Uma das marcas dessa conturbada fase da cultura brasileira está justamente na redução, do estreitamento do pensamento nacional de cultura. A busca incessante para atender setores fez o Estado brasileiro se perder e, cada vez que cedeu, as vozes corporativas ganharam mais corpo. Pouco a pouco, o pensamento de que algo maior contemplasse, não a arte, não o artista, muito menos os grupos de pressão, mas o homem brasileiro, foi se diluindo, se reduzindo a uma batalha quase diária para se construir uma atmosfera ministerial.
Insisto em dizer que a grande batalha para que a cultura brasileira ganhe de fato musculatura e maior idade no sentido de um mínimo de autonomia de mercado, é interna. As nossas questões são nossas, criar fantasmas estrangeiros e deixar à solta os fantasmas brasileiros, é ingênuo quando não, maldoso. Não há invasão se não houver interesses de poucos que se colocam acima dos interesses nacionais.
O Brasil trabalha em sua dinâmica sociocultural, ainda entre o século XIX com o seu sinfonismo artificial de uma erudição de arrotos e interesses, e o século XX com os que lucraram com o arrombar das portas do complexo da indústria americana no campo da cultura e do entretenimento, mas jamais essas absurdas lógicas teriam força se aqui dentro, brasileiros, artistas, produtores, empresas, mídia não tivessem se vendido descaradamente com vários adjetivos, principalmente o mais torpe deles, o que cotempla os séculos XIX e XX, a universalização, o que, na realidade, significa entreguismo de meia dúzia de moderninhos que se beneficiaram com esta lambança. Falta-nos postura.
Espero que a acertada ida da Funarte para Brasília signifique de fato as rédeas de um pensamento maior, responsável com o país e não com interesses. Mamberti tem que dialogar sim com os setores e lembrá-los que sem sociedade não haverá plano possível.
O Brasil precisa ganhar um discurso de fato do tamanho da cultura do seu povo. Subestimá-lo é assinar o fracasso.
05/11/2008
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