O Ministério da Cultura divulgou hoje para a imprensa nota informando que “a partir de agora, produtores culturais poderão inscrever seus projetos de forma mais simplificada no Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), da Lei Federal de Incentivo à Cultura.” Mas o órgão apenas voltou atrás em uma série de dificuldades criadas pelo próprio MinC para tornar o mecanismo mais lento e burocrático, como estratégia para desestimular artistas e produtores a utilizá-lo e manipular a opinião pública a seu respeito, como vem apontando Cultura e Mercado desde abril deste ano. E agora promete realizar uma série de discussões públicas para justificar mudanças na Lei.

Acompanhe o texto do release distribuído hoje para a Imprensa:

Foi publicada nesta sexta-feira, dia 5 de setembro, no Diário Oficial da União, a Portaria nº 54 (Seção 1, pgs 22 e 23), assinada pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, revogando a atual portaria que dita regras para a entrada de projetos na Lei Rouanet. Com essa medida, o ministro desburocratiza as inscrições de projetos e permite mais agilidade nos trâmites da Lei nº 8.313/91.

A nova portaria elimina exigências desnecessárias como, por exemplo, a apresentação de documentos de cessão de direitos autorais no ato da inscrição de projetos culturais. Agora, será necessária a apresentação apenas da carta de anuência do proprietário ou detentor de direitos. “A cessão de direitos autorais demanda tempo e implica em custos. Então, não faz sentido cobrarmos esse documento no protocolo de projetos, mas somente depois, já durante a sua execução”, explica o ministro Juca Ferreira.

Outra mudança significativa é o fato de que, no ato da inscrição de projetos, não serão mais exigidos os termos de anuência dos artistas ou grupos culturais envolvidos com a proposta. “Agora, pediremos apenas a ficha técnica e o currículo do diretor e dos artistas ou grupos culturais que se apresentarão”, informa. Também não será mais necessário o termo de compromisso com confirmação da pauta dos teatros que abrigarão os espetáculos. “Faremos essa exigência apenas quando os locais forem espaços públicos”, afirma o ministro.

Segundo Ferreira, a portaria anterior trazia obstáculos burocráticos à tramitação dos processos no Ministério da Cultura. “Esta é uma medida de racionalização, simplificação e atendimento da demanda dos produtores. É uma medida preliminar que não nega os passos seguintes que a gente vai dar no sentido de obter mais agilidade, eficiência e qualidade no funcionamento da Lei Rouanet.”

Na segunda quinzena deste mês, será realizado os Diálogos Culturais, uma série de discussões públicas com produtores, gestores, financiadores e representantes do setor cultural para debater a proposta de reforma da Lei Rouanet elaborada pelo Ministério da Cultura.

Conheça as mudanças implantandas pela nova portaria.


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

1Comentário

  • Felipe Lindoso, 8 de setembro de 2008 @ 10:57 Reply

    A expressão é exatamente a que me ocorreu quando li a notícia e fui procurar o texto da portaria. Juca tirou alguns bodes da sala. Faltam muitos outros.
    Mas o mais significativo, me parece, é que se trata de uma tentativa canhestra de diminuir a cobrança sobre o projeto do MinC a respeito dos incentivos fiscais.
    Há meses que se anuncia “para logo”, etc, etc. o anúncio dessas propostas. Com o cabritinho forta da sala supõe-se que o Ministério quer ganhar mais tempo…

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