Como deve ser a interlocução entre poder público e sociedade civil articulada no campo da cultura? Nos últimos anos, vimos uma superposição de instâncias de participação, entrecruzadas por conselhos, câmaras, colegiados, comitês, grupos de trabalho, sindicatos, partidos políticos e um sem-número de iniciativas como consultas públicas, conferências, encontros e seminários.
Se por um lado o diálogo direto com o povo supre um vácuo centenário de presença do Estado, por outro gera uma quebra sistêmica, colocando a já desgastada democracia representativa em xeque, confrontando-a com uma frágil e caótica teia de relações que empodera agentes escolhidos por força da proximidade e empatia, reforçando vínculos clientelistas com feudos e igrejinhas legitimados pela força do poder público.
A coexistência entre democracia direta e representativa nas políticas culturais é uma urgência. Mas é preciso ciência. Governo e sociedade precisam se articular para criar novas metodologias de diálogo, que sejam legítimas, democráticas e fortaleçam as instâncias de participação, organizadas para facilitar o fluxo de informação, a transparência e a inclusão de agendas urgentes para a construção de uma democracia cultural.
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