Em novembro, a gestora cultural Liliana Magalhães tornou-se a nova Gerente de Cultura do Sesc Rio de Janeiro.

Liliana tem formação em arte-educação (UFPE) e especialização em marketing (FGV-RJ). Vice-presidente da Associação Brasileira de Gestão Cultural e professora da disciplina de Desenvolvimento de Públicos do MBA de Gestão Cultural da Universidade Candido Mendes, faz parte do Conselho de Administração da Fundação Bienal do Mercosul e como executiva atuou na Fundação Joaquim Nabuco e na Fundação Roberto Marinho.

Também foi consultora da Unesco e esteve à frente da área de cultura do Santander no Brasil por nove anos, como superintendente do Santander Cultural.

Nesta entrevista ao Cultura e Mercado, ela fala sobre os principais desafios na gestão de cultura do Sesc Rio, a agenda de trabalho para 2013 e o que pretende fazer para contribuir com o desenvolvimento criativo no Estado.

Cultura e Mercado – Quando e como surgiu o convite para que você assumisse a gerência de cultura do Sesc Rio?
Liliana Magalhães – Um aluno da minha turma (da disciplina de Desenvolvimento de Públicos que ensino no MBA de Gestão Cultural da Associação Brasileira de Gestão Cultural /Universidade Candido Mendes) e funcionário do SESC Rio me sugeriu a concorrer à vaga, que estava aberta. Ao mesmo tempo, recebi também contato de pessoas amigas da área com o mesmo propósito. Afinal, como resultado de um processo de entrevistas onde houve muita afinidade, veio o convite da Superintendência de Produtos e Serviços da qual a gerência faz parte.

CeM – Quais são seus principais desafios no cargo?
LM – Um dos principais é o de reestruturar a função da gerência de cultura para atender ao desafio de ampliar e legitimar sua atuação e isso passa necessariamente por novos processos de gestão integrados tanto internos como com os diversos agentes dos setores culturais. Um outro, também fundamental é o de fazer florescer o imenso potencial dessa grande rede de pessoas, ideias, ações e estrutura num Estado num raro momento de renovação e integração social.

CeM – Para 2013, já foi definida uma agenda de trabalho?
LM – Está em elaboração mas a agenda passa por três eixos: o de posicionamento que é voltado à experimentação e à reflexão; o de conexões que visa elaborar e participar de programas que potencializem a criatividade e a produtividade cultural fluminense e o de atuação com iniciativas que integrem conhecimentos, competências e práticas de acordo com a diversidade e as demandas dos públicos.

CeM – De que maneira sua gerência poderá contribuir com a agenda do desenvolvimento criativo no Estado? Já existem ações práticas previstas neste sentido?
LM – São muitas as maneiras. Para começar, estamos criando um sistema para permanente diálogo com os diversos setores da cadeia produtiva da cultura e com as unidades do Sesc Rio e suas comunidades para criar os modelos colaborativos. Potencializar a capacidade criativa, reflexiva e crítica das pessoas é o mote.

CeM – Quantas unidades tem o Sesc Rio? Existem as que estão mais avançadas no que diz respeito ao desenvolvimento de uma agenda cultural?
LM – No geral elas atendem e trabalham com as ofertas de bens e serviços culturais a partir de seus relacionamentos com as comunidades e isso por si só já mobiliza uma agenda cultural. São 22 unidades ao todo. Posso relacionar o Espaço Sesc, em Copacabana, o Teatro Sesc Ginástico e o Sesc Tijuca. Essas  unidades já trilham um ótimo caminho, um exemplo de agenda de experimentação tanto com o universo cultural como com os seus públicos. Outras operam de forma mais diversificada e programática e tem ainda as mais pontuais que atendem as demandas específicas de suas comunidades. O que me parece oportuno é despertar a consciência dessa força, definir o perfil das unidades e mobilizar esforços, recursos e parcerias para colaborar de acordo com as vocações locais para o desenvolvimento que vive o Estado hoje.

CeM O Sesc SP é exemplo internacional de gestão na área cultural. Existe um diálogo entre as gerências dos dois estados? Se não, pretende fazer?
LM – A visão e a orientação cultural do Sesc São Paulo, liderada por Danilo Miranda, criou um modelo de gestão que todos nós que trabalhamos com gestão cultural nos inspiramos, aprendemos e de alguma forma somos impactados. Compactuo com a forma ampla, generosa e plural no trato com a cultura. Desde o início de minha carreira sinto uma profunda cumplicidade com essa prática do Sesc que está na base de sua missão. No início dos anos 2000 tive o prazer de contar com o Danilo para refletir sobre o modelo de gestão associativa que estávamos implantando no Santander Cultural e, desde então tenho a satisfação de estar próxima dele em questões da gestão cultural brasileira e de cooperação internacional. Como se sabe, a gestão do Sesc é regionalizada e sem dúvida que o diálogo será intenso.


Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

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