Durante o primeiro encontro do Fórum “A Lei Rouanet é Nossa!”, o advogado Fábio Cesnik, autor do Guia do Incentivo à Cultura e fundador do Instituto Pensarte, alertou para os riscos da revogação da Lei Rouanet. Segundo Cesnik o projeto do MinC tornaria a renúncia fiscal, uma instrumento consolidado e permanente, em algo transitório, com 5 anos de validade. Acompanhe sua fala durante o Fórum no TVCeM:


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7Comentários

  • Nany Semicek, 26 de março de 2009 @ 12:05 Reply

    Vou fazer o papel do advogado do diabo para provocar uma reflexão…
    O Fabio levantou uma pulga atras da orelha ao comentar que com o novo formato de abatimento fiscal impulsionaria que as empresas ao invés de utilizar a lei incentivariam projetos culturais deduzindo estas receitas de suas despesas administrativas, correto?
    Construimos ao longo destes 15 anos um conceito pratico de que a atuação do setor privado junto a Cultura traz beneficios tanto para a sociedade quanto para suas imagens institucionais, correto?
    Porém, ainda temos uma classe artística que atua baseada ainda muito no paternalismo destes patrocinios e não construindo carreiras baseadas em planejamento e formas de administrar as receitas que recebem visando a sobrevivencia contínua de suas “organizações”.
    Este novo formato não traria uma nova realidade positiva (a longo prazo) para estas relações de gestores culturais com o poder privado?

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 26 de março de 2009 @ 22:54 Reply

    Fabio
    Sem querer, você acabou caindo justo no objeto de sua crítica, jogando com a subjetividade, se isso, se aquilo. Porém não é esse o ponto que mais me incomoda em sua fala, mas sim a confrontação técnica, ou seja, você trouxe elementos com diálogo bilateral, sem em momento algum trazer a sociedade para o debate. Porque durante os 18 anos de existência da Lei Rouanet, a sociedade, vou ainda além, artistas e pequenos produtores que não estão nas capitais, Rio e São Paulo, tiveram com ela experiências que fizeram com que, para eles, parecesse uma lei com práticas nada republicanas.

    Essa terceira parte é a fundamental. Por que se chega hoje ao clamor para que se modifique a lei? Por que a maioria das pessoas envolvidas com a arte no Brasil, não de forma subjetiva, mas concreta, vinham apedrejando a lei na forma como era utilizada? Você fala do risco de arbitrariedade do governo, mas não fala da realidade da arbitrariedade dos empresários. Seria pertinente o seu medo quanto ao limite de cinco anos da lei, mas em se tratando de cultura e como esse processo todo causou uma enorme frustração, desânimo em pessoas sérias da cultura brasileira e, por outro lado ergueu verdadeiras estruturas corporativas que passaram a determinar as normas da cultura a partir do termômetro comercial, publicitário, ou seja lá o que for, esse processo como estava, se torna, na prática, contraprducente, porque ele vai ao encontro da anti-síntese cultural, não priorizando valores estratégicos que contemplem um plano a longo prazo de comunhão nacional em torno da nossa cultura.

    A verdade, Fabio, é que vivemos num mundo em que um simples aperto de mãos tem que dar lucro, o avanço que aí estava tão permissivo com práticas de dumping público, como confessadamente vimos alguns produtores, aqui mesmo no Cultura e Mercado, exercendo o seu potencial narcisista de rei da cocada preta de projetos, apresentando um leque extraordinário onde colocava no mesmo saco da viola, uma palheta de muitos dos seus feitos, o que é um insulto a inteligência de qualquer mortal. Ele quer nos convencer de que é questão de competência? É essa usurpação, essa disparidade que você não comentou. Aí você foi discricionário, se restringindo à enfermidade, mas não à causa da doença, fazendo parecer que o governo está aplicando remédio em um corpo são.

    Posso lhe garantir que, na prática, não há nada mais letal para a cultura do que o sentimento de impotência, de invalidez, de incapacidade de reagir frente a este batalhão de choque empresarial dentro e fora da dita empresa patrocinadora.

    A Lei Rouanet como estava, mais do que criticada, ela foi descartada por muitos, foi dada como morta, como uma indigente no mundo real, concreto, não tinha mais legitimidade. E como nós sabemos que o povo é soberano, uma lei sem soberania passa a ser inválida. A meu ver, faltou este ponto para você fechar esse triângulo tão complexo. Mas é muito boa esta forma de debate e, sobretudo corajosa. Parabéns a vocês todos do Instituto Pensarte que se propõem a esta finalidade em prol da cultura brasileira.

  • Carla Amarante, 28 de março de 2009 @ 12:13 Reply

    Fábio,
    por quê tanto argumento jurídico para tentar criar pânico?
    O que está em jogo é a política cultural ou os seus clientes?

  • Leonardo Brant, 28 de março de 2009 @ 13:14 Reply

    São coisas diferentes. Uma coisa é a existência da Lei, para que ela serve e quais os seus efeitos na sociedade. Essa é uma discussão importantíssima, que deve ser sempre levada em conta. Eu particularmente, não tenho defesas para a existência da Lei. Mas ela existe, é uma realidade. Precisa ser reconstruída com participação de todos e tb de quem usa, pois ninguém mais sofre na pele as contradições de um instrumento a serviço do mercado que o próprio mercado. E ele não pode ser descartado assim. Estamos falando de 10 mil proponentes e 150 mil prestadores de serviço indiretos. Me recuso a achar que são usurpadores. São sobreviventes, em sua maioria. Sou testemunha ocular disso. Mas concordo que do outro estão os “sem recursos”, não por acaso alguns dos maiores representantes de nossa riqueza cultural. O perigo mora aí. Querem nos fazer crer que o fim do patrocínio privado determinará o início de uma fase de ouro para a cultura, com o Estado assumindo seu papel constitucional. Eu não acredito. Já vi este filme antes e luto para não ver novamente. Por isso as palavras do Fabio são esclarecedoras e muito bem-vindas ao debate. Devem ser respeitadas, pois contribuem muito para a elucidação da sinuca em estamos enfiados.

  • Paulo Pélico, 28 de março de 2009 @ 21:18 Reply

    Parabéns doutor Cesnik pelo olho treinado. Vc viu o que a maioria apenas estranhou. De fato seria bastante conveniente deixar a Lei Rouanet morrer de morte morrida daqui a cinco anos sem precisar ter o trabalhão que, por exemplo, o secretario da cultura Carlos Augusto Calil está tendo aqui em São Paulo para matar por asfixia a Lei Mendonça. Não é trabalho fácil. Lá se vão alguns anos de muito esforço do secretario e sua equipe e o preço político de aprecer na foto empunhando pá do coveiro.
    A sua a valiação de que o PL do Juca transfere poderes demais para o executivo, via decreto, também coincide com a que tenho dessa proposta. É quase um cheque em branco para o dirigente que estiver à frente do MinC. Aliás essa é a única inovação em relação a legislação atual a qual acrescenta muito pouco. Tudo que está sendo proposto por esse PL já consta da legislação atual, apenas ganhou uma redação mais estatizante.

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 29 de março de 2009 @ 16:51 Reply

    Paulo
    Desculpe a minha dificuldade, digo até, limitação para compreender os códigos do sua observação aqui. Poderíamos sair do campo político e cair no campo técnico que, imagino, você domina.

    Então, pode trazer de forma clara e com a transparência republicana, os pontos do PL que discorda, por que discorda e, se possível com números, e qual a alternativa que você sugere.

    Desculpe a cobrança do didatismo, mas acho que, pela angústia explícita em suas colocações, você deve imaginar que, bem explicado, com a transparência e todo o componente democrático, que puder trazer, serão muito bem vindos.

    Insisto, para que saiamos do campo metafísico e busquemos uma observação mais cirúrgica e, sobretudo didática,realista principalmente para o cidadão comum brasileiro que é quem banca o mecenato.

  • Patrick, 16 de janeiro de 2010 @ 11:09 Reply

    Vocês todos foram por demais prolixos, de todos os comentários feitos só o vídeo do Fábio me esclereceu alguma coisa, hehehehe.

    Abs a todos e viva a cultura.

    Patrick

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