Foto: Alec
Comissão mista definirá relatório de orçamento da cultura semana que vem. Depois de aprovado, relatório irá para votação, provavelmente entre natal e ano-novo. A pasta vem se preparando para ser um forte aliado para a eleição de Dilma Rousseff, com distribuição de dinheiro para comunidades em todo o Brasil. Ações estruturantes são substituídas aos poucos por repasses pontuais, o que é visto com desconfiança pela oposição.

O governo Lula chega ao seu último ano com investimento próximo de zero em infra-estrutura na área cultural. Sua promessa de criar centros culturais em cidades com até 100 mil habitantes foi deixada de lado logo no primeiro mandato e substituída pelo Cultura Viva, que financia os chamados Pontos de Cultura, a grande e comemorada novidade das políticas culturais dos últimos tempos.

Uma pena chegarmos ao fim do mandato com o Cultura Viva sendo desviado para interesses eleitoreiros, através do Mais Cultura, que o tranformou em mero sistema de financiamento a atividades culturais descentralizadas, em detrimento da proposta conceitual original, que visava empoderamento a partir de redes socioculturais autônomas.

O grande calcanhar de aquiles do programa é a gestão pública, “que não está preparada para os novos paradigmas propostos pelo Cultura Viva”, segundo o próprio MinC. O orçamento do programa foi garantido esse tempo todo com emendas de bancada e uma gestão compartilhada com o PNUD, uma gambiarra que fragiliza tanto o programa quanto o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que se transforma em repassador de verbas federais. Tudo isso para driblar uma inconsistência institucional, justificável no início e lamentável a essa altura do campeonato.

Para resolver o incômodo, que gerou uma inadimplência do MinC, que chegou a 80% dos contratos com organizações sociais gestoras dos Pontos de Cultura, optou-se por acomodá-los no Mais Cultura, com gestão compartilhada entre estados e municípios. Mais um improviso, capaz de acochambrar o Sistema Nacional de Cultura, abandonado na gaveta de Márcio Meira, desde que saiu do MinC, entre o primeiro e o segundo mandato.

O correto seria investir em sua institucionalidade, com uma legislação adequada e uma fórmula que permitisse a gradual autonomização financeira aos Pontos, proposta abandonada no meio do caminho, quando tornou-se pouco popular junto aos financiados, que se tornaram, do ponto de vista governamental, grande foco de interesse eleitoral.

Mas a aposta do governo, e seu grande erro, é deixar a institucionalização do programa para o próximo mandato. A velha estratégia de trocar o voto pela garantia de sua continuidade, ou ameaça de destituí-lo caso vença a oposição, é inútil e manjada demais para uma democracia em pleno processo de consolidação, como é o caso do Brasil.

A grande mudança no cenário das políticas culturais nesses sete anos do mandato de Lula, foi a interiorização, o olho voltado para as iniciativas da cultura popular, esquecidas desde Getulio Vargas. Nesse ponto justifica a acusação, e o reducionismo da oposição, de enxergá-la como mero assistencialismo eleitoreiro e populista.

Devemos ficar de olho nas discussões do orçamento para compreender os movimentos da política cultural em 2010 e saber reivindicar compromissos efetivos de nossos candidatos.


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

12Comentários

  • Márcio Cubiak, 11 de dezembro de 2009 @ 18:07 Reply

    Oi Leonardo. Vc pode dar exemplos de verbas destinadas com finalidade eleitoreira?
    Abs

  • Leonardo Brant, 11 de dezembro de 2009 @ 19:09 Reply

    Olá Márcio, todo o Mais Cultura, na minha opinião, tem base eleitoreira. Todo o PAC é investimento de infra-estrutura, apenas na cultura serve para projeos pontuais, sem qq garantia de continuidade, nem orçamentária, nem programática. É apenas uma opinião de quem está decepcionadíssimo com o que estão fazendo com a política traçada por Gilberto Gil, da qual sou defensor incansável. Abs, LB

  • Alexandre Reis, 11 de dezembro de 2009 @ 20:26 Reply

    Olá Leonardo, quando vc se refere ao PNUD você quer chegar no BID também, ou um não tem nada a ver com o outro? Pergunto, pois o o BID oferece uma linha de análise para projetos culturais que me parece muito aberta e inovadora na produção cultural. Talvez eu desconheça suas devidas autonomias.
    Abraço.

  • Leonardo Brant, 11 de dezembro de 2009 @ 20:30 Reply

    Não quero dizer BID. Mas quero dizer UNESCO, por exemplo, que realiza as mesmas práticas, atuando como agência repassadora de recursos para ações governamentais. Abs, LB

  • Fernando, 12 de dezembro de 2009 @ 13:28 Reply

    Caro Leonardo,

    Não percebo as coisas da forma como coloca no artigo. Desde a Teia BH pra cá, que diga-se de passagem foi um exemplo prático de como as coisas não devem ser feitas, é nítido o processo de efetiva participação dos Pontos de Cultura nas tomadas de decisão referentes ao Cultura Viva.

    Cada vez mais vemos os Estados se organizando dentro de Comissões que não só representam os Pontos de Cultura, mas trabalham p/ articular as redes locais e lutam para que o programa se transforme em lei efetivamente.

    Concordo sim, que existem muitos interesses eleitoreiros dentro desse processo, o que ao meu ver é lamentável, mas ao mesmo tempo não poderia ser diferente em ano que antecede eleição. Mas dai a jogar todo o programa dentro de um balaio e chamá-lo de “mero sistema de financiamento a atividades culturais descentralizadas, em detrimento da proposta conceitual original, que visava empoderamento a partir de redes socioculturais autônomas”. Sinceramente, sugiro que você tenha mais respeito aos protagonistas que estão na base e que lutam pelo programa como um todo!

    É nesse sentido discordo totalmente de ti e digo que nosso Ponto de Cultura tem autonomia suficiente p/ criticar e expor nossa opinião diante de quem quer que seja, inclusive do próprio MinC. Isso se não só a disseminação das linhas filosóficas do programa, mas principalmente a nossa história de ação (e reação!) política no Vale do Ribeira.

    Sugiro que procure se informar, pois no que se refere ao Cultura Viva tem muita coisa acontecendo Brasil afora e fora dos escritórios governamentais.

    Sem mais, agradeço o espaço p/ expor minha opinião.

    Cordialmente,

    Fernando Oliveira
    Biólogo, Educador e Produtor Cultural
    GNU/Linux User #492668

    Ponto de Cultura “Caiçaras” – Cananéia, SP
    correio 1: fernando@matimperere.com.br
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    msn: mangue_town@hotmail.com
    skype: dalamaaocaos

    TERRA SIM! BARRAGEM NÃO!

  • lucila maia, 12 de dezembro de 2009 @ 13:38 Reply

    Oi, Leonardo, será que eu posso colocar esse blog no meu blog, como um link, pois suas idéias são muito importantes para quem entra lá. É um blog sobre reflexões, arte, cultura, poesia, filosofia, enfim sobre a vida o endereço é sss://lucilamaia.blogspot.com

  • Leonardo Brant, 12 de dezembro de 2009 @ 13:44 Reply

    Olá Fernando, muito obrigado por sua participação. Acho excelente que não concorde com o meu texto, assim podemos contrapor ideias e aumentar nossas possibilidades de leituras sobre todo o processo. Minha crítica é em relação à apropriação que o Mais Cultura fez do Cultura Viva e não deste último, que em minha modesta opinião, foi aviltado como ação programática.

    Os pontos continuam existindo e fazendo acontecer, a despeito disso tudo. Que bom, mas isso não significa que não possa avançar como política cultural. Esta é a miha opinião e não há desrespeito nenhum com os protagonistas dos Pontos, tampouco com os governantes, que são bem intencionados e tocam heroicamente os seus propósitos. Mas não posso deixar de cumprir meu papel de observar e criticar. E também tenho o direito de errar. Nunca me coloquei no papel de dono da verdade. A verdade está no diálogo, ela não é absoluta. Abs, LB

  • BINHO Perinotto, 12 de dezembro de 2009 @ 17:18 Reply

    Acho que enquanto estivermos numa realidade social dentro do Capitalismo toda Dialética que se apareça é possível e merecida de ser criticada. A negação está em si, e vemos sempre muitas contradições em várias ações de Instituições e Indivíduos.

    “O grande calcanhar de aquiles do programa é a gestão pública, “que não está preparada para os novos paradigmas propostos pelo Cultura Viva”, segundo o próprio MinC.”

    SIM! E aí entra o próprio MinC se criticando, sabendo das falhas e barbaridades que fizeram e construíram o Estado e o Sistema Público.
    Há políticas de Cultura que eu particularmente tenho várias ressalvas, como as de incentivo fiscal num geral, tipo a Lei Rouanet (mesmo com as reformulações da Gestão do atual Governo).
    Porém este é ainda um Estado Sólido, Duro, Bruto, Concreto. Acredito que ele deva ser mais Poroso e Permeável, quase que esponjoso…
    E os poros serem mais abertos para a população saber o que rola dentro dele, e agir dentro dele, e entender melhor ainda como agir fora dele, na cobrança e também na defesa (ora uma, ora outra – dependendo da ação).
    Acho que o Programa Cultura Viva cumpre com isso sim. Empoderamento e Fortalecimento. Embora tenha dentro das próprias gestões, também outros interesses… sendo daí um calcanhar de aquiles.

    “Uma pena chegarmos ao fim do mandato com o Cultura Viva sendo desviado para interesses eleitoreiros, através do Mais Cultura, que o tranformou em mero sistema de financiamento a atividades culturais descentralizadas, em detrimento da proposta conceitual original, que visava empoderamento a partir de redes socioculturais autônomas.”

    Visava?! Você acha mesmo que não se visa mais isso?!? Como acha que funciona a Premiação dos Editais realizados? Acha que não é levado em conta por exemplo que para se empoderar não é necessário financiamento? E os que mais necessitam de financiamento para reverter a situação de valorização e desvalorização (todas as desigualdades) sócio-cultural não são as regiões Quilombolas, Indígenas, Ribeirinhas, enfim, populações de comunidades populares tradicionais e históricas, ou também outras áreas de uma cidade (que não os centros financeiros, economicos) como as periferias urbanas ou zonas rurais e assentamentos, ou então também outros estados do Brasil que não só os centrais como somente São Paulo, Rio de Janeiro?
    Se uma população, uma comunidade, um Ponto de Cultura, a Instituição em que funciona o Ponto, se organizam, se dialogam e formulam um plano de ação, um projeto, uma proposta deles para eles mesmos, não for levada em consideração como uma real possibilidade de superação dos problemas sociais locais… então seria o que?!?
    (Lembrando que Pontos são atividades que já aconteciam e outras que se proponhuam a serem realizadas pelos mesmos que já agiam na sociedade)
    Acho sim que ocorre financiamento a atividades culturais descentralizadas. E acho ótimo. E acho importante. Porque interpreto e visualizo deste modo. Aliás, só acontece de ser repassada verba via Comissões em Brasília, porque localmente a sociedade ainda carece de estrutura – e isto é um erro da humanidade.
    Destas premiações é claro que tendo resultados bons, e vindo dinheiro para as populações isso pode se reverter em votos. E é algo óbvio quando dá certo. Assim como se não funcionar (haja visto o caso do I Prêmio Agente Cultura Viva), poderá daí sim queimar o filme das organizações locais de um bairro, município, etc. E se estes prêmios todos não derem certo também poderão daí jogar fora anos de uma política cultural revolucionária brasileira que tem insentivado e chamado a atenção de tantas outras nações. Porém acho que não ainda.
    Não acho que é o caso, e nem acho que é possível de diagnosticar por enquanto.
    Acho que agora é época de eleição e tudo fica mais fácil de ser criticado contrariamente dizendo que qualquer ação de qualquer governo é para ter votos…

    “Mas a aposta do governo, e seu grande erro, é deixar a institucionalização do programa para o próximo mandato. A velha estratégia de trocar o voto pela garantia de sua continuidade, ou ameaça de destituí-lo caso vença a oposição, é inútil e manjada demais para uma democracia em pleno processo de consolidação, como é o caso do Brasil.”

    Acha que é só Governo então que está na ação?!? Há a proposta da Lei Cultura Viva. E as comissões dos Pontos de Cultura (Estaduais e a Nacional) estão em rede, em coletivo, dialogando sobre ela, e lutando para sua efetivação. O começo do ano que vem promete! Teremos já desde este final de ano até março vários encontros presenciais dos e das agentes de cultura que compõem a Rede Social dos Pontos de Cultura, são as TEIAS e FÓRUNS. Neles teremos o debate sobre a Institucionalização do Programa também.
    Mas acho que esta realidade proposta e que só se fortalece é da autonomia, e protagonismo social coletivo da população, da sociedade civil que passa a se organizar mais e se empoderar mais. Cobrando deste Governo, e dos próximos que virão. Assim como já cobram mais dos governos estaduais e municipais. E assim como já se articulam cada vez mais também nas suas localidades. E todo poder emana do povo.
    E não do Governo!
    Quero um ESTADO mais “esponjoso” e os Pontos de Cultura e os Prêmios subsequentes estão a seu modo lutando para isso. E que as gestões sejam cada vez mais compartilhadas e participativas não só nos orçamentos, mas nas estratégias e planejamentos gerais.

    “…gestão compartilhada entre estados e municípios. Mais um improviso, capaz de acochambrar o Sistema Nacional de Cultura…”

    Achei também isso interessantíssimo, pois se todas as ações fossem de tão grandes interesses apenas eleitorais, faria-se conveniamento e parceria com a oposição em municípios e estados, dando-lhes localmente mais poder para se reelegerem também?!? Acho estranho. Porém é a Dialética do Sistema. Fortalecesse e se propaga e expande cada vez mais o Projeto do Programa, ainda que sim… ele possa mesmo vir a ser distorcido e bastar-se em ser repassador de verba pública para o entendimento de alguns gestores públicos e algumas instituições de um 3º setor afastados das lutas e resistências e militancias do povo… Mas isso também independe dessa expansão, pois desde o início é assim, certo?! Afinal: “O grande calcanhar de aquiles do programa é a gestão pública, “que não está preparada para os novos paradigmas propostos pelo Cultura Viva”, segundo o próprio MinC.”
    E o Sistema Nacional de Cultura ainda corre algumas cidades com o seu Seminário para explicar para gestores públicos municipais e estaduais suas propostas e ações. E acho importantíssimo a gestão ser compartilhada com municípios e estados para justamente tod@s irem assimiliando as possibilidades de intervenção e ação. Porém sempre com cautela para justamente não ser distorcido.
    A proposta política na realidade vai muito mais além, como o caso das Conferências de Cultura… e tantas outras Leis e Projetos e Programas… enfim…

    O debate é grande. Escrevi sem reler uma vírgula do que escrevi, e temos sempre muitas coisas ao mesmo tempo na cabeça para querer dizer…
    Também tenho minhas críticas há várias questões que tenho conhecimento deste Programa, mas vejo a maioria das estratégias de forma positiva.

    Agradeço a oportunidade e seguimos nos falando.

    __________________________________________________

    “BINHO Perinotto” – Fábio Riani Costa Perinotto
    bob_binhow@yahoo.com.br – (019) 97750972

    – sss://culturadigital.br/members/binhoperinotto
    http://www.8poesias.blogspot.com – (em recesso)
    – sss://br.groups.yahoo.com/group/artecultura_rioclaro
    __________________________________________________

  • Luiz Carlos de Menezes, 12 de dezembro de 2009 @ 20:33 Reply

    Acho que este espaço que o Leonardo Brant nos oferece, bem como as suas observações e críticas oportunas, servirá para todos nós dos Pontos de Cultura, abrirmos um diálogo com todos os pensadores e fazedores de Cultura do Estado de São Paulo e do país.
    Não podemos deixar passar a oportunidade de divulgar nossas ações (e não apenas reações) de cada Ponto de Cultura existente e dos 300 novos PONTOS que estão chegando no Estado de São Paulo. É preciso que todos nós envolvidos (críticos, observadores e protagonistas ponteiros) com este Programa Cultura Viva e Pontos de Cultura, permaneçamos unidos no propósito de tornar LEI o atual PROGRAMA CULTURA VIVA. Identificarmos os oportunistas (eleitoreiros ou não), que se aproveitam não apenas de eleições, mas de Eventos, Fóruns e Encontros de Grande vulto, Internet e etc., para impingirem idéias negativas, para “aparecerem” ou “venderem seus produtos ou serviços”, ou até se elegerem mesmo em seus redutos, negando, aí sim, o contexto verdadeiro do CULTURA VIVA, legado do Ministro Gil. Nesta revoada de escândalos em que vive o país, é preciso cada vez mais enaltecer e marcar a postura dos gestores dos Pontos de Cultura Existentes e os Novos Pontos de cada Estado da Federação, assim como DEIXAR A MARCA REGISTRADA dos PONTOS DE CULTURA e sua inexorável premissa: EMPODERAMENTO e PROTAGONISMO. Não há como INVOLUIR, mesmo diante das piores condições climáticas ou governamentais. Só há um caminho para a Cultura do Brasil, que é pra frente e para cima. Nossa Cultura é IN…ou como diz Gil: DO IN!

    Luiz Carlos de Menezes
    Gestor do Ponto de Cultura CIRCO – Zona Norte, SP.

  • Almeri Espíndola de Souza, 14 de dezembro de 2009 @ 10:10 Reply

    Meus queridos!
    Há, ainda que não desejemos, uma distância entre o que se quer e o que se consegue fazer em todas as áreas. A cultura por ter sido o patinho feio durante tantos anos (mais de meio século)carece de grande esforço de todos, de grandes discussões como esta e de boa vontade integral para que retome o lugar que nunca deveria ter perdido na sociedade. Quero lembrar ao querido Leonardo, que temos estados que não colaboram com os programas culturais porque não os valorizam. Procure se informar sobre o que acontece do RS com a Cultura nas maõs de quem está, e você verá que não é o programa que está mal, e sim a compreensão de alguns gestores que não veem a cultura com um bem popular e sim um direito apenas daquela elite arcaica da qual pertemcem estes governantes. Se todos os governos estaduais e municipais tivessem na cultura o valor que nós (eu, você e os que aqui se manifestam) damos a ela os programas que estão sendo propostos já teriam sido implementados e ajustados nos seus defeitos. Mas tem muitos governos que ainda puxam para traz por não serem do mesmo partido político do Presidente do Brasil, ou por serem ignorantes mesmo.
    Abraços

  • Anderson Formiga Lira, 14 de dezembro de 2009 @ 10:37 Reply

    Oi,
    Sobre o Pac das cidades historicas? terá algum investimento em infra-estrutura?

    Formiga

  • BINHO Perinotto, 14 de dezembro de 2009 @ 11:13 Reply

    Acho que enquanto estivermos numa realidade social dentro do Capitalismo toda Dialética que se apareça é possível e merecida de ser criticada. A negação está em si, e vemos sempre muitas contradições em várias ações de Instituições e Indivíduos.
    “O grande calcanhar de aquiles do programa é a gestão pública, “que não está preparada para os novos paradigmas propostos pelo Cultura Viva”, segundo o próprio MinC.”
    SIM! E aí entra o próprio MinC se criticando, sabendo das falhas e barbaridades que fizeram e construíram o Estado e o Sistema Público.
    Há políticas de Cultura que eu particularmente tenho várias ressalvas, como as de incentivo fiscal num geral, tipo a Lei Rouanet (mesmo com as reformulações da Gestão do atual Governo).
    Porém este é ainda um Estado Sólido, Duro, Bruto, Concreto. Acredito que ele deva ser mais Poroso e Permeável, quase que esponjoso…
    E os poros serem mais abertos para a população saber o que rola dentro dele, e agir dentro dele, e entender melhor ainda como agir fora dele, na cobrança e também na defesa (ora uma, ora outra – dependendo da ação).
    Acho que o Programa Cultura Viva cumpre com isso sim. Empoderamento e Fortalecimento. Embora tenha dentro das próprias gestões, também outros interesses… sendo daí um calcanhar de aquiles.
    “Uma pena chegarmos ao fim do mandato com o Cultura Viva sendo desviado para interesses eleitoreiros, através do Mais Cultura, que o tranformou em mero sistema de financiamento a atividades culturais descentralizadas, em detrimento da proposta conceitual original, que visava empoderamento a partir de redes socioculturais autônomas.”
    Visava?! Você acha mesmo que não se visa mais isso?!? Como acha que funciona a Premiação dos Editais realizados? Acha que não é levado em conta por exemplo que para se empoderar não é necessário financiamento? E os que mais necessitam de financiamento para reverter a situação de valorização e desvalorização (todas as desigualdades) sócio-cultural não são as regiões Quilombolas, Indígenas, Ribeirinhas, enfim, populações de comunidades populares tradicionais e históricas, ou também outras áreas de uma cidade (que não os centros financeiros, economicos) como as periferias urbanas ou zonas rurais e assentamentos, ou então também outros estados do Brasil que não só os centrais como somente São Paulo, Rio de Janeiro?
    Se uma população, uma comunidade, um Ponto de Cultura, a Instituição em que funciona o Ponto, se organizam, se dialogam e formulam um plano de ação, um projeto, uma proposta deles para eles mesmos, não for levada em consideração como uma real possibilidade de superação dos problemas sociais locais… então seria o que?!?
    (Lembrando que Pontos são atividades que já aconteciam e outras que se proponhuam a serem realizadas pelos mesmos que já agiam na sociedade)
    Acho sim que ocorre financiamento a atividades culturais descentralizadas. E acho ótimo. E acho importante. Porque interpreto e visualizo deste modo. Aliás, só acontece de ser repassada verba via Comissões em Brasília, porque localmente a sociedade ainda carece de estrutura – e isto é um erro da humanidade.
    Destas premiações é claro que tendo resultados bons, e vindo dinheiro para as populações isso pode se reverter em votos. E é algo óbvio quando dá certo. Assim como se não funcionar (haja visto o caso do I Prêmio Agente Cultura Viva), poderá daí sim queimar o filme das organizações locais de um bairro, município, etc. E se estes prêmios todos não derem certo também poderão daí jogar fora anos de uma política cultural revolucionária brasileira que tem insentivado e chamado a atenção de tantas outras nações. Porém acho que não ainda.
    Não acho que é o caso, e nem acho que é possível de diagnosticar por enquanto.
    Acho que agora é época de eleição e tudo fica mais fácil de ser criticado contrariamente dizendo que qualquer ação de qualquer governo é para ter votos…
    “Mas a aposta do governo, e seu grande erro, é deixar a institucionalização do programa para o próximo mandato. A velha estratégia de trocar o voto pela garantia de sua continuidade, ou ameaça de destituí-lo caso vença a oposição, é inútil e manjada demais para uma democracia em pleno processo de consolidação, como é o caso do Brasil.”
    Acha que é só Governo então que está na ação?!? Há a proposta da Lei Cultura Viva. E as comissões dos Pontos de Cultura (Estaduais e a Nacional) estão em rede, em coletivo, dialogando sobre ela, e lutando para sua efetivação. O começo do ano que vem promete! Teremos já desde este final de ano até março vários encontros presenciais dos e das agentes de cultura que compõem a Rede Social dos Pontos de Cultura, são as TEIAS e FÓRUNS. Neles teremos o debate sobre a Institucionalização do Programa também.
    Mas acho que esta realidade proposta e que só se fortalece é da autonomia, e protagonismo social coletivo da população, da sociedade civil que passa a se organizar mais e se empoderar mais. Cobrando deste Governo, e dos próximos que virão. Assim como já cobram mais dos governos estaduais e municipais. E assim como já se articulam cada vez mais também nas suas localidades. E todo poder emana do povo.
    E não do Governo!
    Quero um ESTADO mais “esponjoso” e os Pontos de Cultura e os Prêmios subsequentes estão a seu modo lutando para isso. E que as gestões sejam cada vez mais compartilhadas e participativas não só nos orçamentos, mas nas estratégias e planejamentos gerais.
    “…gestão compartilhada entre estados e municípios. Mais um improviso, capaz de acochambrar o Sistema Nacional de Cultura…”
    Achei também isso interessantíssimo, pois se todas as ações fossem de tão grandes interesses apenas eleitorais, faria-se conveniamento e parceria com a oposição em municípios e estados, dando-lhes localmente mais poder para se reelegerem também?!? Acho estranho. Porém é a Dialética do Sistema. Fortalecesse e se propaga e expande cada vez mais o Projeto do Programa, ainda que sim… ele possa mesmo vir a ser distorcido e bastar-se em ser repassador de verba pública para o entendimento de alguns gestores públicos e algumas instituições de um 3º setor afastados das lutas e resistências e militancias do povo… Mas isso também independe dessa expansão, pois desde o início é assim, certo?! Afinal: “O grande calcanhar de aquiles do programa é a gestão pública, “que não está preparada para os novos paradigmas propostos pelo Cultura Viva”, segundo o próprio MinC.”
    E o Sistema Nacional de Cultura ainda corre algumas cidades com o seu Seminário para explicar para gestores públicos municipais e estaduais suas propostas e ações. E acho importantíssimo a gestão ser compartilhada com municípios e estados para justamente tod@s irem assimiliando as possibilidades de intervenção e ação. Porém sempre com cautela para justamente não ser distorcido.
    A proposta política na realidade vai muito mais além, como o caso das Conferências de Cultura… e tantas outras Leis e Projetos e Programas… enfim…
    O debate é grande. Escrevi sem reler uma vírgula do que escrevi, e temos sempre muitas coisas ao mesmo tempo na cabeça para querer dizer…
    Também tenho minhas críticas há várias questões que tenho conhecimento deste Programa, mas vejo a maioria das estratégias de forma positiva.
    Agradeço a oportunidade e seguimos nos falando.

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