O diretor do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo, vai anunciar nesta sexta-feira (12/8) os nomes dos novos conselheiros da instituição. No mês passado, o diretor executivo do museu, Luiz Henrique Marcon Neves, deixou o cargo, assim como um grupo de membros de seu conselho administrativo, incluindo a presidente Ligia Fonseca Ferreira.
Emanoel Araújo, que passa a acumular as funções de diretor curador e diretor executivo, ameniza o clima de crise interna. “Foi um processo natural”, diz ele. “As pessoas se sentem cansadas.”
Araújo vai realizar uma reunião de apresentação e de posse dos seis novos conselheiros do museu, “amigos” que ele mesmo convidou nos últimos dias para o conselho. Além da dramaturga Maria Adelaide Amaral, serão conselheiros Hubert Alquéres, ex-diretor da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo; Francisco Vidal Luna, ex-secretário estadual de Planejamento; José Henrique Reis Lobo, ex-presidente do diretório paulistano do PSDB; Manuelito Pereira Magalhães Junior, diretor da Sabesp; e Antonio Denardi, diretor da TV da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Luna vai presidir o conselho não remunerado, com mandato de quatro anos.
Criado em 2004 e desde 2006 instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura, com orçamento público anual de R$ 8,5 milhões, o Museu Afro Brasil é gerido pela Organização Social (OS) Associação Amigos Museu Afro Brasil. O secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo, também ameniza a crise interna do museu, provocada pela saída coletiva de membros de sua estrutura. “Foi um desentendimento dentro da própria OS, mas isso não interferiu no andamento do museu”, diz Matarazzo. O secretário não vai participar da reunião de posse, amanhã, dos novos conselheiros, mas conta que “trocou ideias” com Emanoel Araújo para montar a lista.
“Ele (Luiz Henrique Marcon Neves, ex-diretor executivo) funcionava, mas não basta só eu estar contente, tem de ser uma harmonia entre a OS e a Secretaria”, continua o secretário. Segundo Araújo, Neves “quis sair diante da impossibilidade dele de realizar o estabelecido pelo projeto de gestão do museu”. Agora diretor curador e diretor executivo, conta que teve de criar dois cargos de apoio, institucional e jurídico, para o Afro Brasil. Ele diz ainda que está convidando personalidades internacionais para um futuro conselho consultivo.
“Não é o museu de minha figura, criei um sonho voltado para a memória, história, arte e contribuições afro brasileiras, mas, sobretudo, do Brasil. Sou apenas gestor de tudo isso”, diz Araújo , respondendo à pecha de centralizador em relação à instituição. Ele foi ainda convidado pelo secretário de Cultura do Rio de Janeiro, Emilio Kalil, a participar da concepção de um museu afro carioca, mas nega que vá dirigir a instituição.
O Museu Afro Brasil é um projeto antigo de Araújo, desde antes de sua efetiva institucionalização. Artista e ex-diretor da Pinacoteca do Estado (responsável, até 2002, por sua reforma e revitalização), ele doou 2.570 obras de sua coleção para a criação do Afro Brasil e ainda cedeu em comodato mais de 2.500 peças de seu acervo para a instituição. Conta ainda que o museu adquiriu cerca de 600 trabalhos (do Benin, Congo e dos Bijagós da Guiné-Bissau, por exemplo) que, com isso, pertencem ao Estado de São Paulo. O museu recebe doações de artistas, como uma recente da família do pintor e escultor Arcangelo Ianelli, morto em 2009.
Primeiramente, quando começou a funcionar, em 2004, no Pavilhão Manoel da Nóbrega, no Parque do Ibirapuera (com área de cerca de 12 mil m²), o Museu Afro Brasil era órgão vinculado à Prefeitura de São Paulo. Depois de uma série de crises – principalmente no que diz respeito à falta de verbas – a instituição tornou-se, em 2006, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e passou a ser ligada ao governo do Estado.
O orçamento anual de R$ 8, 5 milhões (deles, R$ 1 milhão para bancar exposições) da Secretaria de Estado da Cultura, afirma Araújo, não é suficiente para realizar as mostras do museu. A instituição tem 98 funcionários registrados. Recebe, ainda, verba anual de R$ 500 mil do governo federal por estar integrado ao programa Pontos de Cultura. Com um perfil eclético, o Afro Brasil recebeu, do início do ano até junho, cerca de 72 mil visitantes, número considerado bom pela Secretaria de Cultura.
ATUAL COMPOSIÇÃO
Novos:
Antonio Denardi
Francisco Vidal Luna
José Henrique Reis Lobo
Hubert Alquéres
Manuelito Pereira Magalhães Junior
Maria Adelaide Amaral
Os que ficaram:
José Roberto Marcelino dos Santos
Miriam Ribeiro
Mauricio Pestana
Oswaldo de Camargo
*Fonte: Estadão.com