A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, disse na última sexta-feira (26/8) que a continuação do Programa Cultura Viva e dos Pontos de Cultura são um compromisso da sua gestão. A afirmação foi feita durante visita à cidade de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, onde ela cumpriu agenda até sábado (27), para conhecer um série de equipamentos e manifestações culturais.

Em Parnamirim, a ministra conheceu o canteiro de obras do Teatro Municipal, que está sendo construído mediante parceria do Ministério da Cultura, por meio do Programa Mais Cultura, com a Prefeitura Municipal de Parnamirim, município situado na região Metropolitana da capital potiguar.

O edifício começou a ser construído no dia 8 de agosto e deverá ser finalizado até fevereiro de 2012. Este será o primeiro espaço teatral do município, com mais de 200 mil habitantes, mas sem nenhuma casa de teatro e cinema. O equipamento cultural está sendo erguido no Parque Aluísio Alves, distribuído em uma área de 4,4 mil m², com dois andares, capacidade para receber até 500 pessoas, e adaptável para exibição de filmes.

O valor total do projeto está orçado em R$ 5,2 milhões. Além do financiamento do Ministério da Cultura, o projeto de construção do Teatro recebeu R$ 1 milhão de contrapartida da Prefeitura de Parnamirim, além de R$1 milhão  provenientes de emendas parlamentares. O complexo cultural irá dispor ainda de sala de oficinas, salão de exposição, camarins, camarotes, sala de ensaio para orquestra, balé, escola de dança e de formação de atores.

Educação, Cultura e Tecnologia – O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN), Campus da Cidade Alta, situado em Natal, foi o segundo destino da ministra na sexta-feira. A visita teve início no Museu do Brinquedo Popular, espaço integrado ao IFRN que abriga um acervo com cerca de 300 brinquedos e brincadeiras. A ideia do Museu surgiu a partir da realização, em 2007, da pesquisa “Brinquedos e Brincadeiras Potiguares: Identidade e Memória”, contemplada pelo edital Fomento às Expressões das Culturas Populares Brasileiras, da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC).

A investigação, que resultou na publicação de um livro e realização de uma exposição, homônimos, inventariou o universo lúdico infantil de diferentes gerações, em mais de 60 municípios norte-rio-grandenses. Estão refletidas na mostra as particularidades definidas pelos costumes, espaços físicos, cultura, folclore, memórias e realidades de cada cidade.

A ministra percorreu a Galeria de Arte, o Ateliê de Artes Plásticas, conheceu os espaços onde acontecem aulas de viola, coral, papel reciclado e pintura. Na Lutheria, onde acontecem as oficinas de construção de instrumentos musicais e as aulas de musicalização, ela conheceu o peculiar papirofone, espécie de xilofone criado pelo professor do IFRN, Arlindo Ricarte. A técnica de produção do papirofone, já dominada pelos alunos de Arlindo, reveste o alumínio com uma película de tecido de resina, transformando o som metálico em timbre de madeira, além de amplificar o som do instrumento.

Sobre o modelo multidisciplinar aplicado no IFRN, a ministra afirmou ser este um modelo a ser multiplicado. “Estou fascinada com o que eu vi aqui. O Campus da Cidade Alta do Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Rio Grande do Norte é uma verdadeira incubadora cultural, potencializando as habilidades de crianças, jovens, adultos e idosos, em várias linguagens”, disse a ministra.

Ana de Hollanda conheceu também a Brinquedoteca do Programa de Esporte e Lazer da Cidade (PELC-IFRN), participou do lançamento da Caravana do Cordel – projeto itinerante que circulará pelos municípios do Rio Grande do Norte apresentando as expressões da cultura popular da região – recebeu ainda o diploma de mérito cultural da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte, durante a Cesta Cultural.

Em seu segundo dia de visita ao Rio Grande do Norte, Ana de Hollanda falou, na manhã de sábado (27/8), em Natal, sobre a importância dos polos de economia criativa que serão criados no país, por meio de parcerias com os governos locais. “Esta é uma ação que visa organizar, articular e orientar os artistas, produtores, e agentes culturais em geral. Estamos fazendo mapeamentos, mas a ideia é que a criação brasileira seja valorizada, conhecida, reconhecida, distribuída e consumida”, enfatizou a ministra.

Ela deixou claro que essa é uma ação transversal, coordenada pelo Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Economia Criativa (em fase de estruturação no MinC), junto com dezenas de outros órgãos, com o intuito de criar ações estruturantes para o setor cultural. Segundo ela, a iniciativa busca o desenvolvimento através da sustentabilidade.

A ministra visitou no sábado, na capital potiguar, o Teatro Sandoval Wanderley e o Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo, que funciona na casa onde viveu o pesquisador e folclorista Luís da Câmara Cascudo. Ela foi ciceroneada pela filha do escritor, Ana Maria Cascudo, e seus netos Daliana, Camila e Newton Cascudo, responsáveis pela administração da instituição.

A entidade tem por missão preservar, divulgar, gerenciar e capitalizar o patrimônio cultural deixado por Luís da Câmara Cascudo, que também foi antropólogo, historiador e jornalista. Na visita ao Instituto, a ministra foi acompanhada da governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, e de várias autoridades.

Construído em 1962, o Teatro Sandoval Wanderley foi fechado no período da ditadura, depois reaberto e, atualmente, suas condições estruturais são críticas, apesar de, no local, ainda funcionar, precariamente, uma escola teatral.  Ao visitar o teatro, a ministra da Cultura foi recepcionada pelos bailarinos da Sociedade de Danças Antigas e Semi-desaparecidas Araruna, grupo norte-riograndense, fundado em 1956, com o intuito de preservar danças de origem ibérica.

Na ocasião, Ana de Hollanda afirmou que o MinC buscará mecanismos para a reforma estrutural necessária desse equipamento cultural. ”Vamos trabalhar, buscar parcerias e recursos, para ver se em 2012 conseguimos reformar o espaço. Estaremos cumprindo o nosso papel, deixando um teatro em ótimas condições para permitir a circulação e a produção cultural, não só do Rio Grande do Norte, mas de todo o Brasil”, ressaltou a ministra, ao considerar a importância de um teatro para a difusão da cultura brasileira, bem como para a formação de artistas e do público.

O projeto de revitalização do prédio está orçado em R$ 800 mil. O local necessita de reparos hidráulicos, elétricos, adequação do espaço para saída de emergência e acesso de idosos e deficientes, além de novos equipamentos de iluminação, sonorização, climatização e segurança.

Folclore brasileiro – No Instituto Câmara Cascudo, Ana de Hollanda pôde conhecer a escrivaninha onde o historiador elaborava seus pensamentos e transformava-os em pesquisas, livros e artigos, protegido pelas imagens de um São Sebastião à moda nordestina, São Francisco de Pádua e São José de Botas. Os móveis, mantidos na mesma posição da época em que Luis da Câmara Cascudo ali viveu, fotografias de intelectuais e políticos amigos do escritor, como Monteiro Lobato e Jorge Amado, as paredes com assinaturas de personalidades brasileiras – como Ari Barroso, Gilberto Freyre, Villa Lobos e Juscelino Kubitschek – e coleções de artesãos de todas as origens, ornamentam a casa e encantam os visitantes.

Atualmente, o Ludovicus está digitalizando cerca de 40 mil documentos originais de Câmara Cascudo, os quais estarão disponíveis na instituição e na internet para consulta. O trabalho ainda está em fase de catalogação e indexação, e de acordo com Daliana Cascudo, deverá ser finalizado até o início de 2012.

*Com informações do site do MinC


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