A Flip realiza o desejo de autores que sonham falar sobre seus temas preferidos para um público que sonha – igualmente – vê-los e ouvi-los. Mas tem muito mais gente que alcança seus objetivos neste evento. A cada edição, o número de funcionários temporários aumenta progressivamente, o que permite movimentar a economia de Paraty – que lucra R$ 6 milhões nesta época, segundo dados da organização – e aumentar a renda dos moradores e comerciantes locais.
“Cerca de 400 pessoas foram empregadas nesta edição da Flip e fizemos questão de empregar os moradores da cidade. Isso inclui cargos como recepcionista, carregador, marceneiro, eletricista, etc. Os contratos são temporários de uma a quatro semanas, com carteira assinada e benefícios. Julho costumava ser a época de baixa temporada, por isso decidimos fazer o evento no inverno, para beneficiar a economia local”, diz Mauro Munhoz, diretor-geral da Flip, que trabalha também em projetos urbanísticos da cidade cujos habitantes já chegam a 35 mil.
Mas o sonho a ser realizado não é só o financeiro. Flávio José Lins, de 37 anos, há cinco anos, tira férias de seu trabalho como guia turístico para dedicar-se à função de montador na feira literária. Ele conta que dois meses antes de o evento começar, um carro de som passa nas ruas anunciando as vagas disponíveis. Ao ver as tendas prontas, Lins orgulha-se por ter carregado cada pedaço de madeira e martelado cada prego.
“O meu salário como guia turístico é melhor, mas eu não abro mão de participar da Flip, porque é uma oportunidade de trabalhar por 36 dias com meus amigos e de ver os escritores de perto. Ano passado, eu vi a palestra do Fernando Henrique Cardoso e fiquei feliz de ver um ex-presidente de perto. Comecei a gostar de ler desde que entrei nesse ramo e até comprei os livros do Arnaldo Antunes”, conta o novo fã de literatura, que faz questão de assinalar outro de seus dotes: “Eu sou poliglota; também falo francês e espanhol e adoraria ver uma palestra de autores que falem esses idiomas”.
A chegada dos 20 mil turistas para o evento também deixa os comerciantes animados. Helton do Nascimento, vendedor de uma loja de doces e cachaças, afirma que as vendas sobem cerca de 50% nesta época. Segundo a gerência do comércio, o lucro dos cinco dias da Flip é quase o mesmo dos três meses de verão.
” gente encomenda o dobro de produtos para essa época e acaba tudo. O que mais vende são as cachaças feitas em Paraty. As pessoas compram para degustar na hora e para levar de presente. Os estrangeiros ficam loucos e compram tudo. Tem até escritor que vem provar. O doce de leite puro está em segundo lugar nas vendas, mas não chega nem perto do sucesso da cachaça”, diverte-se.
*Com informações de O Globo Online