O assunto da tarde desta quarta-feira (16/3) na internet foi a nota da coluna de Mônica Bergamo no jornal Folha de S. Paulo, informando que a cantora Maria Bethânia conseguiu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão para a criação de um blog.

O site “O Mundo Precisa de Poesia”, segundo a coluna, propõe a publicação diária de vídeos da cantora interpretando grandes obras. A direção dos 365 vídeos seria de Andrucha Waddington.

Os internautas consideraram um exagero o dinheiro recebido para colocar o blog no ar. “Pô, Maria Bethânia, R$ 1,3 milhão em lei de incentivo para criar um blog? Não conhece wordpress.com?”, indagaram os @blogueirosparanaenses, referindo-se à ferramenta de publicação gratuita WordPress.

As críticas atingiram especialmente o MinC, que autorizou a captação para o projeto. Pelo Twitter, o grupo Mombojó, de Recife (PE), fez uma comparação com sua própria dificuldade para captar recursos públicos: “E pensar que foi uma dificuldade aprovar míseros 35 mil reais para fazer o nosso primeiro disco pela lei de incentivo a cultura…”

Um internauta rapidamente criou no Blogspot (outra ferramenta de publicação gratuita) o ” Blog da Bethânia – um milhão de motivos de motivos pra você acessar”, ironizando o feito.

Após as críticas, o MinC divulgou uma nota de esclarecimento:

“Em relação à aprovação do projeto de blog da cantora Maria Bethânia para captação via Lei Rouanet, o Ministério da Cultura informa:

* O projeto em questão (Pronac 1012234) foi aprovado pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que reúne representantes de artistas, empresários, sociedade civil (de todas as regiões do país) e do Estado;

* Esta aprovação, que seguiu estritamente a legislação, não garante, apenas autoriza a captação de recursos junto à sociedade;

* Os critérios da CNIC são técnicos e jurídicos; assim, rejeitar um proponente pelo fato de ser famoso, ou não, configuraria óbvia e insustentável discriminação;

* Todas as reuniões deliberativas da CNIC têm transmissão em áudio em tempo real pelo site do MinC (www.cultura.gov.br), acessível a qualquer cidadão.”

* Com informações da Folha Online, do Blog do Noblat (O Globo) e do MinC


editor

14Comentários

  • Bruno Cava, 17 de março de 2011 @ 15:06 Reply

    Uma das grandes realizações do Governo Lula foi transformar um balcão de negociatas em ministério da cultura. Em arrancar a mamata de medalhões da indústria cultural, que usavam das amizades e da grife para angariar fundos, e construir políticas públicas para a produção cultural de democracia. De transformar uma gestão estatal de interesses privados, em gestão pública de interesses comuns. Essa casta, minúscula e privilegiada fração da cultura brasileira, é quem menos precisa de verbas públicas, mas resolveu acertar as contas com a democracia do Governo Lula. Por se achar no direito, por se achar superior, por narcisismo.

    Um MinC, cuja gestão se fazia para todo o enxame, agora serve às abelhas rainhas.

  • Alessa, 17 de março de 2011 @ 21:10 Reply

    Bruno

    Só uma historinha: Ivete Sangalo.
    Refrescou sua memória?

  • Alessa, 17 de março de 2011 @ 23:26 Reply

    Bruno
    Na gestão Gil/Juca, além da Ivete Sangalo,também Caetano Veloso obteve o mesmo tipo de incentivo cultural, via Lei Rouanet,que agora coube à Maria Bethania. E observe,esse projeto dela já estava correndo há mais de um ano. Quem aprova esses projetos não é o Ministro da Cultura, é o Conselho Nacional de Incentivo à Cultura, segundo critérios jurídicos e técnicos.O Conselho tem apenas 1/3 renovável bienalmente. E não é o Ministro que escolhe os conselheiros. São as entidades representativas dos diversos segmentos,de caráter nacional e consolidadas, como a SBAT, a ABERT, etcetc que indicam representantes, escolhidos segundo critérios de respeitabilidade, idoneidade, representatividade,renome no meio de seus iguais etc
    Observe que não se libera nenhuma verba do Ministério.Trata-se de autorizar à Maria Bethania de correr atrás para pleitear junto a empresas os incentivos da Lei Rouanet até aquele montante permitido aprovado,entende? Ela pode conseguir ou não.

    Procure se informar sobre a estrutura e o funcionamento do MinC, que já tem 23 anos.Certamente ela não é perfeita. Mas se a desconhecemos e ficamos propalando inverdades só para desgastar a Ministra sinceramente pega muito mal!

  • Livia, 18 de março de 2011 @ 11:40 Reply

    * Os critérios da CNIC são técnicos e jurídicos; assim, rejeitar um proponente pelo fato de ser famoso, ou não, configuraria óbvia e insustentável discriminação;

    Cadê o critério ‘bom senso”? quem trabalha com leis de incentivo tem que ter no mínimo a responsabilidade de pensar NO TODO, NA NAÇÃO, NA COERÊNCIA, NA IMPORTÂNCIA!…..
    se este analista avalia um projeto e percebe que ele tem possibilidade GARANTIDA de patrocínio de empresas pq DÁ MÍDIA JÁ QUE O PROPONENTE TEM JÁ UM VALOR COMERCIAL AGREGADO a sua imagem, para que aprovar um projeto desse na Lei de INCENTIVO?!!?!

    O NOME DA LEI JÁ DIZ: ELA É PRA INCENTIVO!!!! logo, os que determinam quem deve ou não ser incentivado precisa sim ter uma consciencia mais RESPONSÁVEL com a sua função PÚBLICA.

  • Flavio, 18 de março de 2011 @ 12:46 Reply

    concordo integralmente com a lívia. Me sinto arrasado quando presencio a COMPLETA falta de bom senso na aprovação de alguns projetos. Para mim, discriminação é cortar verbas para transporte, refeição e assessoria jurídica de meu projeto de 40 mil!!!!!!!

  • gil lopes, 18 de março de 2011 @ 15:51 Reply

    Alguns dizem que é ignorância, outros má fé, mas é inegável o mau estar criado deliberadamente quando um artista nacional, brasileiro, célebre, orgulho nacional, tem um projeto tramitando na lei Rouanet. Uma lei que trata exatamente do meio de acessar o mercado patrocinador da Cultura no Brasil. Pois bem, o produto de conteúdo estrangeiro que goza dos mesmos critérios, de isenção fiscal idêntica ao produto de conteúdo nacional, passa incólume na sociedade e é hoje hegemônico no mercado nacional.
    Não há na lei de estímulo fiscal para produção de Cultura no Brasil nenhum incentivo diferenciado ao conteúdo nacional, o mesmo incentivo é dado ao nacional ou ao estrangeiro. A decorrência é nítida e inédita no mundo. É imaginável um cenário onde um país dá o mesmo incentivo para produtos semelhantes entre o nacional e o estrangeiro em se tratando de Cultura? Nem no Paraguai.
    Quanto a mesquinharia de ficar perseguindo artista brasileiro, isso faz parte das mazelas dessa anti política cultural que vige entre nós, essa que desconhece as vantagens do produto global que chega aqui com câmbio favorável, investimento na origem zerado e midia global, levando ainda por cima a possibilidade de isenção fiscal. Ignorância ou Má Fé?

  • Rinaldo Guerra, 18 de março de 2011 @ 21:56 Reply

    No meu entender o MinC devia aproveitar a oprtunidade para expor claramente em seu portal o que é a Lei Rouanet,como funciona o Conselho Nacional de Incentivo à Cultura,cuja renovação é bianual e de apenas um terço,a cada um desses períodos.
    Era preciso explicar como são eleitos os conselheiros, quem os indica, sob que critérios.
    É obvio que a imensa maioria da população desconhece a estrutura e o funcionamento do MinC.
    Seria necessário explicar que esse projeto já tinha sido apresentado em administração anterior, revisto e reapresentado naquela administração anterior e que a Ministra não tem qualquer poder de rejeitar um projeto que seguiu a tramitação normal e chega ao Conselho para ser votado pelos conselheiros.
    Mas quem está interessado em entender isso tudo?
    Os detratores da Ministra que querem vê-la fora do cargo para emplacar os seus “queridinhos” só querem é ter assunto para criar a partir de qualquer fato, factóides e escandalizações.
    O que se está fazendo com a Ministra é uma verdadeira aberração. Uma vergonhosa trampa. Os que hoje fazem isso estão se desmoralizando, enquanto o nome da Ministra só ganha fama positiva e merece cada vez mais respeito.Hoje ela é talvez dentre os ministros, a mais conhecida e sobre a qual mais se pesquisa na web.
    Assim, vai acabar candidata nas próximas eleições. E ganha!

  • Bruno Cava, 19 de março de 2011 @ 13:59 Reply

    Querem defender a blitz conservadora que voltou a assaltar a cultura brasileira, tudo bem, o mundo tem esquerda e direita, mas se esforcem minimamente a debater sem desqualificação.

    Não contornemos o óbvio: isenção é dinheiro público, pois o governo renuncia à receita. Uma verba que sai do bolso da coletividade por decisão das empresas, que certamente preferem grandes nomes a investir na juventude, nas minorias, na cauda longa de pequenos produtores. O recurso público vai preferencialmente pra quem já está consolidado, geralmente pela grife, pela fabricação marqueteira, e não a quem mais precisa, a quem produz na precariedade, sem grandes marcas ou amparo da indústria cultural. A divisão social é reproduzida pelo governo, e justo um governo de esquerda, que tanto inovou nos últimos 5 anos.

    Bethania quer um salário de 600 mil reais pra declamar poesia num blogue? beleza! mas vá captar sem isenção fiscal, por patrocínio. Com dinheiro público não, violão.

    O governo Lula também tinha seus erros, no MinC e em qualquer setor, mas nem por isso deixava de ter um direcionamento político claro, persistente, substantivo. Na era FHC, o MinC era só um balcão de negócios, onde se negociavam verbas pros medalhões de sempre, pra indústria do “mundinho da cultura”. Esqueceram do slogan? Sim, houve uma mudança de rumos políticos, nas gestões Gil e Juca, mas é claro que navio não dá cavalo-de-pau, e muitos ainda mamaram nos privilégios de sempre.

    O governo Dilma está aí para aprofundar a mudança e corrigir os desacertos ***políticos***, e acredito ninguém discuta que sua base política se formou sobre um desejo por continuação do governo Lula.

  • Marcia Oliveira, 21 de março de 2011 @ 9:49 Reply

    Certamente o MINC deveria deixar claro e público o seu funcionamento. Aliás vou mais longe,deveria transformar toda aquela linguagem técnica em linguagem acessível à população em geral para que todos os interessados possam desenvolver projetos e enviá-los. Seria lindo ver essa democracia acontecendo ao ter que lançar olhares e críticas a esses posicionamentos tão comuns de apoiar projetos que podem ser pleiteados via patrocínio.
    Criticar e opinar é um direito que temos (ainda).

  • Amauri Alves Filho, 21 de março de 2011 @ 15:27 Reply

    O projeto em questão (Pronac 1012234) foi aprovado pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que reúne representantes de artistas, empresários, sociedade civil (de todas as regiões do país) e do Estado;

    ***********Sim, é da CNIC que estamos nso envergonhando. ********

    * Esta aprovação, que seguiu estritamente a legislação, não garante, apenas autoriza a captação de recursos junto à sociedade;

    ***** Isso é óbvio. É da renúncia fiscal e abertura dos cofres públicos que se está questionando mesmo, ora pois….*************

    * Os critérios da CNIC são técnicos e jurídicos; assim, rejeitar um proponente pelo fato de ser famoso, ou não, configuraria óbvia e insustentável discriminação;

    ******Então que o proponente proponha algo melhor/mais útil/mais barato/ para fazer com o dinheiro público********************

    * Todas as reuniões deliberativas da CNIC têm transmissão em áudio em tempo real pelo site do MinC (www.cultura.gov.br), acessível a qualquer cidadão.”

    ********e daí? Isso não justifica e nem explica nada.***********************

  • Li Cruz, 21 de março de 2011 @ 19:36 Reply

    Essa nota de esclarecimento não convenceu. Quem sabe mais um milhão de notas para justificar a liberação do projeto!!!
    Há muitos outros projetos culturais e sociais precisando de verba.

  • Pedro B., 22 de março de 2011 @ 18:09 Reply

    Basta lembrar que isenção é dinheiro publico…. e sinceramente dar dinheiro publico (1,3 milhão) pra alguém criar um blog???
    Podiam ter sido mais criativos e pelo menos inventando um projeto que justificasse tanta grana, depois querem que a gente leve os políticos e seus nomeados a serio… contei isso pra um amigo no exterior ele duvidou que isso fosse possível…esse é o BRASIL que a gente quer??? Eu não consigo calar frente a esse e tantos outros absurdos que acontecem aqui… tenho a esperança que um dia o dinheiro dos nossos impostos sejamos tratados com respeito…
    temos que ficar indignados sim… aceitar coisas desse tipo é voltar ao velho ranço do passado… o Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) deveria se dar ao respeito que categoricamente dizer não a esses abusos ou então vai se tornar mais uma instituição desacreditada… infelizmente a Sra. Presidenta tem muito pra fazer e nos também, estamos de olho, e não venham querer dizer que esta tudo dentro da lei e blá,blá,blá… basta refletir pra saber que algo estranho esta acontecendo. R$$$$ 1,3 milhões=1 blog…se a moda pega….

  • Ivan Chagas, 23 de março de 2011 @ 21:04 Reply

    Acabo de ler neste mesmo site que o valor do salário da MADAME, no discutido projeto são 50 mil reais / mês. Ao fim do projeto ela ganharia mais do que todos os profissionais juntos. É abuso demais!!!! Este trabalho não vale isto, pois somos um país pobr. Não podemos aceitar descalabros deste peso com o dinheiro público. Já não bastam os políticos como um todo? No meu entender faltou bom senso àqueles que fizeram a análise da planilha financeira do projeto. Valores deste porte não refletem a nossa realidade, não refletem mesmo.

  • Polêmica sobre blog levanta debate sobre projetos na web, 13 de junho de 2011 @ 8:35 Reply

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