Ao chegar em sua 56ª edição este ano, a Feira do Livro de Porto Alegre é mais que um ponto de venda, é um evento cultural de projeção nacional. Aberta em 29 de outubro e com encerramento marcado para o próximo dia 15, a feira é um programa quase obrigatório dos porto-alegrenses e de quem visita a cidade por estes dias.
É inegável que a feira tem uma relação histórica com a capital gaúcha. Este ano, o evento recebeu o título de patrimônio imaterial da cidade, concedido pela Secretaria Municipal de Cultura. Em 2006, a Presidência da República concedeu a Ordem do Mérito Cultural à feira, maior evento do gênero a céu aberto das Américas.
Nos corredores da feira, é possível encontrar homens, mulheres de todas idades e crianças ávidos por livros ou somente em busca de um lugar agradável para conversar com os amigos. O evento não se resume à exposição de milhares de livros. A programação cultural é intensa com apresentação de peças teatrais, oficinas de arte e bate-papo com autores e personalidades.
A primeira feira foi idealizada pelo jornalista Say Marques, diretor-secretário do extinto Diário de Notícias, do Grupo Diários Associados. A inspiração veio de uma feira que ele havia visitado na Cinelândia, no Rio de Janeiro. O jornalista convenceu editores e livreiros da cidade a seguir a ideia e, no dia 16 de novembro de 1955, foi criada a primeira Feira do Livro de Porto Alegre.
Com o lema “Se o povo não vem à livraria, vamos levar a livraria ao povo”, ela começou somente com 14 barracas na praça e com o objetivo de popularizar o livro entre os moradores de Porto Alegre, já que as livrarias eram redutos da elite à época. Com o passar das décadas, mais editoras aderiram e o público aumentou, fazendo com que ela se tornasse um dos mais importantes eventos do calendário da cidade.
A edição deste ano tem como patrono um principais expoentes da cultura gaúcha: o folclorista, historiador, escritor e poeta Paixão Côrtes. Ao lado do escritor e folclorista Barbosa Lessa e do poeta Glauco Saraiva, ele organizou e fundou o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) 35, que deu origem a um movimento de resgate e valorização da cultura gauchesca.
Além da tradição, os números da feira impressionam. São 24 mil metros quadrados com 155 expositores – livreiros e editoras – com milhares de livros infanto-juvenil, geral e internacional. Neste ano, a meta é vender 400 mil títulos, 15% a mais que em 2009, conforme projeção da Câmara Rio-Grandense do Livro. Os preços são convidativos: há livros de R$ 2 a R$ 15. No ano passado, 1,6 milhão de pessoas passaram pela feira. Nesta edição, a expectativa é superar essa marca. Da abertura até a última sexta-feira, cerca de 500 mil visitantes já circularam por lá, segundo os organizadores.
*Com informações da Agência Brasil.