Termos como planejamento colaborativo, co-criação e processo há algum tempo vêm sendo adotados em áreas como Terceiro Setor, comunicação, inovação e recentemente têm se consolidado também no universo corporativo.

A tendência de buscar soluções mais participativas e colaboradas na gestão aponta a deficiência de modelos mais centralizados e hierárquicos na resolução de problemas e também o desejo de criar bases de atuação mais estruturantes junto aos diversos públicos.

Há alguns anos adotando essas mesmas práticas em metodologias para projetos nas áreas culturais, criativas e sociais, passei a me debruçar sobre o desenvolvimento de métodos colaborativos voltados para a gestão nessas mesmas áreas. Não me parecia mais suficiente trabalharmos com métodos essencialmente colaborativos na criação se a forma de gerir os projetos também não reverberasse na mesma sintonia.

O ‘como fazemos’ ganhou uma dimensão de pesquisa no meu dia a dia profissional. Pesquisar a gestão surgiu também como resposta a uma inquietação pessoal em perseguir uma ampliação de efetividade nos projetos realizados. Não se trata apenas de fazer bem e com qualidade, mas fazer visando à ampliação de efeitos positivos para os diversos públicos envolvidos nas ações – sejam públicos internos ou externos.

Percorrendo o caminho de uma gestão mais efetiva e sustentável, pontuo quatro aspectos que considero centrais para a atuação colaborada:

Abordagem sistêmica e circular
Pensar projetos como um sistema vivo permite ao gestor alcançar a complexidade inerente às ações e criar condições para ampliar os efeitos positivos que delas derivam. Projetos são ambientes extremamente ricos e dinâmicos de aprendizagem contínua. Para aprendermos ao empreender é importante abrirmos espaço para pesquisar sobre as nossas práticas, como ciclos constantes de aprendizagem.

Diálogo
Um projeto é o futuro a fazer, um possível a transformar em real. Para que essa transformação se dê de forma plena para os diversos envolvidos é necessário haver diálogo. Fundamental entender a dialogia como uma prática que permite o estabelecimento de relações humanas mais harmônicas e fluidas e também como meio para aprofundar e consolidar objetivos convergentes. A dialogia é condição essencial para alcançar o êxito de projetos sustentáveis.

Articulação em rede
A articulação em redes é uma das formas mais potentes de viabilizar projetos e empreendimentos sob o prisma da economia sustentável. Em configurações descentralizadas como essas preservamos e potencializamos o valor de cada participante, mas permitimos, por outro lado, viabilizar o crescimento numa medida equilibrada do(s) outro(s). Isso porque passamos a atuar de forma interdependente. O crescimento de um potencializa o crescimento do outro.

Funcionalidade dos arranjos e equipes
Trabalhar junto e em grupo não significa prescindir da função individual em nome do coletivo, mas, pelo contrário, ter muita clareza quanto à função, vontade, talento e potencial de cada parte, cada indivíduo para constituir um movimento mais funcional e complementar na articulação do grupo, do todo.

Esses são alguns dos aspectos que irei abordar no curso Gestão Sociocriativa, que ministrarei no Cemec, entre 23 e 24 de agosto. Clique aqui para ver o programa.


contributor

Formada em Relações Internacionais pela PUC-SP, é especializada em marketing cultural e gestão para Terceiro Setor. Fundadora da COM TATO, desde 2001 atua como gestora de projetos culturais.

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