Aos poucos vai se revelando no mundo cultural, mais especificamente na Lei Rouanet, o porquê da concentração de recursos nas mãos de meia-dúzia. O que não sabíamos é que a linha de defesa dos que querem a continuação da Lei Rouanet fosse tão pobre de subsídios, o que mostra que efetivamente não há nada de palpável em suas críticas e propostas, ao contrário, elas revelam que, além da facilidade e do desperdício com o dinheiro público saído dos impostos da população brasileira, a certeza de que o continuísmo não só produzia acomodação de empresas no investimento em cultura, mas também de alguns pouquíssimos produtores com qualquer norma que possa ser chamada de programática para o mercado cultural. Tudo é muito fugaz.

Aqui mesmo e no youtube acompanhei os vídeos do debate tanto da Folha quanto o promovido pelo Instituto Pensarte. De imediato a teoria a ser combatida é o dirigismo imposto pelo governo, como se as comissões das ditas empresas patrocinadoras via Lei Rouanet selecionassem os projetos por critérios que não fossem absolutamente dirigistas, pior, ineficazes até mesmo para o mercado. Isto, mais do que não trazer uma boa imagem para a empresa, tem construído uma relação de antagonismo e antipatia entre a sociedade e as corporações que hoje se apresentam como as mamas das artes e das letras no Brasil.

Num certo momento da fala de Sergio Ajzemberg, um dos maiores produtores brasileiros, meio no desespero, diz ter que propagar o trabalho desenvolvido pelos gestores sobre a valorização da música brasileira tanto no Brasil quanto no exterior. Eu, como músico, e sabendo do drama de milhares de músicos brasileiros absolutamente marginalizados no Brasil, quase caí da cadeira. Então, voltei àquela lista dos proponentes que mais arrecadaram em 2008, disponibilizada no site do “Cultura e Mercado”, e me deparei com a segunda colocada no ranking, “Dançar Marketing e Comunicações Ltda.”. E o que vejo lá? Um portfólio digno das grandes produtoras estrangeiras de música. Ou será que aqueles músicos são brasileiros e eu não estou sabendo?  Como Seal, George Benson, Andréa Bocelli, entre muitos astros estrangeiros. Não quero com isso dizer que estes artistas internacionais vieram ao Brasil utilizando o mecanismo da Lei Rouanet, o que digo é que, uma empresa consolidada no mercado internacional, inclusive com filial estabelecida desde 2001 num dos pontos mais nobres de New York, na Quinta Avenida, ser a segunda maior beneficiada da Lei Rouanet com uma arrecadação de mais de 17milhões, chega a ser, mais do que um insulto a nossa inteligência, um escândalo de desfaçatez se comparada com a realidade da arte e artistas brasileiros, sobretudo com os pequenos gestores e produtores do Brasil, todos que não conseguem uma migalha sequer para executar os projetos por eles desenvolvidos.

João Leiva, no mesmo debate no Instituto Pensarte, era o retrato do fichário que estabelece uma relação de estatísticas com os benefícios da lei, ou seja, nada. Ele mesmo confessa não haver dados que confirmem que a Lei Rouanet é um bom negócio para a cultura, pois sequer existe um estudo que comprove os benefícios que a Lei Rouanet traz à sociedade, como dizem os que defendem a sua continuação.

Afif Filho cita Fernando Henrique como estrategista do discurso único para se consolidar uma idéia, aí penso, logo Fernando Henrique que tem um Instituto carregado de denúncias de irregularidades sobre as quais Helio Gaspari ampliou suas críticas a respeito do aporte da SABESP ao seu instituto e que FHC também recebeu vultosas verbas para o seu instituto por todos os empresários que se beneficiaram com as suas privatizações. Ou seja, Afif, sem perceber que quando elogiava a prática de insistir no mesmo discurso vindo de FHC, ele praticamente reeditava a famosa, totalitária e persuasiva frase dos fundamentalistas da intolerância, “uma mentira repetida um milhão de vezes passa a ser verdade”. Logicamente Afif não estava apoiando tal prática, falava de uma única linha de defesa que incrivelmente não aparece na reunião, porque os resultados são concentradores, não se constituem em mercado, são figuras de um processo absolutamente antidemocrático, entre o imoral e o desumano. Isto é fato.

Juca Ferreira, com toda razão, disse a Sayad que não se quer debater nada, o que se quer é, tão somente, a manutenção de privilégios.

A realidade é que a Lei Rouanet tem promovido debates e, quanto mais se mexe, quando os dados estatísticos aparecem, mais o odor fétido aumenta.

O traço que marca esta vergonha, este escândalo que virou a Lei, como bem disse Sarcovas no debate da Folha, em sua explanação, está agora se mostrando inteira para a sociedade que, incauta, ataca junto com milhares de artistas de todo o Brasil, norte, sul, leste e oeste, o oásis em que a lei se transformou para pouquíssimos, recursos tirados do bolso da sociedade para estimular a sua cultura. Agora é aguardar numa vigília de 24horas para saber quais os desdobramentos que essas revelações trarão.

É nítido que a imensa maioria dos brasileiros quer fazer a Lei Rouanet desaparecer do mapa. Cabe agora a todos nós apoiar o Governo Federal e o Ministério da Cultura que, depois de dezoito anos de muitas críticas contra esse cartel que se instalou no ambiente da lei e atender aos anseios da imensa maioria, buscando uma forma mais democrática de financiamento público para a cultura brasileira.


Bandolinista, compositor e pesquisador.

18Comentários

  • Leonardo Brant, 14 de abril de 2009 @ 13:08 Reply

    Querido Carlos, vamos supor que o argumento das pessoas citadas sejam realmente fracos, o que eu não concordo. Isso não invalida o trabalho deles. O sócio da Dançar não estava presente, mas tb não quero invalidar o seu trabalho. O ministro vem personificando o debate da Lei Rouanet, justamente para nos colocar nessa armadilha. O mecanismo serve apenas a alguns poucos, que lutam pela continuidade dos privilégios. É uma estratégia pensada. Jogamos a água e o bebê. Enquanto produtores, atores, músicos, artesãos, gente do norte e do sul se engalfinham, o MinC avança com sua proposta. O vazio, preenchido apenas por uma retórica de botequim, por mais que seja conveniente a muitos. Não há organização, a maioria dos segmentos acredita no discurso vazio do MinC, que prega uma coisa e faz outra. É só dar uma olhada nos números divulgados semana passada. O FNC concentra tanto quanto do Mecenato, às vezes mais, como é o caso do Rio. Imagina se eu começar a te atacar só porque ficou com mais dinheiro do FNC do que o meu estado, pobre Minas Gerais. E minha região, então, o Vale do Jequitinhonha. Onde vamos parar?

  • tito, 14 de abril de 2009 @ 16:20 Reply

    Leonardo, devo discordar de vc e dos demais pensartes, não podemos anular ou desconsiderar a regionalização da lei rouanet alegando que o Minc faz o mesmo com o FNC. Vocês sabem mais do que eu a diferença entre lei e gestão, a primeira fica e a outra muda.

    Temos que lutar por uma lei mais justa e depois por uma gestão mais eficiente, não está correto invalidar a lei alegando a falha de gestão como se esta ficasse o resto da vida no poder.

    Quando o Minc diz que o mecenato concentra e ele faz o mesmo com FNC, temos que entender isso como um problema de gestão, não como deficiência da nova lei.

  • tito, 14 de abril de 2009 @ 16:30 Reply

    Parabens Carlos, seu texto mostra um outro lado do debate da lei rouanet, as pessoas envolvidas estão percebendo o tão complexo que é o assunto, quantas máscaras escondidas, quantos discursos incoerentes.

    Gostaria de convidá-lo a seguinte experiência. Veja o discurso do Sarkovas, depois a réplica do Ministro e depois as considerações do representante do Itau Cultural, que não lembro o nome, ele simplesmente desconsidera o que disse o Sarkovas (como se não tivesse escutado), fala pro Ministro, Ha então não é revogação, então tudo bem. Isso mostra que tem pessoas assim como o Sayad que não estão lá pra discutir mas estão preparadíssimas para escutar o que fica batendo dentro de suas cabeças como autoafirmação.

    Se eu estivesse naquele palanque após escutar o que disse o Sarkovas, simlesmente pediria desculpas e sairia.

  • tito, 14 de abril de 2009 @ 16:34 Reply

    O Dinheiro público do Dirceu.

    Olá amigo, esse dinheiro é público sim, mesmo o governo deixando que o contribuinte escolha pra onde vai esse dinheiro não o torna privado, ok?

    Se continuar assim, vão colocar o selinho do Minc em muitos castelos no interior de Minas.

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 14 de abril de 2009 @ 17:56 Reply

    Querido leonardo
    O Foco da minha análise não está na qualidade do trabalho deles, muito menos no exercício do direito de análise e opinião. Isso é mais que salutar para a democracia. Aliás, estes debates tem provocado muitos desdobramentos que, sem dúvida propõem uma natural efervescência.

    Veja bem Leo, o Sarkovas tem uma opinião sobre a lei que concordo e tem uma opinião sobre o patrocínio privado que não concordo e pretendo colocar esta questão em debate.

    De maneira nenhuma quis desqualificar os debates, ao contrário, eles, a meu ver, são salutares e reveladores, porém, imaginava que trariam dados mais expessivos e menos pontuais para um tema tão conplexo que é o financiamento público da cultura de um país.

    Na mesma monta, não creio que Juca Ferreira esteja personificando os debates. Acho que Sarkovas observa bem que a lei nasce para dar uma substancial contribuição a medalhões, principalmente os cineastas e as outras distorções são consequência da nave-mãe.

    Os erros apontados sobre a concentração do FNC não podem ser o mote de contraargumentação de um outro erro, a Lei Rouanet, senão, vamos entrar numa olimpíada de erros e, neste caso, vence o menos pior.

    Creio, partircularmente, que o grande errado disso tudo não seja o mercado e nem o governo, e sim, o nosso velho e bom Estado com seu gigantismo e sua visão monárquica. O que defendo, e com todas as forças, é exatamente a sua brilhante fala.

    O PODER DA CULTURA

    “A idéia de cultura, sempre cunhada conforme as visões políticas de cada tempo, detém em si as chaves dos sistemas de poder. Chaves que podem abrir portas para a liberdade, para a equidade, para o diálogo. Mas que também podem fechá-las, cedendo ao controle, à discriminação, à intolerância. Pensar a função política da cultura no mundo contemporâneo significa revisar os parâmetros das relações sociais e econômicas que fomos capazes de construir.

    O Poder da Cultura pretende desenvolver o senso crítico e ativar habilidades de conversação e diálogo, capacitando o participante a:

    :: compreender as contradições do nosso processo civilizatório e seu atual estágio.

    :: assumir a cultura como a amálgama capaz de oferecer uma visão complexa dessas contradições.

    :: buscar formas de construir novos sistemas sociais capazes de lidar com essas contradições, tendo o humano como ponto de partida.”
    (Leonardo Brant)

    Nisto eu também acredito Leo, é nesta visão que eu aposto todas a fichas porque, a meu ver, a realidade se apresenta assim da forma absolutamente perfeita como você colocou.

    E o Estado brasileiro, Leonardo, em toda a sua história, produziu o oposto do que você coloca aqui. Por isso continuamos sob a tutela, sob a oficialização de um Estado de cultura segregador desde a chegada da corte ao Brasil, a velha ordem escrita em pergaminho. Enquanto não mexer neste vespeiro, tudo será à base de improvisos, de atitudes compensatórias, seja pelo governo ou pelo mercado. Este talvez seja o nosso maior mal, colocar bandaides em feridas abertas pela oficialização da doutrina classista de cultura desde o século XIX.

    Por fim, a minha citação da “Dançar Marketing” está na contradição da democracia que a lei prometia em seu corpo. Democracia tem como premissa o equilíbrio de vozes e idéias. Se eu concentrar ainda mais forças em vozes que já são ouvidas pelo mercado, pior, agora anabolizadas com o dinheiro público, eu não farei a gangorra da dinâmica social funcionar. O opulento, o inchado vai estar sentado sozinho de um lado o resto da vida, sem qualquer chance do contraditório, aí deixa de ser democracia e passa a ser monopólio de ideias e valores.
    Grande e afetuoso abraço.

  • Leonardo Brant, 14 de abril de 2009 @ 19:41 Reply

    Graaaande Carlos. Estamos falando a mesma lingua, com certeza. O problema é como enxergamos a solução para os problemas apresentados. O Ministro está polarizando a discussão, como fez o Bush. Ou vc é a favor do projeto (convenhamos, aquilo não é projeto, é um rascunho mal feito de uma ideia mal elaborada) ou é a favor da elite. Nós não podemos cair nessa, por isso comecei a fazer uma contra-informação com as mesmas armas utilizadas pelo ministro. Quem sabe ele se conscientize do absurdo que está fazendo. O fato é que eu não confio naquelas pessoas. Seus métodos são anti-democráticos e demagógicos. Isso invalida o discurso, já que sabemos que a finalidade de tudo não é democratizar o uso da lei e sim punir um grupo de pessoas (supõe o Ministro) ideologicamente contrários ao MinC. Isso é prática corrente no MinC de hoje, que conheço bem, e por dentro. O problema é que ele não mede esforços para derrubar um jogo de dominós inteiro para atingir meia-duzia. Ele vem fazendo isso há tempos. E quer derrubar isso tudo para colocar nada no lugar (sei que estou sendo repetitivo), pois o projeto de lei não garante nada para a diversidade, a não ser palavras bonitas e tapas na mesa. Eu não caio nessa. Se é pra mudar, venha com orçamento de verdade, não um monte de bravatas. E se tiver orçamento, não precisa mudar tanto assim, já que o grande problema da Lei Rouanet é a predominância do privado sobre o público. Vamos debater mais. Sou a favor de iniciarmos uma discussão em cima da fala do Sarcovas, que parece muito lúcida e desinteressada, mas também é muito hipócrita. Abs, Leo

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 14 de abril de 2009 @ 20:53 Reply

    Leonardo
    Esta frase do Tito define pra mim esta questão!
    “Diferença entre lei e gestão, a primeira fica e a outra muda”

    Vou ainda mais longe, se o Ministro Juca Ferreira for hoje destituido sumariamente junto com o secretariado e o corpo técnico do MinC, não faria a história de 18 anos de uma Lei imoral como Rouanet virar uma padroeira santificadora das artes brasileiras.

    Estará marcada, a ferro e fogo, a sua história como num corpo de um escravo o carimbo dos donos da verba da Lei Rouanet, verba que saiu dos pesados impostos colocados nos ombros do trabalhador brasileiro e isso não tem Juca nem meio Juca que pode apagar. É a história flagrante de um mecanismo infame. E isso é um lamentável fato.

    E, se esta gestão não funcionar como forma de garantir os aportes necessários a uma produção de caráter estratégico para o país, vamos lá e tiramos democraticamente através do voto, aperfeiçoando assim as formas de financiamento.

    Mas antes temos que estancar essa sangria chamada Lei Rouanet que deixou anêmica toda uma produção nacional para entregar nas mãos de meia dúzia de bem-aventurados rios de recursos públicos.

    Tito e Leo, vou sim, mesmo já tendo uma opinião formada a respeito da participação de Sarkovas no debate, observar detalhes sobre a participação de Saron do Itaú.

    Quanto à Sayad, siceramente, não vale a pena, ele é a figura da contradição, do aparelhamento politico, da ineficiência em gestão, seja em economia, seja em cultura, além de ser um péssimo ator!

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 14 de abril de 2009 @ 22:56 Reply

    Oi Leo
    Estou aqui novamente.

    É que sempre esqueço de falar a respeito da questão do
    dirigismo-governamental-politico-partidário-ideológico-petista-leninista.

    Pois é, esta malvada centopéia, sempre que se vai falar da nova lei, ela simplesmente aparece para nos assombrar,mas se o governo mantiver a Lei Rouanet, digamos,aos qualificados no quesito centopéia 2 de “parentesco-ideológico-neo-liberal” ta tudo certo.

    Esquecem que o FNC, em paralelo com a lei Rouanat se funcionar como um relógio suiço, ele vai sim de forma discricionária e ideológica, como qualquer seleção, dirigir suas políticas sem o menor problema,pelo menos para quem continuar garantindo as gorduchas mesadas da Lei Rouant.

    Nunca vi aqui em nenhum debate alguém argumentar que o FNC é um instrumento de politica partidaria, de dirigismo de estalinismo e etc.
    ou seja, “O GOVERNO PODE DIRIGIR IDEOLOGICAMENTE O FNC, MAS NÃO A NOVA LEI DE INCENTIVO À CULTURA”

    Não é uma bela obra de arte de contradição dos que atacam o governo dizendo que ele quer ser “dirigista”?

    A velha máxima volta com carga total, “pau que dá em Chico não dá em Francisco”.
    Dirigigir o FNC que é um mecanismo compensatorio pode, so não pode mexer no bolso dos amigos da cultura da Lei Rouanet que ai é dirigismo.

  • Dirceu P. de Santa Rosa, 15 de abril de 2009 @ 1:14 Reply

    Leonardo,

    Concordo contigo. O Ministro tem se mostrado aberto a debater mas, mesmo aqui no Rio ontem, o MinC reafirmou que o pacote é pronto e que eles não pretender discutir os ideais dele.

    O ideal seria, ao meu ver, manter o que existe hoje e investir pesado no novo, em um FNC forte e que possa ajudar diretamente quem realmente precisa. O FNC poderia resolver o problema das chamadas “desigualdades” e do investimento nos pequenos projetos sem modificar o mercado.

    Espero que este debate aqui ajude a todos no esclarecimento do assunto.

  • Maria Alice Gouveia, 15 de abril de 2009 @ 3:37 Reply

    Carlos Henrique:

    Eu vou meter minha colher nessa sopa. Na minha opinião, o que o Sarcovas acha é que o patrocínio é um negócio, como a publicidade ou outras formas de comunicação e que, portanto, não há porque o goveno intervir no meio de um negócio que envolve duas partes privadas – os patrocinadores: empresas que querem fazer relações públicas com sua imagem e os artistas – empresários que querem vender seu produto para um comprador privado – a empresa patrocinadora.Ele acha que esse negócio é tão bom que não precisa do incentivo governamental porque pode se desenvolver perfeitamente dentro das regras do mercado.
    Achar que isso é o suprassumo da moral, eu não entendo de onde vem.
    Eu trabalhei com o Sarcovas,no início dos anos 90, e acompanhei bem a formação do conceito de “patrocínio como ferramenta de comunicação de marca” que ele desenvolveu. Agora, para mim essa concepção é mais do que ultra liberal.Na verdade, acho que ele é contra a lei, porque ela introduz gente que não é do ramo- bando de artista marginal e pouco profissinal do ponto de vista empresarial – a falar com as grandes empresas e a usar a lei como se ela fosse um grande INPS.

    Isso tudo também na teoria, porque sua visão da lei não o impediu de trabalhar bastante com ela, ganhando muito dinheiro também.

    Agora, se voce não sabe o que a lei produziu de bom, eu vou te contar algumas coisas: o Museu da Lingua Portuguesa, o Catavento, a sala São Paulo, o Festival de Campos do Jordão, e, até mesmo o Instituto Cultural Itaú, que apresenta shows de músicos muito bons, curados pelo Natale que é um cara muito bacana. Eu fui grande freguesa do Instituto Cultural Itau, onde assisti debates e palestras, vi shows e exposições, usei a biblioteca etc etc. Mas, diria você tudo isso é arte burguesa, branca e de olhos azuis. Sim, diria eu, tudo isso é herança da colonização portuguesa e influência da migração italiana, espanhola, etc etc que também são responsáveis pela nossa formação cultural. Não somos produtos só da mistura de índios com africanos. Teve os europeus no meio disso. Então, quer a gente goste ou não goste, nosso país fala português – língua européia imposta pelos colonizadores – se a gente fosse dar uma de Policarpo Quaresma – deveríamos abolir e voltar a falar nheengatu.Trazer artista de fora não é ruim – a cultura é diálogo – resta saber quem se aproveita. Se os preços são absurdos, a culpa não é da lei, mas da gestão da lei que permite uma bilheteria dessas. Agora, porque a lei te incomoda tanto, você fala dos males que ela causou – quais foram eles?? Deixar de apoiar os aristas “do Piauí” – como o pessoal está chamando – é deixar de fazer o bem, o que não é o mesmo que fazer o mal. Então pergunto – onde está o mal? Se o Ministério não tem dinheiro, o problema não é da lei – a verba da renúncia não sai do dinheiro do Minc, sai da Fazenda. Conseguir transformar o dinheiro da renúncia em dinheiro disponível para o Minc é que eu quero ver o pessoal do Ministério, como por exemplo o Reinaldo Maia, conseguir. Me ensina que eu também quero!!! Abraços Maria Alice

  • tito, 15 de abril de 2009 @ 13:12 Reply

    Oi Maria Alice, o fato da lei ter feitos coisas boas como vc citou não quer dizer necessariamente que sem a lei isso não teria ocorrido. O Museu do Futebol é 100% público, mas está lá a Logo da Globo, Bradesco e tantas outras, é tem muitos outros exemplos como esse. Seu raciocício é muito simplista.

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 15 de abril de 2009 @ 15:47 Reply

    Querida Maria Alice

    Não fique assim tão brava comigo! Você tem sido minha guru nas questões em que temos que ser pragmáticos.

    Veja bem Maria Alice: o que tem que ser considerado hoje na cultura é a questão da historiografia dirigida, ora pela nossa narrativa, digamos, erudita-acadêmica, ora pelo mercado plantando valores e conceitos pela força da grana, principalmente na ocupação de todos os meios de comunicação e publicidade. Não é àtoa que o cara se atirava descaradamente nos braços do mercado, no surf mundial da beatle-mania, e a indústria fonográfica brasileira dava todo o suporte para que este mesmo rebelde fabricado polemizasse em seus pré-lançamentos algo que propunha a quebra de valores de paradigmas numa concepção rebelde ninada pela mãezona mercadológica das multinacionais. Lógico que a classe média burguesa comprou essa ideia. Medrosa e atordoada com as informações que vinham do Estado intervencionista e segregador do universo culto, acadêmico-eudito-turf-automóvel clube e, com isso, tínhamos um ambiente perfeito para produzir sofismas culturais. Só que o povo, e você tem razão, o povo brasileiro do negro, que é a nossa grande maioria, do índio, este nem tanto, pelo extermínio,o povo que tambem teve em sua massa os portugueses simples e pobres que vieram construir o Brasil, absolutamente distantes da corte, os italianos, brasileiríssimos italianos que nos deram Monteiro Lobato, Camargo Guarnieri, Portinari, Radamés Ignatalli. Os mouros, árabes tão fundamentais para a nossa música que tivem e ainda têm participação extremamente forte em todo o cenário musical brasileiro. Maria Alice, a idéia que se faz, não exatamente do Piauí quando entra nessa discussão, mas principalmente do norte e nordeste, é segregadora. Mas, sobretudo é pequena, miúda, e leviana no tocante ao conhecimento da cultura brasileira.

    Se falarmos hoje na contemporaneidade da música no mundo, o nome do alagoano de Lagoa da Canoa, Hermeto Pascoal desponta como uma das mais avançadas visões da atualidade na melodia, harmonia, ritmo, enfim, tudo o que há de mais experimental, Hermeto, o bruxo da música, como é conhecido internacionalmente, é figura primeira na lista dos grandes nomes da música no mundo.

    Todo aquele movimento da Bossa Nova, que deu carga de oráculo social a alguns que se auto-denominaram de “sintonia fina da arte”, não quis reconhecer um ilustre filho de portugueses, um paulista, Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, da mesma forma que não reconheceu o pernambucano, Moacir Santos, ambos mestres de todos os bossanovistas.

    Garoto, pelo menos agora, pela vontade e paixão por sua obra, tem o seu merecido reconhecimento, pelo esforço de abnegados de Santos que subiram a serra para fazer justiça a este grande gênio da música mundial e instituir “O Dia Estadual do Choro”, 29 de junho, dia do seu nascimento.

    Aí as pessoas verão que toda a produção da bossa nova, com as tais produções tão propaladas em termos de harmonia vianha de toda a síntese de Garoto, Moacir Santos, Villa Lobos, que tinham ouvido e declarado numa conferência na França que as tais dissonâncias ele havia descoberto no meio do povo pobre do Pará.

    O que é mais lamentável nesta visão compensatória é que o julgamento de profunda ignorância e leviandade dos condutores dessa visão quereem inverter a ordem dos fatores. O Brasil historicamente em termos de cultura se serviu e avançou muito em função do norte e do nordeste, mais ainda, nós aqui do sudeste,e temos que agradecer muito a Minas Gerais por sua capacidade de ser a grande interlocutora geográfica e temporal destes universos. De fundamentos que hoje fazem a cultura brasileira ter sim, como disse Mário de Andrade, o boi esteriotipado pela visão dos mal informados, um assento simbólico da unificação de toda a nossa diversidade.
    São fundamentos, Maria Alice, que deveriam ser obrigados, como lição de casa, em todo o universo cultural, além de ter essa síntese como ponto de partida e não brincar de Europa em Campos do Jordão. E pode acreditar, não é nada contra o sorriso monalítico de Dória e seus concursos de poodle e seus arrotos novayorkinos. Não Maria Alice, a esrupidez de tudo isso se revela de forma transparente, como dizia Monteiro Lobato, “uma mentira com o rabo de fora”.

    Por isso, o mastrodôntico secretário multiuso, João Sayad, com o seu raciocínio cúbico se declarou com medo do sotaque nordestino. Claro, isso tem um fundamento lógico, porque na cartilha clássica das suas bravatas culturais que ele jogou na mesa no dia do debate na Folha, dá conta de um investimento profundo e pesado em termos de divisas. Profundo, pela sua visão, digamos, universalista do lugar comum. E a segunda, é o alto custo que a sociedade paga para não ver qualquer resultado na tal elevação civilizatória pela arte dos monges europeus, representada, não só pela figura pátria, mas também pelos diplomas de parede do Dr. Sorbone, presidente da OSESP, FHC, que dá ao maestro um salário anual igual a toda a verba destinada para as artes cênicas da cidade de São Paulo.

    Mas com todo o investimento dessa soberba novayorkina, típica da elite paulista, essa tal transferência dita pelo mágico Sayad para elevação cultural e educacional de São Paulo, nos é apresentado nas escolas estaduais de São Paulo como revelou ainda ontem a materia da Folha, como um dos maiores fracassos educacionais do país.

    Já a do Piauí, a do boi, a do sotaque tão temido pelo secretário Joãos Sayad, se revela o mais avançado sistema pedagógico do país. Por isso Sayad, como se diz aqui no rincão dos Jecas Tatus, Vale do Paraíba, “cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça”, não quer nem ouvir falar de sotaques de norte e nordeste, pois tem pesadelos e calafrios e faz aquele monte de caretas que fez no debate.

    Já me estendi muito, mas volto para falar de Sarkovas e do Itaú. Numa coisa tenho certeza que estamos de acordo, temos que buscar um aprofundamento em nossos estudos sobre as mentiras e verdades, sobre a substituição de Mário de Andrade por Nelson Mota ou Sayad, e depois, vermos o que há de mítico, de místico e de real que caminha, assim como nós, pelas ruas do país. Devemos fugir das manchetes, pois elas já sse mostraram como um perigoso canto de sereia.

  • Seupedro, 16 de abril de 2009 @ 4:04 Reply

    Prezados , Todas e todos]

    [Democráticamente endereçado a todos os participantes do fórum]

    Parece que a conversa engatou uma segunda. Não sei a quantos rpm´s, e também ao que vai levar esse ódio velado sobre um e outro e do outro sobre um. O que desejamos saber de fato, qual é a posição da rede dos pensartes, com respeito a nova realidade cultural que se impõe no país.

    Essa tal cultura de entretenimento já não dá mais conta da demanda, e na minha pequena lucidez – anos luz distante – da intelectualidade que se apresenta neste fórum, não vejo nada de concreto sendo proposto. Os argumentos de um e de outro, vão e vem, e novamente se repetem, e nada de novo no reino da cultura local. Vai ficando cada vez mais claro um discurso vazio, parecendo oxímora. Deus se come-se.

    Além da Lei Rouanet de vocês, celebrada como num convescote, o que mais os pensartes fazem para mudança de status quo na sociedade cultural brasileira? Sinceramente, fico cada vez mais confuso. Será mesmo que Ministro está ou é mesmo louco de fato? E assim todo o Ministério da Cultura desse país é um bando de fascínoras?- parafreseando Arrigo Barnabé. Qual é a representatividade dessa rede pensarte e desse ministério? O que desejo mesmo, é aproveitar esta rica oportunidade para saber de fato o que é cultura para além dos “projetos culturais” dos quais vejo todos discutindo, e buscando argumentos vulneráveis, as vezes sem nexo algum , soando bravatas que mais se parecem como doutrina UDENISTA. Poderiam revelar quais são as fontes de recursos do Instituto Pensarte e do Cultura e Mercado? Assim a gente – interessada em fazer cultura – diferentemente de “projetos culturais” aprende um pouco mais, e consegue até formar uma opinião a respeito do assunto. A Lei é louca? Ou estão fechando a torneira do dinheiro público? Ou esse Ministro é mesmo louco? Enganou o ex-ministro Gilberto Gil, com essa loucura também de Do-in cultural? Cultura? E esses tais Pontos de Cultura, tipo Porto Pensarte, Kaos,Prá que servem? Qual o público ao entorno deles que foram beneficiados culturalmente falando? Uma coisa é oficina de arte para os menos assistidos, em situação de vulnerabilidade social, moradores de cortiços etc., Outra coisa é formação cultural de amplitude, repasses de ferramentas metodólogicas de suporte e fomento à cultura, diferentemente de edição de livros que priorizam autores da própria diretoria, e edição de prêmios voltados para própria claque. Como é que funciona essa tal arquitetura cultural? Como é que a gente consegue adquirir esses conhecimentos? Quanto custa um manual de elaboração de projeto cultural para artista, produtor cultural, associação Amigos da Vila Nhocuné, ah! ele é encomenda de empresas? Também patrocinado pela Lei Rouanet? Certo! Fazer filme prá ser rodado no exterior , utilizando toda mão de obra lá de fora também é viável do ponto de vista da lucratividade? São essas questões que incomodam – como já disse, não sou intelectual – mas me incomodam do ponto de vista da consciência. Não tenho conseguido dormir direito. Já são 3 horas da manhã, e eu aqui tentando aprender um pouco mais, sobre essa tal Lei Rouanet. Mas pelo que tenho visto na midia e na internet, parece que está incomodando a todos né? Fundação Roberto Marinho, que não é das Organizações Globo, somente é da família. E também recebe dotação orçamentária do Esprito Santo para mover a máquina administrativa e consolidar seus projetos. Claro que o Museu da Língua Portuguesa é importante, em particular para minha pessoa, pois como filho de ferroviário, é lá que vou matar saudades da minha infância, de uma São Paulo que não tinha Lei de Incentivo à Cultura. O Museu do Futebol? Tão importante quanto. Alguém falou que ele terá exposições itinerantes pelo país afora, para que os demais torcedores desse Brasil, país do futebol, possam ter acesso as peças e troféus e das histórias dos nossos ídolos. Saber de onde saiu o Pelé. Com certeza muitos não sabem que ele foi engraxate antes de se tornar ícone da sociedade moderna. Mas poderiam saber,caso tivesse alguma Lei de Incentivo à Itinerância dos Bens Culturais – na ordem de 100% de abatimento – realizados com recursos da lei de Incentivo à cultura, com a possibilidade de deduzir despesas operacionais ampliando um poucoc mais o benefício fiscal. E também acho que seria o caso de propormos uma Lei de Incentivo ao Direito Autoral, ttambém na ordem de 100% – para as Obras e Bens Culturais – desde que realizados por meio da Lei de Incentivo à Cultura, não sendo permitida a utilização da Lei de Incentivo à Itinerância dos Bens Culturais realizados com recursos públicos simultâneamente. Mas se o proponente cadastrar esse mesmo projeto separadamente nas duas Leis distintamente, dai pode. Sem nenhum problema utilizar os três mecanismos num mesmo projeto, em nome de uma só produtora. Pessoa física fica impedida de aspirar estes beneficios. Para tanto, ela tem que abrir uma empresa de natureza cultural. Voltando ao teor da Lei de Incentivo ao Direito Autoral. Todas as obras e bens culturais gerados, quando apresentados ao público e a sociedade no sentido amplo do termo, receberá um percentual pela exibição da obra, considerando o fato que uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa. O dinheiro é de todos. A Obra é minha. Quer dizer! eu sou o iluminado, ou seja, o dinheiro da sociedade tributada – sem a minha obra não vale nada. Mas para produzir a minha obra, é necessário o dinheiro da sociedade. Se voces quiserem ver já são outros quinhentos. Ela foi produzida para ser guardada num espaço vago da minha estante. Minha patroa tá me enchendo os picuá com aquele espaço vazio lá na sala de casa. Vou resolver este problema de uma vez por todas. Vou fazer um projeto cultural de um livro, ou DVD, ou um show musical, depois eu faço umas cópias de CDs e pronto. Tá resolvido o problema dela. É assim mesmo que o mercado está se comportando? Esse tal mercado tem endereço? Onde é que fica a sede? Alguém vai ter que falar com ele. O Mercado é nosso! E ninguém tasca.
    O que é que está acontecendo? Estou totalmente confuso, pensando até em criar uma gravadora focada em artistas não contemplados com Leis de Incentivo à Cultura, faço uma trama do gosto, e pode ser até que um lucro aqui outro lucro ali, com o passar do tempo acabo sendo reconhecido até com a Ordem do Mérito Cultural, ou quiçá com o Prêmio Pensarte de apoio à Cultura Brasileira. Vai saber? Louco é o que não está faltando neste mercado cultural país.
    Peço minhas desculpas pelo jeito desajeitado de ser e escrever, mas sou assim mesmo. Me fiz por mim mesmo. Não tive nenhum apoio e nem Lei de Incentivo prá me ajudar nesta peleja da vida. Aliás tô até pensando em sugerir lá pro ministério – ja´que tá aberto prá opinião pública – se não era o caso de colocar um artigo na lei, uma coisa do tipo assim: Uma dedução no imposto de renda e aí deveria ser aberto prá todos – nada desse negócio de somente empresas com lucro real, pode ser qualquer uma, e pessoa fisica também. Fica beneficiado com direito a 100% de dedução no imposto de renda, toda e qualquer manifestação de ética. Ponto. A começar pela publicação desta. Ou não.
    Seupedro.

  • Seupedro, 16 de abril de 2009 @ 4:43 Reply

    Em tempo…..

    Estimado
    Carlos Henrique Machado Freitas.

    Achei seu texto brilhante, e voce não faz idéia – é falo de sinceridade e honestidade – o quanto aprendi correndo os olhos texto abaixo. Quer dizer então que o que é pode ser que não é. Assim é se lhe parece?
    Percebi também que voce fala do Nelson Motta né?! Pois então! Já tinha pensado alguma coisa a respeito dele. Um dia fiquei pensando comigo mesmo: ” Engraçado..tem gente que percorre a trajetória profissional e da vida junto – não vejo como dissociar uma coisa da outra – falando bem de todo mundo. Desde quando é possível agradar Gregos e Baianos? Alguém tem que falar isso pro ex-ministro Gilberto Gil Passos Moreira. É assim mesmo o nome completo dele? Em direção oposta, também no mesmo dia, na mesma hora, me peguei pensando e me deparei com esse mesmo pensamento – só que em direção contrária – Tem gente que permeia a trajetória profissional e da vida também falando mal das pessoas com as quais conviveu, compartilhou sonhos, esperanças, alegrias, brindes e brindes, viagens, e palestras nso fóruns internacionais, e fica parecendo igual marido que fala mal da esposa depois da separação. Esse pensamento me veio de soslaio quando pensava o que poderia aprender dos textos do pesquisador, criador, professor de deus da politica cultural da rede pensarte, sendo ele o homem que tem a força da cultura nas mãos e na cabeça também. Conheci o Leonardo Brandt no Fórum Mundial de Cultura – e ele era um dos palestrantes – remunerado – pelo Ministério da Cultura. O que será que aconteceu nesse meio tempo?
    E lembrei disso lendo o teu texto – veja como é que são as coisas – como é que a gente aprende pelos caminhos as vezes tortuosos ne´! – Lendo seu texto, senti sinceridade de alma. Achco que é isso que tá faltando no meio e nas encostas e nas margens opostas da cultura. Essa tal sinceridade de espirito. Stakeholders – Excrecência do Neo Liberalismo – de repente todo mundo – cada um é uma empresa – e quem não é empresa fica querendo ser para poder encontrar um interlocutor, e que já é não que que o outro seja, prá não atrapalhar o meu espaço, e assim…assim caminha a humanidade. Muito legal o seu texto. Não sabia dessas peraltices dessa gente toda. Prá mi Campos do Jordão era a cidade que eu ia de bicicleta pela antiga estrada. Parava em São Franscisco Xavier, Monteiro Lobato… Quanta coisa muda na vida da gente. Quá Num pagá a pena!. Também pensei em Monteiro Lobato quando li: A Lei é Nossa. Até pensei comigo mesmo! Nossa! Será que fizeram uma nova Lei pro Petróleo do Pré Sal? E o País? Na minha opinião deveria ser Nosso também. E de mais ninguém. Chega desse negócio de imigrantes e tal. Já temos os nossos certo!Pelo menos foi o que pude aprender na fala do João Sayad. Essa gente só consome e não produz, não consegue pegar no cabo de um violino, e ainda vem com esse tla forró, e ocupa o tempo e espaço das OS´s que tem que ficar fazendo oficina cultural e o escambau prá esse pessoal. Enfim….
    Prá encerrar, quero dizer que tô gostando do – quero dizer:
    Quando duas pessoas conversam é diálogo certo? E neste caso aqui, quando muitas pessoas conversam? Trialogo? Mas tem mais de três. Pois então, como ia dizendo, tô gostando de participar desse tréco, e digo de sinceridade que estou aprendendo uma monte de coisas novas, com temáticas transversais, com já aprendi num texto anterior.Muito legal.Se fôr permitido continuar. Vou continuar com prazer.
    Abraços a todas e a todos.
    Em tempo: porque é que voce assina (author) É o novo acordo ortográfico? Já tá valendo?
    Seupedro.

  • Leonardo Brant, 16 de abril de 2009 @ 9:33 Reply

    Seupedro, quero esclarecer e não me justificar. Vc tem todo o direito de contestar a minha presença neste debate:

    Cultura e Mercado vive de parcerias e patrocínios, entre eles o da Petrobras que está no banner ali em cima, sem Lei Rouanet. A maior parte do tempo, quem banca isso daqui é a minha empresa, Brant Associados, e o Pensarte. Mas tb o Carlos Henrique, a Ana Carla, a Katia, o Fabio Maciel, enfim, profissionais e ativistas da cultura que contribuem com o debate aqui promovido.

    O único patrocínio de Lei Rouanet que teve foi em 2004 ou 2005, no valor de R$ 40 mil. Antes disso usávamos o logo da Lei e de patrocinadores apenas para dar contrapartida a outros patrocínios do Pensarte, pela visibilidade da audiência que CeM. Se precisar fazer uma lei rouanet e conseguir um patrocinio para o CeM farei. É uma batalha fazer este negócio, que precisa de apoio público sim, pela importância do debate que promove.

    Sou e sempre fui entusiasta da Política Gil. E continuo sendo. Aponto problemas no Cultura Viva, mas sou um defensor feroz do programa, inclusive contra as interferências que o Seu Juca está fazendo nele.

    Nem tudo em minha trajetória, que vem bem de antes dessa gestão do MinC, é motivo de orgulho. Mas me sinto merecedor de todo o dinheiro que ganhei na área cultural.

    Nunca recebi um centavo sequer do MinC, nem passagem aérea. Sempre fiz questão de pagar do bolso, para ter a liberdade que tenho hoje. Não pense que ela custa barato.

    Ganho dinheiro com consultorias e palestras (essa que vc cita foi de graça), mas gasto muito na confecção de livros, pesquisas e conteúdos que nos ajudam a fazer um debate mais dinâmico e rico sobre temas como o que estamos debatendo agora.

    Estou sendo agressivo, eu sei. O trabalho que estamos fazendo é de contra-informação, contra-propaganda às vezes. Um trabalho chato, que custa a antipatia de muitos. Mas necessário, pois vem a defender a única possibilidade real dos próximos anos de termos algum dinheiro injetado na cultura. Um dinheiro cheio de problemas, mas é o único que temos.

    E vamos debater!

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 16 de abril de 2009 @ 12:24 Reply

    Bom gente, vamos agora à questão do Itaú e do Sarkovas: a minha convergência com Sarkovas está no seu discurso sobre a imoralidade com que foi produzida a carta magna das benéces garantidas pelos empresários e banqueiros, principalmente ao pessoal do áudiovisual, ou seja, os caras venderam a alma, o suor do povo braisleiro para o inferno dos neoliberais para continuarem conjecturando a pobreza do Brasil da cobertura da Delfim Moreira, onde podiam junto com o Boninho e Tamborindegui, brincar de ir ao maracanã jogar saco de xixi nos geraldinos que passavam la embaixo.

    Pelé, como citou Seu Pedro, falou muita pataquada, entre tantas a mais famosa e em plena ditadura, “o povo brasileiro não sabe votar”. Saldanha, ético, coerente e, acima de tudo, corajoso, quando técnico da seleção, disse não apertaria a mão do Presidente Médici por que não apertaria a mão de assassinos de amigos seus, numa ditadura sangrenta que a Folha, dia-a-dia, tenta construir um revisionismo fascista e, não só toda aquela covarde opressão classificada por eles hoje, como ditabranda.
    Se Seu Pedro, as 3horas da manhã não conseguia dormir, eu também me remexia na cama, após ver o circo armado pelo “Gordo Comercial”, ex-estudante de uma escola suiça, com seu blaser de brasão inglês e a balançar o reu rolex como o personagem verdadeiro de Sinhozinho Malta e seu mau gosto de coronel, balançava as partes baixas de Roberto Marinho. E os Marinhos estão no lugar certo, no museu da palavra, além de deter os direitos da obra de Monteiro Lobato. Assim podem reeditar textos, colocar e tirar os Collors, os não tão colloridos que deram este país de bandeija nas mãos da bandidagem universalista que comemora agora, não só o gosto alinhado do Mc Donald no mundo todo, mas também faz soar as cordas orquestrais de todo o mundo, via youtube, para mostrar força de domínio de uma eurocentrista Europa que se traveste de tudo, seja de Estado ou religião para avançar e continuar colonizando, dominando, escravizando aldeias, paises, ilhotas, povoados de antigas ou novas civilizações, não importa. O que importa é produzir força bélica para esmagar quem cruzar o caminho da fúria neoliberal que não tem limites na sua sede de domínio e império.

    Vi com muita tristeza, o Jô Soares ler a carta de Paulo Pélico e, acompanhado, justo do lado direito, por uma figuraça que se auto-denomina cientista política, Lúcia Hipólito, e, desta vez quem fez yoga fui eu, para suportar a desfaçatez de um programa de imitação, ou seja, o ilustre Jô Soares, tão culto, tão cercado de estupidez diplomada, é a cópia paraguaia comprada na 25 de março, do take-show mais famoso dos Estados Unidos, que vai desde o cenário até o músico engraçadinho. Jô perdeu absolutamente a noção de ética, está literalmente no desespero para agradar aos Marinhos, a Veja e a Folha, chegando a utilizar um palavrão (em inglês) contra o Presidente Lula.

    Voltando ao Pelé, seguem agora os meus elogios a ele, não só como craque, mas como atleta do século, o que nos orgulha muito. A sua posição como ídolo dos brasileiros, jamais fazer publicidade de cigarro e bebida alcoólica, isso é ético e tem que ser louvado.

    Esta ética é que me faz negar a participação de um banco como o Itaú em meu trabalho. Não posso aceitar que usem as minhas notas musicais, meus arranjos, meus sonhos e fazer deles biombos para as práticas imorais comuns a bancos privados.

    A sociedade, como bem disse tempos atrás, Maria Alice Gouveia, está se lixando para as boas ações matriarcais dos centros culturais dos bancos brasileiros. Se o marketeiro consegue convencer o banqueiro a investir em cultura, tenho certeza de que não é só pela imagem, algum outro benfício concreto, transformado em aumento substancial de capital, deve haver nisso.

    Outro grande perigo eminente quando se quer construir mercado com a escora de grandes corporações é o exemplo do próprio Itaú, a maior instituição financeira privada hoje no Brasil, que irá demitir mil funcionários de um dos seus braços corporativos, porque não o acha mais viável. E é assim, da noite para o dia, eles desaparecem de um segmento, abandonam o barco sem dar satisfação a quem quer que seja, decisão unilateral e arbitrária como o próprio capital.

    O Brasil, em sua história na vida cultural, já apostou em cassinos e quebrou a cara. Quando se arreganhou para a invasão das multinacionais de olho no nixo mercadológico que a juventude transviada poderia lhe proporcionar, via Midane, convocou alguns músicos que, de imediato, chutaram a coerência que diziam ter, e viraram massa de um projeto que simplesmente da noite para o dia, desqualificaram e tiraram de circulação todo o passado da música brasileira.

    Por isso, sob qualquer ponto de vista, bancos, mega empresários nunca foram bons parceiros pra ajudar uma velhinha a atravessar a rua que fará as artes!

    Por fim, o Itaú, com seu papel reciclado, ecologicamente correto, salvando as árvores amazônicas, utilizado nas correspondências enviadas aos seus clientes, faria melhor à sua imagem se não fosse o banco privado que mais explora os seus correntistas com suas altas taxas de serviços e juros.

    Por fim, a cultura precisa de uma grande reformulação, sobretudo na ética diante da sociedade, fora deste ambiente, a arte é somente um enfeite efêmero e vulgar, e que pode ser adquirida em qualquer Saara ou 25 de março, como é o take show de Jô Soares e sua intelectualidade de portas de banheiros de rodoviárias, não a de São Paulo, lógico, que agora, sob administração privada, ganhou nobreza de status quo e se chama “Station Center”.

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 17 de abril de 2009 @ 23:37 Reply

    Pois é, Seu Pedro, a ética foi o principal vetor de uma sociedade atacada pelos neoliberais. Mais do que a carne ser fraca, as tentações, o Serasa, o SPC passaram a ser referências de conduta moral no universo que cada vez mais propõe a felicidade através do poder de consumo. E o favelamento tem este aditivo, casas mal ajambradas próximas a valas a céu aberto, gatonet miliciana, e dertro, todo um estoque de utensilhos das Casas Bahia e os malditos celulares como diploma de consumo de uma classe média e pobre que mais e mais se vê estrangulada, encurralada com as novas técnicas da dita gestão qualificada, depurada, afirmativa, escravocrata. E, nesta ordem dos fatores que alteram o consumo, a ética dançou há muito. Aquela coisa do fio do bigode já havia dançado antes mesmo do bigodão do Sarney, quando ainda coronel de revólver na cintura, amigo de ACM que, por sua vez, fez o príncipe da sociologia de portas de banheiros de rododoviária, FHC, pedir penico em rede nacional. O príncipe curvou-se ao coronelismo agreste de braços dados com o coronelismo midiático do patriarca símbolo do museu da palavra.
    A ética do Itaú, por exemplo, é uma ética muito particular, por isso o meu samba para banco eu não vendo não senhor. Isto custa caro, e põe caro nisto!
    A mídia do período pós Elvis Presley brasileiro, via Midani, perseguiu a coerência da nossa memória afetiva natural, pretensa ou despretensiosa, dane-se, se não estivesse alinhada com o novo modelo de mercado cultural, éramos todos taxados de patrulha ideológica. Hoje pode ser colocado em paralelo com a grita dos que classificam de stalinismo, tudo o que for social e democrático, tenha bandeira ou não, seja setorizado ou não. Até porque quando olhamos para certos sindicatos e associações ligadas a trabalhadores, o desgosto nos vem à tona. O que nos resta então? É relar o dedo na viola véia, cantar as mágoas e as dores de um caboclo velho, meio índio, meio negro, meio portuguès, meio italiano, na beira do rio das cidades que antes, como bem classificou Monteiro Lobatos como cidades mortas. Agora caminham, pela ganância metropolitana de gente ligada à ecologia cultural das editoras dos semanários e seus escândalos fabricados, a defender hipocritamente o mico leão dourado que um Sayad paga como mote de uma visão cultural e ecológica de olho na rentabilidade dos financistas.
    Tecer um discurso de sobrevivência sem o amparo de um banco que nos suga o sangue com cobranças de juros e taxas infames, é muito difícil. Resta-nos somente a história da andorinha e o incêndio para a construção da nossa própria cama pobre, dura, mas que propõe um sono com menos conforto físico, mas com ampla liberdade para sonhar. Este prazer de sonhar nem o credicard pode nos tirar. É por isso que gosto tanto da rapaziada que faz samba às quinta, sextas e sábados no bar do bigode. Aquela turma desabusada que olha com aquele olhar cínico e debochado para o gringo brasileiro que lá fora é tratado como um cucarácio, cidadão de terceira de terceiro mundo e aqui arrota hamburger e espetáculos sinfônicos do youtube, comemorando uma universalização passiva, entregando ao eurocentrismo o mote perfeito para continuarem as suas sagas colonizadoras, escravocratas e, sobretudo, em nome de qualquer segmento sob qualquer pilar social brindarem com a friesa dos que sempre mutilaram a ética em nome da ganância. Por isso avançam e querem financiar culturas, dominá-las e reeditá-las. Difícil segurar a boiada agora, pois os meninos desembrestaram, e estão no samba rebolando e jogando todo aquele veneno sincopado na cara da rigidez conservadora dos mofos empilhados nos calabouços da erudição da corte fujona.
    Por tudo isso combato a Lei Rouanet, esse braço pesado, corporativo a facvor do mesmíssimo grupo social que está dentro do Estado brasileiro, esse ping-pong que fez muito neguinho neste país arrotar a liberdade do mercado sendo enxertado pelas portas dos fundos e na calada da noite com recursos públicos e depois ser diplomado nas pirâmides das poderosas Fiesp e Febraban e apontar o dedo para o povo e lhe jogar a pecha de incultos e, por isso, menos nobres e, consequentemente mais pobres. Mas a ética tem seus caprichos, tem seus sabores, blinda alguns dos nossos pecados carnais. A arte tem isso, ela nos alimenta pela paixão.
    Sayad nunca vai entender. Por isso não fala de arte, de sentimento, e sim de números e muito mal, pois ajudou FHC a quebrar o país com suas teorias e com arquiteturas entreguistas nas mãos de seus pares. Por tudo isso, tomara que a Lei Rouanet desapareça e que os bancos sumam do ambiente cultural. E se alguém tem a ilusão de que as corporações financeiras vão subsidiar por algum compromisso, mesmo como estratégia de marketing, vão quebrar a cara. O Itaú, amigo da ecologia com seu papelzinho reciclado em suas correspondências a nos mostrar o quanto nos explorou no quesito “taxa de serviços” e juros, acaba de colocar na rua, com um estalar de dedos, mil funcionários de um dos seus braços corporativos. Essa coisa unilateral do capitalismo que nós aqui temos que ficar calados, pois é de uma empresa privada e não temos nenhuma forma de mudar suas indecorosas atitudes.
    Os bancos para a cultura hoje são como os cassinos do passado. É bom revisitarmos a nossa história e ver os estragos que causaram à cultura brasileira.

  • Seupedro, 18 de abril de 2009 @ 2:45 Reply

    Estimado Leonardo,

    REDESIGN

    Em primeiro plano não contesto sua presença, nem tampouco suas observações e muito menos seus pontos de vistas. Todos embasados – nem sempre pertinentes – sob o ponto de vista do outro, mas sem dúvida diferenças por onde são identificadas qualidades, contrastes, controvérsias, enfim questões próprias do debate, inerentes à democracia.

    Em segundo plano, também não desmereci o fato de voce ser bem remunerado pelo trabalho profissional que desenvolve, e muito menos questionei o profissionalismo com o qual atende seus clientes. Ao contrário, estive presente no lançamento do conceito arquitetura cultural, realizado na Fnac – Pinheiros e como tantos outros ali presentes, me surpreendi com a proposta.

    Também agradeço a sua amabilidade em responder o texto – um tanto provocativo na exata medida do amargo das contra-informações, conforme suas palavras, que ao longo do tempo, acabam personificando o debate, e por vezes até, ofuscando as questões essenciais, dentre elas o exercício da auto-crítica, não de ordem pessoal, mas dos papéis que exercemos diante das instituições, sobretudo das instituições as quais pertencemos.

    Também não cabe me colocar como Professor de “Deus” ou tentar ensinar o padre nosso pro vigário. Não vejo – e é sincero – nenhum problema o Instituto, ou mesmo o C&M receberem apoio e recursos de Leis de Incentivo, por outro lado, também é difícil entender quais são os conceitos que regem a postura em receber Patrocinio da Petrobras, sem deixar de considerar o fato de ser uma empresa de economia mista, afinada e sintonizada com o programa cultural do MinC e para ser mais preciso com a Politica de Estado brasileiro, independentemente de governo. Tão dificil quanto é entender o conceito de Esquerda-Liberal! Aí a porca torce o rabo de espanto. Nada contra as pessoas, ninguém tem culpa em ter nascido em berço esplendido, ter tido oportunidade de uma boa formação, etc,etc. Recorro a poesia de Caetano Veloso: Muito! é muito pouco. Luxo e riqueza para todos. Não dá prá servir dois senhores ao mesmo tempo. Deus e o diabo na terra do mercado. Qual o problema de obter lucros com iniciativas culturais? nenhum problema. Com recurso oriundo de imposto devido? TODOS OS PROBLEMAS. E essa questão já foi bem colocada no debate por outros participantes, com lucidez, sobretudo sensatez e discernimento do conceito de Ética. E pelo andar da carroça as abóboras estão se acomodando, e a reserva de mercado criada pelos defeitos da Lei chegaram a seu limite. Não dá prá dizer que as empresas investem em cultura. Voce atua junto às empresas e sabe do que estamos discutindo aqui. As empresas não se interessaram em investir na cultura do país. Vivem o sufoco da carga tributária escorchante, e sejamos sinceros, aproveitam as Leis de Incentivo para investimento próprio em suas marcas e posicionamento de mercado, etc,etc. Daí a falar que investem em cultura são outros quinhentos, a menos do que o governo concede. Essa é uma realidade incontestável. Isso não é mecenato. Vamos combinar que o nome colou, e jogo que todo mundo joga, ninguém quer ficar no banco de reserva. Encerrando – tanto quanto – chovendo no molhado, pois os numeros, agora disponíveis, revelam estas distorções que foram praticadas a bel prazer pelo mercado, dos dois lados do balcão da cultura de entretenimento. Investimento em cultura – no sentido pleno da palavra, muito pouco se fez no país por estes anos todos – e esse pouco – foi realizado com minguados recursos públicos, e por iniciativas de uma ou outra empresa comprometida de fato com a formação cultural da nação, e não falo aqui das empresas de economia mista – petrobras – correios – cef – banco do brasil – etc.etc. etc.
    Retomando o fio da meada – chovendo no molhado. olhar adiante, e muito mais adiante. Não seria a hora de mudar os rumos – filosofica – métodos de trabalho – gestão, conceitos e ações do cultura e mercado? Ninguém pensou no banco de dados do Instituto, do próprio cultura e mercado? Contestar os numeros do Minc é uma coisa, demonstrar com diferenças – até mesmo conceituais – fundamentadas em base de dados é de fato contra-informação. Ativar um corpo técnico de catchiguria de modo a buscar parcerias, recursos, até mesmo patrocinios via leis de incentivo para tabular dados e disponibilizar à sociedade é o que permite construir alicerces sólidos de credibilidade junto à sociedade. Enquanto isso, vejo toda a discussão – e reitero e repito minha sinceridade na fala – se configurar como crise de identidade e representatividade do grupo – não só dos debatedores – mas da própria rede, do próprio instituto, dos colaborades efetivos e informais. Creio estar sendo tão cruel quanto as contra-informações. Mas é sincero.

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