O Movimento de trabalhadores da cultura quer tornar pública sua indignação e recusa ao tratamento que vem sendo dado à cultura deste país, aprofundando e reafirmando as posições defendidas desde 1999, no Movimento Arte Contra Bárbarie. A arte é um elemento insubstituível para um país por registrar, difundir e refletir o imaginário de seu povo. Cultura é prioridade de Estado, por fundamentar o exercício crítico do ser humano na construção de uma sociedade mais justa.

A produção artística vive uma situação de estrangulamento que é resultado da mercantilização imposta à cultura e à sociedade brasileiras. O estado prioriza o capital e os governos municipais, estaduais  e federal teimam em privatizar a cultura, a saúde e a educação. É esse discurso que confunde uma política para a agricultura com dinheiro para o agronegócio; educação com transferência de recursos públicos para faculdades privadas; incentivo à cultura com Imposto de Renda usado para o marketing, servindo a propaganda de grandes corporações. Por meio da renúncia fiscal  – em leis como a Lei Rouanet  – os governos transferem a administração de dinheiro público destinado à produção cultural, para as mãos das empresas. Dinheiro público utilizado para interesses privados. Esta política não amplia o acesso aos bens culturais e principalmente não garante a produção continuada de projetos culturais.

Em 2011 a cultura sofreu mais um ataque: um corte de 2/3 de sua verba anual (de 0,2% foi para 0,06% do orçamento geral da União) em um momento de prosperidade da economia brasileira. Esta regressão implicou na suspensão de todos os editais federais de incentivo à Cultura no país, num processo claro de destruição das poucas conquistas da categoria. Enquanto isso, a renúncia fiscal da Lei Rouanet, não sofreu qualquer alteração apesar de inúmeras críticas de toda a sociedade.

Trabalhadores da Cultura,  é HORA DE PERDER A PACIÊNCIA: Exigimos dinheiro público para arte pública!

Arte pública é aquela financiada por dinheiro público, oferecida gratuitamente, acessível a amplas camadas da população  – arte feita para o povo. Arte pública é aquela que oferece condições para que qualquer cidadão possa escolhê-la como seu ofício e, escolhendo-a, possa viver dela  – arte feita pelo povo.   Por uma arte pública tanto nós, trabalhadores da cultura, como toda a população tem seu direito ao acesso irrestrito aos bens culturais, exigimos programas  – e não um programa único  – estabelecidos em leis com orçamentos próprios, que estruturem uma política cultural contínua e independente – como é o caso do Prêmio Teatro Brasileiro, um modelo de lei proposto pela categoria após mais de 10 anos de discussões.   Por uma arte pública exigimos Fundos de Cultura, também estabelecidos em lei, com regras e orçamentos próprios a serem obedecidos pelos governos e executados por meio de editais públicos, reelaborados constantemente com a participação da sociedade e não apenas nos gabinetes. Por uma arte pública, exigimos a imediata votação da PEC 236, que prevê a cultura como direito social, e também imediata votação da PEC 150, que garante que 2% do orçamento da União seja destinado à Cultura, nos padrões propostos pela ONU, para que assim tenhamos recursos que possibilitem o tratamento merecido à cultura brasileira.

Por uma arte pública, exigimos a imediata publicação dos editais de incentivo cultural que foram suspensos e o descontingenciamento imediato da já pequena verba destinada à Cultura. Por uma arte pública, exigimos o fim da política de privatizações e sucateamentos dos equipamentos culturais, o fim das leis de renúncia fiscal, o fim da burocratização dos espaços públicos e das contínuas repressões e proibições que os trabalhadores da cultura têm diariamente sofrido em sua luta pela sobrevivência. Por uma arte pública queremos ter representatividade dentro das  comissões dos editais, ter representatividade nas decisões e deliberações sobre a cultura, que estão nas mãos dos interesses do mercado. Por uma arte pública, hoje nos dirigimos à
Senhora Presidente da República, aos Senhores Ministros da Fazenda e às Senhoras Ministras do Planejamento e Casa Civil, já que o Ministério da Cultura, devido seu baixo orçamento encontra-se moribundo e impotente.

Exigimos a criação de uma política pública e não mercantil de cultura, uma política de Estado, que não pode se restringir às ações e oscilações dos governos de plantão. O Movimento de Trabalhadores da Cultura chama toda a população a se unir a nós nesta luta.

* Texto coletivo do Movimento de Trabalhadores de Cultura.


contributor

1Comentário

  • Piassa®, 27 de julho de 2011 @ 16:31 Reply

    Eu defendo que deveríamos fazer uma Marcha em prol da Cultura, exigindo maior empenho dos Parlamentares eleitos as questões Culturais, na aprovação de orçamentos mais condizentes as necessidades Brasileiras… É um absurdo a verba destinada ao Ministério da Cultura, mesmo tendo vontade e ate disponibilidade para trabalhar, acredito que a Ministra da Cultura Ana de Hollanda, se vê de mão atadas pela dimensão continental do Brasil e a diversidade Cultural que temos como Nação… Defendo também a aposentadoria aos Escritores, Pintores e Escultores proporcionais a seu tempo de trabalho, com contagem regressiva… Hoje quando você anda pelos ateliês e estúdios de renomados Escritores, Pintores, Escultores que passaram a vida dedicada Arte e a divulgação da Cultura Brasileira e os vê vivendo nas mais precárias condições humanas vêem a pergunta que Pais é esse que Cultura é essa que mata com o abandono os que se entregaram com amor aos seus ofícios para manter viva a Cultura de um povo!
    Piassa®

    Blogs:
    sss://www.movimentospiassa.blogspot.com ♥
    sss://piassa.blogspot.com ♥♥
    sss://www.studiooz.blogspot.com ♥♥♥
    sss://studiopiassa.blogspot.com ♥♥♥♥
    sss://studiovanguarda.blogspot.com ♥♥♥♥♥

    Twitter: sss://twitter.com/#!/studiopiassa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *