura e dela, em relação às demais), somam-se dois aspectos perversos, a muitos outros – inclusive a falta de clareza, sobre o que sejam políticas públicas de cultura. Coisa sobre a qual praticamente, não existe bibliografia especializada em português – nem em Portugal. A segmentação do processo pedagógico (e de visão da realidade) se reflete num processo fragmentário de análise permanente, que nunca chega à síntese. É o círculo vicioso do fracasso educativo permanente, notadamente, para as classes menos favorecidas, consumidoras de um substrato do conhecimento humano, de 3a. classe. Qualquer inovação enfrenta o corporativismo reativo dos professores. Certa feita, em reuniões de pais, em escola particular de ensino médio que meu filho frequentava, apresentei sugestões para para melhorar-lhes o interesse e apetrechá-los para um futuro diferente, os alunos no contra-turno, tivessem acesso sucessivo, às técnicas de produção multimídia: (1) textos (jornal, jornal mural), (2) áudio (‘rádio-pirata’, noticioso, música, rádio-teatro – para o horário do recreio, ou distribuição em mídia própria), (3) vídeo (na mesma diversidade do rádio) (4) multimídia para a Internet (conhecimento dos softwares básicos (Adobe, Corel, HTML, Flash etc.) Tudo isso, com três objetivos: domínio pelo jovens desse conjunto de técnicas, que se direciona naturalmente, para a síntese (como por exemplo, num vídeo-clip); formação de massa crítica relacionada com o ‘público-alvo’ – seus próprios colegas; e a aceitação pelos mestres, desses produtos, com tarefas escolares. Houve uma completa indiferença, por parte da Direção da escola (embora eu tenha conversado com os dirigentes, várias vezes). E a reação corporativista dos mestres, contra o aumento do volume e e a complexidade do seu trabalho. Isso numa escola, tida como das melhores da Cidade.

  • Marcelo Evelin, 20 de fevereiro de 2010 @ 20:45 Reply

    Leo, muito bom mesmo esse texto.
    Fico pensando quando voce diz “(que a escola) precisa deixar de ser escola para se tornar ponto de cultura.” Estamos aqui no nucleo do dirceu discutindo justamente isso com relacao a nosso ponto de cultura: como cumprir essa funcao “educacional” com a cultura, sem cair na ideia de grade curricular, ou de apenas passar uma informacao que sabemos pode acrescentar, mas nao necessariamente tem esse carater transformador, essa autonomia que podera ser gerada e prosseguir por si em cada um.
    Andamos falando em “ensinar o que nao sabemos” (um pouco a partir das ideias do Ranciere), tentando propor uma experiencia mais horizontal nao somente para jovens e criancas, mas tambem para os artistas que nao tiveram essa formacao “mais ampla” e agora se veem no lugar de ter que passar adiante alguma coisa, ter que multiplicar o que ainda nao sabem ao certo.
    Muita coisa pra pensar ai.
    Queria te pedir pra postar esse texto no nosso blog porque pode ajudar na discussao, e se quizer nos diga alguma coisa sobre a tua ideia de educacao e formacao a partir de um ponto de cultura, por favor.
    Grande abraco e obrigado,
    Marcelo Evelin.

  • Lenon Rodrigues, 21 de fevereiro de 2010 @ 13:20 Reply

    Excelente artigo! 100%de acordo.
    Nada mais a acrescentar!

  • Juliano Barone, 21 de fevereiro de 2010 @ 18:00 Reply

    Estou de acordo com seus comentários sobre a forma como as metodologias e propostas educacionais são “impostas e/ou propostas” pelas escolas e instituições educacionais e governamentais, estas que detém em suas mãos uma grande parte dos ambietes que formam e desenvolvim cidadãos que viverão e vivem em nossa nação. Sou professor, ator e produtor cultural focado em desenvolver projetos arte-educativos e acredito, através dos fatos e ações vividas, que a arte e a educação estão e devem sempre permanecer interligadas.
    Como vivo dentro (como professor) e fora da sala de aula (coordenando projetos), percebo a imensa vontade dos alunos em expressar a partir de qualquer manifestação artística e o quanto esta expressão auxilia na formação e no desenvolvimento dos indivíduos, tanto nos eventos ou aulas específicas de arte, quanto em outras matérias da grade currícular. Vejo claramente o quanto o fazer teatral auxilia em matérias como Português, Literatura, Inglês, História; como a dança aprimora a coordenação motora, o reconhecimento das aparelhagens corporais, a ideia do corpo como comunicador e por isso, por si só, auxilia na segurança, postura e desenvoltura dos alunos em ambientes educacionais, seja na sala de aula como fora dela. A música transcende a realidade buscando as emoções e os sentimos através de suas musicalidads ligadas ao silêncio. Isso sem falar nas possibilidades que as artes plásticas, o cinema, as narrações de histórias e muitas outras manifestações artísticas podem contribuir para a educação brasileira.
    Para não ser muito extenso e concluir vejo nessas manifestações algo de extrema importância a nós e aos nossos indivíduos parceiros: a possibilidade de motivar, incentivar e desenvolver as características próprias de cada cidadão ao mesmo tempo em que trabalha e apresenta as regras e legislações necessárias para a convivência em coletivo. É o liberalismo e o republicanismo sendo trabalhados ao mesmo tempo, entrecruzados e em comunhão.
    Quando as instituições escolares perceberem o quanto a arte auxilia, melhora e aprimora as metodologias educacionais existentes, garanto que a vida dentro das escolas será mais livre, alegre e com a sua simples função: nos apresentar as maravilhas (e erros) do mundo e nos dar todas as possibilidades para sermos pessoas melhores, através da reflexão, da crítica, da prática e da expressão inerentes em cada matéria – curricular ou não.

  • conca, 21 de fevereiro de 2010 @ 21:22 Reply

    acho ótimo o que está acontecendo no campo da cultura no brasil, me refiro aos pontos de cultura e sua maravilhosa lógica de simplesmente cacifar o que já existe de manifestação por aí. e também acho que todas as escolas deviam ser pontos de cultura, por isso vou tentar incentivar diretores aqui da zona sul de sp a inscreverem suas escolas nos próximos editais…

  • Daniela Blanco, 21 de fevereiro de 2010 @ 22:13 Reply

    Muito interessante seu texto e a abordagem do tema.
    Principalmente no que diz respeito a influência da cultura sob a educação…

    “As interações entre MinC e MEC foram insuficientes e fracassadas. Partiam do princípio da contribuição da cultura à educação. Avanços como a inserção de elementos e referências africanas e indígenas no processo de formação são interessantes, mas insuficientes para o tipo de desafio que temos pela frente.”

    O movimento de instruir com uma cultura “externa” à comunidade na direção da educação já existe e é implantado, mas como você mesmo cita, não é suficiente. O que se deve criar é um forte movimento contrário: o de uma produção cultural que parta da escola, para a própria escola, assim como em direção à comunidade, e ao mundo.

    Para o estudante, absorver uma cultura que não faz parte de seu dia-a-dia torna-se algo massante, sem sentido. Mas a partir do momento em que se passa a produzir cultura, o interesse surge naturalmente.

  • Leonardo Brant, 22 de fevereiro de 2010 @ 10:49 Reply

    O que precisamos observar e corrigir é que o dinheiro da cultura já está sendo fortemente utilizado para processos educativos. Isso é um absurdo. A educação é o maior orçamento do país, tanto na federação, quanto nos estados e municípios.

    É preciso mexer nessa estrutura, arcaica, pesada, burocrática, bancária (para utilizar um termo de Paulo Freire), que consome todos os recursos à sua volta e já mostrou-se ineficaz. E acaba consumindo o insuficiente orçamento da cultura, que não faz cócegas diante da educação. Um bom exemplo disso é o investimento em bibliotecas, oficinas, escolas e cursos de arte.

    Não quero com isso colocar os profissionais da cultura contra os da educação. Muito pelo contrário. Precisamos mexer na estrutura dos procesos educacionais, com o destino das verbas da educação. E isso é um desejo da grande maioria dos profissionais de educação que conheço.

    Precisamos aprender a entrar nessas estruturas, fazer parcerias e ampliar a visão da sociedade em relação aos processos culturais.

    Abs, LB

  • Leonora Fink, 22 de fevereiro de 2010 @ 11:45 Reply

    Sem a grade curricular a maior parte das escolas brasileiras, no estado em que se encontram hoje, não saberia o que fazer com os alunos e professores, nem se preocuparia com a comunidade ou com Paulo Freire.
    A educação no Brasil precisa ser reestruturada desde o início, lá na origem, onde se distribuem recursos, nas políticas que regem a educação, na qualidade em quantidade, não na quantidade em detrimento da qualidade do ensino, desde a creche, até o pés-doutorado e até onde o cidadão desejar ir.

  • afonso oliveiraa, 22 de fevereiro de 2010 @ 14:04 Reply

    Leonardo,

    Artigo muito necessário e importante, tirando a queima da grade curricular, sua opnião reflete um panorama da educação no Brasil.
    Para não se tornar uma tarefa impossível e por não acreditar em grandes revoluções, principalmente no Brasil, acredito que temos pequenas subversões acontecendo nos quatro cantos do Brasil que podem servir de exemplos.
    Agora uma grande mudança na estrutura tem que acontecer mesmo e urgente.
    A melhor parte do artigo, a mais simples constatação e que traz dentro dela uma boa parte das soluções e que bastaria ela para resumir todo o artigo. “a escola precisa deixar de ser escola e virar um ponto de cultura”.
    Parabéns

  • Leonardo Brant, 22 de fevereiro de 2010 @ 15:15 Reply

    Concordo Leonora. Eu apenas fiz uma provocação. Ou então teríamos o efeito Rouanet, destruindo tudo para poder reinar sobre a terra arrasada. Não acredito nisso.

    Precisamos construir uma outra estrutura para colocar no lugar desta. E esta estrutura vem dos processos culturais. É nisso que eu acredito. Já temos vários protótipos disso funcionando. Precisamos ter coragem e competência para universalizar esses serviços. Citei os pontos de cultura, mas eles também não nos servem como ação programática, mas sim como discurso, como proposta.

    Precisamos urgentemente de um Projeto Brasil.

  • WASHINGTON ARLÉO, 22 de fevereiro de 2010 @ 20:56 Reply

    LEONARDO,
    SEU TEXTO É BASTANTE LUCIDO E QUESTIONADOR.É IMPRESSIONANTE COMO A LINGUAGEM FIGURADA DE QUEIMAR A GRADE EM PUBLICO SOFRE REAÇÕES ADVERSAS?!NÃO DÁ PRÁ NÃO ACHAR SURREALISTA EM CADA CIDADE DESTE PAÍS ALGUÉM QUEIMANDO GRADE CURRICULAR.
    O GRANDE INTERLOCUTOR COM O MEC-MINC E ESTA FALIDA ESTRUTURA DA EDUCAÇÃO,DORME A SONO SOLTO E TEM PREGUIÇA DE SE POSICIONAR E PROPOR MUDANÇAS,O CRUB OU QUE NOME TENHA AGORA!
    OS REITORES DE UNIVERSIDADES,DIRETORES DAS INSTITUIÇÕES QUE PREPARAM A NOSSA SOCIEDADE “QUALIFICADA”,VIVEM A LETARGIA DO PÓS 64 E SE VICIARAM EM OVERDOSES DE CONTRA-CHEQUES E ABSTINENCIA DE CONTRARIAR O MEC E SEUS ABSURDOS.
    AS ESCOLAS POLITECNICAS NÃO RESPONDEM PELOS PROFISSIONAIS QUE LANÇAM NO MERCADO,MEDICINA SE CALA DIANTE DAS ABERRAÇÕES,DIREITO NÃO TEM RESPONSABILIDADE DE NADA E PEDAGOGIA …
    SE AS REITORIAS NÃO TEM PODER CIVIL-CRIMINAL,TEM PODER MORAL DE PREPARADORES DESTES PROFISSIONAIS SUPERIORES QUE GEREM E OU IMPLANTAM SISTEMAS E PROJETOS QUE POR TANTAS VEZES SÃO LESIVOS A SOCIEDADE BRASILEIRA.
    PARTICIPEI DE UMA REUNIÃO QUANDO HAVIA DARCY RIBEIRO E PRECISAMOS DE DARCYS!!! ELES PODEM ESTAR LOGO ALÍ,QUEM SABE? VAMOS ACORDA-LOS???

  • Fábio Rios, 22 de fevereiro de 2010 @ 23:30 Reply

    Boa Noite Brant.

    É invariável o meu interesse no seu texto, principalmente por citar Paulo Freire, pensador que discutiu, antes de mais nada, a sociedade e sua formação, tendo como ponto de partida a educação e o ensino, não caindo nunca na armadilha de confundir educação com ensino.

    No seu texto, vi lucidez quando trata da necessidade de fundirmos a cultura com o ensino, o que demonstra que andou lendo a “Pedagogia da Autonomia”, onde no item “1.9 Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultura” Paulo Freire inaugura a idéia proposta por ti. O trecho abaixo é emblemático.

    “A experiência histórica, política, cultural e social dos homens e das mulheres jamais pode se dar “virgem” do conflito entre as forças que obstaculizam a busca da assunção de si por parte dos indivíduos e dos grupos e das forças que trabalham em favor daquela assunção. A formação docente que se julgue superior a essas “intrigas” não faz outra coisa senão trabalhar em favor dos obstáculos. A solidariedade social e política de que precisamos para construir a sociedade menos feia e menos arestosa, em que podemos ser mais nós mesmos, tem na formação democrática uma prática de real importância. A aprendizagem da assunção do sujeito é incompatível com o treinamento pragmático ou com o elitismo autoritário dos que se pensam donos da verdade e do saber articulado”.

    Realmente fico muito satisfeito que boas cabeças como a sua, pensam em um projeto de ensino para o Brasil estando sempre atento com as mudanças e as atividades em escolas públicas, tanto estaduais quanto municipais, onde precisamos mais da pedagogia de Paulo Freire do que em escolas particulares onde a afirmação do cidadão já é feita por intermédio do capital e a absorção da cultura é feita através de “boa cultura” e a sociedade é percebida através de programas de controle de gastos.

  • luciano, 23 de fevereiro de 2010 @ 1:00 Reply

    ola. sou musico. educacao musical nas escolas? pra q? como profissao ou como desenvolvimento das crianças? ensinar beethoven ou jorge ben? cursos profissionalizantes? tirar a meninada das favelas e dar uma profissao? e os professores? e os livros? a escola esta sempre atrasada em relaçao ao artista. ela nao ensina reggae ou rock ou musica eletronica. nem samba… educação pra q? pra onde? o q queremos? o Brasil é um navio desgovernado. tudo q eu aprendi foi pra passar no vestibular. nao “aprendi”, decorei. vale a pena ser musico? da dinheiro? entao. ensinar musica como profissao ou hobbie? akele abc. tudo de bom pra todos. paz e amor.

  • Marilia Xavier Cury, 23 de fevereiro de 2010 @ 7:33 Reply

    Parece incrível, mas estamos discutindo o óbvio, ou seja, que educação e culturas estão unidas. O aluno só aprende aquilo que faz sentido a ele e os sentidos se constroem no seu cotidiano, ou seja, na dimensão cultural. O processo educacional que ignora isto não é educacional, é outra coisa.
    Como educar de forma a ignorar a cultura? A burocracia (pensa que) sabe e impõem a esta nação a vergonha que conhecemos. A educação no Brasil é uma vergonha.

  • gil lopes, 23 de fevereiro de 2010 @ 14:11 Reply

    Projeto Brasil? ……para cada aluno um computador, para cada professor um computador, podemos ir começando…bolinha rente a relva

  • Fábio Rios, 23 de fevereiro de 2010 @ 14:28 Reply

    Boa Tarde Brant,

    Estou repostando o post enviado na noite passada na esperança que tenha havido um erro de comunicação no sistema do seu blog com o banco de dados.

    Boa Noite Brant.

    É invariável o meu interesse no seu texto, principalmente por citar Paulo Freire, pensador que discutiu, antes de mais nada, a sociedade e sua formação, tendo como ponto de partida a educação e o ensino, não caindo nunca na armadilha de confundir educação com ensino.

    No seu texto, vi lucidez quando trata da necessidade de fundirmos a cultura com o ensino, o que demonstra que andou lendo a “Pedagogia da Autonomia”, onde no item “1.9 Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultura” Paulo Freire inaugura a idéia proposta por ti. O trecho abaixo é emblemático.

    “A experiência histórica, política, cultural e social dos homens e das mulheres jamais pode se dar “virgem” do conflito entre as forças que obstaculizam a busca da assunção de si por parte dos indivíduos e dos grupos e das forças que trabalham em favor daquela assunção. A formação docente que se julgue superior a essas “intrigas” não faz outra coisa senão trabalhar em favor dos obstáculos. A solidariedade social e política de que precisamos para construir a sociedade menos feia e menos arestosa, em que podemos ser mais nós mesmos, tem na formação democrática uma prática de real importância. A aprendizagem da assunção do sujeito é incompatível com o treinamento pragmático ou com o elitismo autoritário dos que se pensam donos da verdade e do saber articulado”.

    Realmente fico muito satisfeito que boas cabeças como a sua, pensam em um projeto de ensino para o Brasil estando sempre atento com as mudanças e as atividades em escolas públicas, tanto estaduais quanto municipais, onde precisamos mais da pedagogia de Paulo Freire do que em escolas particulares onde a afirmação do cidadão já é feita por intermédio do capital e a absorção da cultura é feita através de “boa cultura” e a sociedade é percebida através de programas de controle de gastos.

  • Zezito de Oliveira, 23 de fevereiro de 2010 @ 14:40 Reply

    Leonardo,

    Sou professor de História e produtor cultural e entendo muito a importância da sua afirmação. Para corroborar o que você disse, trancrevo na integra um post que publiquei em um de meus blogs.
    sss://blogshist.blogspot.com

    Também postei um artigo no overmundo tratando de uma outra experiência que tive com a questão. sss://www.overmundo.com.br/overblog/o-central-da-periferia-na-escola
    No post do overmundo faço algumas sugestões para serem encampadas pelo MINC e pelo MEC, bem como por secretarias estaduais e/ou municipais de cultura e de educação.

    Abraço,

    BELEZA! (2) CAMPEONATO DE DANÇA NO JULIA TELES

    A sexta-feira, 23 de outubro, foi um dia especial para os alunos do Colégio Júlia Teles. Foi o dia da realização do campeonato de dança, o qual durante três semanas, mobilizou a atenção, muito concentrada por sinal, de um grupo de alunas bastantes comprometidas com a produção de uma tarde que proporcionasse alegria e prazer.

    E é fato! Nem nem deu para sentir o tempo passar. Ao contrário dos dias comuns, em que todos ficam querendo que o sinal de encerramento da última aula chegue logo.

    Mesmo com algumas situações que criaram desconforto e embaraços, como a questão da falta do microfone, dos problemas na passagem do som dos Cds e da caixa de som, esta parou de funcionar antes das duas últimas apresentações, voltando a funcionar algum tempo depois. Ainda bem! Respiramos todos.

    Outro fato que trouxe desconforto, foi a atitude das alunas que ficaram com a segundo colocação (Garotas Teles), ao não se conformarem com o resultado e por isso fazer acusações injustas, e até choro, por parte de algumas.

    Para mim, posso garantir que tanto o meu julgamento, como o das demais colegas que tomaram parte no juri, foi realizado com base em critérios técnicos, nada além disso.

    Por último, algumas questões que me chamaram a atenção:

    A dança é um poderoso canal para mobilizar corpos, corações e mentes da maioria dos adolescentes.
    Por entender que as nossas escolas estão encontrando muita dificuldade para trabalhar a mente, pouco consideram quanto aos aspectos corporais e passam distante do coração, considero urgente considerar a arte, incluindo a dança, como um portal para nos comunicarmos melhor e de forma mais integral com crianças e jovens.
    Mas, como isso começa de dentro para fora, não é hora dos educadores investir tempo e dinheiro para aprender a tocar um instrumento, a dançar, pintar, escrever versos, fotografar, filmar e etc?
    Quem já sabe e pratica, entende porque isso é necessário.

    Os estilos de dança apresentados foram o funk e o pagode. Na experiência como educador, produtor e gestor cultural, entendo que não dá para trabalhar com juventude sem deixar de levar em consideração os ritmos mais divulgados através da cultura de massa.
    Entretanto, não é recomendável, conviver tão somente com a reprodução pura e simples do que é visto nos programas de televisão e dos DVDs. As melhores experiências que compartilhei com profissionais da área de dança, incorpora elementos da cultura de massa para fazer coreografias, cujas bases estão assentadas na dança moderna, que tem em Isadora Duncam e Maria Graham, as suas expoentes principais.

    Por último, a questão do concurso é um fator de disputa e divisão. Como vejo, tantos motivos para alimentar isso nos dias atuais, considero uma questão que merece uma reflexão especial.

    No mais, deixo duas frases sobre a importância da festa e da beleza e que me ajudaram a entender o valor da arte, inclusive para aqueles que tem pouco poder aquisitivo.
    “Gente é pra brilhar e não pra morrer de fome” Caetano Veloso
    “Brilhar é o Axial” Barrinhos – artista, jornalista e produtor cultural sergipano, já falecido, e que proporcionou muitas alegrias a quem compartilhou da sua presença, mesmo a distância, como é o meu caso.

    O post acima foi publicado no endereço abaixo, clicando você também terá acesso a fotos.
    sss://blogshist.blogspot.com/2009/10/blog-post_27.html

  • Antonio S L, 23 de fevereiro de 2010 @ 21:57 Reply

    Você tocou em um ponto importantíssimo o qual aguardava aqui no blog, Educação, um mergulho (mesmo que superficial) no tema.

    Concordo com a tese de a solução estar em “queimar as grades curriculares” e arriscaria mais, como disse José Pacheco este ano aqui no Brasil, “a slução para a educação Brasileira está em fechar o ministério da educação”. Acredito plenamente que o novo grande passo para a educação é se espelhar em projetos “revolucionários” e audaciosos, recentes e antigos, como o colégio Allan Kardec de Eurípedes Barsanulfo (este é do século passado, porém interessantíssimo), A escola da Ponte de Portugal, Boys town nos Estados Unidos, entre tantos outros interessantes projetos. Há atualmente veneráveis iniciativas pontuais, mas ainda nada que ocorra em uma grande escala coletiva.

    Para este grande passo educacional, em que de fato “O conhecimento precisa ser construído a partir do indivíduo e da comunidade para o mundo” e “A sociedade precisa se envolver com o processo de formação de seus indivíduos. Estado nenhum dará conta disso” é nitia a necessidade de religação entre cultura e educação.

    Um grande abraço

  • Victor Souza, 24 de fevereiro de 2010 @ 8:51 Reply

    Leonardo, muito lúcida e bem fundamentada a sua reflexão. De fato, precisamos de um envolvimento maior da sociedade neste processo de construção do conhecimento, pois até então as grandes decisões em relação a educação são tomadas numa outra esfera, na qual a participação da população é ínfima, para não dizer nula.

  • Leonardo Brant, 24 de fevereiro de 2010 @ 11:48 Reply

    O ex-ministro dos assuntos estratégicos, Magabeira Unger, queria criar um burocracia estatal. A consumação das políticas de Estado em procedimentos claros, precisos, sistematizados dentro da lógica do interesse público, do atendimento ao cidadão e da eficácia do Estado. Está aí a nossa grande dificuldade. As disputas entre Lula e FHC para saber quem inventou a roda é patética. Ninguém está preocupado com o país e com o povo, apenas com o crédito, com a logomarca estampada nos programas, com o palanque das obras inacabadas.

    Por isso, nem essas experiência, citadas pelo Antonio, reforçadas pelo Zezito, pelo Fabio e pela grande maioria das contribuições acima, se transformarão em política pública. Tampouco os pontos de cultura, nosso modelo simbólico de desenvolvimento pela cultura. Este também já foi cooptado para a campanha, infelizmente. Abs, LB

  • Fabio Rios, 24 de fevereiro de 2010 @ 14:28 Reply

    Bom Tarde Brant.

    Lendo a sua resposta, me surgiu uma dúvida. Envolto aos livros de Paulo Freire, resolvi pesquisar qual o fundamento das teorias PEDAGÓGICAS defendidas pelo pensador, e creio não ter encontrado referências de estado, a não ser na aplicação ou viabilização da formação profissional, não citando se as instituições são privadas ou públicas.

    O que torna Paulo Freire brilhante e digno de citações é a sua relação com a sala de aula onde sua pedagogia é válida e podendo ser definida como de relação educando versus educador e indo mais além, nem sempre é específico quanto a sua pedagogia ser responsabilidade estritamente da escola, mas sim de educadores, leia-se como educadores, todo aquele que educa, professores, pais e responsáveis no mesmo balaio.

    Um outro ponto importante, é que não cito a relação de estado nem de governo, para não ser nem parcial nem polêmico.

  • Leonardo Brant, 25 de fevereiro de 2010 @ 8:35 Reply

    Quando Gandhi diz “seja você a mudança que deseja ver no mundo”, ela desafia, antes de qualquer pessoa, a si próprio, a dimensão do indivíduo, do cidadão e sua capacidade criadora. O Estado é o resultado de um conjunto de indivíduos autônomos, preparados para lidar com os seus desafios e o da coletividade.

    Toda política pública de cultura precisa ter uma dimensão do indivíduo, do cidadão. Isso é o que menos ocorre. Precisamos aplicá-la antes em nós mesmos. Essa dimensão micro está presente no Paulo Freire.

    Políticas públicas sempre pensam em como transmitir para o povo, uma massa homogênea, um projeto civilizatório, qualquer que seja. Para mim é sempre ruim, pois não gera essa autonomia. A política pública de cultura é tão perigosa quanto a da educação, sobretudo quando ambas trabalham sob o mesmo prisma, de transformar sujeitos em máquinas de consumo e de obediência civil.

    Como este Estado jamais vai mudar sem cidadãos livres, cientes dos deveres e da responsabilidade de ser cidadão, nós vamos ter que nos virar para gerar essa transformação, pois ela não vem do governo, nem deste, muito menos de qualquer outro.

    O governo Lula promove sim esta emancipação, por princípio e por conhecimento de causa. Mas devemos estar sempre atentos aos movimentos de controle da sociedade. Não há cidadão que se forme sob o controle do Estado. Não no Brasil no início do século XXI. Quem sabe depois de algumas experiências de poder democrático, pois o que temos até agora é muito pouco. Abs, LB

  • gil lopes, 25 de fevereiro de 2010 @ 12:03 Reply

    Leo, o discurso auto ajuda na tribuna já é ruim imagina fora dela…ehehe…é inevitável o ambiente de campanha, e muito bem vindo. Depois de 9 anos olha o Brasil nas urnas novamente…é a grande hora nacional, vamos a ela.
    Como “ninguém está preocupado com o povo…” quem é agora que vai ter esse privilégio? Quem será o preocupado agora? Vamos desconstruir nosso ambiente democrático tirando legitimidade dos nossos representantes, desqualificá-los sob a alegação que estão “jogando pra torcida”, essa seria boa?
    Sobretudo Lula, e FHC, porque não, são as melhores resultantes do nosso sonho democrático. Vamos por aí.
    “Quem sabe depois de algumas experiências democráticas…” se me permite, isso soa esquisito…quem sabe? qual o tamanho do risco dessas tais “experiências”, eu hein…quem é que quer experiências? Isso não fica bem por aqui, o Brasil é um gigante e não deve se permitir experiências…apesar disso muita gente, com boas e más intenções, sempre quis fazer “experiências” por aqui. A conquista da democracia é para acabar justamente com experiências. Vamos caminhando e nos acertando, sem grandes Planos Brasis e Experiências, e isso como consequência do Poder Democrático que vivemos.

  • Antonio S L, 25 de fevereiro de 2010 @ 22:16 Reply

    O que as políticas públicas ainda não fazem é fortalecer o verdadeiro poder da cultura, o de potencializar as ações e transformações individuais únicas e necessarias a cada ser.

  • Bruno Fischer, 26 de fevereiro de 2010 @ 14:50 Reply

    Penso também na formação dos professores. Será que elas dão suporte a esse diálogo educação/cultura? Um professor com formação em educação artística ou uma licenciatura específica de uma linguagem está preparado para traçar caminhos de conexão?
    Um outro aspecto que gostaria de salientar é que o Estado não é tão controlador da escola quanto parece. Os professores são os atores da sala de aula e não há uma fiscalização sistemática do que está sendo desenvolvido em suas aulas (para o bem e para o mal). Às vezes é preciso, como colocado pelo Leonardo, sair da lógica paternalista de esperar que toda mudança venha de cima para baixo e buscar linhas de fuga exatamente de onde se está. Se mudar políticas é preciso do ponto de vista macro, atitudes e posturas precisam ser tomadas em nível local.

  • Renata, 27 de fevereiro de 2010 @ 17:26 Reply

    Eu quero queimar as grades curriculares em praça pública!

    A linguagem da educação está falida. Os livros didáticos são mal escritos, a escola funcionaliza tudo. A escola não tem sido espaço para o erro que pesquisa, nem pra experimentação do pensamento, nem pra construção de conhecimento, nem pra experimentação de formas de linguagem que recriem o conhecimento a partir de expressões potentes de cada pessoa.
    A arte precisa entrar na escola, não como “aulas de educação artística”, mas como campo de conhecimento em diálogo com a educação.
    Políticas públicas de educação e cultura devem dialogar. A cultura ampliando a oferta de repertórios culturais e de linguagens, formando e tornando acessíveis equipamentos e manifestações artístico-culturais, e a educação formando para a criação e crítica num amplo leque de linguagens.
    Isso não é possível nas escolas que temos. O desmonte da educação pública (ao menos o que tenho visto em BH, Contagem e Minas Gerais) é assustador! Essas discussões não chegam a existir no cotidiano das escolas nem de administração pública.
    A escola não é considerada espaço de produção de conhecimento. A escola, herdeira do século XIX, destina-se a atualizar o conhecimento produzido para as novas gerações. Professores transmitiriam esse saber e os alunos seriam, no máximo, uma boa cópia dos mestres.
    Esse modelo está falido, principalmente após os ganhos trazidos pelas novas tecnologias da comunicação. Qualquer computador doméstico oferece mais informação que uma escola. O ensino à distância é muito mais barato que a manutenção da estrutura de um prédio escolar. A escola deve se transformar para a realidade que se apresenta, ou perderá seu sentido de existir. E a única forma potente, a meu ver, é a escola se afirmar como espaço criador.
    Parêntese: diferenciemos criatividade e criação. A criatividade refere-se à capacidade de criar novas respostas aos problemas apresentados. Criação, por sua vez, refere-se à capacidade de produzir novas perguntas.
    Quando você coloca que “o conhecimento precisa ser construído a partir do indivíduo e da comunidade”, concordo com você, mas isso só é possível se houver essa transformação da concepção atual de escola.

  • Juliano Barone, 28 de fevereiro de 2010 @ 0:57 Reply

    Concordo com o Bruno Fischer,

    Qual a formação necessária que um educador deverá ter para estar apto, dentro de sala de aula, a decidir uma metodologia de trabalho, com suas estratégias próprias, capaz de alcançar não somente o acúmulo de conhecimento técnico, mas também a formação social e indivídual de todos os participantes do processo educacional, inclusive os próprios educadores, coordenadores, diretores e outros?

    Acredito que apenas quando os educadores em exercício e os novos que começam seus trabalhos a cada ano, revisarem suas propostas de ensino, dialogarem suas opiniões com a instituição a qual prestam serviços e principalmente percerem as necessidades de cada aluno em relação ao seu meio social e suas expectativas como cidadão é que possibilidades de emancipação ocorrerão através da educação em comunhão com a cultura e a arte.

  • Gisele Costa, 1 de março de 2010 @ 15:25 Reply

    Com certeza Juliano! Como professora assino em baixo! O primeiro passo tem que ser dos educadores, que saem da universidade já com a formação ultrapassada. Na verdade, no ensino superior somos preparados para lecionar no ensino superior. Bem, digo na universidade pública, realmente não sei se o aplica às instituições particulares. Nas públicas, os professores tem preconceito quanto a preparar profissionais para educação básica, falta glamour né! Cansei de ouvir que educação básica não dá futuro, acredita!! Que os salários são baixos e as condições de trabalho são péssimas. O negócio é fazer universidade pública e não dá retorno nenhum social. Onde que esse povo vive hein?! Esses são os “intelectuais brasileiros”! Não adianta política pública se não tem gente de fato capacitada para dar conta delas. Não adianta criar projetos maravilhosos, socialmente revolucionários, se não existir revolucionários pra lutar!! Sabe por que a educação está no fosso? Por que quem tem condição de tirá-la de lá, não está a fim de por a mão na …

  • Nara Wedekin, 1 de março de 2010 @ 20:26 Reply

    Caro Brant,
    Estive lendo seu artigo e os comentários…
    Estou numa (quase surreal…) situação que ilustra a relação entre cultura e educação….
    Vou contar um pouco da’minha história: sou professora de teatro curricular numa escola municipal em Florianópolis. Dou aulas nas turmas de quinta à oitava séries. Desde 2004, desenvolvo um projeto na escola chamado Shakespeare no Rio Vermelho que monta comédias de Shakespeare na escola com os alunos das oitavas séries.
    Já montamos Sonho de uma Noite de Verão, Muito Barulho por Nada, Noite de Reis, A Megera Domada e As Alegres Comadres ( de Windsor).
    Ano passado me deparei com uma situação surreal: apesar do mínimo orçamento do projeto, este foi CORTADO pelo diretor da escola. Ainda assim no meio do ano, recebi a maravilhosa notícia que o grupo de teatro composto por ex-alunos do projeto foi aprovado numa lei estadual de incentivo à cultura, ganhamos dinheiro para fazer uma pequena turnë com o grupo de teatro…
    Neste ano a cereja do bolo: o projeto não foi renovado.
    Esta aí a situação surreal: uma iniciativa que une cultura e educação, que se desenvolve na edicação e transborda para a cultura é simplesmente ignorada e DESCARTADA pelo aparato educacional.
    Não tenho respostas, e minhas verdades são por vezes transitórias…
    Mas minha realidade é trabalhar na comunidade do Rio Vermelho tentando levar o acesso e a possibilidade de produção cultural esta comunidade…
    Acredito que o binömio cultura=educação podem sim andar juntos em disputa, mas com retroalimentação.
    Um exemplo claro disso para mim é quando os meus alunos SENTAM PARA LER SHAKESPEARE na oitava série. Não porque eu mandei ou porque eles têm que fazer algum trabalho, mas sim porque eles querem, eles se interessam…
    Mesmo assim (por várias vezes) que me pergunto quanto tempo ainda aguentarei no oficio de educadora e diretora teatral tendo que me deparar com situações verdadeiramente surreais….

  • wposnik, 4 de março de 2010 @ 19:03 Reply

    Leonardo:
    Volta a este espaço, apenas para acrescentar mais um elemento, nesta discussão bastante profícua. Acho que a simbiose Educação-Cultura, deveria começar, na mais tenra infância; seja em casa, ou na pré-escola. E nada melhor do que o destaque e a valorização da narrativa, como bem demonstram inúmeros estudos disponíveis: sua solução consistente na infância, quase que garante sucesso em todo o processo educativo formal – até o nível superior. A criança, quando passa das primeiras palavras, para a articulação das idéias mais simples, começa a ordenar seus processos reflexivos. Estimulá-la a se desenvolver nestas práticas, reforça a simbiose. Assim nascem os melhores contadores de estórias. Ou os melhores observadores do que se passa à sua volta ! Estória contada é estória recriada. Nada de alfabetização precoce. Dispor de pais com bom nível de escolaridade é ‘meio caminho andado’; freqüentar uma boa pré-escola, são outros passos largos – realidade cujo acesso alcança apenas as classes socialmente privilegiadas. Contudo, 90-95% da clientela da nossa escola pública, não tem esses privilégios. Como resolver esse desafio, que é antes de tudo, de cidadania cultural ?

  • Silmar Oliveira, 21 de abril de 2010 @ 9:53 Reply

    Na expectativa de colaborar, incitando reflexões, segue link de “Música e Educação”, artigo que postei em janeiro/2010: sss://silmaroliveira.blogspot.com/2010/01/musica-e-educacao.html

    Grato.

  • Nelize, 29 de agosto de 2010 @ 15:06 Reply

    Sim, educação e cultura de mãos dadas! Educação, para mim, é um tema muito especial e um dos mais complexos. Eu vivi um breve privilégio de estudar em uma boa escola pública durante a educação básica, e foi durante este período que entendi que o mais importante não é ensinar conteúdos, martelar fatos ou decorar fórmulas, mas sim aprender a pensar. Infelizmente uma má gestão pública destruiu um modelo de escola que avançava a todo vapor, que alcançava o que muitas escolas particulares não tinham condição oferecer, pois estavam preocupadas na época em oferecer outros "valores". Foi um golpe muito duro escutar de uma secretaria de educação que nenhuma escola poderia ser "diferente" da outra, e mais vez, nivelaram por baixo. Se no futuro conseguirem fazer uma interação produtiva entre Minc e MEC, seria maravilhoso, mas tenho muitas dúvidas se realmente estão a procura do melhor para a educação, a procura por multiplicar os casos de sucesso, ao vez de bani-los.

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