A Embaixada do México no Brasil e o Consulado Geral do México promoveram no início de agosto, em São Paulo, um encontro com jornalistas para falar sobre o Programa México y Brasil en la Cultura, que tem como objetivo promover e difundir a cultura mexicana com exposições e presença de artistas mexicanos nos principais festivais do Brasil.

Foto: José Juan Figueroa Prevê-se que a partir do segundo semestre deste ano e ao longo de 2014 sejam realizados eventos como a exposição “Grandes Maestros del Arte Popular de Iberoamérica”, coleção que reúne a diversidade da arte popular dos grandes mestres de mais de 22 países da América Latina; “Revisitaciones Plásticas. Arte Mexicano”, com obras de Rufino Tamayo, Diego Rivera, Leonora Carrington, entre outros, no Museu  Oscar Niemeyer de Curitiba; “El México de los Mexicanos”, coleção fotográfica pertencente ao Fomento Cultural Banamex, no Centro Cultural São Paulo; e uma grande exposição da cultura maia (ainda por confirmar) com apoio do Instituto Nacional de Antropologia e Historia (INAH).

Também serão incentivadas as participações de escritores, músicos, cineastas, artistas plásticos, entre outros, nos grandes eventos do Brasil. Além disso, está prevista a participação de artistas mexicanos em eventos de grande porte, como a Bienal de São Paulo e a Bienal do Mercosul, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a Mostra Internacional de Curta-metragens de São Paulo e o Festival Anima Mundi, a Feria Internacional do Livro de Porto Alegre e a Feria Internacional do Livro de Paraty.

Em entrevista exclusiva ao Cultura e Mercado, a Embaixadora do México no Brasil, Beatriz Paredes Rangel, fala sobre o programa.

Cultura e Mercado – No que consiste o Programa México y Brasil en la Cultura?
Beatriz Paredes Rangel – O Programa Cultural da Embaixada do México procura reforçar os laços entre as culturas do México e do Brasil. Tratam-se de duas nações que são potências mundiais no campo da cultura e que por meio do intercâmbio nesse âmbito confirmam sua própria vocação diante do espelho proporcionado pela outra, ao mesmo tempo em que convertem suas relações em pontes indestrutíveis de entendimento. Pensamos que a cultura é o território mais fértil para o incremento e a ampliação das relações entre o México e o Brasil. O programa é um reconhecimento a isso e uma plataforma de lançamento de um elenco de ações que tocam todas as áreas da cultura e que buscam a associação de setores públicos e privados com um objetivo comum.

CeM – De que maneira serão incentivadas as participações de escritores, músicos, cineastas e artistas plásticos nos grandes eventos do Brasil?
BPR – O Governo do México tem um grande interesse em fomentar a exposição da cultura mexicana em todas suas facetas através da presencia dos seus criadores e do diálogo com as contrapartes brasileiras. Existem recursos públicos para incentivar essas participações, mas existe também uma crescente consciência entre as empresas mexicanas com interesses no exterior em fazer parte dessa grande aventura que significa universalizar a cultura mexicana. Uma parte considerável do Programa Cultural da Embaixada do México – México y Brasil en la Cultura – tem sido e continuará a ser realizada com apoio da iniciativa privada, não só de origem mexicana, mas também de empresas brasileiras com presença no México. Desenharemos igualmente estratégias de promoção da cultura regional com apoio de governos estaduais e municipais em ambos os países.

CeM – É possível comparar a gestão da cultura no México com a brasileira?
BPR – Cada país tem sua própria forma de incentivar a gestão cultural, de acordo com suas características e tradições. Mas nesse campo nós estamos aprendendo muito dos mecanismos brasileiros de incentivos para a participação empresarial no fomento da cultura. As alianças entre setor público e setor privado crescem no México, e, como no Brasil, grandes empreendimentos culturais são levados a cabo com o apoio, por exemplo, do setor financeiro. Vocês têm o Banco do Brasil e seu ativismo cultural, nós temos o Banco Nacional do México que, embora privado, participa ativamente, como banco nacional, na difusão da cultura mexicana.

CeM – Quais são as áreas da cultura mais fortes no México?
BPR – É difícil responder a essa pergunta apontando áreas mais ou menos fortes. O México é um país onde todas as artes são praticadas com um alto grau de perfeição. Temos fortalezas mundialmente reconhecidas na pintura, na arquitetura, na música – tanto na popular quanto na chamada erudita -, na dança, no cinema, etc., sem esquecer a culinária, distinguida como Patrimônio Intangível da Humanidade pela UNESCO e, evidentemente, o artesanato, dentro do conjunto da arte popular. São fortalezas que resultam de tradições muito antigas que, com a exceção óbvia do cinema, vêm da época pré-colombiana e foram enriquecidas com a fusão de expressões europeias durante o vice-reinado. Como é sabido, temos um riquíssimo patrimônio cultural arqueológico.

CeM – De maneira geral, a arte mexicana tem sido bem difundida em outros países?
BPR – Não na medida em que seria de se esperar dada a qualidade das suas manifestações. Aqui sim podemos falar de fortaleza e fraquezas. A pintura, a arquitetura e o cinema mexicano fazem parte do patrimônio universal, mas outras expressões, como a dança e a música de concerto (não a popular, tipo bolero) possuem ainda um enorme potencial de difusão.

CeM – E no caminho inverso, de que maneira o México recebe artistas de outros países?
BPR – O México é conhecido pela sua generosidade e sua galhardia no recebimento de irmãos de outros países, ainda mais em se tratando de artistas. Temos uma enorme admiração pela música brasileira, a MPB foi muito apreciada no nosso país e a Bossa Nova influenciou o panorama musical mexicano. Apreciamos e celebramos as artes de todas as nações, embora tenhamos parcerias preferenciais, em muitos casos resultantes de intercâmbios aperfeiçoados no decorrer da nossa história e das nossas vizinhanças. Nossos laços com a Espanha e com Cuba são exemplos disso, como também com outros países da América Latina. Estreitar essas parcerias, e em particular com o Brasil e com sua enorme riqueza artística, é a missão prioritária da embaixada do México.


Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

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