Apesar da já conhecida crise no mercado fonográfico, de acordo com o relatório “O Mercado Brasileiro de Música 2011/2012” da Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), há um movimento positivo em andamento nos últimos anos em relação às vendas de CDs e DVDs musicais no Brasil.

Segundo o presidente da ABPD, Paulo Rosa, o período entre 2008 e 2010 apresentou um quadro de estabilidade nas vendas. “Em 2011, o desempenho do mercado físico de CDs e DVDs teve crescimento de quase 8% em relação a 2010. Esse aumento foi influenciado de forma geral pelo bom desempenho da economia brasileira e do consumo interno aquecido”, explica.

No mercado brasileiro, do total de vendas de discos em 2011, 73,5% foi de música popular brasileira, 25,2% de artistas internacionais e somente 1,3% de música clássica. Ainda segundo o relatório, as vendas totais de discos de música clássica no formato físico caíram entre 2010 e 2011 (de 2% para 1,3%).

De acordo com outro relatório, produzido pela BPI The British Recorded Music Industry, as vendas de música clássica na Inglaterra em 2012 também tiveram uma queda (9,2%). Em compensação, pela primeira vez, as vendas de discos de música clássica em formato digital ultrapassaram meio milhão de unidades no mesmo ano, o que representou um aumento de 25,7%.

O digital está definitivamente contaminando – mesmo que aos poucos – os consumidores ingleses de música clássica. Em 2011 foram vendidos 71 títulos em formato digital e, em 2012, esse número cresceu para 99. Mesmo com o crescimento do digital, na Inglaterra os consumidores de música clássica ainda preferem o formato físico: 82,1%, versus 17,9% do digital.

Atenção especial às coletâneas: 11 dos 20 álbuns mais vendidos no ano na Inglaterra foram nesse formato. Dos selos, a Universal concentra mais da metade do total de vendas do mercado inglês (52,2%), seguida pela EMI (11,3%) e Sony (7,4%).

Existe crescimento no mercado de música clássica?

O berço de Mozart e Schubert não poderia deixar de apresentar um cenário melhor: de acordo com o Musikmarkt Osterreich, as vendas de música clássica na Áustria subiram de 12,8 milhões de euros em 2010 para 14,8 milhões em 2012.

A pesquisa mais recente é da Bundesverband Musikindustrie e mostra que a Alemanha também tem motivos para comemorar: em 2013, o mercado alemão de música clássica apresentou, pela primeira vez depois de três anos, crescimento de 6,4% nas vendas, totalizando 90 milhões de euros. Até então, o mercado estava retraído: entre 2008 e 2012, as vendas haviam caído de 108 para 85 milhões de euros.

Em entrevista à Folha de São Paulo, a CEO da Filarmônica de Los Angeles, Deborah Borda, alerta para uma nova consciência no mercado de música clássica: “As pessoas têm de entender que lidamos com arte, mas também com um negócio. Vivemos no século 21 e ainda ouvem Beethoven. Se não mostrarmos músicas novas, o que será de nós no futuro? Orquestras não podem ser museus”, conclui.

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Jornalista, responsável pelo conteúdo nas mídias sociais do Brasil Music Exchange, um projeto da BMA - Brasil Música e Artes em parceria com a Apex- Brasil.

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