Basta um pequeno levantamento e uma leitura rápida no que tem sido publicado, nos jornais e revistas, sobre a questão da reforma da Lei Federal de Incentivo a Cultura, para compreendermos que apesar da aparência das divergências, há um ponto em comum entre os que apóiam e os que rechaçam a proposta do Ministério da Cultura: a carência de recursos públicos para o fomento à produção de atividades culturais. Assim, em casa de pouco pão muitos brigam e ninguém tem razão.

Quando o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, afirma que “quem tem acesso [à lei] evidentemente não quer perdê-lo. Não quer ter critério público. Não quer critério nenhum”  , aponta mais um fato comum nestas discussões – a opinião é modelada pela condição e pela situação de quem fala. O debate, portanto, fica circunscrito entre os que têm certa regularidade no usufruto dos benefícios da Lei Federal de Incentivos à Cultura e os que por vários motivos não conseguem alcançar estes benefícios.

O sistema de apoio à cultura no Brasil, baseado nos incentivos fiscais a empresas privadas, tem como fronteira de entrada (input) a burocracia do Ministério da Cultura, que cadastra, examina e homologa os projetos formulados por empresas produtoras ou instituições culturais; na fronteira de saída (output) estão as empresas privadas credenciadas pela Lei, para patrocinar os projetos homologados pelo Ministério da Cultura.

Como o conjunto das empresas patrocinadoras não reúne o volume de recursos necessários para contemplar todos os projetos aprovados, o sistema falha e há sempre uma inflação de oferta de projetos. Uma solução óbvia, em termos de linguagem de sistema, seria a de criar mais filtros e barreiras na fronteira de inputs, ou ampliar os canais de recepção dos outputs do sistema.

Ora, o Ministério da Cultura, opera com somente dois canais de suprimento para “dotar” a cultura com recursos e dispositivos que contemplem as demandas: a) O mecanismo do mecenato, onde a empresas privadas jogam um papel fundamental na escolha dos projetos a serem beneficiados; b) os recursos do Fundo Nacional da Cultura, cujo “funding”, advém, em sua maior parte, de fonte do orçamento da União. Estes dois mecanismos, somados, não chegam nem a 40% da demanda, sendo que, o mecenato representa mais de 60% desta soma.

Nestas circunstâncias e neste contexto, falar em “critério” é perda de tempo, ou falta de conhecimento do que significa uma gestão sistêmica de programas e projetos. O problema deve ser enfrentado pela resposta duas perguntas: O que está previsto na Constituição Federal, como obrigação do Estado, para a área da cultura? Qual é a condição – que antecede aos critérios – para que uma determinada área, segmento, setor, organização ou pessoa da área cultural receba do Estado recursos a título de fomento, amparo, apoio ou incentivo?

Para a primeira resposta basta uma lida na Seção II, Arts., 215 e 216, da Constituição Brasileira, para vermos que não há nenhuma menção direta a apoio a produtores, empresas ou instituições culturais, o que nossa carta magna diz, e de forma bem genérica, é que “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”.  Este texto constitucional é o que dá amparo legal à Lei 8.313/91, alterada pela Lei 9.312/96, que estabelece o Programa Nacional de Apoio à Cultura, que o Ministro da Cultura quer alterar.

Mas a idéia da criação de dois mecanismos complementares – um fundo de fomento à cultura e um dispositivo de incentivo ao mecenato apoiado em mecanismos de incentivos fiscais – é obra do economista Celso Furtado, quando foi Ministro da Cultura, no Governo José Sarney – 1986/1988 -. Na tentativa de organizar o recém criado Ministério da Cultura, Celso Furtado buscou superar os problemas de recursos com um plano que contemplava a parceria com a sociedade civil com “…incentivos à aplicação de recursos financeiros nos distintos campos da atividade cultural, tanto sob a forma de doações e de patrocínio”  . Estes mecanismos foram consolidados e oficializados na Lei 7.505, de 2/7/1986 -a conhecida Lei Sarney. Quatro anos depois, no início do Governo Collor, a Lei Sarney foi revogada junto com uma série de medidas que abalaram a já débil estrutura de apoio à cultura.

Quando, ainda no Governo Collor, o Embaixador Sergio Paulo Rouanet assumiu a então Secretaria de Cultura da Presidência da República, tratou de criar um mecanismo legal para garantir recursos para a Cultura. A Lei 8.313/91, que instituiu o Pronac – Programa Nacional de Apoio a Cultura, é assentado nos dois mecanismos que orientavam a Lei Sarney – o Fundo Nacional de Cultura, e a Lei Federal de Incentivo à Cultura. Na mesma direção, em seguida, foi criada a Lei de Incentivo ao Audiovisual.

Todavia, estes mecanismos só ganharam força e um relativo sucesso durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso, após uma série de alterações na regulamentação das faixas de concessão de incentivo fiscal às empresas, no âmbito do mecenato. Se antes, ou seja, na regulamentação original, as empresas só podiam usufruir, no máximo, de 35% dos recursos aplicados em um projeto cultural, a título de renúncia fiscal, com a flexibilização as empresas passaram a usufruir até 100% de desconto fiscal, em determinados tipos de projetos e áreas da atividade cultural, como, por exemplo, cinema, patrimônio, livros, exposições e música clássica. Mas o aparente sucesso deste mecanismo atraiu uma demanda maior que sua capacidade de atendimento. Já em 1998, para cada 1 mil projetos aprovados pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, somente 140 conseguiam recursos das empresas patrocinadoras. Já, o mecanismo do Fundo Nacional de Incentivo à Cultura, que tem como base de formação do seu “funding”, uma composição ampla que vai desde recursos do orçamento da União, parcelas dos fundos de desenvolvimento regional, participação na receita da loteria e doações incentivadas de pessoas físicas ou jurídicas, nunca conseguiu angariar recursos suficientes para cumprir sua finalidade precípua: servir de mecanismo para complementar as ações não supridas pelo mecanismo do mecenato. Assim, na verdade, há uma grande diferença entre o montante que é distribuído pela renúncia fiscal entre os projetos selecionados pelas empresas, e os parcos e incertos recursos do FNC. Como conseqüência, desde o início, o mecanismo do mecenato é cobiçado como forma de ampliar o orçamento do Ministério da Cultura. A lógica é a seguinte: se os recursos do mecenato são resultantes da renúncia fiscal eles são, recursos públicos. Em se tratando de recursos públicos é justo que o poder público faça a escolha dos projetos a serem contemplados. Diante de tal quadro, seria um exercício inútil tentar responder à pergunta sobre qual é a condição para que se faça a escolha de um projeto e não de outro. As empresas escolhem os projetos a serem patrocinados sob a ótica da conveniência da redução de custos, via incentivo fiscal, e dos objetivos de comunicação empresarial segundo as leis do marketing. E o Estado, como pode proceder a uma escolha isenta? Eis a dúvida e a desconfiança dos que crêem que a opção do mecenato privado, com recursos da renúncia fiscal, ainda é o melhor caminho.

Entretanto, nenhum dos lados consegue explicar a razão do porquê a área da cultura, e, por consequência, o Ministério da Cultura, como representação administrativa da área, recebe tão poucos recursos se comparado com as demais áreas da gestão pública no Brasil. Também não se consegue explicar, e muito menos explicitar, como, depois de mais de uma década de incentivos fiscais para a cultura, a situação do setor se agrava e a dependência dos recursos do Estado aumenta.

Esta situação endêmica leva a crer que há algo de errado na concepção de cultura que embasa as argumentações dos dois lados do debate. Os dois lados seguem a noção de cultura que foi formulada pelos modernistas, nos anos 1930, onde a cultura foi transformada em alegoria da identidade nacional, tendo o patrimônio histórico e a memória nacional como totens sagrados dessa identidade. Não é por acaso que estas duas áreas são contempladas com mais de 60% dos recursos orçamentários do MinC. Soma-se a isso a assunção do conceito de cultura como instrumento de ação social ou, na linguagem do atual governo, inclusão social – que é tradicionalmente o papel da educação. Dessa forma, as diretrizes orçamentárias são orientadas para a estruturação de programas e projetos que buscam utilizar os recursos disponíveis para as demandas sociais, numa série de ações que se superpõem às ações da educação. Além disso, a prática centralizadora do atual governo atropela as instâncias administrativas da federação – estados e municípios – com projetos paralelos como os Pontos de Cultura, que se superpõem às ações localizadas dos municípios. Na verdade, sob o signo da descentralização, se pratica muita distribuição de recursos e quase sempre com muita dispersão.

Não havendo um conceito claro do que queremos dizer quando falamos de cultura; tendo um Ministério da Cultura com uma delimitação constitucional ambígua e subsumida no conceito de educação; não havendo no campo do Planejamento Público, no Brasil, nenhum aceno para qualquer política de estímulo ao desenvolvimento da indústria cultural, ou, para ser mais amplo, indústria criativa. O debate oscila entre protecionismo de um lado e oportunismo corporativista do outro: neste jogo todos perdem.

Como conclusão, a reforma da Lei Federal de Incentivo a Cultura tem como objetivo único e exclusivo municiar o atual governo, através do Ministério da Cultura, com dispositivos que lhe permitam lançar mão dos recursos do incentivo fiscal para promover ações diretas em projetos selecionados e dirigidos pelo Ministério da Cultura, a partir dos “comitês” onde o governo terá sempre a maioria dos membros. Como a maior parte, em torno de 75%, dos recursos utilizados a título de incentivo fiscal, advém das empresas estatais, é fácil entender porque o Ministro Juca Ferreira tanto quer esta reforma. Ele quer um modo legal de conduzir e dirigir o processo de escolha da maioria dos projetos culturais de forma legitimada, porque, de maneira geral, e o que tem sido feito, de forma indireta, nos concursos destas empresas, controlados por “comitês” controlados pelo MinC.

Resta saber se os representantes das Instituições Culturais, os produtores e os artistas vão se calar diante desta mudança. Se fizermos um balanço nas manifestações publicadas nos jornais veremos que os que estão fora do alcance dos benefícios fiscais, apóiam a mudança porque acreditam que, de alguma maneira, serão beneficiados e os que estão não querem a mudança porque estão certos de que podem perder.

E assim caminha a relação do Estado com a Cultura no Brasil.


contributor

Pesquisador do Programa de Doutorado em Engenharia de Produção, da COPPE/LTDS, da UFRJ, com a pesquisa: O Papel da Cultura no Desenvolvimento Local no Brasil.

38Comentários

  • gil lopes, 15 de abril de 2010 @ 10:06 Reply

    Não vejo o debate oscilando entre o protecionismo e o corporativismo, acho até que seria bom que esses fossem os tópicos, afinal, do “debate”. Onde estariam os argumentos protecionistas? No questionamento sobre a utilização dos subsídios pelos produtos culturais estrangeiros? Onde isso está sendo questionado?
    E os corporativos? Não me parecem muito claras essas fronteiras de debate. O que eu vejo é luta política e pouca representatividade.

  • gil lopes, 15 de abril de 2010 @ 10:21 Reply

    Mas é inegável que se avançou, é bom que se diga. Me parece que há um lapso social na relação com o Governo no âmbito da Cultura. A sociedade brasileira já decidiu que não suporta se relacionar com “planos” e “novidades” de uma hora para outra. A fase dos planos e experiências foi superada depois de um esgotamento da Nação. Novos valores foram celebrados como por exemplo, o equilíbrio das contas, o respeito aos contratos, enfim, uma nova etapa na vida brasileira depois do governo Collor.
    O Ministério da Cultura insiste em utilizar a velha forma de apresentar planos “revolucionários” para o setor, sem se dar conta da neurose nacional com rompantes burocráticos. O método parece errado, contra político, e é evidente que a arrogância passa a ser adjetivo. O governo Lula por exemplo, dá uma tremenda lição de tolerância e persistência em diversas áreas, agindo de maneira consistente e intensa, com muita habilidade política e eficiência sem se valer do “agora vamos mudar tudo pra melhorar as coisas”. Porque na área cultural não se passa da mesma forma. Quem entende um projeto em fins de governo que acaba com uma lei que vem sendo seguida há tanto tempo, que bode é esse?
    É preciso avançar, estamos na lona, culturalmente na lona…mas como queremos fazer isso? Quem acredita em salvador da pátria?

  • Aldo Valentim, 17 de abril de 2010 @ 9:14 Reply

    Joatan aponta bem o problema.
    Creio que poderíamos agir, antes de propor mudanças em leis, buscando:
    a)uma definição, por parte do Estado, da sua atuação no setor cultural;
    b) construir um marco regulatório ao setor cultural, principalmente no que se refere as responsabilidades jurídicas, institucionais e financeiras dos entes federativos (União, Estados e Municípios). Ou seja, qual a responsabilidade de cada um ?
    c) com base nessas duas, tentar delinear uma politica cultural macro e micro para o Estado Brasileiro e seus entes federados, as politicas de governos deveriam obedecer a esses parametros mínimos.

  • Joatan, 17 de abril de 2010 @ 13:07 Reply

    Prezados leitores, não sei o que o Gil Lopes leu no meu texto ou se realmente leu, para fazer a seguinte afirmação, no seu primeiro comentário acima: “Não vejo o debate oscilando entre o protecionismo e o corporativismo, acho até que seria bom que esses fossem os tópicos, afinal, do “debate”.” Vejam só caros leitores, em momento algum, falo de protecionismo e muito menos faço esta oposição protecionismo x corporativismo, no meu texto. Tudo me leva a crer que realmente, o Gil, não leu o meu texto.
    O que afirmei é o seguinte: “Basta um pequeno levantamento e uma leitura rápida no que tem sido publicado, nos jornais e revistas, sobre a questão da reforma da Lei Federal de Incentivo a Cultura, para compreendermos que apesar da aparência das divergências, há um ponto em comum entre os que apóiam e os que rechaçam a proposta do Ministério da Cultura: a carência de recursos públicos para o fomento à produção de atividades culturais. Assim, em casa de pouco pão muitos brigam e ninguém tem razão.”
    Um dos problemas da internet e principlamente dos chamados sites de contéudo é que eles acabam sendo um espaço onde há muita intervençao com grande interação mas raros diálogos. Dialogar exige que prestemos atenção no que o outro diz, depois que compreendemos o que o outro disse, ainda que façamos uma reflexão sobre o que o outro disse e por fim, ao nos manifestarmos, dizermos algo que possa a) expressar a discordância do pensamento do outro; b)concordar com o pensamento do outro e propor mais reflexões; c)concordar com o pensamento mas apresentar algumas objeções que enriqueçam o debate.
    Tudo menos…dizer que o outro disse o que não disse.
    Agradeço ao Aldo Valentim por sua contribuição. Ele leu o meu texto.

  • gil lopes, 17 de abril de 2010 @ 17:52 Reply

    “Não havendo um conceito claro do que queremos dizer quando falamos de cultura; tendo um Ministério da Cultura com uma delimitação constitucional ambígua e subsumida no conceito de educação; não havendo no campo do Planejamento Público, no Brasil, nenhum aceno para qualquer política de estímulo ao desenvolvimento da indústria cultural, ou, para ser mais amplo, indústria criativa. O debate oscila entre protecionismo de um lado e oportunismo corporativista do outro: neste jogo todos perdem.”
    quem não deve ter lido ? Gostei muito do seu artigo Joatan, no entanto não consigo identificar a oscilação que vc descreve do “debate”.
    A menos que não tenha sido escrito por vc, mas eu li seu texto e me referi a ele, agora reproduzo o que me referi. No mais, eu gosto de artigos como o seu, didático, se utilizando da história e dos acontecimentos…só não percebi o tal debate a que vc se refere…pronto, se for para desconsiderar, considere desconsiderado…qual é a importância? O que eu vejo é luta política e pouca representatividade.

  • Carlos Henrique Machado, 17 de abril de 2010 @ 22:22 Reply

    “Os dois lados seguem a noção de cultura que foi formulada pelos modernistas, nos anos 1930, onde a cultura foi transformada em alegoria da identidade nacional, tendo o patrimônio histórico e a memória nacional como totens sagrados dessa identidade.” (Joatan).

    Joatan
    Eu também não compreendi o seu artigo, exatamente por estar diante da realidade da vida coletiva brasileira, você propor, com uma protagonização técnica confusa, o mundo contemporâneo da cultura numa certa ideologia de produção. Mas sem querer buscar uma organização entre o passado e o futuro que traga dinamismo ao Estado ou ao mercado, gostaria que você me explicasse melhor este modelo de regressão que os modernistas sustentaram em todo o desenvolvimento, digamos, primário-exportador como base material da cultura brasileira.

    Mais curioso ainda fico com o link que você faz em sua plataforma técnica com o leque proposto por Mario de Andrade e cia. Esta pauta em questão, segundo a sua escala, revela profundas contradições, mais que isso, falta de legitimidade e que trouxe um colapso intelectual
    na representatividade artística brasileira, sobretudo, toda obra ligada à música que desde Villa Lobos, passando por Guerra Peixe e chegando a Tom Jobim que se declararam seguidores das orientações de Mario de Andrade, e que elas tiveram profunda influência em suas obras.

    Sinceramente creio mesmo, como disse Milton Santos, que vivemos a era da ditadura das técnicas, sobretudo as universais, hegemôminas e alinhadas. Mas talvez você possa trazer a clarevidência que você propôs no seu artigo.

    Grande abraço.

  • Alice, 18 de abril de 2010 @ 8:53 Reply

    Não entendi “na fronteira de saída (output) estão as empresas privadas credenciadas pela Lei, para patrocinar os projetos homologados pelo Ministério da Cultura.” O credenciamento não é ser PESSOA JURÍDICA tributada com base no LUCRO REAL?

    Logo depois aparece “Como o conjunto das empresas patrocinadoras não reúne o volume de recursos necessários para contemplar todos os projetos aprovados, o sistema falha e há sempre uma inflação de oferta de projetos.” Você está dizendo que não existem empresas suficientes no Brasil tributadas com base no LUCRO REAL?

  • gil lopes, 18 de abril de 2010 @ 13:03 Reply

    No que diz respeito a Lei Rouanet, pois é disso que se trata no caso, acho pouco relacionar os preceitos ideológicos modernistas para se concluir numa vertente protecionista no debate dos recursos para a política cultural brasileira. A questão protecionista é muito boa e atual pra ficar relacionada com aquilo. E o fato é que não se discute o protecionismo.
    Chamar de corporativo o ideal dos “que estão dentro” contra “os que estão fora”, também é pouco.
    Como é pouco o capital, o capital vem de quem produz, que é quem explora. O Estado aliado tem que vir, não há como dispensar uma certa dose de dirigismo, um dirigismo democrático que tal? subordinado a uma política. Faltar vai faltar sempre, em qualquer parte, aí começa a política, quem não estiver de acordo, na hora da eleição, vota contra. É assim. E não precisa pirotecnia que isso faz mal, é contra político, as leis são suficientes, falta coragem pra governar, sobra medo do tal dirigismo por conta da pressão que é exercida pela turma dos contra, da anti política cultural brasileira. Mas o artigo do Joatan é muito bacana, é dele que nasce o debate, é daí pra frente. E Carlão, contra o totalitarismo da técnica inventamos o jogo de cintura.

  • Joatan, 22 de abril de 2010 @ 13:44 Reply

    Respondo a pergunta da Alice: “Não entendi “na fronteira de saída (output) estão as empresas privadas credenciadas pela Lei, para patrocinar os projetos homologados pelo Ministério da Cultura.” O credenciamento não é ser PESSOA JURÍDICA tributada com base no LUCRO REAL.”
    QUANDO usei as expressões “inputs” e “outputs”, estava configurando o sistema da Lei Rouanet (a parte do mecenato) a partir da análise de sistemas. Então, a Lei Rouanet pode ser considerda como um sistema, onde a fronteira de entrada (input) é o sistema de cadastramento, análise e aprovação dos projetos apresentados pelos produtores culturais. A fronteira de entrada é bem aberta. Basta preencher o formulário, enviar a documentação e pronto.
    Na fronteira de saída (output), estão os projeto aprovados pela CNIC que serão submetidos às empresas patrocinadoras. Tal e qual numa indústria, e até na indústria cultural, você tem uma área de entrada dos insumos, uma área que processa e administra e outra que apresenta o produto para o mercado. Fiz, então, esta analogia, para demonstrar que a entrada (input) de projetos no “sistema” do mecenato é maior que a capacidade de patrocínio das empresas. Tal e qual uma empresa que produz muito mas não consegue vender o seu produto, ou para puxar uma analogia mais próxima da nossa indústria cultural, veja o caso do cinema brasileiro: até produz muitos filmes, mas não consegue vender sua produção. Neste caso, há uma inflação de oferta, como dizem os economistas.
    Dito de outro modo, o “output” gerado por este sistema, que são os projetos aprovados no dispositivo do mecenato da Lei Rouanet, não é absorvido pelas empresas patrocinadoras. Mesmo que houvesse uma quantidade maior de empresas, ainda assim, o volume de projetos aprovados ultrapassa em muito o teto da renúncia fiscal aprovada. Então é um sistema falido e, em certo sentido, cruel, porque pressupõe o fracasso da maioria dos projetos aprovados. Se fosse levado a sério, todo ano o Ministro da Cultura, deveria ser processado pelo Ministro da Fazenda, por criar uma demanda de incentivos fiscais 140% superior à capacidade da renúncia fiscal. Se fosse para ser sério, a CNIC não deveria aprovar um volume de projetos acima da capacidade da renúncia fiscal. Então este é um sistema que, do ponto de vista, da gestão é falido. Qualquer sistema que tem um input maior que o output está fadado ao colapso. Basta,para um experiência caseira, ligar muitos aparelhos elétricos num tomada só… e ver o que acontece.
    Neste sentido, afirmei que, já em 1999, o sistema estava falido. O Ministro Weffort, preferiu remendar o sistema, autorizando a concessão de benefícios fiscais na ordem de 100%, para aumentar o interesse das empresas patrocinadores (as que estão na classificação do Lucro Real, é claro) e aliviar a pressão na fronteira do output do sistema (leia-se a pressão dos produtores culturais que não conseguiam patrocínio para os seus projetos aprovados pela CNIC. Mas não resolveu a questão.
    Na gestão de Gilberto Gil/Juca Ferreira, o assunto foi discutido, discutido e discutido, mas não se têm solução. A solução apontado é pior do que o que aí esta…e não vai progredir porque fere interesses poderosos de instituições com forte poder de influência, em qualquer governo.
    Apontei para fato de que o Ministério da Cultura ser configurado na Constituição de 1988, como uma área subsumida (ou seja, subalterna) à área de educação. Isto traz graves implicações na configuração de responsabilidades do MinC, na estruturação de sua alçada orçamentária e por fim na sua identidade institucional.
    Por outro lado, vejo que as organizações da chamada “área cultural”, não conseguem apresentar um projeto claro e unificado. Vivem à repoque das oportunidades oferecidas pelos “editais” – municipais, estaudais e federais. A maioria quer, sempre, mais verbas do Estado. Como se o fato de ser um produto cultural, já credencia a pessoa para ser sustentada pelo Estado. A maioria sonha com um Estado que ofereça aos “artistas, criadores, produtores e parentes”, um status de pleno emprego, em nome da “cultura brasileira” que assenta a “identidade nacional”. Enquanto isso os maiores sucessos do cinema brasileiro são distribuídos pelas majors, com o custo de comercialização pago pelo imposto de renda, dos cidadãos brasileiros que não têm sequer um descontinho para ver os filmes brasileiros. Isto se repete, ad nauseum, nos museus, nas shows, nos discos, nos livros e tudo mais.
    Além disso, de que cultura falamos quando falamos de cultura?
    O debate é interessante e importante. Estamos num ano eleitoral e é preciso que estas questões sejam explicitadas.
    Cito um exemplo, o esforço que o Ministro Juca Ferreira fez para encaminhar a PEC150, que pretende ampliar o orçamento do MinC, será inútil, se não se fizer uma emenda constitucional, criando um capítulo, na nossa Constituição, que preveja a função e as atribuições do Ministério da Cultura. Da forma como esta, a cultura esta subordinada à Educação e inserida no conjunto Educação, Cultura e Desporto. Examine a Constituição e veja. Sem esta mudança, os esforços de aprovação da PEC 150, do Plano Nacional de Cultura etc.,resultarão em muito barulho por nada. Ou muita falação e pouca resolução.

  • Joatan, 22 de abril de 2010 @ 14:08 Reply

    O Carlos Henrique Machado, diz que não compreendeu o meu artigo, e faz alguns questionamentos que eu também não compreendi. Mas, para auxilar o Carlos e os demais leitores no entendimento sobre o debate da questão “Cultura Nacional”, “Identidade Cultural”, “Identidade Nacional”, e o que os Modernistas e o ideário positivista da ditadura Vargas, iluminada pelo grande articulador político Gustavo Capanema, têm a ver com isso, indico a leitura de: “A Retórica da Perda”: Os discursos do patrimôno cultural no Brasil, de José Reginaldo Gonçalves, Ed.UFRJ/Minc/IPHAN; Cultura com Aspas, de Manuela Carneiro da Cunha, Ed.CosacNaify, ou as monografias: “O Papel da Cultura no Planejamento Público no Brasil”, e “A ATUAL POLÍTICA DE PLANEJAMENTO REGIONAL NO BRASIL: Economia e Cultura – uma análise interdisciplinar” que posso mandar por email, para quem quiser.

    Continuo afirmando Carlos Henrique, que: “Não havendo um conceito claro do que queremos dizer quando falamos de cultura; tendo um Ministério da Cultura com uma delimitação constitucional ambígua e subsumida no conceito de educação; não havendo no campo do Planejamento Público, no Brasil, nenhum aceno para qualquer política de estímulo ao desenvolvimento da indústria cultural, ou, para ser mais amplo, indústria criativa. O debate oscila entre protecionismo de um lado e oportunismo corporativista do outro: neste jogo todos perdem.”
    Aproveito para corrigir a ultima frase, onde se lê “protecionismo”, leia-se subvencionismo. Pois protecionismo diz respeito à barreira alfandegárias como defesa do produto nacional. Quanto ao oportunismo corporativista, continuo afirmando que este oportunismo se expressa na forma como as “entidades” da área cultural proliferam na mesma proporção que sua representatividade decai. Este estado de coisas não é um privilégio da área cultural, é um dado da mentalidade patrimonialista que embasa a sociedade brasileira. Para ter conseguir interagir com os representantes do poder, criam-se entidades que dão aos seus dirigentes uma credencial para frequentar as salas do poder. Basta ver quantas destas “entidades” realmente funcionam de forma regimentar, com reuniões, quadro de sócios, contribuições regulares e atividades que não seja, as de participar das tais “Comissõe”, ou “comitês, bem ao gosto do populismo autoritário de plantão.
    Com isso espero ter corrigido o ponto que possa ter levado a algum equívoca na leitura do meu artigo acima. Mil desculpas Gil.
    abrcs

  • gil lopes, 23 de abril de 2010 @ 2:35 Reply

    Fica bem…melhor assim…mas não tem jeito, essa história de ingressos baratos…vamos olhar o ambiente. A lei serve sobretudo a ponta de lança, lá não faltam patrocínios…e ninguém discute preços de ingressos…mais abaixo, o projetos que captam no varejo, captando o que mal dá pra pagar o que está previsto, competindo com o outro, tendo que necessariamente dar acabamento competitivo, a bilheteria é o que complementa o capital necessário. Resultado, a margem só atrai os sonhadores, os poetas, o pessoal que acredita e quer fazer cultura, o pessoal da resistência. A lenga lenga dos preços dos ingressos não percebe o que é incentivo..o incentivo é para a repetição, para formar mercado, de produtores e consumidores. A limitação no preço conspira negativamente, diminui a competitividade, trabalha para o inimigo. Deixa o preço dos ingressos em paz. Tem que qualificar o patrocínio, a exigência tem que ser cultural, caso contrário é demagia.

  • Carlos Henrique Machado, 23 de abril de 2010 @ 2:47 Reply

    Joatan
    Desculpe-me se pareço rude, mas tenho que ser sincero com você. Gostaria muito de acreditar que você, na réplica, não cairia neste retumbante clichê, de que o modernismo estava afinado com a ditadura Vargas. Canso de ouvir esse coloçal discurso mimeografado pelos setores mais sectários da nossa história. Em seguida vem “Lula é um populista”, Chavez é um ditador”, “O Adriano não tem jeito”, “bom é o Chile que não é igual ao Haiti”, “Boa é a tradição da Inglaterra” que sustenta a coroa da rainha e as fofocas dos tablóides. Mas jamais falar dos nossos caiçaras, não é?

    O que me encanta na burguesia brasileira é a total falta de pudor em reproduzir pedaços de frases de efeito. Estou sentindo aquele discurso moralista do xerife do “Avatar” que veio aqui para salvar o planeta. O planeta que está explodindo lá nos EUA, e a nossa querida mídia nacional mostrando o ato do grande super-herói Avatar salvando a joaninha dos malvados poluidores brasileiros.

    O que deixa perplexo nessa aculturação técnica funcional, é que não existe povo, sociedade, voto, democracia e legitimidade, existe para o universo dos visionários uma turma xeba, mata-virgem, essa turma que come gente, xenófobos, antropofágicos tupiniquins à caça permanente de um Bispo Sardinha.

    Ainda bem, Joatan, que o povo brasileiro não está aí para essa conceiuação. Mandou seus representantes, e eu estava lá, em todas as conferências, municipal, estadual e federal. Gente que debateu, que brigou, que votou, milhares de brasileiros e você insiste em manter um apelo técnico, científico, político, cultural. Não Joatan! Seu soneto foi guincho só, mas sua emenda foi um plágio de inúmeras colagens de discursos mais baratos que encontra na praça anti-getulista, lulista, chavista e todos os istas que o o super-herói Avatar ainda há de nos salvar.

    Que a plenitude da nossa soberania ainda caia sobre as nossas consciências! Para termos o direito, medíocre que seja, de curtirmos os nossos próprios sentimentos baseados no nosso cotidiano.

    Apoio sistematicamente a linha mestra que o Ministério da Cultura adotou, a de fortalecer as vozes da sociedade e não dos grupos econômicos que, nas subliminares, você defende.

  • Joatan, 26 de abril de 2010 @ 19:34 Reply

    Prezado Carlos Henrique Machado, não penso que vc esteja sendo rude comigo, mas sim que vc não lê o que eu escrevo – isso é ser rude com todos os leitores deste site. Agindo assim você nega o diálogo, prefere me demonizar e com um discurso pobre(para não dizer parvo) tenta me desqualificar. Esta é tática dos autoritários, isto sim é sectarismo. Para se ter uma democracia de verdade é necessário entender que “as vozes da sociedade” são as vozes de todos os membros da sociedade, inclusive daqueles que discordam dos que estão, circunstancialmente, no poder. Só os autocratas sonham com a eternidade do poder! Só os regimes autoritários é que massacram os dissidentes!
    Dei todas as referencias bibliográficas em que me baseio para apresentar minha análise sobre a questão que está em debate. É injusto e calunioso voce afirmar que “dos grupos econômicos que, nas subliminares, você defende.” E, neste caso, peço vênia aos administradores deste site, para exigir que você aponte quais “grupos econômicos” e em que momento eu os defendi em meus textos?
    Este não é o bom debate… isto não é diálogo, isto não serve ao propósito de se aprofundar as questões apresentadas aqui.
    Vamos falar sim, sobre os rumos das Politicas de Cultura! Valos falar sim do porque a PEC150 é um engôdo. Este tipo de ação não dá certo, enquanto não se alterar o Capítulo III, da Constituição Brasileira, criando um Capítulo para a CULTURA, da mesma forma e por isonomia com o Meio Ambiente (cap. VI); ou com Capitulo VIII (dos indios), p.ex. Esta mudança pressupõe um debate sobre o que queremos dizer por Cultura, quando falamos de Cultura. Já que para alguns, p.ex., a UNESCO, cultura é tudo o que o homem faz. Ora, se cultura é tudo então não precisa, necessariamente, de um Ministério da Cultura.
    Pois, em cada área, esta implicita a questão da cultura. E assim se economiza dinheiro com cargos e salários. E com tanta discussão!
    Porém podemos entender que CULTURA, é uma área com atividades produtivas que geram uma economia cuja especificidade pede uma modelo de gestão específico. Neste caso, temos que criar, na Constituição, este marco legal, esta delimitação de funções, abrangência e hierarquia de atribuições dentro da ordem institucional da República Federativa do Brasil – União, Estados e Municípios.
    Do jeito que está, o MinC, fica sempre subalterno (e este termo é o que o Juca Ferreira usou no texto de apresentação da sua gestão), porque a constituição reconhece que a Cultura é uma “seção”, do conjunto Educação, Cultura e Desporto.
    Na monografia que eu citei, que logrou ser aprovada com nível A, no Curso de Doutorado da Coppe/UFRJ, eu aponto estas questões com provas e referencias – técnicas e epistemológicas.
    Então, caros leitores… vamos levantar o debate!!!
    Abaixo a desqualificação, abaixo o autoritarismo, viva a democracia!!!

  • Joatan, 26 de abril de 2010 @ 20:39 Reply

    Sim Gil,

    A limitação de preços em qualquer economia de mercado aberto é uma ação que se deve fazer para corrigir eventuais distorções, em casos muito especiais. Quando fui diretor de marketing e comunicação do CCBBRio, fiz uma série de pesquisas sobre comportamento de consumo de cultura no municipio do Rio de Janeiro. Descobri que a questão do preço não era mais importante do que outros fatores como: a)conforto e limpeza do ambiente; b)acessibilidade – transporte público, linguagem e sinalização adequada, rampas de acesso para pessoas com dificuldade de locomoção, tempo de exibição dos eventos suficiente para que as pessoas pudessem se programar para ir; c)programação com diversidade temática; d)preços acessiveis ao nível de consumo das familias médias brasileiras.
    Um dos problema deste modelo de incentivo fiscal é que ele se destina a projetos. Então ele não se direciona, na forma capitalista habitual, para a formação de empresas, ou conglomerados de empresas, e sim para formulários com nome de projeto, que na maioria são desejos de realizações de eventos, nem também ao público – poderiamos ter um modelo parecido com o dos Estados Unidos (já vem a malhação da patrulha ideológica), onde o cidadão pode descontar no Imposto de Renda, um percentual do que ele gasta com consumo de bens ou atividades culturais, seja na forma de compra ou de doação para uma instituição (no caso os clubes de sócios). Este modelo foi tentato, no segundo mandato de FHC, na gestão do Weffort, é estava contido num projeto chamado “Cidadania Cultural”. Era, sob o ponto de vista dos técnicos que desenvolveram o projeto, a melhor forma de se descentralizar o consumo de cultura, uma vez que o cidadão mora na cidade. O modelo atual até preve a possibilidade de um contribuinte pessoa fisica, descontar no IR a pagar um certo percentual do Imposto Devido, mas isso é feito a posteriori, de maneira complicada. A tentativa de simplificar o usufruto deste benefício, foi barrada pelos técnicos da Receita Federal. Disseram um não e pronto, o assunto morreu.
    Voltando aos projetos, penso que é dificil falar de projeto quando se lê os formularios aprovados pela CNIC. Não é culpa dos produtores, mas é a contigência da burocracia que acaba por transformar em uma lista de custos anexas a umas páginas de desejo. Ao contrário do que se podia pensar que incentivo é para fortalecer o empreendedorismo e as empresas, o atual modelo de incentivo fiscal, pune a capitalização da empresa. Então, cria um faz de conta, onde se pressupõe que o “produtor” vá ser um espécie de parceiro do estado na tarefa de oferecer entretenimento cultural para a população. E isto cria um jogo de mentirinha, onde todo mundo finge, e quem sofre é o produto final. Ou seja, de algum modo ninguém vai trabalhar de graça num projeto, então os chamados “custos administrativos” são sugados dos insumos do produto (filme, livro, espetáculo etc.), aí o produto final nunca termina bem. Quem melhor usa o atual modelo de incentivo são as Instituições ligadas à grandes empresas, porque o incentivo passa a ser um redutor de custos na conta de comunicação institucional das empresas patrocinadoras dos “institutos”. Há casos, como o que o CCBB, pratica atualmente, em que se faz um “faz de conta” de seleção de projetos, para depois repassar ao produtor o ônus de processar, aprovar e prestar contas dos mesmo projeto, agora sob a responsabilidade das empresas produtoras. Penso que as instituições de operam no modelo de “planos anuais” permitem mais transparência de gestão. Entretanto, não há nenhuma ilegadade, na prática citada.
    Um dos complicadores, para o produtor autônomo e pequeno, é o fato de que, a maioria dos patrocinadores, passaram a fatiar os recursos para abranger um grande numero de projetos atendidos, então o “produtor” acaba por gastar um tempo maior na captação dos recursos para um determinado projeto. Nesta trajetória o tempo joga contra, e como diria um sábio português ” otempo é amigo da distância e esta é irmã do desrespeito.”
    Vejamos o que está escrito na Constituição (atenção: sendo burguesa ou não, ela é a nossa Constituição, vá lá que os petistas e assemelhados não votaram na sua aprovação, mas chegaram ao poder graças à garantia de direitos, nela inscrita), então vejamos:
    “Seção II – Da Cultura – Art.215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. Nada há neste artigo, nem nos demais (só tem mais um)que estabeleça a forma se cumprir este compromisso.
    Este é o caput do Artigo, que orienta a formulação do PRONAC-Programa de Apoio a Cultura, que todo mundo chama de Lei Rouanet.
    Para quem conhece a matéria técnica do Planejamento Público no Brasil, que estrutura o Orçamento da União, aprovado todo ano no Congresso Nacional, o nome PPA, não é estranho. PPA, quer dizer, Plano Plurianual, um das conquistas da Constituição de 1988.
    Todo governo é obrigado a fazer um Plano Plurianual, com vigência de 5 anos. O PPA, em vigência, é o PPA-2008/2011. Então, o Presidente da República, que assumir em Janeiro, vai governar um ano cumprindo as Diretrizes e Metas desta PPA.
    Para que serve o PPA, para se formular as bases das Diretrizes que estruturam e ordenam o Desenvolvimento do País, com base nos compromissos de Plano de Govêrno do Presidente Eleito.
    O Plano de Governo leva em conta a Constituição, ao estruturar o PPA, leva-se em conta o que está previsto lá. Assim se a Cultura é vista como uma subseção da Educação, isto vai refletir no PPA e depois na estrutura do Orçamento.
    Então, uma PEC, sugerindo a fixação do Orçamento do Minc, em X, por cento do Orçamento da UNIÃO, é improvável, porque colide com o que prevê a Constituição, no tópico onde se prevê e se regula a formulação dos PPAs. Fora isso, a aprovação geraria a questão da isonomia para os demais setores.
    Se fosse possível este tipo de alteração, o Gilberto Gil, teria conseguido no primeiro mandato do LULA! O Francisco Weffort, no segundo mandato do FHC! Vocês acham que eles não tentaram?
    Para um bom exercício, entre no site do Ministério da Planejamento e busquem o PPA-2008/20011 e vejam o que lá está escrito e previsto para a cultura. Aí vão entender melhor porque o MinC, vive nesta deambulação de muita discussão e pouca ação!!!
    Muitas Assembléias, muitas comissões, baixo nível de conhecimento técnico e alto nível de populismo, são os males que assolam o país.

  • Carlos Henrique Machado, 27 de abril de 2010 @ 0:12 Reply

    Ê Joatan, você não muda, dando suas carteiradas com salamaleques doutorandos aqui também? Falou uma bobagem e não aceita o contraditório. Você está longe de ser o democrata que diz ser. Desconsidere as minhas últimas palavras se não for você o mesmo personagem que produziu um festival milionário de samba, logo após a sua saída do Ministério da Cultura de FHC e que, quando questionado sobre a lisura deste festival na tribuna Samba-Choro, você fez ameaças de processar Paulo Neves que dirige aquela tribuna.

    sss://www.samba-choro.com.br/noticias/arquivo/5327

    Só estou colocando isso aqui porque isso é público, estão lá a discussão toda e as suas ameaças. Agora vem você novamente com esse mesmo tipo de ameaça ou de coação? Não me venha com hipocrisia! Autoritário e arrogante é você. Quando falei que sua análise sobre toda esta questão é rasa e rasteira, falei claramente que você defende o modelo que aí está empurrando com a barriga, modelo que interessa somente aos grandes grupos econômicos. Você é que está se vitimizando, não pode ser questionado. Portanto, Joatan, dispa-se desse eleitorialismo PSDBista o qual é parte do pensamento de política cultural. Você não veio aqui falar de política cultural, mas sim, sorrateiramente vem falar de política eleitoral.

    Civilizados e cordiais abraços.

  • Leonardo Brant, 27 de abril de 2010 @ 10:53 Reply

    Acho uma pena que uma discussão tão rica tenha descambado para acusações pessoais e para essa briga babaca entre PT e PSDB. Os dois partidos já se mostraram corruptos, têm sede de poder, fizeram mal ao Brasil. Mas também fizeram bem, cada um do seu jeito, com suas crenças e visões de mundo. Nenhum tem moral para falar do outro.

    É uma briga religiosa, ninguém tem razão. Que tal voltarmos ao tema da discussão?

    Abs, LB

  • gil lopes, 27 de abril de 2010 @ 12:29 Reply

    Pois eu não acho…nem acho babaca a briga PT e Psdb…essa é a “briga”do Brasil. Querer ‘melar”essa briga e vir com historinha de corrupção não faz bem ao Brasil. Então as nossas maiores e melhores representações não passam de corruptos? Isso interessa a quem? E isso não é verdade, por mais que queiram incutir isso como norma, não é. Partidos com sede de poder? Qual é o problema? Partido é pra que? O Brasil quer seus partidos, o Brasil tem seus partidos e é com eles que vamos, e vamos muito bem, vamos construindo nossa História e nossa democracia. Esse papo de que em política ninguém tem razão ou que não se deve discutir não cola. Em democracia a gente discuti sim, as vezes até se exalta, as vezes a porrada come…somos de carne osso e paixão…vamos conspirar para que sejamos civilizados, mas com paixão e o coração batendo. É hora de FlaxFlu no Brasil, é hora de CorinthiansxPalmeiras( ou Santos), é hora de pegar a bandeira e sair na rua, com orgulho, e brigar a boa briga pelo seu idela, pelo seu partido. É lindo o sufrágio, é o grande momento nacional, vamos a ele cm orgulho e Viva o PT! Viva O PSDB! Viva o PV!
    Aqui, aqui é a boa discussão, o assunto do autor é pertinente e dá assunto, é assim mesmo, somos do país do Carnaval, somnos o que somos e do jeito que somos, que história é essa de querer idealizar a discussão livre? Se alguém xingar a mãe a gente intercede, mas não tem isso não….se alguém muito sensível não gostar d que vê, é o risco, queremos os sensíveis mas não podemos fantasiar como somos. Ao debate; eu vou com a Dilma. E eu não quero acabar com a Lei Rouanet, eu prefiro selecionar melhor os projetos.
    O artigo do Joatan, é ótimo. Carlão, é muito bacana. É isso aí minha gente.

  • gil lopes, 27 de abril de 2010 @ 12:47 Reply

    Vamos explificar um pouco. A Nestlé por exemplo, e podemos falar dela por conta do espetacular e excelente projeto que desenvolve a anos com nosso Rei Roberto Carlos, mas a Nestlé utiliza recursos incentivados no foco: nutrição, água e desenvolvimento rural. Pois bem, onde isso tem visibilidade na produção cultural brasileira. Se vc bater na porta deles, seja com o que for vai encontrar isso pela frente, resultado: não tem a parceria. Então a gente pensa, mas pra que a sociedade resolveu incentivar com isenção se o dinheiro não aparece? Quando há um porjeto bacana, mas bacana mesmo, o que a gente vê? Petrobrás, Caixa, BB, Correios, Eletrobrás, ou seja, a Viúva.É a Viúva que faz política cultura no Brasil porque do outro lado é dirigismo, isso sim é dirigismo, cadê as grandes empresas fazendo a política cultural? Mesmo com o incentivo? Não fazem, não parecem, ou é ação entre amigos ou é produto importado…francamente…cadê a lei Rouanet? Então agente pensa: será um boicote? será que elas não querem uma política de cultura entre nós? Porque a sabotagem? Empurram o governo para a decisão centralista, para depois o acusarem. Portanto…é luta política! ou será que delirei?

  • Joatan, 3 de maio de 2010 @ 22:12 Reply

    Caros leitores, Aviso que não pertenço a nenhum partido, a não ser, é claro, ao PCB – Partido da Cultura Brasileira. O que escrevi e defendo é produto do meu trabalho de estudos e reflexões. Acho que o Leo Brant tem razão pois este debate não é um debate entre PSDB e PT, aliás em momento algum eu mencionei algum destes partidos.
    O que disse e ainda espero resposta é que o Carlos Henrique Machado faz uma acusação, mas não apresenta prova. Da mesma forma que, no passado o Paulo Neves me acusou de algo sem ter provas. Ora,numa sociedade democrática e republicana como a nossa, acusação sem provas é calúnia, calúnia é crime passível de processo. Portanto, não é nenhum ato autoritário exigir do acusador a prova e até processa-lo por calúnia. Pelo contrário é um direito previsto na nossa Constituição. Tenho experiência politica suficiente para saber o que é um provocador, na minha juventude quando fui militante do PCB, aprendi todas estas táticas de provocação. E, por isso, não temo responder à altura e à baixura quando necessário.
    Continuo afirmando que os argumentos do Ministério da Cultura para defender a reforma da Lei Rouanet, são frágeis, não justificam nenhum apoio, embora concorde que deva ser feito uma reforma ampla no sistema de financiamento a cultura no Brasil. O projeto de lei que o Juca Ferreira quer aprovar, visa aumentar o controle do Estado sobre a produção cultural, sob o argumento de que, com os Fundos Setoriais, haverá mais equidade no financiamento dos projetos. Do jeito que está não é verdade. O autoritarismo não estimula a criação, exemplos disso não faltam na história da humanidade. Os comitês das Estatais que controlam os patricionios com a segregação de pessoas que são discriminadas por terem participado do govêrno de FHC, ou por discordarem das propostas apresentadas pela atual gestão, já são prova suficiente desta vocação stalinista predominante.
    Por outro lado, como afirmei antes, a Lei Rouanet é um sistema de apoio à produção cultural que já está falido desde 1998. Tem que ser refeito, mas antes de tudo, é necessário discutirmos a função do Ministério da Cultura, sua relação de competencia com os outros entes da federação, sua competência no âmbito da gestão pública no Brasil.
    O que está previsto na Constituição de 1988, não habilita o atual Ministério da Cultura a desenvolver a quantidade de propostas e demandas a que se submete e estimula. Muito do que a atual gestão do MInC quer fazer é tarefa da Educação. Outro tanto já é feito por organizações governamentais como a FUNAI, p.ex. Por outro lado o MInC não tem uma proposta clara para a indústria cultural. Há uma clara falta de coordenação e divisão de funções entre a ANCINE e a Secretaria do Audiovisual, p.ex. O Secretario Silvio Da-Rin, recém demitido pelo Ministro, deu uma entrevista no O Globo, ontem, falando disso. Como pode uma agência que tem a finalidade de REgular e Controlar o Mercado, ser ao mesmo tempo fomentadora deste mercado. Como pode a ANCINE ser parceira das majors, distribuidoras de filmes e ao mesmo tempo cumprir sua função reguladora e fiscalizadora do mercado. Isto tem ficar claro nos debates.
    Hoje, vendo a apresentação do Sub-Secretário de Cultura do MInC – Afonso Luz, no Seminário Internacional Brasil-França – Política e Gestão Cultural – Olhares Cruzados, que está sendo realizado na FGV, percebi que os atuais gestores do MInC, têm um discurso completamente difuso, mas não têm a menor idéia do que é planejamento. Dessa forma, entram em conflito e contradição com o que está previsto para a área da cultura no PPA-2007-2011 (Plano Plurianual). A apresentação de Afonso Luz, mais parecia um diagnóstico onde ela aponta falhas e mais falhas na política cultural que ele mesmo formulou. É estranho ver um sujeito que representa o MInC passar o tempo todo tergiversando diante de uma platéia de gestores culturais perplexa, e de representares da França, se entreolhando sem saber o que estava acontecendo.
    Curioso, que mais tarde a representante da Fundação Casa de Rui Barbosa, Lia Calabre, fez um relato sobre as políticas culturais do MinC, que parecia um outro Ministério, mas também completamente alienado em relação ao que reza o PPA-2007-2011.
    Assim, continuo afirmando que, apesar das centenas de comissões, convenções e conferências, tudo não passa de muita falação e pouca ação. É revoltante ficar ouvindo um representante do MInC, dizer que a Lei de Incentivo fiscal é um produto do governo neo-liberal do FHC, sem ter a dignidade de confessar que até agora, já no final do segundo mandato do governo LULA, não fizeram nada para mudar a Lei, ou criar outros programas que pudessem substituir esta Lei. Olhando retrospectivamente, eles também podem ser considerados neoliberais porque deram continuidade a tudo o que era praticado no governo FHC. Só mudaram as falações!
    A cultura não é um luxo, mas também não precisamos jogá-lo no lixo para dizermos que estamos fazendo política cultural popular.

  • gil lopes, 4 de maio de 2010 @ 1:07 Reply

    Joatan, esse partido da cultura ainda não existe, se vc quiser fundá-lo vá em frente. Mas compreendo a figura de retórica que vc utilizou. Carlão também usou da retórica, se vc se ofendeu e acusou, Carlão retirou o parágrafo da tal ofensa. Portanto não faz sentido vc insistir com reprimendas, todo mundo sabe que vc está disposto a ir ao tribunal caso se sinta ofendido, pronto. Agora, é natural que suas opiniões sejam discutidas. Eu por exemplo não me ofendi quando vc injustificadamente negou que eu tivesse lido seu depoimento…mais a frente vc naturalmente se desculpou e seguimos.
    Acho que já deu…vamos para outra.

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 4 de maio de 2010 @ 8:34 Reply

    Joatan

    Encerro aqui o meu assunto com você. Não dá para falar com quem não coloca as cartas na mesa. De mais a mais, essa sua catimba de malabarismo técnico é extraída do livro de contos de D. Carochinha. Não tenho nada a acrescentar a não ser o que eu já disse, e mantenho, até porque esse seu “rompante bacamarteiro” do “meto-lhe a lei!”, como bem disse Neves, é um arroto viciado. O nível do seu debate é abaixo da linha da cintura. Não há nada de científico no que você diz. E se nem político é, como você jura de pés juntos, seu ramerrão nada é. Está aí sozinho se afogando num copo d’água. Seu papo não é comigo. Seus argumentos são como comida por quilo, excesso de carboidratos ameaçadores e nenhuma proteína de verdade. Assim não dá, não jogo esse jogo. Eu passo em respeito ao espaço democrático que é o Cultura e Mercado. Pelo menos agora já não cabe mais aquela frase, “você sabe com quem está falando?”.

  • Leonardo Brant, 4 de maio de 2010 @ 11:45 Reply

    Desculpe Carlos, mas vc se perdeu neste, com vem se perdendo em vários outros debates aqui do Cultura e Mercado. Em vez de lançar mão da racionalidade, do pensamento, do argumento, ou até mesmo de elementos emocionais provindos de sua vasta experiência de vida artística, seu discurso descamba sempre para um cego messianismo petista totalmente anacrônico.
    Isso diminui sempre o debate, pois coloca o PSDB como causador de todos os problemas do país e o PT como a solução. E quem discorda de vc é sempre atacado, moralmente desqualificado por sua pena implacável, que julga a todos e a tudo, colocando-se ora no Olimpo ora no lugar de vítima desse sistema.
    Quero lembrar que o PT é tão ou mais corrupto que o PSDB. Tem uma legião de figuras públicas escondidas atrás da porta. Isso não diminui o excelente governo do Lula, apenas não confirma a sua tese de uma nota só, de um maniqueísmo aterrorizador.
    Aqui nós queremos debater as ideias, sem acusações baixas e sem fuzilamento moral. Não estou aqui para defender o Joatan, que conheço tanto quanto você. Discordo de algumas de algumas das ideias dele e de algumas das suas também, assim como devemos discordar uns dos outros para aprender. Mas para isso é preciso um pouco de humildade. O debate limpo exige, antes de qualquer coisa, humildade.
    Tenho recebido vários e-mails de leitores que se dizem desestimulados por esse tipo de discussão acusatória, o que justifica a falta de diversidade de ideias aqui no Cultura e Mercado, pois nem todos tem o peito do Joatan de encarar a sua metralhadora. Isso tem prejudicado muito a ampliação do debate. Isso não é democracia. Cultura e Mercado não é um palanque, nem pra mim, muito menos pra você.
    Este site é visitado 400 mil vezes por mês, por gente de todo o Brasil e do exterior. Devemos incentivar e abrir espaço para que mais pessoas participem, de maneira democrática.
    Tenho demonstrado minha insatisfação com esse tipo de comportamento aqui no site e vou continuar lutando por um espaço aberto, pois é possível a convivência de vários modos de pensar sobre o complexo tema cultura.
    Abraços fraternos, Leonardo Brant

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 4 de maio de 2010 @ 13:33 Reply

    Leonardo
    Sobre o primeiro parágrafo do seu comentário, a recíproca é verdadeira. E como chumbo trocado não dói, está tudo certo.

    Permito-me advogar em meu favor, já que você foi claramente parcial nesta questão, ou seja, a favor de Joatan, um dos homens do ministério da cultura de Fernando Henrique Cardoso, o que caracteriza um claro alinhamento político, o que é compreensível, já que os termos utilizados por ele para atacar um Ministro de Estado, podem ser os mais caluniosos. E aqui mesmo você se cala não só porque consente, mas também porque utiliza os mesmos termos e com o mesmo fim, stalinista e etc.

    Nunca reclamei aqui de qualquer ataque ou pedi mediação sua para barrar comentários, mesmo de um anônimo que chegou ao ponto de me chamar de “vagabundo!” Não me lembro de você ter feito alguma observação sobre o fato, por quê? Não me pergunte! Se você se fechou em copas, com certeza imaginou que eu aguentaria o tranco, como aguentei, pois seria ridículo, quando não patético de minha parte um comportamento de coação com os comentaristas.

    Leonardo, sempre prezei muito o Cultura e Mercado por respeitar o contraditório e acho que este é o seu grande capital. Não me sinto constrangido por sua atitude parcial, até porque não é a primeira vez que se coloca desta forma, lamentavelmente já vi você agir assim com colegas.

    Despeço-me aqui por não reconhecer mais o Cultura e Mercado como um espaço democrático de cultura. Repito, nunca usei o argumento do anonimato, coisa que aconteceu aqui nesta tribuna e que fui radicalmente contra e estão aí embaixo todos os meus comentários que não me deixam mentir. Aceito a sua clara partidarização, pois nunca escondi, de forma hipócrita, que sou um militante em prol do que eu acredito, seja na política, seja na minha vida como artista.

    Por isso me retiro com a consciência de ter honrado com a minha dignidade e, sobretudo, lealdade com a cultura brasileira em cada uma das minhas observações, certas ou erradas, pertinentes ou não. E jamais aceitaria uma classificação que não estivesse à altura da minha do meu real compromisso como colaborador desta tribuna.

    Pela última vez, aqui nesta tribuna, dirijo-me aos leitores e agradeço a oportunidade que me deram lendo e/ou comentando os meus artigos.

    Abraços a todos do Cultura e Mercado.

  • Leonardo Brant, 4 de maio de 2010 @ 15:16 Reply

    Cultura e Mercado continua livre e aberto a discussões sobre política cultural. Não serei veículo eleitoral da Dilma, a candidata-iorgurte do Lula, tampouco do Serra, o novo chefe da quadrilha peessedebista.
    Não me negarei a publicar nenhum comentário, mas vou deixar meu profundo desncontentamento com esse tipo de discussão rasteira, revanchista, demagoga e desinteressante.
    Ninguém é perfeito. Eu mesmo já utilizei o expediente do xingamento aqui nesta tribuna. Me arrependo. Eu erro na dose sempre. Mas sempre busco admitir meus erros e corrigi-los em seguida. Conto com uma rede muito ativa para promover esse equilíbrio.
    Abs, LB

  • gil lopes, 4 de maio de 2010 @ 19:18 Reply

    Pô Carlão, não é nada disso…vc se retirar? Nem pensar…vou te chamar de fujão. O papo do Leonardo é o mesmo, já ouvi coisa semelhante, é só o papo dele, se coloca como o dono da bola, ainda bem que acreditam em internet livre e vão ter que engolir muito sapo. O pessoal da Marina, do PV agora acha que são melhores que os outros, são os puros, os limpos, sadios, a mesma lenga lenga, é apenas exercício do que já conhecemos. Comparam PT e PSDB, e fazem bem de certa forma, o Brasil é por aí mesmo e as eleições vão mostrar muito bem isso.
    Enquanto isso Carlão, o papo aqui interessa e ter o privilégio de estar frente a frente com vc, já valeu. Quando essa onda de professor da turma se abateu sobre mim também pensei em dar tchau, mas percebi que isso é um vício de comportamento verde, muito verde, ainda não está maduro e pensa que pode passar regras de comportamentos para cabras velhos como nós.
    Carlão, vc é o Carlão do Cultura e Mercado e abandonar o barco enfraquece…essa história que tem um monte de gente isso e aquilo é um bom mote pra fundarem o Cultura e Mercado 2, ou Cultura e Mercado Verde, para os verdinhos…os maduros, madeira de dar em doido, continuam…ou então eles chamam a polícia e fecham o buteco. Carlão, vc é dez e Joatan está na dele, com todo direito, deixa sair fumaça, mas não sai não…venha, tem uma passeata ali embaixo por conta disso, todo mundo quer vc aqui.
    E que papo careta de ficar dando pitaco e avaliando a onda dos outros, eu hein…que isso? Paulistice?

  • Leonardo Brant, 4 de maio de 2010 @ 20:19 Reply

    Cultura e Mercado é um projeto público. Com certeza não é meu. E está muito longe de ser um boteco. Se quiser ir ao boteco abra o seu. Se quiser participar, respeite e permita a participação de todos. Senão, a pretensa democracia vira apenas um papo de bêbados. Daí quem está fora sou eu! Abs, L

  • gil lopes, 5 de maio de 2010 @ 0:27 Reply

    Carioca tem dessas coisas, bota apelido em tudo, junta um pessoal trocando idéias e já chama de boteco virtual, maneira carinhosa e peculiar de dar nome novo para as coisas, a bossa nova nasceu assim, uma cariocada. Paulista ouve essas coisas e fica arrepiado, fazer o que? A gente quer conviver…agora, quem é que quer impedir participação de alguém? Onde foi que se viu isso? …os colegas se exaltaram na discussão, alguém se sentiu francamente desrespeitado? Eu não quero tomar as dores de ninguém, mas francamente…desrespeito é falar dos nosso políticos dessa maneira, eu acho. Acho que isso não ajuda o Brasil como já disse outra vez. É bacana o sujeito entrar e defender abertamente sua convicção, se partido, o que eu acho desrespeitoso é alguém entrar e esculhambar o partido alheio com adjetivos menores, isso sim eu acho desrespeitoso. Então se o sujeito vota no PT ou No PSDB e participa de um ambiente de elite como esse e vê seu partido ser chamado de corrupto isso é o que? A gente parece que se acostuma com isso, essa lenga lenga que quer desmerecer os partidos, os políticos brasileiros, sobretudo nessa hora que se aproxima o sufrágio, festa da nação. Está faltando PV aqui, o pessoal da Marina está escondido? Talvez porq saibam que a opção na verdade é o Serra? Mas então? Reproduzo a seguir parte da brilhante entrevista de aldo rabelo no site do zé dirceu::
    Conta Hegel que, certa vez, Goethe perguntou a Napoleão o que diferenciava a tragédia antiga da do mundo contemporâneo. Napoleão respondeu: “no mundo antigo, a tragédia e o destino dos homens estavam nas mãos dos deuses. Consultavam-se os oráculos e eles diziam. Ao inventar a política, o homem retirou dos deuses essa atribuição, e passou a ser dono do seu destino e da sua tragédia.”

  • Elisa Gueiras, 5 de maio de 2010 @ 1:42 Reply

    Brant,

    nesse caso, quem é o bêbado?

    Cordialmente

    Elisa Gueiras

  • josemir tadeu de souza, 5 de maio de 2010 @ 10:02 Reply

    Leonardo Brant, tua postura foi incrivelmente pelega e protetora. Difícil vislumbrar em ti, qualquer rasgo de confiabilidade.
    Autoritário, como os teus parceiros, teu interesses emaranham-se… tornam-se absolutamente claros, para os que conseguem penetrar em teus entrementes, mas a maioria absoluta obviamente, não consegue. Muitos por não conseguirem decodificar os teus “mistérios”, outros, mais “ladinos” – parceiros simbióticos – perceberam na grande gama de diversidades vertentes, das quais se abrolham Arte e Cultura, redesenharm uma nova visão, na qual, anteviram uma imensa fonte de lucros. Independente de partidos, teu escancarado posicionamento a favor do Joatan, foi constrangedor.
    Em termos de Arte, Cultura, perdeste. Quem é Joatan a não ser mais um daqueles, que se motivou – por área eminentemente não exata contrariando sobremaneira seu ideal – a caminhar pela visagem dourada, do tilintar dos lucros, abrigados no final do processo, quando a calmaria se estabelece?
    Carlos Henrique Machado, é um gênio idealista e totalmente POVO.
    Ainda bem que somos petistas.
    Lastimável tua invasão no debate, com a intenção escancarada de tentar denegrir a imagem de Carlos Henrique Machado, que óbvio, não se faz um dos teus prediletos, pois que ele se coloca claramente perante ao que se posta justo, no campo moral e profisional.
    Joatan, deverias seguir o teu caminho academico,extirpando de vez, quaisquer movimentos Culturais, pois todas as setas indicam que sejas mais um elemento experiente na arte de conseguir captar a fartura de recursos, trabalhando é claro, no governo de FHC.
    Muito simples saber onde te situas no campo Cultural:
    Tocas o quê?
    Participaste de qual peça teatral?
    Pintaste qual tela?
    Compuseste qual música?
    Regeste qual orquestra?
    Quais os compositores, que interpretas?

    Se tua coluna fizesse referencia a qualquer uma dessas aptidões,sinceramente eu a leria, com apetite voraz…

    Um abraço.
    Josemir tadeu

  • Leonardo Brant, 5 de maio de 2010 @ 10:49 Reply

    Obrigado pela gentileza Josemir. Até eu quero saber quem são esses meus “parceiros”, quero saber um pouco mais sobre os meus interesses escusos. Preciso me conhecer melhor. Mas vamos lá.
    Isso daqui é debate de ideias. Vou interferir sempre nas baixarias, como venho fazendo há 12 anos. Não estou no lado de ninguém. O Carlos Henrique é fabuloso, por suas ideias e propostas. Com ele venho aprendendo e dialgando muito nos últimos anos.
    Mas o nosso sistema de debate não está funcionando. Isso não é arena de gladiadores. Isso é um espaço para imaginarmos mais e melhores políticas culturais, com várias ideias e pontos de vista.
    Vamos ao debate! Abs, LB

  • josemir tadeu de souza, 5 de maio de 2010 @ 12:46 Reply

    Eu não veiculei em nenhum momento “interesses escusos”.
    Fascinante a reação nossa, quando fazemos alusões sem quaisquer sofismas ou intenções outras, ao termo lucro. Notamos que de imediato, essa palavra conduz nossas mentes para uma enunciação, que transgride leis, ou como tu dizes, interesses escusos.
    Como o espaço, segundo o próprio site caracteriza-se pela viabilização ao debate sadio, eu simplesmente, decidi participar do mesmo, em apoio irrestrito ao Carlos Henrique Machado.
    Sem mais, sem espadas, armaduras ou Arenas, despeço-me, reinterando que nesse espaço, onde a Cultura se faz debatida e esmiuçada, detalhadamente, o Carlos Henrique Machado faz-se fundamental, porque é compositor, instrumentista, arranjador, povo, inteligente e apaixonado pelo País, pela história do País, é conhecido no mundo inteiro, e o mais importante, tem personalidade e vibra, pois que ama o que faz, e sente-se agredido, quando procuram criar embustes, utilizando a Cultura como elemento agenciador e propulsor de vantagens.
    Nesse ponto, Leonardo, com todo respeito, voce perdeu e muito.
    Sugiro até, que converses com ele, ambos sairão ganhando.

  • Leonardo Brant, 5 de maio de 2010 @ 15:17 Reply

    É verdade. Eu errei e eu perdi. E toda a rede do Cultura e Mercado está perdendo. Mas acho que podemos tirar algo proveitoso disso tudo. Vamos aproveitar para discutir a participação e os ambientes colaborativos. Pode ser uma boa oportunidade. O que vc acha? Abs, L

  • raphael, 6 de maio de 2010 @ 11:47 Reply

    O Carlos Henrique, tem um “defeito” para estes nossos tempos. Escolheu um lado e faz questão de reafirmar isso o tempo todo. Isto num tempo em que articuladores das posições de direita se negam a assumir publicamente tal posição, e, fazem sempre questão da relembrar seu passado de esquerda, como se isso os absolvesse – quando deveria ser justamente o contrário – das culpas atuais.
    Mus caros, o Carlos Lacerda, o Corvo, também foi militante do PCB. O PCB pode ser definido no genial poema de Gullar em comemoração aos 60 anos do Partidão: “quem falar da história do Brasil e não falar do PCB e de seus heróis estará mentindo”, mas também devemos lembrar o tempo todo que o seu herdeiro cartorial, o PPS, é hoje uma sublegenda do PSDB em parceria com o DEM, herdeiro cartorial da ARENA da ditadura. Vergonha! Herdeiros legais dos “desaparecidos” irmanados aos herdeiros legais dos representantes parlamentares dos carrascos. Mas, o debate aqui é outro. Acho, infelizmente, que o “resultado” já estava escrito no título: Cultura e Mercado. Imaginem Óleo e Água. Não se misturam não é? Não poderia, não pode, não poderá. É esse antagonismo, ao ser colocado de forma mais clara, que gerou a exacerbação da “retirada” do Carlos Henrique. A CULTURA é a pátria doa artista popular. O Mercado o seu exílio, seu desterro.

  • Marisa Hubner, 10 de maio de 2010 @ 12:09 Reply

    ……….Para se tornar efetivo como instância de representação e regulação da sociedade, o Estado precisa inserir a cultura em sua agenda prioritária.-Leonardo Brant.

    O que fica evidente aqui, quando lemos este cabeçalho do Senhor Leonardo Brant e estendemos os nossos olhos para a seção abaixo, os mais comentados, e nos deparamos com um texto da redação sem assinatura – O Estado Contra a Lei – todavia creio ter sido escrito por Leonardo Brant, que afinal aqui se afirma como comandante, contra a politização generalizada. Como pode o ajustamento de tamanha ambiguidade? Tem horas que o Senhor Leonardo finge contrariar a força das estruturas dominantes, noutras, pelo reino de sua vontade, faz a mistura generalizada com seus pares e ataca o estado para defender seus interesses factivelmente anônimos em determinada condição. Aqui, ali, em toda parte.

    O acadêmico, Senhor Joatan Berbel, que faz utilização de recursos formidáveis da técnica e da ciência pelas novas formas do grande capital, em sua análise não ideológica de exacerbação protocolar, apresenta-nos a evolução de acadêmico-empresário. Se existe alguém fora desta ordem de permanência insustentável neste movimento, é o Senhor Carlos Henrique Machado Freitas que clama pela emancipação da população. A simbologia ideológica e de solidariedade orgânica do Senhor Carlos está fora da ordem do viés outorgado pelas regras do espaço. Não lamento a sua saída, comemoro a não proliferação dos ilegais, dos irregulares, vez que ele não pactua com o deboche de racionalidade capitalista.

    Cordialmente.

  • Leonardo Brant, 10 de maio de 2010 @ 14:11 Reply

    Vou empreender esforços para desestimular a disputa partidária neste espaço. Não acredito nela. Isso não significa que vou censurar comentários ou coisa parecida.

    Quero poder colocar minhas opiniões aqui, mesmo que contrarie a visão e a ideologia de alguns. Não defendo o Joatan. Acho que ele sintonizou a discussão pelo diapasão do Carlos Henrique. E ela saiu das ideias e foi para um campo maldoso, da ofensa e da acusação pessoal.

    Cultura e Mercado não está aqui pra isso. Não fazemos vigília ideológica, não somos partidários, mas acolhemos todos.

    O que mudou de um mês pra cá é que comecei a alertar os participantes sobre os impropérios comentados. Acho que isso também faz parte do meu papel de editor.

    Não esotu conduzindo o debate, apenas manifestando o apelo da comunidade, desistimulada diante do que considero cerceamento do espaço público em nome de ideias e visões de mundo particulares.

    Não me sinto defensor dos fracos e oprimidos. Mas tenho o meu compromisso com essa rede e quero tentar aprimorar o debate.

    Nesse processo posso errar. E errei. Mas não me omiti. Abs, LB

  • gil lopes, 10 de maio de 2010 @ 15:34 Reply

    É a velha tempestade em copo d’agua…o debate com Joatan pegou fogo, o assunto é bom, estimulou. Carlão é transparente, tive dificuldade no início das minhas participações aqui, de compreender a dimensão dos comentários dele. Quando percebi, que maravilha! Uma excelente oportunidade para aprofundar conhecimentos e debater postura ideológica, quem é mais coerente que Carlão? Portanto ele é uma oportunidade no ambiente. Quem não compreende e não tem interesse em desenvolver a democracia, se aborrece. Mas o problema é de quem se aborrece. E não dá pra imaginar um ambiente de debate sem aborrecimentos, quem não os quer não os procura…liga a tv.
    Também não dá pra inibir os arroubos, as tensões, elas fazem parte. Seria como imaginar uma partida de futebol sem faltas, não existe, é tênis. Estamos tratando de Cultura e Mercado, quer mais? É pau puro, um país analfabeto, de democracia infantil, culturalmente ocupado e de mercado volátil. É pau puro!
    Fico impressionado como o ambiente aqui é morninho, calmo. Deveríamos nos regozijar, os bacanas, os educados, os bem educados. De vez em quando a casa cai, mas daí a se aproveitar disso para lembrar que é editor, é feio Leonardo. Fica quieto, deixa passar, o pessoal aqui tem juízo, é bacana, e passa. Mas entrar e querer dar uma de organizador de pelada no Aterro…francamente…resultado? Carlão saiu, que tal? E por conta do Joatan, não! Por conta de intromissão agressiva, aí sim, e destemperada. Exatamente o que não se deseja. Com essas lideranças nós vamos aonde hein? É muito cacique pra pouco índio. Aqui não tem índio.
    E querer interromper, querer despartidarizar o debate…que triste ilusão, e que compromisso mais careta. Na hora mais bacana do país, a hora do pleito a gente vai fazer esforço para despartidarizar? Pois é hora mais é de partidarizar, de sabermos como cada partido pretende. O esforço agora me parece que deve ser o de partidarizar as discussões. Ou será que todo mundo acha que partido é coisa ruim ou coisa de corrupto. Isso é paulistice?

  • Leonardo Brant, 11 de maio de 2010 @ 15:23 Reply

    É mesmo Elisa? Para mim isso parece mais a história daquele grupo de cidadãos que disponibilizaram bicicletas em Amsterdam, feitas para uso coletivo. Mas sempre tem alguém que quer quebrar o ciclo e colocar a bicicleta dentro de casa. Daí tem que ter um sujeito chato, que vai lá na casa buscar a bike e disponibilizar novamente para todos. Cordiamente, LB

  • Vivian da Silva Correa, 15 de maio de 2010 @ 17:42 Reply

    Caros,

    normalmente não participaria de uma discussão como esta, na qual o motivo do debate já se perdeu. Contudo, fiquei bastante incomodada em ver este tipo de briga com ofenças pessoais e totalmente desvinculadas às questões culturais.
    Ao meu ver, o Cultura e Mercado é um espaço voltado ao debate sustentável sobre cultura: estratégias, implementação de políticas culturais, metodologias para gestão cultural…
    Esta plataforma deveria ser um lugar apto a gerar novas possibilidades de comunicação e legitimar a discussão sobre cultura no Brasil, por meio de uma esfera pública.
    Neste sentido, a proposta aqui é conversar sobre um dos desafios mais urgentes da sociedade brasileira: a construção de políticas culturais democráticas e cidadãs.
    Infelizmente, enquanto continuarmos com esta briguinha entre partidos políticos e vaidades privadas, não conseguiremos dar um passo adiante e muito menos conduzir o debate acerca da valorização e reconhecimento da nossa cultura.

    V.

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