O livro de Carla Lobo é uma deliciosa surpresa. Raridade no setor cultural, a publicação traz dicas, apontamentos e transfere para os iniciantes a experiência de mais de uma década à frente de importantes produções, como Fórum Internacional de Dança e o Festival Tudo é Jazz.
A produtora cultural Carla Lobo lança seu primeiro livro “Diário de Produção: Relato, dicas, experiências e casos de quem aprendeu a produção cultural na prática”.
Realizada com recursos do Fundo Municipal de Cultura pela Joaquina Cultura, a obra é contada em forma de diário, com uma linguagem simples e bem-humorada onde Carla Lobo compartilha com o leitor todos os detalhes que envolvem a produção de um grande evento. E experiência não falta a essa arquiteta por formação e produtora cultural por profissão e vocação: há 13 anos, ela é a diretora executiva do FID Fórum Internacional de Dança, além de ter em seu currículo diversos outros eventos culturais de grande porte como Tudo É Jazz – Festival Internacional de Jazz de Ouro Preto e Encontro Mundial das Artes Cênicas (ECUM). Carla também já atuou como diretora de captação e marketing da Fundação Clóvis Salgado e atualmente é professora de dois cursos de pós-graduação da PUC-Minas desde 2004: Produção e Crítica da Cultura (com a disciplina Produção Especializada em Artes Cênicas) e Organização de Eventos (com a disciplina Organização de Eventos Artísticos).
“Entrei neste trabalho por acaso, porque a Adriana Banana havia criado o Festival Internacional de Dança e precisava de ajuda para a produção. Por um tempo, conciliei esse trabalho com o escritório de arquitetura. Mas houve o momento em que tive que optar por um lado. Escolhi continuar com a produção porque, aos poucos, fui me reconhecendo em uma nova área”, conta Carla Lobo, sobre seus primeiros passos como produtora cultural.
Logística de hospedagem, alimentação e transporte de artistas e convidados, estratégias de comunicação e divulgação, contratos jurídicos, leis de incentivo e dados técnicos para a apresentação artística são alguns dos pontos abordados por Carla Lobo em “Diário de Produção”. Os imprevistos, tradicionais na rotina de quem trabalha nesta área, são descritos pela autora em muitos momentos da obra. Assim, uma pessoa que está dando seus primeiros passos na área de produção cultural pode aprender, com este livro, cada detalhe que envolve a profissão.
Como Carla não havia planejado mergulhar nesta nova profissão, seu aprendizado aconteceu com a prática, ou seja, na base dos erros e acertos. “Na época em que comecei, não havia quem nos ensinasse como reservar uma passagem de avião ou resolver um grande pepino. A bibliografia era apenas teórica. Achei interessante passar isso para um livro. Para as pessoas que pretendem investir em produção cultural, a obra pode ser muito proveitosa. Para quem já está nesta área, pode ser interessante ler sobre acontecimentos pelo quais passei e esta pessoa ainda não havia imaginado que pudesse acontecer”, diz a autora, que foi incentivada a escrever um livro por seus alunos do curso da PUC-Minas.
Segundo ela, o mercado para produção cultural está em expansão e cada vez mais exigente. Como a produção cultural envolve muitas áreas, é importante que o profissional conheça todas as facetas da realização de um evento – logística, comunicação, palco, administração financeira, etc – para se destacar no mercado. “Não se trata simplesmente de chegar lá e fazer um show. O produtor tem que pensar em seu público, em acesso à cultura. Deve ter responsabilidade com seu trabalho, principalmente porque, muitas vezes, ele está utilizando dinheiro público”, afirma.
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