No livro “De Onde Vem as Boas Ideias”, o escritor e teórico Steven Johnson afirma que as inovações, ao contrário do que se pensa, não nascem de lampejos em ambientes estéreis.

Desconstruindo a imagem do “gênio” que pensa na solução para um problema repentinamente, Johnson defende que boas ideias são fruto de uma série de conhecimentos e experiências em fluxo, que se conectam através da troca entre diferentes indivíduos. As inovações então, ele provoca, não deveriam ser representadas por lâmpadas e, sim, por redes.

O conceito não é novo. Clusters de empresas, por exemplo, trabalham dentro dessa perspectiva e representam um ambiente muito saudável ao surgimento de novas ideias. A adoção do formato é feita, principalmente, por empresas de tecnologia que tiram proveito dessa atmosfera propícia para criar soluções para os novos tempos.

Um bom exemplo é a memeLab, empresa que cria ferramentas e oferece serviços para companhias interessadas em compreender a dinâmica da internet. A iniciativa faz parte do coletivo da Casa da Cultura Digital, incubadora de projetos ligados à cibercultura e à liberdade na rede, e foi desenvolvida por uma equipe liderada pelo Vj Pixel.

O rapaz atuou em diversos projetos estatais de inclusão digital, como o Ação Cultura Digital, de fomento às redes nos Pontos de Cultura, e o Programa Acessa SP, do qual foi Coordenador de Tecnologia Social. Recentemente, participou do programa Labmóvel, laboratório de mídias que visava a produção de residências de arte, workshops e eventos culturais itinerantes.

Foi em 2009, durante o trabalho no Projeto Casa Brasil do governo federal, que Pixel resolveu voltar-se novamente à pesquisa e à produção de cultura digital. “Aproximadamente seis meses depois eu estava na Casa da Cultura Digital, mas ainda um pouco perdido. Comecei a realizar trabalhos com equipes temporárias focadas em projetos específicos”, conta. “Acho que foi nesse período que eu decidi montar uma empresa com estrutura, equipe fixa, etc”, informa. Assim nasceu a memeLab.

A empresa oferece servições de transmissão de eventos via streaming, produção de plataformas online e atua como consultora nas áreas de distribuição online de conteúdo, tecnologia para criação de comunidades online, filmagem, edição de vídeo e visual jockeying (VJing). Este último, responsável pela alcunha de Pixel, diz respeito a intervenções em projeções visuais.

Todas essas modalidades tiveram que encontrar espaço no mercado. Segundo ele, novos projetos enfrentam uma série de empecilhos para alcançar visibilidade, que vão do alto valor de impostos fiscais a problemas com fornecedores. O maior desafio, no entanto, está na falta de um modelo a ser analisado e usado como base de estudos. “Os desafios que aparecem são novos e inusitados, o que demanda uma busca constante por soluções criativas”, afirma.

A participação no reality Empreendedores Criativos – programa patrocinado pelo Banco Santander, com foco no desenvolvimento de projetos inovadores – ajudou a criar solução para muitas dessas dificuldades e abriu espaço para novos caminhos, segundo Pixel. “Me deu espaço para reflexão sobre como eu gostaria que fosse a empresa”, diz. “Demorei uns meses processando as reflexões que fiz durante o EC e, em fevereiro, resolvi voltar a ter uma estrutura simples, focada em projetos”, conclui.

Atualmente, ele participa dos coletivos da Casa da Cultura Digital e Media Sana e das redes MetaReciclagem, do Garoa Hacker Clube, e VJBR, grupo de discussão sobre o VJing. Quanto ao memeLab, o objetivo daqui para frente é que empresa torne-se uma “estrutura estável para desenvolvimento de mídias instáveis”, como ele mesmo explica. “A proposta é ter uma equipe mínima para manter a estrutura e equipes para projetos específicos”.


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Jornalista, foi repórter do Cultura e Mercado de 2011 a 2013. Atualmente é assessor de comunicação da SPCine.

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