A celebração de outras culturas, olhares, crenças, modos de vida e realidades diferentes dos nossos é fundamental para o processo de formação do indivíduo, para a compreensão do mundo e a manutenção da paz. O cidadão deve buscar canais de informação alternativos e diversos. O Estado deve garantir a manutenção desses canais.

A diversidade (biológica, mental, cultural, espiritual, geográfica) está implícita em tudo que fazemos ou deixamos de fazer. Mas a diversidade que procuramos através de trocas de impressões e textos, de fato, é mais embaixo. está passando da hora de o ser humano em geral se enxergar e começar a praticar o que sabe. Sim, somos e vivemos diversos e estamos cansados de saber de tudo, quando vamos parar de fingir?

A informação de outras gerações vem empacotadas em nosso dna, e no entanto ainda deixamos de acreditar no que já sabemos. O click na mente pode acontecer a qualquer hora, mas ele só se tornará realidade se acontecer de a ficha cair para todos nós, na mesma urna.

A pergunta é: o que fazer para ajudar essa ficha cair e finalmente nos vermos no espelho? diversidade, neste sentido de agora, por que não dizer? é apenas mais um álibi para nossa reflexão circular e mais uma desculpa de sísifo para recomeçar.

Para garantir a manutenção dos canais de informações alternativos e diversos, o indivíduo deverá ter o conhecimento através do Estado e de seu próprio espírito de investigação. E, para que ocorra esta inter- relação- ação deverá compartilhar de sua maturidade de aprendizagem. Podemos conviver as diversidades com olhares diferentes, mas se cultivar a ignorância totalitária serei sempre mais um parasita como cidadão no mundo econômico, político, social, educacional, sustentável e cultural na qual está inserido.

A questão da intolerância é incômoda. Não podemos aceitar com tranquilidade discursos que promovem uma falsa proteção de uma cultura impedindo o convívio com outra. Quando o assunto é imigração isso fica bem claro.

Os valores, a cultura, as crenças são fortalecidos pelo respeito e dedicação que temos pelo o que acreditamos, pelo o que podemos pensar e decidir, pelas condições que nos foram dadas, nossa formação e desenvolvimento. Ninguém pode ser “contagiado” por nenhum desses fatores, o que somos é o que construímos.

Segundo Jung, o processo de formação de um determinado sujeito permeia pela plena consciência da sua individualidade. Ao somatório caracterísiticos dos seus atributos, que são inerentes a alma humana. Isto está diretamente conectado ao seu sistema de crenças, olhares, modos de vida, e valores que constituem a sua originalidade e unicidade enquanto um ser social.

O próposito maior é alcançar a sua individualidade, nesse estágio, se, nota, a, não mais procura de comparar-se aos outros. A partir desse instante encontra a sua singularidade. Antes de buscar os canais de informação alternativos e diversos, o objeto da formação social e crítica da cidadão se sobrepõe a difusão do ato de fluir a comunicação.

A formação cidadã de qualidade deve se sobrepor aos canais de infomação alternaivos e diversos. De que adianta informar sem formar com conteúdo de qualidade?

Cabe a socidedade civil organizada, a maturidade de cobrar dos seus representantes legislativos, eleitos, o direito a sua cidadania na construção da sua formação individual multiétnica para compreensão de sua memória coletiva, e consequentemente a manutenção tolerável da paz entre as as mais variadas culturas.

* Colocabore com este texto, complementando-o no campo de “comentários”. Nesta versão preliminar, este texto coletivo, foi escrito pelos coautores: Eunísia Inês Kilian, Fabio Maciel, Leonardo Brant, Nelise Niu, Oswaldo César Fernandes, Copque, Px Silveira e Ricardo Albuquerque.


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

5Comentários

  • px silveira, 22 de outubro de 2010 @ 20:55 Reply

    belo texto, modéstias à parte (é assim que se pode falar na era colaborativa?).
    mas como nos iludimos ao pensar que assim fazendo estaremos pontuando a favor da cultura. porque ela não nasce aqui. e porque daqui nada podemos fazer para conter a sanha do novo ministro da cultura.
    recuso-me a sonhar mais quatro anos. chega. exportamos know how para inglaterra (salve lá célio turino, deputado derrotado, porém lord palestrador).
    a verdade é que a insanidade bate à porta e a cultura teria perdido o bonde lá atrás, logo depois de adão lotear o paraíso. o anjo gabriel não é o chico buarque, que é zonzo e também apoia el paredon e hugo chavez pousado no ombro do leonardo boff.
    sou pela erradicação do ministério da cultura e sua diluição em todos os outros ministérios de uma nação que mautner desde josé bonifácio diz será a amálgama do mundo.
    perdoem-me a pressa inerte. mas se a cultura começa no meio de gente e se a gente não vive a cultura, morremos com ela.

  • gil lopes, 23 de outubro de 2010 @ 13:29 Reply

    É uma beleza quando a gente vê um argentino jogando bola no Brasil. Um país afirmado na sua prática esportiva recebe muito bem o talento que vem de fora. O duro é ter que ver bom futebol jogado no exterior, como nossos melhores craques jogando e vivendo por lá. Ao mesmo tempo que temos orgulho deles lamentamos não tê-los aqui para nosso deleite semanal. É muito triste não poder vê-los no campo, admirá-los na intimidade. Como seria se os ingleses só vissem pela TV seus grandes artistas? Ou os franceses lendo seus escritores noutra língua? Os americanos sem suas estrelas?

  • Carlos Henrique Machado, 24 de outubro de 2010 @ 10:49 Reply

    Talvez, Leonardo, o choque do ensaio sobre uma política de respeito ao multiculturalismo, à pluritonalidade, à história e às conquistas de cada cidadão, que são na essência uma linguagem independente, choquem com o diletantismo obcecado pelos gênios do civilismo que insistem, num desrespeito fatalista, em mergulhar no doce pecado de se acharem os grandes sabedores da importância cultural.

    Talvez a política do multiculturalismo vigiado pela lógica corporativa e sua falsificação como entidade psicológica não tenha conseguido conviver sequer com as cordas dos quartetos do exotismo jesuíta. Era fatal esse choque. O império parece que sempre principia abundando os Rossinis de fichinha que, no Brasil, carregam defeitos grandes, bastante ignorância e leviandade sistematizada sobre o próprio Brasil. E aí, os formatos se chocam. Para os modernos, a sociedade deve ter a liberdade de buscar o alimento dentro de um extenso pasto das sesmarias corporativas, já a polifonia nórdica dos nossos europeus quer preservar o gado na engorda dentro de seus cubículos. A única coisa em que essas duas correntes coincidem em sua falsificação como entidades, é a prática de manter um cajado, um cabresto amarrado no pescoço do boi fujão.

    É mais ou menos isso. Queremos um cidadão temente, como eu já disse, um modernismo criacionista, um exotismo até mesmo para nó. Isso não tem força pelo próprio ato inconclusivo de propor reformas diante de um pensamento vivo que obviamente é reconhecível pela nossa natural brasilidade. Falta inspiração no mundo do relógio inglês. A cultura do exclusivismo reacionário que quer determinar com rapidez e firmesa a mudança de toda uma sociedade, revela-se agora mais que nunca, perfeitamente boba. É o turco falando em francês em terras brasileiras. Aí, não tem jeito, pois, sacana como sempre, o brasileiro faz marchinha e, aproveitando a facilidade melódica, faz chacota de tudo isso como elemento da expressão racial. Eis a dinâmica do nosso adorado Macunaíma que sempre se sustentou fora dessas obrigatoriedades e rebolou em síncope libertária para impor, através do ritmo, seu ponto de vista e seu mensuralismo diante da própria vida.

  • Carlos Henrique Machado, 24 de outubro de 2010 @ 11:51 Reply

    PX ou X9?

    Às vezes você faz lembrar aquele garoto mimado que, quando ficava no time de fora nas peladas, passava com o abaixo-assinado de D. Maroca que dizia: que a bola de meia que animava as peladas, era um risco para as vidraças e que deveria acabar com os rachas substituindo o campinho por uma inóspita praça.

    Apostar no tudo ou nada, PX, é a sentença da própria morte. Vamos respeitar o estatuto da gafieira. Esse seu alarido (ganso) me faz lembrar Aloyzio Nunes e sua trombeta anti-chavista.

    Acho que a fala de Chico Buarque lhe incomodou bastante, sobretudo aquele trecho em que ele diz que Lula é respeitado no mundo porque não fala fino Washington e não fala grosso com a Bolívia e o Paraguai.

    Vamos lá, PX, deixa a menina sambar em paz!

  • Diego, 24 de outubro de 2010 @ 21:33 Reply

    Köpke !

    Muito Bom.

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