Mais do que o atraso nas obras, uma disputa entre a Secretaria de Estado da Cultura e a Universidade de São Paulo sobre quem deve pagar as contas do Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP) é o maior entrave na mudança da instituição para o antigo Detran, no Ibirapuera.
Além disso, USP e governo paulista não entraram em acordo sobre a construção de um clube no terreno vizinho ao novo endereço do museu.
Segundo apurou a Folha de S. Paulo, o problema é a exigência da reitoria da USP de que o governo banque a manutenção do MAC no Detran, um custo anual de R$ 18 milhões, segundo a universidade. No cálculo do governo, a manutenção do prédio custaria, no máximo, R$ 10 milhões.
Procurada pela reportagem, a USP não quis se manifestar. A Folha também tentou contato direto com o reitor, João Grandino Rodas, que não se pronunciou.
A falta de precedentes jurídicos para que a Secretaria da Cultura arque com os custos de um museu universitário, já que ambos são órgãos subordinados ao governo estadual, é outro problema.
Enquanto o orçamento anual da USP é de cerca de R$ 3,6 bilhões, o da Cultura paulista é de R$ 1 bilhão.
Ainda de acordo com fontes ouvidas pela Folha, a USP até hoje não formalizou os convênios de transferência do acervo para o novo endereço nem iniciou licitações necessárias para a mudança.
Em tempo, as obras de adaptação do prédio para o MAC consumiram R$ 76 milhões de verba do governo e devem terminar em setembro.
A abertura do museu, com uma das maiores coleções de arte moderna no país, no entanto, já foi adiada pelo menos quatro vezes. Do prazo inicial de junho de 2009, a previsão agora é que o museu seja inaugurado em 2012.
“Parei de fazer projeções”, diz Tadeu Chiarelli, diretor do MAC. “Só no dia em que estiver tudo terminado, tudo bacana, a gente vai para lá.”
Outro impasse na mudança é o plano do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, de construir um clube e um estacionamento no terreno ao lado, doado aos alunos por Jânio Quadros nos anos 1950.
Segundo o jornal, o reitor da USP estaria preocupado com a concorrência entre clube e museu, que terá serviços semelhantes.
Diretores do centro acadêmico dizem que a Secretaria de Estado da Cultura tentou, sem sucesso, negociar uma troca de terrenos, liberando o espaço para um jardim de esculturas, mas acabou entrando num acordo com o XI de Agosto. Agora, o projeto deve sair do papel com aval do governo e à revelia da USP.
*Fonte: Folha Online