Foto: JB55
A crise financeira internacional vitimou seriamente a cultura brasileira., mais especificamente os artistas e produtores da área cultural do Estado de São Paulo. 

A notícia da diminuição dos recursos captados pelo ICMS e demais impostos preocupava a todos, pois no caso do ProaC/ICMS significaria  uma diminuição significativa dos recursos disponíveis para a articulação de projetos, mas no dia 7 de agosto de 2009 constatamos através  do Diário Oficial que o Secretário de Estado e Cultura de São Paulo achou prudente que o ProaC ICMS não mais permitirá a inclusão de novos proponentes, muito menos aceitará novos projetos. Tal ação é lamentosa, gerando séria conseqüência para a arte e cultura.

São duas conseqüências sérias que tal ação promove: 1 – A elevação do desemprego no setor artístico, cultural e no técnico, que serve de suporte para a efetivação de projetos. A cada mês em media 46 novos projetos seriam apresentados, representando o fechamento mensal médio de 4140 vagas de trabalho. Trabalhadores estes, que ao estarem desempregados , deixarão de consumir, fator que diminuirá os recolhimentos de impostos em um circulo vicioso; 2 – Cada projeto em media atende por meio de oficinas, cursos, espetáculos, distribuição de livros, shows musicais, de dança, de circo, etc. Cerca de 2.000 pessoas em média, perfazendo o fechamento do acesso mensal médio de 180.000 indivíduos ao consumo de bens artísticos e culturais; indivíduos que são os mais excluídos do consumo de bens culturais.

O ônus, que tal ação de “prudência”, deixará no cenário cultural do Estado de São Paulo com a elevação do desemprego de artistas, técnicos e demais profissionais que exercem atividades diretas ou  promovem a produção de produtos consumidos pelos projetos cultuais, assim como a elevação do não acesso de excluídos a produtos culturais e artísticos e  um retrocesso indesejável e indigesto.

Nos bastidores comenta-se que a motivação de tal decisão é decorrente do não funcionamento de outros incentivos fiscais, o que veio a sobrecarregar a demanda por recursos de incentivo fiscal do ProaC ICMS, o único instrumento de recursos para projetos artísticos e culturais, principalmente nesta fase em que a Lei Rouanet  encontra-se em debates para incorporação de modificações significativas.

Diante de tal quadro somente poderemos estar em luto até que o incentivo voltado para a produção cultural renasça em sua plenitude liberdade para que novos proponentes e projetos possam ser articulados.

Resolução SC – 53, de 7-8-2009

O Secretário de Estado da Cultura, considerando as restrições orçamentárias que estão sendo impostas a todos os órgãos do Governo, em decorrência da crise econômica e seus impactos na arrecadação do ICMS que é a fonte de recursos doProAC, por medida de prudência, resolve que:

Artigo1º -Estão suspensas provisoriamente as inscrições de novos proponentes e projetos culturais para a obtenção  dos benefícios do ProAC -Programa de Ação Cultural, por meio do incentivo fiscal do ICMS.

Parágrafo Único – Os projetos já inscritos continuarão em trâmite de análise pela CAP – Comissão de Análise de Projetos.

Artigo 2º – Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.


contributor

Wellington R Costa é bacharel em Artes Plásticas pela FEBASP com extensão pela ECA/USP. Possui ampla formação técnica no meio artístico e cultural, atuando como artista plástico, ator, produtor, jornalista, gestor de entidades culturais, formatador de projetos e professor. Também é integrante de várias organizações culturais, como: SP-RAC, AIAP/UNESCO, Sinapesp, Cooperativa Cultural Brasileira, Membro do Fórum Permanente Incubadora da FAPESP: Museus e Arte, Abramus, AUTVIS, AGAUVI, Rede Nacional de Jornalistas Populares, SAVA – Sociedad de Artistas Visuales Argentinos, Fórum da Cultura Digital Brasileira, entre outros.

6Comentários

  • Marcos, 14 de agosto de 2009 @ 23:05 Reply

    Gostaria de saber em que dados/estatísticas o autor do artigo se baseou para afirmar que cada projeto que consegue recursos via ProAc ICMS atende a média de 2.000 pessoas e que o acesso mensal médio através desses mesmos projetos é de 180.000 pessoas.

  • Priscila, 15 de agosto de 2009 @ 1:17 Reply

    Este autor diz que a suspensão temporária da inscrição de projetos na lei de incentivo do ProAc irá elevar o desemprego no setor, já que “A cada mês em media 46 novos projetos seriam apresentados, representando o fechamento mensal médio de 4140 vagas de trabalho”. Como ele consegue prever essa média de projetos mensais? Como ele consegue prever que esses mesmos projetos representariam esse número de vagas de trabalho? E afirmar categoricamente que essa notícia trará aumento de desemprego no segtor não é partir de uma suposição (equivocada, no meu entender) de que todos esse projetos inscritos na lei conseguiriam captar recursos?

  • roberto malta, 16 de agosto de 2009 @ 13:43 Reply

    Interessante. Confirma-se tendência atual de reducionismo do pensamento ao economicista sobre tudo que diz respeito a Cultura.Preocupamo-nos com os números, com totalizadores alguns achando que o cálculo é inexado ou muito alto como se 4.000 empregos fosse pior que 2000 ou 500, e deixamos de analisar o mecanismo de esvaziamento do fazer cultural que implica em pensar, criar, refletir, executar, modificar, desenvolver. O fechamento “provisório”, é claro, como diz o texto da resolução 53, não vai interromper é claro (de novo) nem o soldo do sr. secretário nem o dos que movem ou emperram a máquina da secretaria da cultura (soldos estes legais, previstos em Lei). Mas, aos que se movem no lodaçal de captar e fazer funcionar a máquina social, com os mecanismos existentes, ora interrompido pela equipe do senhor secretário é claro (tudo me parece tão claro) onde muitos seres brilhantes, executivos, legisladores, gestores estão, colaboraram na elaboração destas pouquíssimas linhas da resolução 53 que, em nome da crise de arrecadação, crise esta (é claro) que não interfere nos gastos de compra de milhares de minutos de propaganda governamental (fora custos de produção dos vídeos) encerraram (provisorimente, não se esqueçam) o programa. Resta a árdua, porém não impossível, missão de incentivar, buscar trabalho não remunerado de pensadores, criadores, artistas para, ao menos, não deixar o cérebro embrutecido.

  • Maria Lúcia, 16 de agosto de 2009 @ 19:47 Reply

    O Minc/Rouanet não receberá projetos a partir de agosto? temporariamente?
    Gostaria que me esclarecessem o que li acima.
    Att.
    Maria Lúcia

  • Wellington R Costa, 23 de agosto de 2009 @ 3:39 Reply

    Respostas e Adendos do Autor:

    – Os dados estatísticos são oriundos dos 26 projetos próprios e de clientes que já tive aprovados pelo ProaC e mais 14 não aprovados ou em fase de analise (teatro, artes plásticas, musica, literatura e dança), fiz uma media do publico estimado de todos os projetos, assim como uma media de profissionais envolvidos… fiz, também, uma contagem de quantos projetos em media são aprovados por mês… trabalhando com tais números com uma conta de multiplicação obtive os números mencionados no artigo. Acredito que quando não dispomos de indicadores temos que levantar os dados e obte-los.

    – O Proac ICMS (lei de incentivo do Estado de São Paulo), suspendeu a inscrição de novos proponentes e de novos projetos. A lei Rouanet os prazos de avaliação de projetos estão bem mais morosos que os apregoados de 60 dias.

    – A situação não passa pelo querer do Secretário da Cultura, passa sim pela montante das verbas. Vamos a alguns fatos e algumas novidades:
    – No ano 2008 o aporte financeiro destinado ao Proac ICMS foi maior do que o previsto em lei, e a variação foi coberta com a liberação de verbas suplementares.
    – Neste ano as verbas destinadas acabaram, não havendo recursos financeiros o suficiente para a aceitação de novos projetos. Os editais foram suspensos por indicação de instâncias financeiras da administração estadual.
    – Não podemos esquecer que a crise internacional promoveu a diminuição de arrecadação de impostos e tal afetou a cultura. Manter uma leitura padrão perante tal realidade pode proporcionar equivocos.
    – A Inscrição no ProaC ICMS é feita em duas fases: 1ª inscrição do proponete e sua aprovação (prazo médio de finalização 2meses; 2ª inscrição e avaliação dos projetos (prazo medio 3 meses). Diante destes dados temporais um projeto que iniciasse atualmente a inscrição seria somente aprovado entre janeiro e fevereiro de 2010.
    – A previsão de fontes experientes é que o ProaC ICMS deverá retornar à normalidade em janeirode 2010.
    – Não há qualquer previsão de cancelamentos das concorrências previstas ainda este ano para o ProaC Edital ( Música, Artes plásticas, etc).

  • Sergio A. Silva, 6 de janeiro de 2010 @ 21:36 Reply

    Devemos ressaltar o sucesso do PROAC, varias comunidades carentes, foram beneficiadas com acesso a Cultura. Esperamos que em Janeiro/2010, sejamos presenteados com a retomada.

    Att. Sergio A. Silva

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